sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Mulheres com diabetes são mais sexualmente insatisfeitas



Essas pacientes relatam enfrentar problemas relacionados ao sexo com maior frequência do que aquelas que não têm a doença

Mulher faz exame de diabetes
Mulher faz exame de diabetes: doença prejudica vida sexual, diz estudo (Jeffrey Hamilton/Getty Images)
Segundo uma pesquisa feita nos Estados Unidos, mulheres adultas que sofrem de diabetes estão menos satisfeitas com sua vida sexual do que aquelas que não têm a doença. No entanto, segundo os autores do estudo, que foi publicado na edição deste mês do periódico Obstetrics & Gynecology, isso não quer dizer que essas pacientes não se interessam pelo sexo, mas sim que elas enfrentam problemas sexuais com maior frequência.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Diabetes Mellitus and Sexual Function in Middle-Aged and Older Women

Onde foi divulgada: periódico Obstetrics & Gynecology

Quem fez: Kelli Copeland, Jeanette Brown, Assiamira Ferrara, Alison Huang e outros

Instituição: Universidade da Califórnia, San Francisco, Estados Unidos

Dados de amostragem: 2.300 mulheres de 40 a 80 anos de idade

Resultado: 33% das mulheres com diabetes dzem estar moderadamente ou muito insatisfeitas com sua vida sexual. Esse índice é de 25% entre aquelas que não têm a doença. Pacientes com diabetes relatam enfrentar com mais frequencia problemas como dificuldades de orgasmo e lubrificação
O coordenador do trabalho e pesquisador da Universidade da Califórnia, San Francisco, Alison Huang, explica que a relação entre diabetes e vida sexual é mais estudada sob o ponto de vista do homem. Estudos anteriores mostraram que a doença aumenta os riscos de pessoas do sexo masculino enfrentarem problemas sexuais, principalmente a impotência. A influência da síndrome entre as mulheres, especialmente as mais velhas, porém, é pouco conhecida.
Com base em questionários respondidos por aproximadamente 2.300 mulheres de 40 a 80 anos de idade, os pesquisadores descobriram que cerca de uma em cada três pacientes diagnosticadas com diabetes se dizia moderadamente ou muito sexualmente insatisfeita. Por outro lado, apenas uma em cada quatro participantes que não apresentavam a doença afirmou o mesmo. Essa diferença foi semelhante mesmo depois de os autores ajustarem os resultados em relação a outros fatores, como idade, raça, estado civil e peso. Entre os problemas sexuais relatados pelas participantes, os mais prevalentes foram os associados ao orgasmo e à lubrificação.
Para Huang, o fato de viver com uma doença crônica por si só já pode ser um fator que complica a vida sexual da mulher. No entanto, mais pesquisas devem ser feitas para que seja encontrada uma explicação para a associação entre diabetes e insatisfação sexual.

Pré-diabete também deve ser tratada



Por Felipe Oda
São Paulo - O risco de apresentar diabete do tipo 2 cai pela metade para indivíduos tratados ainda na fase pré-diabética, em que estão mais propensos a desenvolver a doença. Essa é a conclusão de um estudo divulgado pela revista científica The Lancet e apresentado no 72º Encontro Científico da Associação Americana de Diabete, nos EUA, que termina nesta terça-feira.

"Esse resultado reforça uma mudança no padrão de atendimento para o tratamento precoce e agressivo de redução de glicose em pacientes com risco de diabete", disse uma das autoras do estudo, a médica Leigh Perreault, da Universidade do Colorado, nos EUA. Os especialistas brasileiros concordam: o pré-diabete deveria ser tratado com mais rigor.

Um indivíduo é considerado pré-diabético no Brasil quando sua taxa de glicose no sangue está ligeiramente alta, entre 100 e 125 mg/dl, mas ainda não se encontra tão elevada quanto no caso dos diabéticos. A taxa ideal é de até 90 mg/dl. "A alta incidência nacional do pré-diabete reforça a necessidade de controle da glicemia", afirmou o endocrinologista Balduino Tschiedel, presidente da SBD. Ele lembra que todo paciente com diabete do tipo 2 passou pelo quadro de pré-diabete.

