quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

EVIDÊNCIAS - DIETA NO CONTROLE DO COLESTEROL



ALIMENTAÇÃO ADEQUADA PODE PROMOVER UMA REDUÇÃO GRADUAL NOS NÍVEIS DE LDL-COLESTEROL DE CERCA DE 10%
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reiterou que dietas inadequadas e sedentarismo estão entre os dez principais fatores de risco para mortalidade17, corroborando com diversos ensaios aleatorizados, cujos resultados demonstram que intervenções alimentares adequadas podem diminuir significativamente o aparecimento de várias doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) 2,5,9,10.

As doenças cardiovasculares (DCV) destacam-se entre as principais causas de morte no mundo ocidental16. Entre os fatores de risco modificáveis pela alimentação para reduzir os riscos de DCV, destacam-se as concentrações plasmáticas de colesterol total, triglicérides, LDL-Colesterol e HDL-Colesterol. Medidas dietéticas podem ser adotadas para equilibrar estes componentes do perfil lipídico e, assim, reduzir o risco para DCV. Os principais componentes dos alimentos que afetam o perfil lipídico, e cuja ingestão pode ser modificada pela dieta, são as gorduras saturadas e gorduras trans, gorduras insaturadas, colesterol, fitoesteróis, proteínas vegetais e fibras solúveis4.

De acordo com o National Cholesterol Education Program (NCEP) estima-se que uma redução de 1% do colesterol sérico reduz o risco de DCV em 2 a 3%, reconhecendo que a terapia nutricional constitui-se como importante ferramenta para reduzir e controlar os níveis de colesterol12.

A alimentação pode promover uma redução gradual nos níveis de LDL-C de 10 a 13%. Uma pequena redução (estimada em 1,8 mg.dL -1) nos níveis de LDL-Colesterol reduz o risco de eventos cardiovasculares (ataques cardíacos, acidente vascular cerebral, hospitalização por angina instável ou revascularização) em 1%1.O estudo Interheart, publicado em 2008, identificou três padrões alimentares distintos após avaliar a dieta de indivíduos de 52 países, denominados, respectivamente, dieta oriental (rica em proteínas vegetais), dieta ocidental (rica em gordura) e dieta prudente (rica em frutas e hortaliças).

Observou-se um aumento de risco para infarto agudo do miocárdio de aproximadamente 30% na população que segue a dieta ocidental6.A American Heart Association recomenda que a ingestão de colesterol permaneça em até 300 mg/dia8, enquanto o National Cholesterol Education Program (NCEP, 2002), recomenda o consumo abaixo de 200 mg/dia para maximizar a redução do colesterol pela dieta13.

Entre as estratégias para alcançar as recomendações preconizadas, sugere-se a substituição de alimentos de origem animal (fonte de gordura saturada), tais como carnes manteiga, leite integral e derivados, por alimentos de origem vegetal, como frutas, hortaliças, feijões, soja e derivados da soja, além de cremes vegetais ricos em ácidos graxos poliinsaturados (ômega 3 e 6)8,18.

Estudos epidemiológicos também tem mostrado uma relação inversa entre a frequência habitual de refeições e os níveis de colesterol sérico, sugerindo que o padrão alimentar pode modular esse lipídio3,11,14,15.  Oliveira e Sichieri (2004) avaliaram o efeito do fracionamento das refeições sobre o colesterol sérico, concluindo que fracionamento das refeições reduziu o colesterol total e LDL-C sérico em mulheres hipercolesterolêmicas, independente da idade, peso corporal e tipo de alimento ingerido - propondo que o número de seis refeições diárias poderia ser uma medida de controle da hipercolesterolemia14.

A fim de obterem-se níveis desejáveis de colesterol sanguíneo e de perfis de lipoproteínas, as mudanças no estilo de vida são recomendadas e incluem, principalmente, a adoção de uma alimentação saudável, na qual a escolha dos alimentos baseia-se em evidências científicas dos nutrientes e suas funções podendo, assim, enriquecer a orientação nutricional e colaborar para a melhoria da qualidade de vida da população.

