sábado, 20 de outubro de 2012

Mais de 50% dos casos de Alzheimer podem ser prevenidos



Mudanças no estilo de vida minimizariam fatores de risco que levam à doença

Doenças degenerativas: com a morte dos neurônios, o cérebro entra em um processo que dá origem a doenças como Alzheimer e Parkinson
Alzheimer: evitar tabagismo, sedentarismo, depressão, hipertensão, diabetes e obesidade ajudam a prevenir a doença(Creatas Images/Thinkstock)
Mudanças no estilo de vida, combinadas a tratamento e prevenção de doenças crônicas, podem evitar mais da metade dos casos de Alzheimer existentes no mundo. Segundo um estudo publicado no Lancet Neurology, os fatores de risco modificáveis estão relacionados a mais de 51% dos casos da doença.
Após a análise de dados sobre de centenas de milhares de pacientes no mundo, Deborah Barnes, coordenadora da pesquisa, concluiu que os maiores fatores de risco modificáveis para a doença de Alzheimer são, nesta ordem: baixa escolaridade, tabagismo, sedentarismo, depressão, hipertensão na meia-idade, diabetes e obesidade na meia-idade.
Juntos, esses fatores de risco estariam associados a mais de 51% dos casos de Alzheimer no mundo (17,2 milhões) - e a mais de 54% dos casos nos Estados Unidos (2,9 milhões). “Isso sugere que mudanças bastante simples no estilo de vida, como aumentar as atividades físicas e parar de fumar, poderiam ter um impacto importante na prevenção do Alzheimer e de outras demências”, diz Deborah.
Barnes alertou, no entanto, que as conclusões são baseadas no pressuposto de que existe uma associação causal entre os fatores de risco e o Alzheimer. “Estamos assumindo que quando você altera o fator de risco, altera também o risco”, diz. “O que nós precisamos fazer agora é descobrir se esse pressuposto está correto.”

Substituir carne vermelha por frango pode diminuir risco de AVC



Estudo observou que, enquanto consumo de carne vermelha aumenta chances de derrames, aves, peixes e leite são benéficos na prevenção do problema

carne vermelha
Carne vermelha: o consumo do alimento pode aumentar risco de AVC, mas substituí-lo por frango ou peixe, por exemplo, diminui essa chance (Thinkstock)
Enquanto o consumo de carne vermelha está associado ao aumento da incidência de acidente vascular cerebral (AVC), a ingestão de outras proteínas, principalmente das vindas de aves, está associada à diminuição desse risco. É o que conclui uma nova pesquisa feita pelo Instituto de Bem Estar da Clínica de Cleveland, nos Estados Unidos, e publicada na versão online do periódico Stroke.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Dietary Protein Sources and the Risk of Stroke in Men and Women

Onde foi divulgada: periódico Stroke

Quem fez: Adam M. Bernstein, An Pan, Kathryn M. Rexrode, Meir Stampfer, Frank B. Hu, Dariush Mozaffarian e Walter C. Willett

Instituição: Instituto de Bem Estar da Clínica de Cleveland, Estados Unidos

Dados de amostragem: 84.010 mulheres de 30 a 35 anos e 43.150 homens de 40 a 75 anos

Resultado: Homens que consumiam mais carne vermelha tinham 28% mais chances de terem um AVC, e mulheres, 19%. Substituir uma proção de carne vermelha por uma de frango reduziu em 27% o risco de derrame cerebral; por uma porção de peixe ou castanhas reduziu em 17%; e por leite, diminuiu essa taxa em 11%.
Os pesquisadores aplicaram questionários durante 26 anos a 84.010 mulheres com idades entre 30 e 35 anos e a 43.150 homens de 40 a 75 anos. Quando o estudo começou, nenhum deles tinha câncer diagnosticado, diabetes ou doença cardiovascular. Durante esse período, foram registrados 2.633 casos de AVC entre as mulheres e 1.397 entre os homens. Para observarem a relação entre incidência de derrames e hábitos alimentares, os pesquisadores dividiram os participantes em grupos de acordo com a quantidade de carne vermelha, aves, peixes, laticínios e outras fontes de proteína que normalmente ao dia.
Carne vermelha– Os resultados mostraram que homens que ingeriam mais de duas porções de carne vermelha ao dia — o equivalente a uma carne de 120 a 170 gramas — e que representavam o grupo que mais consumia o alimento, tiverem um aumento de 28% no risco de derrame quando comparados com aqueles que comiam, em média, um terço de uma porção de carne vermelha por dia, que era a quantidade correspondente ao grupo que menos comia o alimento.
Em relação às mulheres, aquelas que consumiam perto de duas porções de carne ao dia tinham 19% a mais de chances de terem um AVC do que mulheres que comiam menos da metade de uma porção do alimento ao dia.
Outras proteínas– Quando observado o consumo de outros alimentos, os pesquisadores puderam concluir que aqueles que substituíam uma porção de carne vermelha ao dia por uma porção de ave reduziam o risco de derrame em 27%. Essa redução foi de 17% quando trocavam a carne vermelha por uma porção de castanhas ou peixe, e 11% por uma porção de leite. O estudo não observou associações significativas com a substituição de carne vermelha por legumes ou ovos.
"A mensagem principal deste trabalho é que o tipo de proteína ou o conjunto de proteínas que comemos é muito importante para o risco de acidente vascular cerebral. Temos que considerar a proteína no contexto dos alimentos", disse Frank Hu, professor da Escola de Saúde Pública de Harvard e um dos autores do estudo, à agência Reuters.

Pessoas que bebem demais se alimentam pior



Hábitos alimentares ruins colaboram com o aparecimento de doença no fígado

Pessoas que bebem demais se alimentam pior
Pessoas que bebem demais se alimentam pior (Jupiterimages)
Estudo realizado com adultos na Espanha descobriu que pessoas que exageram no consumo de bebida alcóolica e que bebem durante as refeições têm uma alimentação considerada ruim, segundo as diretrizes de dieta saudável. Os resultados serão publicados na edição de novembro deste ano da revista científica Alcoholism: Clinical & Experimental Research. “O consumo de álcool reduz o hábito de alimentação saudável, o que leva a efeitos metabólicos adversos que se somam diretamente aos já produzidos pelo álcool”, diz José Lorenzo Valencia-Martín, um dos autores do estudo da Universidade Autónoma. “A influência direta do álcool na dieta depende da quantidade de bebida ingerida, frequência de consumo, tipo de bebida preferida e se a ingestão de álcool ocorre durante as refeições”, completa.
Segundo o pesquisador, o álcool contribui diretamente para doenças crônicas como obesidade, diabetes, males cardiovasculares e câncer. Para ele, pessoas que bebem excessivamente são mais propensas a negligenciar os hábitos alimentares. O álcool aumenta também as chances do desenvolvimento de doença no fígado, principalmente se a pessoa tiver alta ingestão de alimentos calóricos e ricos em gorduras trans.
Para a pesquisa, foram realizadas entrevistas com 12.037 adultos entre os anos de 2000 e 2005. Os participantes tinham idades entre 18 e 64 anos e moravam na região de Madrid. O consumo excessivo foi determinado a partir do consumo de 80 gramas de álcool para homens e 60 gramas para mulheres de uma vez só.