Na pesquisa norte-americana, os 1.990 pré-diabéticos analisados foram divididos em três grupos: o primeiro recebeu remédios, o segundo ingeriu placebo e o terceiro alterou hábitos alimentares e passou a se exercitar - foi a equipe 3, que promoveu mudanças comportamentais, a que obteve os melhores resultados no controle da glicemia. Esses participantes tiveram uma redução de 56% na taxa de açúcar no sangue, e com isso, diminuíram o risco de desenvolver diabete nos sete anos seguintes.

Histórico familiar, excesso de peso, sedentarismo e pressão alta são alguns indícios de que o organismo pode estar com dificuldades "para quebrar as moléculas de glicose", lembrou Tschiedel. "O perigo é que o pré-diabete já é um fator de risco para doenças cardiovasculares."

Controle nutricional e 30 minutos diários de exercícios ajudam a controlar o nível de açúcar no sangue. "Como o pré-diabete é um 'alerta' do organismo, a pessoa deve alterar o estilo de vida. É simples e eficaz", disse Tschiedel.

Diabetes contribui para piora da capacidade cognitiva em idosos, aponta estudo



Pesquisadores observaram que declínio de memória e raciocínio é mais rápido entre pessoas com a doença

Função cognitiva: mulhers que vivem em vizinhanças mais pobres têm habilidades como memória, atenção e percepção diminuídas
Função cognitiva: ter diabetes pode contribuir para que piora da cognição seja maior (Thinkstock)
O comprometimento da cognição, ou seja, a piora da memória, do raciocínio, da percepção e de outros processos mentais, que ocorre naturalmente conforme a idade avança, pode ser maior se um idoso sofrer de diabetes. Essa é a conclusão de um novo estudo publicado na edição deste mês do periódico Archives of Neurology e desenvolvido na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

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COGNIÇÃO
Conjunto de processos mentais usados no pensamento, na percepção, na classificação, no reconhecimento, na memória, no juízo, na imaginação e na linguagem. O comprometimento cognitivo é uma das características mais importantes da demência, como na doença de Alzheimer
Essa pesquisa acompanhou, durante dez anos, 3.069 idosos com idade média de 74 anos. Ao longo do estudo, eles responderam a questionários e realizaram testes que avaliaram a capacidade cognitiva de cada um. Os pesquisadores observaram que os indivíduos que já sofriam de diabetes no início do trabalho foram aqueles que tiveram os piores resultados nas avaliações de memória, raciocínio e outros aspectos da cognição. Além disso, esses participantes demonstraram as maiores taxas de declínio da capacidade cognitiva ao longo da pesquisa.
Segundo os autores do estudo, embora algumas pesquisas já tenham apontado para a relação entre diabetes, declínio cognitivo e risco de demências, como a doença de Alzheimer, pouco se sabe sobre as consequências da doença entre idosos. “Esse trabalho suporta a ideia de que idosos com diabetes têm reduzida sua capacidade cognitiva de maneira mais intensa, e que a falta de controle da glicose na corrente sanguínea contribui para esse quadro”, afirmam os pesquisadores no artigo.

Exercícios físicos ajudam a proteger o cérebro do Alzheimer



Três estudos mostram relação entre atividades físicas e melhora em funções cognitivas

exercício
Pesquisas mostram que tipos diferentes de exercício podem reduzir o risco de declínio cognitivo em idosos (Thinkstock)
Três pesquisas recentes mostram que exercícios físicos podem ajudar a promover as funções mentais e reduzir os riscos de declínio cognitivo e demência em idosos saudáveis ou comcomprometimento cognitivo leve. Elas foram apresentadas no último domingo, durante a Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, realizada em Vancouver, no Canadá. “Esses novos estudos começam a esclarecer exatamente quais tipos de atividades físicas são mais efetivas, o quanto precisam ser praticadas e por quanto tempo”, diz William Thies, diretor médico e científico da Associação.

