AMINOÁCIDOS DA SOJA, COMO ARGININA E CISTEÍNA, TÊM AÇÃO ANTI-HIPERTENSIVA
A hipertensão é uma doença de alta prevalência tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, e por aumentar de forma significativa o risco de mortalidade cardiovascular há necessidade de atenção para sua prevenção e controle3. Tem-se observado um aumento crescente nas pesquisas que investigam o efeito da ingestão de nutrientes sobre a pressão arterial (PA), especialmente proteínas1. Pesquisas demonstraram que pessoas que seguem alguns padrões alimentares, como o vegetarianismo, e algumas populações específicas, como a asiática, apresentam menor prevalência de hipertensão. Como estes grupos têm em comum o alto consumo de proteínas vegetais, especialmente de soja, trabalhos começaram a investigar a relação entre soja e PA7.
Em estudos observacionais, verificou-se associação inversa entre consumo de proteína de soja e PA. No Shanghai Women’s Health Study, uma coorte chinesa, mulheres de 40-70 anos com ingestão de ≥ 25 g de proteína de soja/dia apresentavam PA sistólica 1,9 mmHg e PA diastólica 0,9 mmHg menores do que as que consumiam menos de 2,5 g de proteína de soja/dia9. As evidências provenientes de ensaios clínicos randomizados são sensivelmente mais controversas. Alguns trabalhos mostraram que a suplementação da dieta com proteína de soja (25-40 g/dia) é capaz de reduzir significativamente a PA, tanto em indivíduos normotensos como hipertensos4,8, enquanto em outros estudos, como o de Teede et al. (2006)6 realizado com adultos hipertensos, não foi observado efeito sobre a PA.
Para esclarecer esta controvérsia, Dong et al. (2011)3 conduziram uma metanálise incluindo 27 ensaios clínicos que compararam dietas enriquecidas com proteína de soja com dietas controle. Os resultados mostraram redução estatisticamente significante de 2,2 mmHg na PA sistólica e de 1,4 mmHg na PA diastólica quando eram seguidas dietas com proteína de soja (média de 30 g/dia). O efeito positivo foi observado em indivíduos normotensos e hipertensos, nestes últimos de maneira ainda mais pronunciada. Ainda, o efeito do tratamento foi maior em estudos que utilizaram dietas contendo carboidratos como controle.
Alguns mecanismos são propostos para explicar o benefício da proteína de soja sobre a PA. A soja apresenta maior conteúdo de arginina, glicina e cisteína do que outras proteínas, as quais são capazes de atenuar as respostas metabólicas associadas à hipertensão7. Estes aminoácidos melhoram a resistência à insulina e o metabolismo da glicose e diminuem o estresse oxidativo e a formação de produtos finais de glicação avançada, substâncias formadas durante o estresse oxidativo ou hiperglicemia que modificam proteínas ou lipídeos, levando à produção de citocinas inflamatórias e prejuízo à função vascular, dentre outras ações deletérias2,7. A arginina serve como substrato para a produção de óxido nítrico (NO), o qual influencia a PA por agir sobre o tônus vascular. Além disso, ela inibe a enzima conversora de angiotensina (ECA), diminuindo a produção de angiotensina II e sua cascata de efeitos que aumenta a PA7.
Assim, a literatura demonstra os efeitos positivos do consumo de proteína de soja sobre a PA, em virtude dos efeitos anti-hipertensivos de seus aminoácidos. Os pacientes hipertensos podem ser encorajados a consumir ≥ 25g de proteína de soja/dia (grãos, tofu, proteína texturizada, bebidas à base de soja), além de adotarem outras medidas de estilo de vida, como diminuição da ingestão de sódio, aumento do consumo de frutas e hortaliças, prática de atividade física regular, controle do estresse psicossocial e cessação do tabagismo5.
Referências:
1) Altorf-van der Kuil W, Engberink MF, Brink EJ, et al. Dietary protein and blood pressure: a systematic review. PLoS One. 2010 Aug 11;5(8):e12102.
2) Barbosa JHP, Oliveira SL, Tojal e Seara L. O Papel dos Produtos Finais da Glicação Avançada (AGEs) no Desencadeamento das Complicações Vasculares do Diabetes. Arq Bras Endocrinol Metab 2008; 52(6): 940-950.
3) Dong JY, Tong X, Wu ZW, et al. Effect of soya protein on blood pressure: a meta-analysis of randomised controlled trials. Br J Nutr 2011; 106(3): 317-326.
4) He J, Gu D, Wu X, et al. Effect of soybean protein on blood pressure: a randomized, controlled trial. Ann Intern Med 2005; 143(1): 1-9.
5) Sociedade Brasileira de Cardiologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol 2010; 95(1 supl.1): 1-51.
6) Teede HJ, Giannopoulos D, Dalais FS, et al. Randomised, controlled, cross-over trial of soy protein with isoflavones on blood pressure and arterial function in hypertensive subjects. J Am Coll Nutr 2006; 25(6): 533-540.
7) Vasdev S, Stuckless J. Antihypertensive effects of dietary protein and its mechanism. Int J Angiol 2010; 19(1): e7-e20.