Os idosos querem ter uma vida sexual mais ativa



Em pesquisa, 43% dos homens disseram fazer menos sexo do que gostariam

Casal de idosos na cama
(Stockbyte)
Muitos homens com idade entre 75 e 95 anos gostariam de ter relações sexuais com mais frequência. Eles mesmos admitiram isso em um estudo australiano recente. Apesar de a maioria (56,5%) se dizer satisfeita com a vida sexual, 43,5% deles afirmaram fazer menos sexo do que gostariam.
A medicina já constatou que a atividade sexual é um componente importante para o bem-estar das pessoas. O objetivo da pesquisa foi saber se os homens continuavam sexualmente ativos na terceira idade. Para chegar aos resultados, foram entrevistados 3.274 voluntários três vezes ao longo de 13 anos, dos quais 2.783 deram informações sobre sua atividade sexual. Um terço dos que responderam à pesquisa disseram ter feito sexo pelo menos uma vez no último ano.
A pesquisa mostrou ainda que quanto mais a idade avança, menor fica a atividade sexual. Isso acontece porque, à medida que os homens envelhecem, os níveis de testosterona diminuem e podem ocorrer desinteresse ou limitações físicas do parceiro, além de doenças como osteoporose, câncer de próstata, diabetes que afetam o desempenho deles. Efeitos colaterais de remédios contra depressão e para o coração também podem resultar na diminuição do apetite sexual.
O estudo foi publicado no Annals of Internal Medicine.

Homens, cuidado: mulher bonita faz mal à saúde



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(Divulgação)
Homens, cuidado: ficar frente a frente com uma mulher bonita faz mal à saúde. É o que sugere um estudo de cientistas da Universidade de Valência, na Espanha. Os pesquisadores descobriram que, se um homem passa pelo menos cinco minutos ao lado de uma bela mulher, seu corpo acelera a produção do hormônio cortisol, que aumenta a pressão arterial e o nível de açúcar no sangue.
O cortisol é produzido pela glândula supra-renal quando uma pessoa encontra-se sob stress físico ou psicológico. A produção acelerada desse hormônio está relacionada a problemas cardíacos. O efeito "prejudicial" da mulher bonita é ampliado se o homem considera que ela é "muita areia para o seu caminhãozinho".
Durante a pesquisa, os cientistas examinaram o comportamento de 84 rapazes. Os voluntários recebiam um Sudoku para solucionar e eram, então, encaminhados a uma sala onde estavam um homem e uma mulher. Pouco tempo depois, a mulher deixou a sala. Sozinhos com outro homem, os voluntários não apresentaram quaisquer alterações nos níveis de cortisol. Já quando o homem deixou a sala e os rapazes ficaram sozinhos com a mulher, seus níveis do hormônio ficaram elevados.
"O estudo mostra que o nível de cortisol dos homens aumenta após um rápido contato de cinco minutos com uma mulher jovem e atraente", afirmaram os pesquisadores. Em pequenas doses, o cortisol pode ter efeito positivo, como um aumento das sensações de alerta e bem-estar. Em níveis mais altos, porém, o hormônio eleva o risco de diabetes, hipertensão, impotência sexual e ataque cardíaco.

Disfunção erétil pode antecipar doença cardíaca



Especialista lembra que obesos devem prestar especial atenção à questão

Natalia Cuminale, de Gramado (RS)
Obesidade
(Thinkstock)
"Quanto mais severa (a disfunção), mais estará associada a doenças cardiovasculares", diz Ricardo Meirelles, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (Sbem)
Apesar de pesquisas científicas já terem comprovado que homens com disfunção erétil podem desenvolver doenças no coração, a relação entre os dois problemas não foi incorporada aos consultórios médico nem é conhecida por pacientes. Uma pena, pois os problemas de ereção podem atuar como ponto de partida para o diagnóstico de problemas cardiovasculares.
Por isso, a relação entre os dois fatores será discutida em mesa do Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia nesta terça-feira. "A disfunção erétil funciona como se fosse um marcador, um aviso para o aparecimento de um problema no coração", explica Ricardo Meirelles, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Meirelles esclarece que a disfunção é fruto de problemas circulatórios no interior do pênis, que reduzem o fluxo de sangue, destruindo a flexibilidade dos tecidos. "Como são artérias pequenas, são as primeiras que sofrem devido aos fatores de risco", diz. Entre os principais fatores estão o diabetes, hiperlipidemia (excesso de gordura no sangue), alcoolismo e o tabagismo.
Para o especialista, uma mudança de abordagem da questão por parte dos médicos pode fazer com que mais homens se sensibilizem para a importância do emagrecimento. "Talvez seja mais fácil convencer os homens a perder peso falando da disfunção erétil do que chamando a atenção para as doenças do coração", diz. Por isso, o médico orienta seus colegas a perguntar aos pacientes se há algum problema sexual - questionamento que pode prever um futuro problema no coração.
A disfunção pode ser leve, moderada e grave. "Quanto mais severa, mais estará associada a doenças cardiovasculares", diz Meirelles.

Colesterol é mais alto entre os homens, diz pesquisa



O controle do colesterol é fundamental para evitar o risco de desenvolver doenças coronárias

Homem
(Thinkstock)
O colesterol LDL se deposita nas paredes das artérias e diminuiu o fluxo de sangue para coração e cérebro
Um alerta foi emitido ontem aos homens pelo Hospital do Coração (HCor): 42,4% (1.254) dos 2.957 pacientes do sexo masculino atendidos nos últimos três anos, com idade entre 30 e 55 anos, estão com colesterol LDL elevado. O aparecimento de doenças coronárias está ligado ao excesso da substância.

O grupo apresentou colesterol LDL maior ou igual a 130mg/dL quando o recomendado é 100mg/dL. Entre as mulheres, a taxa de colesterol elevado foi de 22,4%. "O colesterol não provoca sintomas. É necessário um acompanhamento médico", diz o cardiologista do Hcor César Jardim. 
O colesterol LDL se deposita nas paredes das artérias e diminuiu o fluxo de sangue para coração e cérebro. "Esse efeito é responsável pelo derrame e ataques cardíacos", diz o cardiologista Sergio Timerman, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas.

O risco aumenta com a combinação de alguns fatores, diz Jardim. Entre eles: sedentarismo, tabagismo, obesidade, diabete e herança genética. "É um dos males modernos", completa. Atualmente, 22 milhões de brasileiros sofrem de colesterol alto, segundo ele. Cerca de 80% da substância é produzida pelo organismo, no fígado. "O problema está nos 20% que absorvemos dos alimentos, pois muitas vezes ingerimos a gordura errada", afirma a nutricionista do Hcor, Cyntia Carla da Silva.