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COGNIÇÃO
Conjunto de processos mentais usados no pensamento, na percepção, na classificação, no reconhecimento, na memória, no juízo, na imaginação e na linguagem. O comprometimento cognitivo é uma das características mais importantes da demência, como na doença de Alzheimer.
DEMÊNCIA
A demência é causada por uma variedade de doenças no cérebro que afetam a memória, o pensamento, o comportamento e a habilidade de realizar atividades cotidianas. O Alzheimer é a causa mais comum de demência e corresponde a cerca de 70% dos casos. Os sintomas mais comuns são: perda de memória, confusão, irritabilidade e agressividade, alterações de humor e falhas de linguagem.
COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE
É o período de transição entre o quadro de envelhecimento normal e o diagnóstico de demência, que é a diminuição da função mental e comprometimento da memória, do pensamento, da capacidade para aprender e do juízo.
Um dos estudos, realizado pela Universidade de Pittsburgh, mostra que a caminhada pode ajudar a aumentar o tamanho de regiões cerebrais envolvidas com a memória. Os pesquisadores compararam o efeito no cérebro de dois grupos de idosos: aqueles que fizeram três sessões semanais de caminhada e aqueles que fizeram a mesma quantidade de treinos de musculação. O hipocampo dos idosos que praticaram a caminhada aumentou 2% em relação aos que fizeram musculação. A área está ligada à memória, e sua redução é um dos sinais do Alzheimer.
Segundo os organizadores da conferência, isso não significa que um tipo de exercício é melhor que outro, mas que diferentes exercícios podem afetar diferentes aspectos da saúde cerebral. Para demonstrar isso, eles exibiram uma segunda pesquisa, conduzida na Universidade da Columbia Britânica, no Canadá. Ela comparou o efeito de duas sessões semanais de exercícios de levantamento de peso com a mesma quantidade de treinamento aeróbico em mulheres que tinham entre 70 e 80 anos, com comprometimento cognitivo leve.

O grupo que levantou peso apresentou um desempenho melhor em testes que medem atenção, resolução de conflitos e memória. Além disso, esses treinos também trouxeram mudanças funcionais em três regiões cerebrais envolvidas com a memória.

O terceiro estudo apresentado foi conduzido por pesquisadores do Centro Nacional de Geriatria e Gerontologia do Japão. Eles analisaram o impacto de uma série de exercícios variados sobre as funções cerebrais de idosos com comprometimento cognitivo leve. O programa incluía exercícios aeróbicos, de força muscular e de postura realizados durante um ano.

Os pesquisadores compararam as funções cerebrais desses idosos com a de outros que não fizeram exercícios, mas assistiram aulas sobre como cuidar de sua saúde. Apesar de os dois grupos terem apresentado melhoras em testes de memória e de uso de linguagem, o resultado foi mais significativo naqueles que praticaram atividades físicas.

Qualquer atividade física reduz chances de doença de Alzheimer, mesmo em pessoas com mais de 80 anos



Pesquisa apontou que tanto tarefas simples do cotidiano quanto exercícios mais intensos podem diminur em até quase três vezes o risco do problema

O cérebro dos idosos não perde para o dos jovens em velocidade em algumas tarefas
Doença de Alzheimer: além de caminhadas, atividades do cotidiano também pode reduzir risco do problema (Thinkstock)
Atividades físicas, mesmo as relacionadas às tarefas do dia-a-dia, podem ajudar uma pessoa a reduzir em quase três vezes o risco de doença de Alzheimer ou de declínio cognitivo em qualquer idade. Essa é a conclusão de uma pesquisa publicada nesta quarta-feira no site do periódico Neurology, que associou os benefícios dos exercícios a indivíduos de todas as idades, mesmo aos idosos com mais de 80 anos. O estudo foi conduzido na no Centro Médico da Universidade de Rush, nos Estados Unidos.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Total daily physical activity and the risk of AD and cognitive decline in older adults

Onde foi divulgada: periódico Neurology

Quem fez: Aron Buchman, Patricia Boyle, Li Yu, Raj Shah, Robert Wilson e David A. Bennett

