domingo, 2 de junho de 2013

Vai malhar? Saiba o que comer antes do treino




não tenha medo dos carboidratos

Imagem ilustrativa / Foto: Getty Images
Por Renata Demôro


Você acorda para malhar ou chega do trabalho e vai correndo para a 
academia
, mas não tem certeza sobre o que comer antes do treino? Uma alimentação equilibrada ao longo do dia é a dica para quem quer perder medidas, mas o lanche pré-treino deve nutrir, sem pesar. “O que você come tem papel importante no sucesso da sua atividade física, já que prepara o organismo para o esforço”, explica Fernanda Guidi Colossi, nutricionista da Clínica Mirabile. A seguir, confira dicas para os lanches pré-treino:
  • 1
    Desmistifique os carboidratos
    “Uma hora antes de praticar atividade física faça um lanche contendo alimentos ricos em carboidratos, como pão, biscoitos e cereais, que fornecem energia para a atividade e iniciam a queima da gordura com mais eficiência. Sempre preferia as versões saudáveis desses alimentos, preferencialmente, as integrais. Em geral, estas pequenas refeições pré-treino devem contabilizar até 200 kcal”, explica a nutricionista Carla Faedo, da Clinica Les Peaux. De acordo com Fernanda, iogurte desnatado com granola é uma boa indicação para quem vai praticar musculação. Para as demais atividades, uma torrada integral com queijo cottage é suficiente para oferecer os nutrientes e a energia necessária para a prática do exercício.

  • 2
    Não descarte as frutas
    “Fruta é uma ótima opção para comer antes da prática de atividade física. Recomendo a banana in natura ou desidratada, assim como damasco seco, além de sucos ou vitaminas. A água de coco também pode ser consumida antes do exercício, já que age como isotônico natural, repondo os sais minerais perdidos ao longo do dia”, diz Carla. Ela ainda recomenda evitar o uso exclusivo de alimentos líquidos antes de exercícios aeróbicos, para não favorecer o refluxo, principalmente exercícios em imersão, como a natação.

  • 3
    Whey protein: antes ou depois?
    “Alguns estudos sugerem que quando o whey protein é ingerido antes do treino, a substância favorece o ganho de massa muscular. Por outro lado, pesquisas apontam que o produto deveria ser ingerido logo após o exercício, já que neste período acontece a reconstrução e fortalecimento muscular mais intenso. Esta teoria ainda diz que o uso do suplemento no pré-treino pode levar ao acúmulo de gordura. Na minha opinião, o mais concreto é testar ambas as teorias e observar os resultados. Faça um uso consciente do suplemento e esteja atento aos efeitos que causam para adaptar a sua realidade, sempre com o acompanhamento de um profissional da área”, recomenda Carla.

Os cinco melhores suplementos alimentares para quem quer emagrecer




whey protein e cla estão na lista
Por Renata Demôro

Perder peso é um esforço multidisciplinar. É preciso equilibrar a dieta, controlar a ansiedade, praticar exercícios físicos e escolher os suplementos alimentares corretos. De acordo com o livro “Viva em Dieta, Viva Melhor” (Editora Phorte, 187 páginas, R$52), do nutricionista esportivo Rodolfo Peres, “existem muitas opções no mercado. É preciso escolher o produto de acordo com o seu objetivo final para alcançar o resultado esperado”. A seguir, o autor explica a função dos cinco melhores suplementos alimentares para perder peso


  • 1
    Whey protein
    Famoso nas academias, a proteína do soro do leite, conhecida como whey protein, melhora o rendimento durante a prática de exercícios e a recuperação após a atividade. Em pó, o produto deve ser preparado apenas com água, já que o leite pode retardar a sua absorção. E não adianta tomar o produto diversas vezes ao dia. O ideal é escolher um horário preferencial e consumir em jejum, antes ou depois da prática de atividades físicas. Logo após o treino, recomenda-se ingerir o whey protein junto com um carboidrato, evitando a utilização da proteína presente no produto como fonte de energia.    

    Proteína do soro do leite: entenda a importância na perda de peso
  • 2
    Cafeína
    Presente em muitos produtos chamados de queimadores de gordura, conhecidos como fat burners, a cafeína estimula a quebra da molécula de gordura e aumenta a performance durante a prática de atividades físicas aeróbicas ou de força. A dosagem é variável e deve ser avaliada individualmente, já que algumas pessoas podem apresentar efeitos colaterais, como alterações gástricas e psicológicas. Em geral, recomenda-se o consumo de 3 a 6 mg de cafeína por quilo de peso corporal. Vale ressaltar que a suplementação com cafeína em cápsulas não deve ser usada para driblar o cansaço natural porque o estimulante pode debilitar ainda mais o corpo, provocando lesões.
  • 3
    CLA (ácido linoleico conjugado)
    É o tipo de produto com múltiplas funções. O CLA controla os níveis de insulina no sangue, auxilia na redução da gordura abdominal, promove uma alteração positiva nas proteínas ligadas ao metabolismo das gorduras e melhora as taxas de colesterol e triglicerídeos. Como consequência, ainda há um aumento na queima de gordura e ganho discreto de massa muscular. Para completar o pacote, estudos recentes sugerem que as cápsulas com a substância possuem propriedades anticancerígenas.
  • 4
    L-cartinitina
    O consumo antes da prática de atividades aeróbicas potencializa o uso da gordura corporal como fonte de energia, com melhora também da capacidade física durante o exercício físico. Como auxiliar na perda de peso, recomenda-se a ingestão de 1 a 3 gramas diárias de L-carnitina em cápsulas ou na forma líquida. A suplementação com a substância é especialmente interessante para os vegetarianos, que apresentam, naturalmente, taxas mais baixas desta substância no organismo.
  • 5
    Ômega-3
    Você achou que ele era benéfico apenas para a saúde? Os ácidos graxos ômega-3 são excelentes para a melhora da performance durante atividades físicas, elevando a potência aeróbica e a força muscular. Os peixes de águas frias, como salmão, e a semente de linhaça são as melhores fontes da substância, mas ela também é encontrada em cápsulas. Para obter os benefícios, consuma entre 2 e 4 gramas de ômega-3, todos os dias. 