Referências:

1. Cannon CP et al. Meta-analysis of cardiovascular outcomes trials comparing intensive versus moderate statin therapy. Journal of the American College of Cardiology, 2006;48(3):438-445.
2. De Lorgeril M, Salen P. The Mediterranean-style diet for the prevention of cardiovascular diseases. Public Health Nutr. 2006; 9(1A):118-23.
3. Edelstein SL, Barret-Cornnor EL, Wingard DL, Cohn BA. Increased meal frequency associated with decreased cholesterol concentrations; Rancho Bernardo, CA, 1984-1987. Am J Clin Nutr 1992; 55:664-9.
4. Frota KMG, Matias ACG, Areas JAG. Influence of food components on lipid metabolism: scenarios and perspective on the control and prevention of dyslipidemias. Ciênc. Tecnol. Aliment. 2010, 30:7-14.
5. Howard BV, Van Horn L, Hsia J, Manson JE, Stefanick ML, Wassertheil-Smoller S, et al. Low-fat dietary pattern and risk of cardiovascular disease: the Women's Health Initiative Randomized Controlled Dietary Modification Trial. JAMA. 2006; 295(6):655-66.
6. Iqbal R, Anand S, Ounpuu S, Islam S, Zhang X, Rangarajan S, et al. Dietary Patterns and the Risk of Acute Myocardial Infarction in 52 Countries Results of the INTERHEART Study. Circulation. 2008;118(19):1929-37.
7. Krauss RM, Eckel RH, Howard B. AHA Dietary Guidelines: revision 2000: a statement for healthcare professionals from the Nutrition Committee of the American Heart Association. Circulation,2000;102(18): 2284-2299.
8. Lichtenstein AH et al. Dieta e recomendações de revisão de vida: científico da afirmação da American Heart Association Comitê de Nutrição. Um Circulação, 2006;114(1):82-96.
9. Lindström J, Louheranta A, Mannelin M, Rastas M, Salminen V, Eriksson J, et al; Finnish Diabetes Prevention Study Group. The Finnish Diabetes Prevention Study (DPS): Lifestyle intervention and 3-year results on diet and physical activity. Diabetes Care. 2003; 26(12): 3230-6.
10. Lottenberg AMP. Importância da gordura alimentar na prevenção e no controle de distúrbios metabólicos e da doença cardiovascular. Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53(5): 595-607.
11. Murphy MC, Chapman C, Lovegrove JA, Isherwood SG, Morgan LM, Wrigt JW. et al. Meal frequency: Does it determine posprandial lipeamia? Eur J Clin Nutr 1996; 50:491-97.
12. National Cholesterol Education Program- NCEP. Executive Summary of the Third Report of the Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment panel III). Journal of American Medical Association, 2001;285(19):2486-2497.
13. National Cholesterol Education Program - NCEP. Third Report of the National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III). Circulation, 2002;106(25):3143-3421.
14. Oliveira MC e Sichieri R. Fracionamento das refeições e colesterol sérico em mulheres com dieta adicionada de frutas ou fibras. Rev. Nutr. 2004,17(4):449-459. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732004000400005&lng=pt&nrm=iso
15. Ortega RM, Redondo MR, Zamora MJ, Lopez-Sobaler AM, Quintas ME, Andres P, et al. Relationship between the number of daily meals and the energy and nutrient intake in the elderly. Effect on various cardiovascular risk factors. Nutr Hosp 1998; 13(4): 186-92.
16. Schaefer EJ. Lipoproteins, nutrition, and heart disease. American Journal of Clinical Nutrition, 2002;75(2):191-212.
17. The World Health Report 2004. Global strategy on diet, physical activity, and health. Geneva: World Health Organization; 2004.
18. WHO. Interim Summary of Conclusions and Dietary Recommendations on Total Fatty Acids from the Joint FAO/WHO Expert Consultation on Fats Acids I Human Nutrition, November 10-14, 2008, WHO HQ, Geneva. Disponível em:http://www.fao.org/ag/agn/nutrition/docs/Fats and Fatty Acids Summary.pdf

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