Instituição: Universidade de Rush, Estados Unidos

Dados de amostragem: 716 idosos com idade média de 82 anos

Resultado: As pessoas que menos realizam atividades do cotidiano, como lavar louça, têm 2,3 mais chances de sofrerem de doença de Alzheimer do que as que mais praticam tais tarefas. Já aquelas que menos realizam exercícios intensos, como caminhada e corrida, têm 2,8 mais riscos do que as que mais se exercitam
Segundo os pesquisadores, o estilo de vida ativo vai além de ir à academia ou praticar corrida. Eles observaram que atividades cotidianas frequentes, como lavar pratos, cozinhar, jogar cartas e até mesmo fazer força com os braços em uma cadeira de rodas já colaboram com a redução de risco de problemas cognitivos e de memória, inclusive a doença de Alzheimer.
A pesquisa — Os autores do estudo pediram que 716 pessoas com idade média de 82 anos, e sem demência usassem, durante dez dias, um dispositivo que calcula os níveis de atividades diárias de uma pessoa. Para os pesquisadores, esse é um ponto forte do trabalho, já que o aparelho é mais preciso em dar essa informação do que os relatos dos próprios indivíduos. Após esse período, os participantes realizaram diversos testes mentais que testavam memória capacidade de raciocínio. Esse procedimento foi feito uma vez ao ano e durante 3,5 anos. Ao final da pesquisa, 71 pessoas desenvolveram doença de Alzheimer.
Os participantes que estavam entre os 10% que menos realizavam atividades do cotidiano tiveram 2,3 mais chances de desenvolver Alzheimer em relação aos que estavam entre os 10% que mais realizavam essas tarefas. Já em relação a atividades físicas intensas, como caminhadas e ginástica, por exemplo, esse risco foi 2,8 maior.
"Desde que as atividades dos participantes começaram a ser monitoradas, tarefas como cozinhar, lavar os pratos, jogar cartas e até mesmo mover uma cadeira de rodas com os braços foram benéficas", diz Aron Buchman, coordenador do estudo. Para o pesquisador, o trabalho indica que a atividade física é um fator de risco modificável e, portanto, merece atenção das abordagens de prevenção para várias doenças. "Esses exercícios são de baixo custo, acessíveis, sem efeitos colaterais e podem ser feitos por pessoas de qualquer idade para reduzir as chances de Alzheimer”, afirma.

Musculação vira remédio para idoso combater doenças



Estima-se que a frequência de pessoas com mais de 60 anos nas academias de ginástica tenha aumentado cerca de seis vezes nos últimos dez anos

 Exercícios físicos se tornaram tão importantes quanto os remédios no tratamento de doenças como osteoporose, osteoartrose e artrite reumatoide. Não à toa, estima-se que a frequência de pessoas com mais de 60 anos nas academias de ginástica tenha aumentado cerca de seis vezes nos últimos dez anos.
De olho nesse filão, muitos estabelecimentos têm feito parcerias com consultórios médicos e oferecido descontos e atividades específicas para os idosos por eles encaminhados. Surgiram até academias especializadas nesse público, com equipe médica própria e instalações adaptadas a quem tem mobilidade reduzida.
O boom teve início após a comprovação, no início da década passada, de que exercícios com sobrecarga são capazes de impedir o avanço da osteoporose, conta Kleber Pereira, presidente da Associação Brasileira de Academias (Acad). "Os médicos passaram a recomendar a musculação para os idosos, que hoje representam quase 30% de nossos alunos."
Estudos recentes têm demonstrado os benefícios da musculação para outro problema que atinge quase 60% das pessoas com mais de 60 anos: a osteoartrose. Caracterizada pelo desgaste das articulações, a doença causa dor e restringe os movimentos.
"Até pouco tempo atrás, pacientes com artrose recebiam a recomendação de praticar apenas atividades leves e evitar carregar peso ou subir escadas", conta Julia Greve, coordenadora do Laboratório de Estudos do Movimento (LEM) da Faculdade de Medicina da USP. Mas hoje já se sabe que o fortalecimento da musculatura reduz a sobrecarga na articulação, diminui a dor e recupera a amplitude dos movimentos.