Entre as "gorduras erradas", ela cita as saturadas, presentes em carnes, leite, derivados de leite e alimentos de origem vegetal; e as do tipo trans, comuns em bolachas, salgadinhos, refrigerantes. O ideal é substituí-las pelas gorduras poli-insaturadas (óleos de soja, girassol e peixes) e monoinsaturadas (azeite, abacate e sementes). Outra forma de combater as taxas elevadas da substância são os exercícios físicos. Mesmo o colesterol LDL, porém, é necessário para o organismo. "Atua na produção de hormônios e vitaminas", afirma Jardim.

Pouco carboidrato na dieta, mais ‘colesterol bom’



Pesquisa mostra que consumir pouco carboidrato pode elevar índices do colesterol que faz bem ao coração

Dieta
(Thinkstock)
Houve um aumento de 23% no colesterol bom nos pacientes que faziam a dieta de pouco carboidrato, em comparação com 12% de crescimento nas pessoas que adotavam a estratégia de emagrecer com pouco consumo de gordura.
Assim como a dieta com pouco teor de gordura, o regime com baixo consumo de carboidratos é um velho conhecido daqueles que desejam perder quilos extras. Um estudo publicado nesta terça-feira, porém, revelou que reduzir a ingestão de carboidratos não traz benefícios apenas para quem deseja emagrecer. Esse tipo de dieta é capaz de aumentar a produção de HDL, o chamado colesterol bom.
Comparando as dietas com pouco carboidrato e baixa ingestão de gordura, os cientistas descobriram que as duas funcionam quando o objetivo é perder peso. No entanto, a grande diferença está em relação ao HDL: houve um aumento de 23% no colesterol bom nos pacientes que faziam a dieta de pouco carboidrato, em comparação com 12% de crescimento nas pessoas que adotavam a estratégia de emagrecer consumindo pouca gordura.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores acompanharam por dois anos 307 adultos obesos, sendo dois terços mulheres, mas que não tinham problemas com colesterol ou diabetes.
Altos níveis do colesterol ruim, o LDL, aumentam os fatores de risco para doenças cardíacas. Os hábitos alimentares saudáveis e a prática de exercícios físicos regulares são os principais aliados no controle do colesterol ruim. Aumentar a quantidade do bom colesterol também pode ser considerada uma medida importante para proteger o coração.
Gary Foster, diretor do Centro de Pesquisa e Educação em Obesidade da Temple University, acredita que essa descoberta pode impulsionar estudos para a criação de medicamentos que aumentem o HDL. Os cientistas não sabem por que a dieta com baixo carboidrato tem um efeito maior em relação ao bom colesterol. 

Por que algumas dietas não funcionam para todos



Cada pessoa tem um conjunto único de fatores genéticos e ambientais que contribuem para a saúde metabólica

Dieta
(Thinkstock)
"Devemos parar de procurar uma saída comum e começar a aceitar que este é um problema complexo que pode ter uma solução diferente para cada indivíduo”, disse a pesquisadora Laura K. Reed
O desejo de perder alguns quilos extras já tem lugar fixo entre as metas estabelecidas pelas mulheres. Com o objetivo de emagrecer, elas buscam estratégias normalmente já testadas por outras pessoas, mas que nem sempre dão o resultado esperado. A novidade é que há uma razão biológica para isso.
De acordo com uma pesquisa publicada pelo periódico científico Genetics, existe uma interação entre a genética e o tipo de dieta - que depende das características específicas de uma pessoa para funcionar. Os cientistas chegaram a essa conclusão ao estudar 146 diferentes linhagens de moscas-das-frutas. Elas foram alimentadas com quatro dietas diferentes: balanceada, baixa quantidade de calorias, excesso de açúcar e excesso de gordura. A partir disso, os pesquisadores listaram as características metabólicas dos grupos e deram um tipo de alimentação a cada um.
Segundo os resultados, moscas pertencentes a algumas linhagens genéticas demonstraram grande sensibilidade a determinadas dietas e tiveram alteração no peso corporal. Por outro lado, quando as moscas foram submetidas a dietas sem a preocupação com características genéticas, os resultados não foram tão satisfatórios, e houve pouca alteração no peso.
“Cada pessoa tem um conjunto único de fatores genéticos e ambientais que contribuem para sua saúde metabólica. Devemos parar de procurar uma saída comum e começar a aceitar que este é um problema complexo que pode ter uma solução diferente para cada indivíduo”, disse Laura K. Reed, pesquisadora do departamento de Genética da North Carolina State University, Estados Unidos. De acordo com ela, a descoberta pode ajudar a trazer uma outra visão para o tratamento contra diabetes e obesidade.