8) Welty FK, Lee KS, Lew NS, et al. Effect of soy nuts on blood pressure and lipid levels in hypertensive, prehypertensive, and normotensive postmenopausal women. Arch Intern Med 2007; 167(10): 1060-1067.
9) Yang G, Shu XO, Jin F, et al. Longitudinal study of soy food intake and blood pressure among middle-aged and elderly Chinese women. Am J Clin Nutr 2005; 81(5): 1012-1017.
Em estudos observacionais, verificou-se associação inversa entre consumo de proteína de soja e PA. No Shanghai Women’s Health Study, uma coorte chinesa, mulheres de 40-70 anos com ingestão de ≥ 25 g de proteína de soja/dia apresentavam PA sistólica 1,9 mmHg e PA diastólica 0,9 mmHg menores do que as que consumiam menos de 2,5 g de proteína de soja/dia9. As evidências provenientes de ensaios clínicos randomizados são sensivelmente mais controversas. Alguns trabalhos mostraram que a suplementação da dieta com proteína de soja (25-40 g/dia) é capaz de reduzir significativamente a PA, tanto em indivíduos normotensos como hipertensos4,8, enquanto em outros estudos, como o de Teede et al. (2006)6 realizado com adultos hipertensos, não foi observado efeito sobre a PA.
Para esclarecer esta controvérsia, Dong et al. (2011)3 conduziram uma metanálise incluindo 27 ensaios clínicos que compararam dietas enriquecidas com proteína de soja com dietas controle. Os resultados mostraram redução estatisticamente significante de 2,2 mmHg na PA sistólica e de 1,4 mmHg na PA diastólica quando eram seguidas dietas com proteína de soja (média de 30 g/dia). O efeito positivo foi observado em indivíduos normotensos e hipertensos, nestes últimos de maneira ainda mais pronunciada. Ainda, o efeito do tratamento foi maior em estudos que utilizaram dietas contendo carboidratos como controle.
Alguns mecanismos são propostos para explicar o benefício da proteína de soja sobre a PA. A soja apresenta maior conteúdo de arginina, glicina e cisteína do que outras proteínas, as quais são capazes de atenuar as respostas metabólicas associadas à hipertensão7. Estes aminoácidos melhoram a resistência à insulina e o metabolismo da glicose e diminuem o estresse oxidativo e a formação de produtos finais de glicação avançada, substâncias formadas durante o estresse oxidativo ou hiperglicemia que modificam proteínas ou lipídeos, levando à produção de citocinas inflamatórias e prejuízo à função vascular, dentre outras ações deletérias2,7. A arginina serve como substrato para a produção de óxido nítrico (NO), o qual influencia a PA por agir sobre o tônus vascular. Além disso, ela inibe a enzima conversora de angiotensina (ECA), diminuindo a produção de angiotensina II e sua cascata de efeitos que aumenta a PA7.
Assim, a literatura demonstra os efeitos positivos do consumo de proteína de soja sobre a PA, em virtude dos efeitos anti-hipertensivos de seus aminoácidos. Os pacientes hipertensos podem ser encorajados a consumir ≥ 25g de proteína de soja/dia (grãos, tofu, proteína texturizada, bebidas à base de soja), além de adotarem outras medidas de estilo de vida, como diminuição da ingestão de sódio, aumento do consumo de frutas e hortaliças, prática de atividade física regular, controle do estresse psicossocial e cessação do tabagismo5.
Referências:
1) Altorf-van der Kuil W, Engberink MF, Brink EJ, et al. Dietary protein and blood pressure: a systematic review. PLoS One. 2010 Aug 11;5(8):e12102.
2) Barbosa JHP, Oliveira SL, Tojal e Seara L. O Papel dos Produtos Finais da Glicação Avançada (AGEs) no Desencadeamento das Complicações Vasculares do Diabetes. Arq Bras Endocrinol Metab 2008; 52(6): 940-950.
3) Dong JY, Tong X, Wu ZW, et al. Effect of soya protein on blood pressure: a meta-analysis of randomised controlled trials. Br J Nutr 2011; 106(3): 317-326.
4) He J, Gu D, Wu X, et al. Effect of soybean protein on blood pressure: a randomized, controlled trial. Ann Intern Med 2005; 143(1): 1-9.
5) Sociedade Brasileira de Cardiologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol 2010; 95(1 supl.1): 1-51.
6) Teede HJ, Giannopoulos D, Dalais FS, et al. Randomised, controlled, cross-over trial of soy protein with isoflavones on blood pressure and arterial function in hypertensive subjects. J Am Coll Nutr 2006; 25(6): 533-540.
7) Vasdev S, Stuckless J. Antihypertensive effects of dietary protein and its mechanism. Int J Angiol 2010; 19(1): e7-e20.
8) Welty FK, Lee KS, Lew NS, et al. Effect of soy nuts on blood pressure and lipid levels in hypertensive, prehypertensive, and normotensive postmenopausal women. Arch Intern Med 2007; 167(10): 1060-1067.
9) Yang G, Shu XO, Jin F, et al. Longitudinal study of soy food intake and blood pressure among middle-aged and elderly Chinese women. Am J Clin Nutr 2005; 81(5): 1012-1017.
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