Aprecie com moderação


Da melhora do sistema cardiovascular à redução do risco de asma: cada vez mais pesquisas revelam os ganhos que traz o consumo moderado de álcool

Vivian Carrer Elias
vinho
Vinho: bebida traz vários benefícios à saúde graças a uma substância chamada resveratrol (Thinkstock)
O consumo de álcool, ao longo da história, sempre foi associado à saúde. Embora o alcoolismo seja um problema gravíssimo de saúde pública, consumido moderadamente, o álcool pode ser um aliado no combate a diversas doenças. Nos últimos anos, várias pesquisas observaram os benefícios que um consumo moderado de bebida alcoólica pode trazer. A redução de risco de doenças cardiovasculares, neurodegenerativas, artrite e asma são alguns deles, junto com a melhora do quadro de diabetes e o aumento do nível de HDL, ou "colesterol bom", no sangue.
É importante ressaltar, porém, que nenhum estudo relacionou esses benefícios à ingestão de grandes quantidades de bebida alcoólica — pelo contrário, o consumo em excesso só oferece prejuízos à saúde. As vantagens vêm somente com uma ingestão moderada. Para o cardiologista e professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Protásio Lemos da Luz, essa quantidade corresponde a cerca de 30 gramas de álcool por dia, o mesmo que uma ou duas taças de vinho. Também é importante lembrar que muitas dessas pesquisas são de observação, ou seja, analisaram os benefícios em pessoas que consumiram determinada quantidade de álcool, mas não explicam os mecanismos do organismo que levaram a tal.
Existem, contudo, pistas de como o álcool atua no organismo. O que já se sabe é que ele acarreta dilatação dos vasos e aumento do chamado colesterol "bom", o HDL. Essas ações melhoram a função vascular, já que os vasos dilatados se tornam mais flexíveis e resistentes. Além disso, o HDL não deixa as plaquetas se acumularem no sangue, evitando infartos. Esses fatores podem explicar estudos que associam redução do risco de doenças cardiovasculares, melhora do colesterol e de problemas inflamatórios ao consumo de bebida alcoólica. (continue lendo a reportagem)

O que dizem as pesquisas

Os últimos estudos sobre os benefícios do álcool comentados por especialistas

8 de 8

Pessoas que bebem moderadamente apresentam menores riscos de desenvolver doenças cardiovasculares

Instituição: Hospital Pitié-Salpêtrière, Paris, França

Publicação: European Journal of Clinical Nutrition

Como foi feita: A pesquisa avaliou características biológicas e clínicas, como fatores de risco de doença cardiovascular, de quase 150 mil pessoas. Elas foram divididas em grupos de acordo com o consumo de álcool: baixo, ou até 10 gramas por dia; moderado, ou de 10 a 30 gramas por dia; e alto, ou mais de 30 gramas por dia. Pessoas que bebiam moderadamente apresentaram perfis clínicos e biológicos mais favoráveis e com menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
Opinião do especialista: "A maioria das pesquisas sobre o assunto demonstraram exatamente essa relação do consumo moderado de álcool com a diminuição de doenças cardiovasculares. Isso se deve ao fato de o álcool proteger, de alguma maneira, os vasos, fazendo com que os problemas cardiovasculares fossem menores naqueles que ingeriam bebida alcoólica moderadamente do que nos abstêmios. Isso não se deve apenas a uma ação, mas sim ao conjunto delas." – Dr. Protásio Lemos da Luz.