O perigo do Viagra barato: uso indevido



Natalia Cuminale
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(Getty Images)
Uma boa notícia para quem sofre de disfunção erétil: o Viagra está 50% mais barato. Uma má notícia para as autoridades de saúde: a redução do preço pode levar a uma corrida desnecessária - e perigosa - aos comprimidos azuis por parte de uma parcela da população que não precisa, nem deve, consumi-los. Segundo especialistas consultados por VEJA.com, ao mesmo tempo em que os preços baixos beneficiarão pacientes das classes C e D, eles deverão estimular o uso indevido da droga por jovens que procuram apenas diversão - e não tratamento. "Minha preocupação é a vulgarização do uso. O preço reduzido vai facilitar o acesso do jovem que deseja ser o super-homem", afirma Oswaldo Sabaki Júnior, chefe do serviço de urologia do Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O uso recreativo desse tipo de medicamento já é uma prática comum entre os jovens. "Com o preço mais baixo, a tendência é que eles utilizem mais do que já estão acostumados", diz Sami Arap, coordenador do núcleo avançado de Urologia do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Desde este domingo, data em que começou a valer a quebra de patente do medicamento, uma caixa com quatro comprimidos de Viagra que custava cerca de 120 reais já pode ser encontrada pela metade do valor nas farmácias brasileiras. Além disso, para não perder completamente o mercado para os genéricos, a Pfizer, gigante famarcêutica que fabrica do produto, passou a vender uma caixa com apenas um comprimido, por 16,92 reais, pouco mais de 3% do salário mínimo.  "O preço baixo também poderá atrair os jovens das classes que antes não tinham acesso ao remédio", prevê Otto Henrique Torres Chaves, chefe do departamento de andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Lançado no Brasil em 1998, o Viagra é indicado para pessoas com problemas para obter e manter uma ereção, condição mais frequente em pessoas de idade avançada (a disfunção erétil atinge 50% dos homens acima dos 40, de acordo com dados da SBU). "Depois dessa idade, o problema aumenta progressivamente. E a ereção passa a ser prejudicada quando combinada com doenças mais comuns no  envelhecimento como hipertensão, diabetes e obesidade", explica Chaves.
Os médicos concordam que os jovens, no auge da disposição sexual, estão bem longe de ser o público-alvo do comprimido mágico. Em geral, a justificativa dada pelos homens mais novos é o uso com objetivo de aumentar o tempo da diversão.
O analista de projetos André M., 23, já utilizou o remédio três vezes e a última foi há um mês. "A ereção é quase imediata e o tempo até a ejaculação parece estendido", conta André, que pretende utilizar o medicamento mais vezes e não teme possíveis efeitos colaterais. "É um atrativo para quem quiser se divertir um pouco mais", diz.
Já o estudante de economia Tomaz A., 22 usa o remédio com mais frequência. Nos últimos dois meses, foram cinco vezes. "Depois de uma longa semana de relações sexuais, resolvi experimentar e gostei muito do resultado", afirma. "Não pretendo aumentar o número de vezes que utilizo, mas quanto mais barato com certeza é melhor", diz.
Dependência psicológica - De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os remédios para disfunção erétil possuem tarja vermelha, ou seja, deveriam ser vendidos apenas com prescrição médica. Na prática, no entanto, o comprimido pode ser adquirido livremente nas farmácias. "Como ninguém exige receita, o remédio pode ser comprado sem dificuldades por um jovem - que certamente não precisa dele. A receita deveria ser exigida agora que o número de consumidores deve crescer. Os médicos precisam ter o controle", afirma Archimedes Nardozza Filho, urologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 
O grande problema, segundo os médicos, é que os efeitos colaterais do remédio para os jovens não são químicos, mas psicológicos. "Os jovens tomam o medicamento para incrementar o desempenho. Mas isso pode criar uma dependência psicológica: quando ele fizer sexo sem o Viagra, não vai se sentir totalmente satisfeito", explica Arap.
Os médicos não sabem nem a parcela dos jovens que tomam Viagra sem necessidade. Sem o controle sobre as vendas, não existem dados a respeito. Mas a psiquiatra Carmita Abdo, fundadora e coordenadora geral do ProSex - Projeto de Sexualidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), está desenvolvendo  um estudo sobre o uso desse tipo de remédio por jovens que não apresentam problemas de disfunção sexual.
A partir de entrevistas com 112 jovens, ela definiu três tipos de perfis que são mais suscetíveis a criar uma dependência psicopatológica do remédio. "O uso constante pode trazer dependência química, depressão ou compulsão sexual. Alguns usam só para experimentar, mas pode ser o contrário, algum problema pode ter os levado a usar. É importante que se questionem em relação a isso."

A busca da longevidade



A fantasia de permanecer eternamente jovem acompanha o homem, provavelmente, desde o início da civilização. Embora seja possível deter a marcha do calendário, nos últimos 100 anos a medicina deu passos largos no sentido de retardar processos ligados ao envelhecimento.
Primeiro vieram as melhorias nas condições sanitárias, a descobertas das vacinas, a invenção dos antibióticos e dos recursos para combater doenças como o diabetes, os males cardíacos e alguns tipos de câncer. Todos esses avanços resultaram na adição de anos na expectativa de vida da população. Agora, está em curso um novo e revolucionário capítulo da ciência da longevidade.
O que se procura é proporcionar qualidade de vida e uma existência feliz às populações que estão vivendo mais. Nas últimas três décadas, a expectativa de vida aumentou 11 anos no Brasil. As doenças crônicas do coração e dos pulmões, bem como as artrites, aparecem, hoje, entre 10 e 25 anos depois do que surgiam em gerações passadas. Os 60 anos de idade são os novos 50. Os 50, os novos 40, e assim por diante.
Essa evolução fez com que o próprio conceito de velhice fosse reformulado. Já não se espera dos sessentões que se aposentem e passem os dias de pijama em uma cadeira de balanço. O aumento da longevidade propiciou o surgimento de outro fenômeno, desta vez no comportamento – o de pessoas maduras que cruzam as fronteiras entre gerações e não apenas agem, mas se sentem como se fossem mais jovens.
São homens e mulheres que já passaram dos 40 ou 50 anos, gozam de boa saúde, disposição e acreditam que os hábitos de vida e a forma de se expressar não devem se atrelar à idade, mas à personalidade de cada um. Os americanos os chamam de ageless (sem idade, em português).
Independentemente do comportamento que se adote, todo mundo quer passar os anos a mais ganhos no calendário com qualidade de vida, livre das doenças associadas à velhice. 

Raiva sufocada pode dobrar o risco de um ataque cardíaco



Um estudo realizado na Suíça revela que os homens que não expressam abertamente sua raiva quando se sentem injustiçados no trabalho dobram suas chances de sofrer um ataque cardíaco.
Os pesquisadores analisaram 2.755 trabalhadores de Estocolmo que ainda não tinham tido um ataque cardíaco quando o estudo começou, entre os anos de 1992 e 1995. Eles foram questionados sobre como lidavam com os conflitos no trabalho, tanto com seus superiores como com seus colegas. Os resultados apontam para uma forte relação entre a raiva sufocada e as doenças do coração.
No início do estudo, os pesquisadores levaram em conta fatores como fumo, bebida, atividade física, educação, diabetes, trabalho e liberdade para tomar decisões - que, associados com outros fatores, podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares. Também mediram a pressão arterial, a massa do corpo e o nível de colesterol dos entrevistados, que na época tinham aproximadamente 41 anos.
Até 2003, 47 dos 2.755 homens haviam tido alguma doença cardíaca ou tinham morrido de doenças relacionadas. Em comparação com aqueles que enfrentam e lidam bem com as situações, aqueles que geralmente fogem do problema ou deixam uma questão passar sem dizer nada apresentaram um risco dobrado de sofrer um ataque cardíaco ou morrer de doenças relacionadas ao coração.
Os cientistas acreditam que a raiva, quando não liberada, possa produzir tensões psicológicas. Isso tende a aumentar a pressão sanguínea - o que eventualmente pode danificar o sistema cardiovascular, causando doenças e até a morte. Além disso, a raiva favorece a um comportamento de risco, como o desenvolvimento de hábitos como o fumo e a bebida.
Constanze Leineweber, que coordenou a pesquisa no Instituto de Stress  de Estocolmo, disse que algumas pesquisas já apontavam nessa direção, mas que nenhuma havia apresentado evidências tão fortes. "Acho que o homem não pode mudar o modo como age diante de situações conflituosas. Não é algo pensado, é intuitivo", disse Constanze. É preciso estar atento aos fatores que combinados com o estresse podem colocar a saúde em risco, como aponta Judy O'Sullivan, da Fundação Britânica do Coração.
"Sozinho, o stress não é um fator determinante para doenças de circulação e do coração, mas a forma como as pessoas lidam com ele, como fumar ou comer demais, pode elevar o risco. Cada um se estressa com alguma coisa e os sintomas do stress podem variar, mas o importante é que precisamos encontrar um caminho para lidar com isso de uma maneira positiva, tanto em casa como no trabalho", afirmou Judy.

Obesidade 'envelhece' o cérebro em 16 anos



Pessoas obesas têm 8% menos tecido cerebral do que o comum. Isso faz com que seus cérebros pareçam 16 anos mais velhos do que os de pessoas com peso normal, indica um estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
Já as pessoas que estão com sobrepeso têm um tecido cerebral 4% menor, o que faz com que seus cérebros envelheçam em 8 anos. O resultado da pesquisa, baseada nas tomografias de 94 pessoas em torno de 70 anos, representa "uma degeneração cerebral severa" em quem tem problemas com o peso, segundo o autor do estudo Paul Thompson, professor de neurologia da UCLA.
"Uma grande perda de tecido cerebral esgota suas reservas cognitivas, o que aumenta muito o risco de adquirir Alzheimer ou outros tipos de demência", explica Thompson. "Mas é possível diminuir consideravelmente esse risco se as pessoas se alimentarem de forma saudável e mantiverem o peso sob controle".
A obesidade ainda provoca outros problemas sérios de saúde, como doenças no coração, diabetes tipo 2, hipertensão e alguns tipos de câncer. Alguns estudos ainda ligam a obesidade à redução da atividade sexual.
Mais de 300 milhões de pessoas estão classificadas como obesas em todo o mundo, segundo o mais recente levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS). A perda de tecido cerebral nelas ocorre, sobretudo nos lóbulos frontais e temporais - áreas do cérebro que controlam a memória -, no hipocampo, que controla a memória de longo prazo, no giro do cíngulo, responsável pela atenção, e no gânglio basal, região que controla os movimentos.
A obesidade é medida com base no cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). A conta consiste em dividir seu peso pela sua altura ao quadrado. O resultado ideal está na faixa entre 18,5 e 25. Pessoas acima de 25 são consideradas com sobrepeso e acima de 30, obesas. 

Conselho Federal de Medicina proíbe terapia antienvelhecimento



A resolução entra em vigor nessa sexta-feira e os médicos que a descumprirem podem sofrer punições

Juliana Santos
Antienvelhecimento
Antienvelhecimento: A terapia hormonal, principal prática desse tipo de terapia, fica restrita a pacientes com deficiência comprovada da substância (Thinkstock)
A partir dessa sexta-feira, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proíbe a prática de terapias antienvelhecimento no país. Passa a ser vetada a prescrição de qualquer tipo de hormônio ou outras substâncias com finalidade de reduzir os efeitos do envelhecimento. Os médicos que adotarem tais práticas estarão sujeitos a penalidades.
A resolução 1999/2012, publicada no Diário Oficial, restringe o uso de hormônios, permitindo sua recomendação apenas para pacientes com deficiência comprovada. De acordo com o relatório do CFM, uma revisão dos estudos publicados sobre o assunto nos últimos seis anos concluiu que “encontram-se evidências claras de riscos e prejuízos à saúde e nenhuma ou pouca evidência de benefícios para a capacidade funcional, qualidade de vida, cognição e para prevenir doenças crônicas associadas à idade”.
Dessa forma, a indicação da terapia hormonal para pacientes com níveis normais da substância fica proibida. “Estão vendendo a ilusão do antienvelhecimento para a população sem nenhuma comprovação científica e que pode fazer mal à saúde. Com a idade, o metabolismo mais lento e a ingestão de algumas substâncias podem aumentar o risco de várias doenças”, afirma Elisa Franco Costa, geriatra que auxiliou na pesquisa do CFM.
Além da terapia hormonal, o parecer também proíbe a prescrição de vitaminas, antioxidantes e hormônios bioidênticos como terapia antienvelhecimento. Os testes de saliva, utilizados para acompanhamento da menopausa ou doenças relacionadas ao envelhecimento, também estão vetados, por não haver evidências científicas de sua eficácia.
Repercussão - Para Edson Peracchi, presidente da Academia Brasileira de Medicina Antienvelhecimento, a resolução do CFM é positiva para evitar exageros, mas é restritiva no sentido da evolução científica. “O que vai acontecer, na prática, é que serão realizados novos trabalhos científicos e, com a evolução dos estudos, seguramente essa resolução será revista”, afirma.
Ele ressalta que a medicina antienvelhecimento não tem como objetivo transformar pessoas em super-homens, mas “evitar doenças e sintomas tidos como inevitáveis”. Peracchi contesta a resolução em certos aspectos. “A proibição de medicamentos é uma tarefa do Ministério da Saúde, através da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). É ilegal o CFM tentar legislar e tomar para si incumbências jurídicas que não são dele. Os hormônios são legalizados no mundo inteiro. Logo, se não é proibido em nenhum lugar do mundo, o CFM não é o órgão capaz de ditar essa regra”. 
Gláucia Carneiro, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia de São Paulo, explica que os hormônios são medicamentos legalizados e importantes em alguns tratamentos. Para ela, a resolução impede apenas uma prática sem efeitos comprovados e serve de alerta para a população. “Quando falta o hormônio, a gente pode repor. O problema é que as pessoas estão usando sem critérios. O hormônio do crescimento, por exemplo, pode aumentar o risco do desenvolvimento de tumores e diabetes. Todos os hormônios têm seus riscos e não há nada que comprove seu uso com efeito antienvelhecimento”, diz.
Precedentes- Em agosto deste ano, o CFM publicou um parecer desaconselhando a prática da medicina antienvelhecimento, em caráter orientador. A partir de agora, com a resolução, o médico fica o impedido de praticar a terapia, podendo até ter seu registro profissional cassado caso descumpra a norma. 
A resolução sobre a medicina antienvelhecimento se relaciona com uma série de decisões anteriores do CFM. Desde 2010, está em vigor uma resolução que desautoriza o uso de técnicas sem eficácia comprovada cientificamente. Também no mesmo ano, foi divulgado um alerta quanto à ineficácia da medicina ortomolecular. 