Consumo moderado de álcool aumenta o colesterol “bom”

Instituição: Universidade de Calgary
Publicação: British Medical Journal
Como foi feita: Um estudo analisou 63 pesquisas existentes sobre consumo de álcool e níveis de colesterol e gordura. Concluíram que a ingestão de 15 gramas de qualquer bebida alcoólica por mulheres e 30 gramas por homens aumentou significativamente o colesterol HDL.
Opinião do especialista: "O álcool e o resveratrol, presente no vinho, estimulam a produção do colesterol 'bom'. Ele funciona como um 'lixeiro', que limpa as placas presentes nas artérias responsáveis por entupi-las. Mas aumentar o HDL não significa que diminuímos o LDL, que é o colesterol 'ruim'. Isso só é obtido com uma alimentação correta." – Dr. Saulo Cavalcanti, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Silício presente na cerveja pode ajudar a fortalecer os ossos e combater a osteoporose

Instituição: Universidade da Califórnia, Estados Unidos

Publicação: Journal of the Science of Food and Agriculture

Como foi feita: O estudo analisou a quantidade de silício presente em diversos tipos de cerveja e relacionou com o impacto da substância no organismo. Os pesquisadores verificaram que as cervejas comerciais apresentavam entre 6,4 e 56,5 miligramas de silício por litro da bebida, e que as bebidas à base de cevada continham mais silício do que as feitas de trigo. Para eles, essas quantidades de silício na cerveja já podem ser benéficas para o organismo e para o fortalecimento dos ossos.

Opinião do especialista: "O silício é um micronutriente presente em certos tipos de cerveja. Ele participa da composição de enzimas que ajudam no processo de calcificação. Consumi-lo, portanto, auxilia no fortalecimento dos ossos e evita a osteoporose. Mas, como é um micronutriente e não está presente em quantidade abundante na cerveja, não dispensa a necessidade da ingestão de cálcio – o principal macronutriente responsável pelo fortalecimento dos ossos." – Dr. Márcio Passini, presidente do Comitê de Osteoporose e Doenças Osteometabólicas da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

Consumo moderado de álcool pode reduzir a gravidade da artrite reumatoide e até evitar o problema

Instituição: Universidade Britânica de Sheffield
Publicação: Rheumatology, da Sociedade Britânica de Reumatologia
Como foi feita: Foram acompanhados 873 pacientes que sofriam de artrite reumatoide e comparados com um grupo de 1.004 pessoas que não sofriam da doença. Eles responderam a perguntas sobre frequência de consumo de álcool no mês anterior, passaram por exames radiológico e sanguíneo e tiveram suas articulações examinadas. Pacientes que beberam com mais frequência mostraram menos danos nas articulações, níveis mais baixos de inflamação, inchaços e limitação do que aqueles que bebiam nunca ou raramente. Abstêmios tiveram quatro vezes mais chances de contrair a doença do que pessoas que bebiam álcool dez dias ao mês.
Opinião do especialista: "A pesquisa vai na mesma linha de outros estudos que demonstraram o efeito protetor do álcool moderado. A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica e acomete as articulações do corpo. O álcool pode ter efeito anti-inflamatório, evitando enfartes, por exemplo. Talvez por a artrite ser um problema inflamatório, o consumo de álcool seja eficaz em auxiliar a melhora da doença. Mas ainda são associações." – Dra. Ieda Magalhães, professora colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e médica assistente do Hospital das Clínicas.

Vinho tinto melhora no tratamento de câncer de mama

Instituição: Cleveland Clinic’s Lerner Research Institute, Estados Unidos

Publicação: Cancer Letters

Como foi feita: Testes de laboratório identificaram que o resveratrol presente no vinho tinto intensifica a ação de remédios para tratamento de câncer de mama. Consumir uma taça da bebida ao dia, segundo o estudo, pode evitar que as células cancerígenas se tornem resistentes aos medicamentos.

Opinião do especialista: "O resveratrol é antioxidante e, por isso, ajuda a manter o metabolismo mais saudável. O envelhecimento celular, causado pela oxidação das células, é uma das causas do câncer, já que quanto mais velha a célula fica, maiores as chances de o DNA se alterar, causando câncer de mama ou outros. Porém, o álcool em excesso lesa o fígado e aumenta o risco do câncer nas mamas." – Dr. José Roberto Filassi, mastologista chefe do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.