Entidade lança manual de tratamento do pé diabético



Com o guia, a SBACV pretende treinar clínicos e médicos de família para identificar os sinais da doença e tentar reduzir à metade os casos de amputação

A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Cardiovascular (SBACV) lançou o primeiro manual de tratamento do pé diabético, importante complicação do diabetes e responsável por cerca de 45.000 amputações ao ano de perna e coxa. A intenção da entidade é treinar clínicos e médicos de saúde da família para que identifiquem os sinais da doença e, assim, tentar reduzir à metade os casos de amputação. 
O manual é voltado para profissionais de saúde que não sejam especialistas e tem fotografias para ilustrar os principais tipos de feridas. "O diabetes mal controlado causa ao longo do tempo alterações no sistema nervoso, na pele, nas unhas, no sistema vascular, fazendo com que o paciente tenha pé ressecado, redução da sensibilidade e malformação das unhas. O ressecamento leva às rachaduras e lesões maiores. O manual explica por que surgem as lesões e dá exemplos bem claros, com muitas fotografias", explica o coordenador de programas sociais da SBACV e responsável pelo projeto, Jackson Caiafa.
Amputação - De acordo com o especialista, o principal problema é que o tratamento do pé diabético não é feito precocemente. Isso ocorre porque, muitas vezes, o paciente ainda não sabe que tem a doença. Ou se recusa a aceitar o diagnóstico, já que os sintomas iniciais não provocam grande incômodo. Sem tratamento adequado, a ferida evolui, levando à amputação.
"O paciente também tem de lidar com o sistema público de saúde. Muitas vezes ele precisa de um debridamento, procedimento cirúrgico de pequeno porte, que trata a lesão e evita a amputação, mas só consegue marcar para um ano depois da primeira consulta. Ele precisa ser atendido em três dias", afirma Caiafa. "O resultado é uma legião de amputados".
O médico lembra que há poucas estatísticas tanto sobre os efeitos da doença como sobre os custos. O diabético amputa por infecção ou problemas vasculares, o que faz com que as estatísticas sejam mascaradas. "Os problemas vasculares são potencializados pelo diabetes. O diabético tem arteriosclerose mais precoce e mais intensa do que o não-diabético", afirma.
Caiafa usa dados americanos para comentar sobre os gastos com pacientes com complicações pelo pé diabético. O custo anual nos Estados Unidos é de 120 bilhões de dólares com diabéticos — 50% é o valor gasto com cirurgias, medicamentos, internações. A outra metade é o custo indireto com aposentadorias, afastamentos, licenças. "Dos custos diretos, 27% são gastos com o pé diabético. É a complicação mais cara, isoladamente, por causa da repetição. Esse paciente é operado muitas vezes, internado muitas vezes." 
Dez mil exemplares do manual começaram a ser distribuídos. A entidade busca patrocínio para aumentar a tiragem, mas já há um link no site para quem se interessar pelo documento (sbacv.com.br/pdf/manual-do-pe-diabetico-final.pdf).

Medicamentos não são eficazes para 'pré-diabéticos'



Um estudo publicado no New England Journal of Medicine sugere que os medicamentos não são eficazes para conter o avanço do diabetes em pessoas que apresentam os primeiros sinais da doença. Para os pesquisadores britânicos, a melhor maneira de evitar o agravamento da doença são exercícios físicos e uma dieta saudável.
Durante o estudo, os cientistas avaliaram cerca de 9.000 pacientes que se encontravam no estágio inicial do diabetes tipo 2. Desse total, um grupo recebeu o tratamento padrão, com medicamentos para baixar o nível de açúcar no sangue e a pressão arterial. Já o outro grupo recebeu pílulas de placebo, que não atuavam no combate à doença.
Ao final dos experimentos, os responsáveis pelo estudo descobriram que os riscos futuros de uma doença cardíaca permaneciam praticamente iguais nos dois grupos. Nenhuma das drogas indicadas para os chamados "pré-diabéticos" ajudou a diminuir os riscos de uma doença cardiovascular futura ou de derrames, duas complicações comuns entre os pacientes de diabetes.
John McMurray, co-autor do estudo e professor da Universidade de Glasgow, salienta que os tratamentos usados na pesquisa são eficazes quando o paciente já desenvolveu a doença, mas garante que são necessárias drogas que ajudem na prevenção da diabetes. Para ele, o tratamento mais eficaz para alguém que tem grandes riscos de desenvolver diabetes é o exercício físico e uma dieta balanceada. "Estudos mostram que perder 5% do seu peso faz um diferença substancial", afirmou. 

Diabéticos podem - e devem - praticar exercícios físicos



De acordo com estudos científicos, a atividade regular é capaz de melhorar a glicose, as funções cardíacas e respiratórias e ainda fazer a manutenção da força muscular

Natalia Cuminale, de Gramado (RS)
Exercício físico
(Thinkstock)
"À medida que ela melhora a performance, porém, o controle glicêmico começa a melhorar e isso passa a ser um educador para o diabético”, diz Levimar Araújo, endocrinologista e professor de fisiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
É mais do que comprovado que a prática de exercícios físicos traz benefícios infindáveis para a saúde das pessoas. No caso de pacientes com diabetes, a recomendação deve ser redobrada, afirmaram os especialistas durante o Congresso de Endocrinologia e Metabologia realizado na cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul. Sem o estímulo e a informação correta, os diabéticos podem evitar a prática de atividades físicas devido ao risco de provocar hipoglicemia.

“Quanto pior o condicionamento físico da pessoa, maior a chance de ela ter hipoglicemia e maior o consumo de energia. À medida que ela melhora a performance, porém, o controle glicêmico começa a melhorar e isso passa a ser um educador para o diabético”, diz Levimar Araújo, endocrinologista e professor de fisiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O que precisa ocorrer – segundo os especialistas – é uma orientação individualizada sobre a prática de exercícios físicos. Quando um paciente vai ao consultório médico, é necessário observar o condicionamento, saber quais são suas limitações e quais medicamentos ele consome. De acordo com pesquisas científicas citadas durante a mesa redonda, a atividade regular é capaz de melhorar a glicose, as funções cardíacas e respiratórias, manter a força muscular do diabético e ainda reduzir de forma significativa a mortalidade do diabético.

William Ricardo Komatsu, professor de educação Física da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) ressalta que tanto o exercício aeróbico quanto a musculação podem ser benéficos para os pacientes. “Não adianta impor exercício, tem que ser o que o paciente tiver mais afinidade. Atletas diabéticos têm as mesmas condições que os não-diabéticos”, disse, durante a palestra.
Araújo lembra que é preciso fazer o monitoramento da glicemia durante a atividade. “Acho importante saber a glicemia antes, durante e ao final da atividade física. Assim, o diabético vai conhecer o próprio corpo dele e também mensura a glicose para poder se alimentar”, afirmou Araújo.

Restrições – Os especialistas lembram que é preciso ter um cuidado maior com pacientes com doenças como nefropatia, doença do rim causada pela combinação de diabetes e hipertensão, a retinopatia, principal responsável pela cegueira, e a neuropatia, lesão que ocorre nos nervos e que pode causar dores nos membros, problema comum em diabéticos.
“Se ele já tem neuropatia, não pode usar qualquer tipo de calçado. Se tiver nefropatia ou retinopaita, é preciso ter mais atenção no tipo de exercício que você vai prescrever”, orientou Araújo.