Pequena dose diária de álcool ajuda na prevenção do Alzheimer e em outras doenças neurodegenerativas

Instituição: Universidade Loyola de Chicago, Estados Unidos

Publicação: Journal of Alzheimer’s Disease

Como foi feita: Um grupo de pesquisadores analisou 143 estudos prévios sobre álcool e doenças neurodegenerativas, envolvendo 365 pessoas em dados coletados desde 1977. Eles compararam pessoas consumiam pouco e não consumiam bebida alcoólica e concluíram que aqueles que consumiam muito, ou seja, mais de cinco doses diárias, tinham mais chance de ter essas doenças; mas pessoas que bebiam de uma a duas doses de álcool por dia apresentaram 23% menos de chances de ter esse problema.

Opinião do especialista: "O álcool pode ter algum efeito sobre essas doenças, mas não é certo. Se tiver, é muito modesto. Não há explicações para esses dados, mas é possível compreender que algo que seja recomendado para problemas cardiovasculares também seja para o cérebro, já que são semelhantes em alguns aspectos. Por exemplo, o sistema nervoso é constituído de lipídios que predispõem doenças cardiovasculares e também neurológicas. Talvez os efeitos benéficos do álcool em dose pequena abranjam o metabolismo dos lipídios, mas não se sabe ao certo." – Dr. Cícero Galli Coimbra, professor de neurologia da Universidade Federal de São Paulo.

Dois a três copos de cerveja por dia pode ajudar a combater diabetes e previne hipertensão

Instituição: Universidade de Barcelona, Hospital Clínico de Barcelona e Instituto Carlos III de Madri
Como foi feita: O estudo foi realizado com 1.249 homens e mulheres acima de 57 anos. Os pesquisadores concluíram que até dois copos de cerveja para mulheres e três para homens podem prevenir hipertensão e combater a diabetes.

Opinião do especialista: "Os benefícios do álcool nos vasos poderiam ajudar uma pessoa que tenha diabetes controlado. Tudo depende de como e quanto ingerir. O álcool poderia favorecer o problema durante as refeições, já que quando comemos a glicemia no plasma aumenta. A bebida alcoólica, por sua vez, diminui a glicemia, e seu nível não sobe tanto durante as refeições." – Dr. Protásio Lemos da Luz.

Pessoas que bebem moderadamente apresentam menores riscos de desenvolver doenças cardiovasculares

Instituição: Hospital Pitié-Salpêtrière, Paris, França

Publicação: European Journal of Clinical Nutrition

Como foi feita: A pesquisa avaliou características biológicas e clínicas, como fatores de risco de doença cardiovascular, de quase 150 mil pessoas. Elas foram divididas em grupos de acordo com o consumo de álcool: baixo, ou até 10 gramas por dia; moderado, ou de 10 a 30 gramas por dia; e alto, ou mais de 30 gramas por dia. Pessoas que bebiam moderadamente apresentaram perfis clínicos e biológicos mais favoráveis e com menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
Opinião do especialista: "A maioria das pesquisas sobre o assunto demonstraram exatamente essa relação do consumo moderado de álcool com a diminuição de doenças cardiovasculares. Isso se deve ao fato de o álcool proteger, de alguma maneira, os vasos, fazendo com que os problemas cardiovasculares fossem menores naqueles que ingeriam bebida alcoólica moderadamente do que nos abstêmios. Isso não se deve apenas a uma ação, mas sim ao conjunto delas." – Dr. Protásio Lemos da Luz.






Curva em J — O vinho tinto é uma das bebidas mais associadas, se não a mais, a tais benefícios. Isso não acontece é à toa. Além do teor alcoólico, possui um componente químico chamado resveratrol, que vem da casca de determinados tipos de uva, mas também pode ser encontrado no mate, em chás, na cebola e na maçã. Além de, como o álcool, melhorar a função vascular, tem função antioxidante (combate o envelhecimento das células) e ajuda a manter o organismo mais saudável. “Com a idade, o metabolismo das pessoas se desacelera, se oxida. As substâncias antioxidantes atrasam esse processo”, explica o mastologista chefe do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, José Roberto Filassi.
O cardiologista Protásio Luz explica que os estudos sobre álcool obedecem a uma "curva em J": quem bebe muito morre mais; mas os abstêmios apresentam, geralmente, maior mortalidade do que aqueles que bebem pouco. Ele, junto a um grupo do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor), realizou um estudo com ratos no começo do ano, dividindo os animais em três grupos. O primeiro grupo recebeu vinho tinto, o segundo recebeu uma baixa quantidade de resveratrol e o terceiro uma grande quantidade da substância. 
A pesquisa observou que os animais que ingeriram vinho e quantidades pequenas de resveratrol apresentaram melhora na função vascular e fizeram mais exercícios físicos. Os que receberam doses altas de resveratrol, por outro lado, não apresentaram melhoria alguma na condição vascular. “Não podemos dizer, nesse caso, que o resveratrol fez mal, ele simplesmente não fez bem. A proteção da bebida alcoólica se restringe, portanto, a uma quantidade moderada”.
Mas para o álcool se tornar um aliado da saúde, afirma o cardiologista Protásio Luz, não basta seu consumo moderado. "É preciso mudar o estilo de vida", afirma. Para ele, o ideal é controlar o peso, seguir uma dieta alimentar saudável e não fumar. "Com tudo isso em dia, o consumo moderado de álcool revelará seus benefícios."

Não é para você

Apesar de a bebida alcoólica, com moderação, proporcionar benefícios para a saúde, ela não é indicada para todos. Existem pessoas que não devem ingerir quantidade alguma de álcool, já que os prejuízos são muito maiores do que as vantagens. Sinal vermelho para quem tem os seguintes problemas:
Doença hepática alcoólica: é a inflamação no fígado causada pelo uso crônico do álcool. Principal metabolizador do álcool no organismo, o fígado é lesionado com a ingestão de bebidas alcoólicas.

Cirrose hepática:
 o álcool destrói as células do fígado e é o responsável por causar cirrose, quadro de destruição avançada do órgão. Pessoas com esse problema já têm o fígado prejudicado e a ingestão só induziria a piora dele.

Triglicérides aumentado: 
o triglicérides é uma gordura tão prejudicial quanto o colesterol, já que forma placas que entopem as artérias, podendo causar infarto e derrame cerebral. O álcool aumenta essa taxa. Portanto, quem já tiver a condição deve manter-se longe das bebidas alcoólicas.

Pancreatite: a doença é um processo inflamatório do pâncreas, que é o órgão responsável por produzir insulina e também enzimas necessárias para a digestão. O consumo exagerado de álcool é uma das causas dessa doença, e sua ingestão pode provocar muita dor, danificar o processo de digestão e os níveis de insulina, principal problema do diabetes.

Úlcera: é uma ferida no estômago. Portanto, qualquer irritante gástrico, como o álcool, irá piorar o problema e aumentar a dor.

Insuficiência cardíaca: por ser tóxico, o álcool piora a atividade do músculo cardíaco. Quem já sofre desse problema deve evitar bebidas alcoólicas para que a atividade de circulação do sangue não piore.

Arritmia cardíaca: de modo geral, ele afeta o ritmo dos batimentos cardíacos. A bebida alcoólica induz e piora a arritmia.               


Redobre a atenção

Há também aqueles que devem ter muito cuidado ao beber, mesmo que pouco.Tudo depende do grau da doença, do tipo de remédio e do organismo de cada um.
Problemas psiquiátricos: o álcool muda o comportamento das pessoas e pode alterar o efeito da medicação. É arriscada, portanto, a ingestão de bebida alcoólica por aqueles que já têm esse tipo de problema.

Gastrite: é uma fase anterior à úlcera e quem sofre desse problema deve tomar cuidado com a quantidade de bebida alcoólica ingerida. Como pode ser curada e controlada, é permitido o consumo álcool moderado, mas sempre com autorização de um médico.

Diabetes: 
Todos os diabéticos devem ficar atentos ao consumo de álcool. A quantidade permitida dessa ingestão depende do grau do problema, dos remédios e do organismo da pessoa. Recomenda-se, se for beber, optar por fazê-lo antes ou durante as refeições para evitar a hipoglicemia.