Beber com moderação faz a mulher envelhecer com saúde



Consumir de um a dois drinques por dia ajuda a evitar problemas como câncer, diabetes e doença cardiovascular, indica pesquisa da Universidade de Harvard

Envelhecimento: o consumo moderado e regular de bebidas alcoólicas ajuda mulheres na meia idade a envelhecer de maneira saudável
Envelhecimento: o consumo moderado e regular de bebidas alcoólicas ajuda mulheres na meia idade a envelhecer de maneira saudável (Thinkstock)
Consumir bebidas alcoólicas moderadamente ajuda as mulheres na meia idade - na faixa dos 35 aos 58 anos - a envelhecer de maneira mais saudável. Ao menos é o que sugere um estudo americano publicado no periódico especializado PLoS Medicine Journal. De acordo com a pesquisa, consumir de 15 a 30 gramas de álcool (o equivalente a aproximadamente meio litro de cerveja ou uma taça de vinho), de cinco a sete vezes na semana, faz com que as mulheres se tornem mais sudáveis à medida em que envelhecem.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Alcohol Consumption at Midlife and Successful Ageing in Women: A Prospective Cohort Analysis in the Nurses' Health Study

Onde foi divulgada: periódico PLoS Medicine Journal 

Quem fez: Sun Q, Townsend MK, Okereke OI, Rimm EB, Hu FB, e outros

Instituição: Escola de Medicina da Universidade de Harvad, nos Estados Unidos

Dados de amostragem: 14.000 mulheres que sobreviveram até os 70 anos de idade ou mais

Resultado: O consumo regular e moderado de bebidas alcoólicas na meia-idade pode estar relacionado com um aumento no estado geral de saúde entre as mulheres que sobrevivem até idades mais avançadas.
O estudo da Escola de Medicina da Universidade de Harvard analisou 14.000 mulheres que viveram até os 70 anos de idade ou mais. Como envelhecimento bem sucedido, os pesquisadores consideraram a ausência de: 11 doenças crônicas; comprometimento cognitivo; deficiência física; e limitações de saúde mental. Entre as bebidas e quantidades analisadas estavam: uma tulipa de cerveja, uma taça de vinho e uma dose única de aguardente.
Descobriu-se, então, que mulheres nos seus 50 anos que consomem de um a dois drinques por dia têm uma probabilidade 28% maior de ter um envelhecimento bem sucedido. Já aquelas que bebem, no mínimo, em cinco dias da semana praticamente dobram as chances de envelhecer de maneira saudável.
Segundo os pesquisadores, isso pode significar que mulheres que consomem de maneira moderada e frequente bebidas alcoólicas têm mais chances de chegar aos 70 anos livres de condições como câncer, diabetes, doenças cardíacas e outras enfermidades. Eles não conseguiram delimitar, no entanto, se é o álcool em si que oferece os benefícios à saúde, ou se existe algum fator que caminha lado a lado com o hábito e que possa estar beneficiando essas mulheres.
Dados prévios - Estudos anteriores já haviam demonstrado que o consumo moderado de bebidas alcoólicas, dentro das duas ou três unidas diárias recomendadas, estava relacionado com menores riscos de doenças cardíacas e outras condições. Há ainda, de acordo com estudos, benefícios como redução da resistência à insulina, de inflamações, do colesterol alto e de outros processos danosos ao corpo.

Eletrocardiograma pode prever ataque cardíaco em idosos saudáveis



Resultados anormais em eletrocardiogramas podem revelar um risco até 51% maior de sofrer o ataque em oito anos

Devido ao bloqueio auriculoventricular, o coração da criança espanhola tinha uma frequência muito inferior à normal
Exames que medem o estado geral do coração podem prever risco de ataque cardíaco até oito anos antes (Thinkstock)
Um teste para medir a atividade elétrica do coração pode ajudar a prever futuros ataques cardíacos nos adultos saudáveis maiores de 70 anos. Essa é a conclusão de um estudo publicado nesta terça-feira no periódico Journal of the American Medical Association e realizado na Universidade da Califórnia em San Francisco, nos Estados Unidos. Segundo os pesquisadores, pessoas que apresentam anomalias em eletrocardiogramas, mesmo que pequenas, podem ter pelo menos 35% mais riscos de sofrer um ataque do coração em relação a indivíduos cujos resultados dos exames são normais.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Association of Major and Minor ECG Abnormalities With Coronary Heart Disease Events

Onde foi divulgada: revista Journal of the American Medical Association (JAMA)

Quem fez: Reto Auer e equipe

Instituição: Departamento de Epidemiologia da Universidade da Califórnia em San Francisco

Dados de amostragem: 2.192 adultos saudáveis de 70 a 79 anos

Resultado: pessoas que apresentam anomalias em eletrocardiogramas, mesmo que pequenas, podem ter pelo menos 35% mais riscos de sofrer um ataque do coração em relação a indivíduos cujos resultados dos exames são normais.
Estudos anteriores já tinham comprovado que alterações nos eletrocardiogramas podem prever problemas cardiovasculares, mas este é um dos poucos direcionados a esta faixa etária. Geralmente, não se recomenda a realização de exames em adultos assintomáticos, o que pode mudar a partir desta pesquisa.
No estudo, os cientistas acompanharam 2.192 adultos saudáveis de 70 a 79 anos por um período de oito anos. Esses indivíduos se submeteram, no início da pesquisa, a um eletrocardiograma que mede o estado geral do coração.
Os pesquisadores concluíram que as pessoas que apresentaram anomalias em seus eletrocardiogramas tiveram um risco maior de desenvolver doenças cardíacas no curso do estudo do que as pessoas cujos ECG foram normais, inclusive depois que os cientistas ajustaram os fatores de risco como diabetes e colesterol alto. Aqueles que mostraram anomalias menores no primeiro exame tinham um risco 35% maior de sofrer um ataque do coração, enquanto aqueles com anomalias importantes tinham um risco 51% maior. "Esta pesquisa capta a informação de um eletrocardiograma e a soma a outros fatores de risco tradicionais para prever melhor quem vai ter um ataque do coração", diz Douglas Bauer, diretor do programa de pesquisa de medicina geral interna da divisão de San Francisco da Universidade da Califórnia e um dos autores do estudo.
Apesar dos resultados, os pesquisadores lembram que organizações como a Academia de Médicos de Família (American Academy of Family Physicians) não avalizam o uso rotineiro de ECG para a avaliação cardíaca de pacientes de baixo risco, citando os altos custos e a falta de evidências de que o exame permitiria melhorar os resultados de saúde. Philip Greenland, especialista da Faculdade de Medicina da Universidade Northwestern, afirmou em editorial que, enquanto não houver uma clara evidência de benefícios do procedimento, o melhor é que ele seja realizado em pacientes assintomáticos, independente de sua idade. "No entanto, uma análise detalhada e cuidadosa seria um passo útil para transformar a informação sobre o risco acumulado em uma recomendação para a prática baseada na evidência", afirmou.

Beber cerveja todo dia faz bem e combate até diabetes



Para as mulheres são dois copos pequenos da bebida; para os homens, três

Cerveja
Todos os dias: assim como o vinho, a cerveja deve ser consumida com moderação (Polka Dot Images/Thinkstock)
"Sabemos que a cerveja não é a culpada pela obesidade, já que ela tem cerca de 200 calorias por caneca - o mesmo que um café com leite integral"
Rosa Lamuela, pesquisadora
A cerveja foi elevada ao status do vinho no que diz respeito aos benefícios à saúde. Um novo estudo espanhol comprovou que tomar uma caneca da bebida por dia combate diabetes, evita ganho de peso e previne contra hipertensão. Além de ter graduação alcoólica baixa, a cerveja contém ainda ácido fólico, vitaminas, ferro e cálcio - nutrientes que protegem o sistema cardiovascular.
“Nesse estudo, nós conseguimos banir alguns mitos. Sabemos que a cerveja não é a culpada pela obesidade, já que ela tem cerca de 200 calorias por caneca - o mesmo que um café com leite integral”, destaca a médica Rosa Lamuela, uma das responsáveis pela pesquisa feita em parceria entre a Universidade de Barcelona, o Hospital Clínico de Barcelona e o Instituto Carlos III de Madri.
Os especialistas afirmam também que a cerveja não é a responsável pelo aumento da gordura abdominal. A culpa, na verdade, seria dos aperitivos gordurosos, como salgadinhos e frituras, que grande parte das pessoas consome junto à bebida.
O estudo, realizado com 1.249 homens e mulheres acima de 57 anos, indica que mulheres podem tomar dois copos pequenos de cerveja por dia, enquanto para os homens estão liberados até três copos. Contudo, o hábito deve estar associado a uma dieta saudável e a exercícios físicos regulares.

Pré-diabete também deve ser tratada



Por Felipe Oda
São Paulo - O risco de apresentar diabete do tipo 2 cai pela metade para indivíduos tratados ainda na fase pré-diabética, em que estão mais propensos a desenvolver a doença. Essa é a conclusão de um estudo divulgado pela revista científica The Lancet e apresentado no 72º Encontro Científico da Associação Americana de Diabete, nos EUA, que termina nesta terça-feira.

"Esse resultado reforça uma mudança no padrão de atendimento para o tratamento precoce e agressivo de redução de glicose em pacientes com risco de diabete", disse uma das autoras do estudo, a médica Leigh Perreault, da Universidade do Colorado, nos EUA. Os especialistas brasileiros concordam: o pré-diabete deveria ser tratado com mais rigor.

Um indivíduo é considerado pré-diabético no Brasil quando sua taxa de glicose no sangue está ligeiramente alta, entre 100 e 125 mg/dl, mas ainda não se encontra tão elevada quanto no caso dos diabéticos. A taxa ideal é de até 90 mg/dl. "A alta incidência nacional do pré-diabete reforça a necessidade de controle da glicemia", afirmou o endocrinologista Balduino Tschiedel, presidente da SBD. Ele lembra que todo paciente com diabete do tipo 2 passou pelo quadro de pré-diabete.

Na pesquisa norte-americana, os 1.990 pré-diabéticos analisados foram divididos em três grupos: o primeiro recebeu remédios, o segundo ingeriu placebo e o terceiro alterou hábitos alimentares e passou a se exercitar - foi a equipe 3, que promoveu mudanças comportamentais, a que obteve os melhores resultados no controle da glicemia. Esses participantes tiveram uma redução de 56% na taxa de açúcar no sangue, e com isso, diminuíram o risco de desenvolver diabete nos sete anos seguintes.

Histórico familiar, excesso de peso, sedentarismo e pressão alta são alguns indícios de que o organismo pode estar com dificuldades "para quebrar as moléculas de glicose", lembrou Tschiedel. "O perigo é que o pré-diabete já é um fator de risco para doenças cardiovasculares."

Controle nutricional e 30 minutos diários de exercícios ajudam a controlar o nível de açúcar no sangue. "Como o pré-diabete é um 'alerta' do organismo, a pessoa deve alterar o estilo de vida. É simples e eficaz", disse Tschiedel. 

Mesmo modesta, perda de peso já surte benefícios duradouros à saúde



Efeitos positivos, de acordo com pesquisa, podem durar por até dez anos mesmo se indivíduo voltar a engordar depois

Dieta
Segundo estudo, obesos que emagrecem, mesmo que pouco, já se beneficiam a longo prazo (Hemera Technologies/Thinkstock)
Pessoas com obesidade ou sobrepeso que emagrecem de maneira modesta já podem obter benefícios à saúde ao longo de uma década, mesmo se recuperarem esse peso mais tarde. Esses efeitos positivos incluem, por exemplo, a redução do risco de diabetes tipo 2 e de hipertensão e a melhora dos sintomas de apneia do sono. Essas conclusões fazem parte de um estudo apresentado no 120ª Convenção Anual da Associação Americana de Psicologia, que será realizada até este domingo na cidade de Orlando, na Flórida.
Pesquisadores da Universidade Brown, nos Estados Unidos, se basearam nos dados de 3.000 pessoas inscritas no Programa Nacional de Prevenção de Diabetes, um estudo que incentivou pacientes com a doença a mudarem seus hábitos alimentares e estilo de vida para atenuar os sintomas do problema. De acordo com o estudo, os indivíduos que perderam uma média de 6,5 quilos apresentaram um risco 58% menor de desenvolver diabetes tipo 2 em relação àqueles que mantiveram o peso. Esse benefício permaneceu o mesmo ao longo dos dez anos seguintes do emagrecimento e não se alterou mesmo quando o participante recuperou o peso que havia perdido.
Além disso, as pessoas que reduziram seu peso corporal em 10% apresentaram uma melhora a longo prazo nos sintomas relacionados a problemas do sono, como a apneia do sono ou a insônia, e nos níveis de pressão sanguínea. A taxa de mortalidade também diminuiu com essa perda de peso. “Estamos tentando mostrar que as mudanças de comportamento e de hábitos alimentares não só tornam os indivíduos mais saudáveis em termos de redução do risco de doenças cardíacas, por exemplo, mas também fazem com que eles vivam por mais tempo”, afirmou Rena Wing, que coordenou a pesquisa.
Falta de consciência — Uma pesquisa feita recentemente na Universidade de Washington, também nos Estados Unidos, apontou para um problema que atinge a maioria das pessoas com excesso de peso e que pode estar associado ao aumento das taxas de obesidade ao redor do mundo. De acordo com o estudo, a maioria das pessoas não tem consciência da quantidade de peso que ganha ou perde. O trabalho, publicado neste mês no periódico Preventive Medicine,se baseou nos dados de mais de 700.000 indivíduos maiores do que 18 anos e ainda revelou que grande parte dos entrevistados que havia engordado em um período de um ano relatou acreditar ter emagrecido. Para Catherine Wetmore, que coordenou a pesquisa, essas conclusões são alarmantes, uma vez que a autoconsciência do peso corporal é essencial para a redução da obesidade a longo prazo.