Nobel de Medicina vincula tamanho de trechos de DNA à prevenção de doenças



DENISE GRADY
DO "NEW YORK TIMES"

The New York Times






Elizabeth H. Blackburn se considera cética. Mas admite que às vezes se impacienta com as dúvidas levantadas por alguns cientistas em relação aos seus empreendimentos.
O que está em discussão é um exame laboratorial que mede os telômeros, trechos de DNA nas extremidades dos cromossomos que impedem o envelhecimento precoce das células.
Telômeros anormalmente curtos podem assinalar uma predisposição a doenças.
Blackburn, Nobel de Medicina em 2009 por seu trabalho sobre telômeros, acha que a medição dos telômeros traz a oportunidade de intervenção precoce ou até mesmo de prevenção de doenças. Uma empresa que ela cofundou prevê oferecer os exames de medição de telômeros ainda neste ano.
Thor Swift/The New York Times
Elizabeth H. Blackburn, ganhadora do Nobel de Medicina
Elizabeth H. Blackburn, ganhadora do Nobel de Medicina
Mas outros cientistas questionaram a utilidade da medição, que não diagnostica doenças específicas. Apesar disso, Blackburn, 64, professora de biologia e fisiologia na Universidade da Califórnia em San Francisco, diz estar convencida.
Uma década de dados obtidos por sua equipe e outros pesquisadores indica um vínculo entre telômeros curtos e doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e outros males, incluindo estresse crônico e transtorno de estresse pós-traumático. Blackburn também pesquisou as ligações entre estresse emocional, saúde e telômeros curtos.
Os telômeros frequentemente são comparados às pontas de plástico dos cordões de sapatos, que não deixam os cordões se esfiaparem. Há muito tempo, cientistas já imaginavam que os telômeros protegessem as extremidades dos cromossomos, mas ninguém sabia como.
Cada vez que uma célula se divide, seus telômeros se encurtam. Se eles ficam curtos demais, a célula não pode mais se dividir. Mas, nas células saudáveis, os telômeros são reconstruídos.
Na Universidade Yale, no final dos anos 1970, Blackburn descobriu que os telômeros são feitos de seis unidades de DNA repetidas muitas vezes. Ela e um pesquisador da Universidade Harvard, Jack W. Szostak, determinaram que uma enzima deve restaurar os telômeros. Em 1978, Blackburn foi para a Universidade da Califórnia em Berkeley, e, em 1984, Carol W. Greider, estudante de pós-graduação em seu laboratório, identificou a enzima: a telomerase.
Blackburn, Szostak e Greider dividiram o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 2009.
Dez anos atrás, Blackburn iniciou uma colaboração com Elissa Epel, psicóloga da Universidade da Califórnia em San Francisco que estuda o estresse crônico. Um dos projetos delas envolveu mães que eram as cuidadoras principais de filhos com doenças crônicas.
"Com as mães, o tema realmente me tocou", disse Blackburn. "Senti muito poressas mulheres. "
Comparadas às mães de filhos saudáveis, as mães de filhos doentes apresentavam telômeros mais curtos e menos telomerase. Quanto mais tempo elas vinham cuidando de seus filhos, mais curtos eram seus telômeros. O mesmo fenômeno foi constatado com pessoas que cuidavam de cônjuges com demência. Outros estudos sugeriram que acontecimentos traumáticos da infância podem ter efeitos que persistem por décadas sobre os telômeros e a saúde.
Pessoas começaram a indagar se seus telômeros poderiam ser medidos. Blackburn achou que seria razoável oferecer ao público um exame de medição de telômeros, e, em maio de 2010, cofundou uma empresa, a Telome Health.
O plano consiste em começar a oferecer neste ano os exames de telômeros, que terão que ser receitados por um médico. De acordo com o presidente e executivo-chefe científico da empresa, Calvin Harley, o preço será competitivo. Outras companhias que fornecem exames semelhantes cobram entre US$ 300 e US$ 700.
O exame não diagnostica doenças específicas. Harley o compara a uma "luz de aviso" de um carro --o indicativo de um problema possível que necessitará de mais exames. "Não é uma bola de cristal que dirá quantos anos de vida nos restam", comentou Blackburn.
Segundo ela, existem maneiras de proteger os telômeros e possivelmente de alongar os telômeros curtos. Exercícios físicos, uma dieta nutritiva, perder peso em excesso e reduzir o estresse emocional podem ajudar.
Alguns pesquisadores são céticos, argumentando que as ligações entre telômeros curtos e doenças não constituem prova de causa e efeito. Entre os que questionam o exame está Carol Greider, que dividiu o Nobel com Blackburn.
Mas a esperança de Blackburn é que a medição de telômeros faça parte de uma nova direção na medicina, voltada a interceptar doenças. Telômeros anormalmente curtos podem indicar um problema de saúde, segundo ela. "Se você estiver entre o percentual mais baixo para a sua faixa etária, pode se interessar em saber a razão disso."

Piora do sono com a idade prejudica a memória, diz estudo



BENEDICT CAREY
DO "NEW YORK TIMES"


The New York Times






Há décadas os cientistas sabem que a capacidade de recordar informações novas entra em declínio com a idade, mas não era claro por quê. Um novo estudo traz parte da resposta.
O trabalho, publicado neste domingo (27) na revista "Nature Neuroscience", sugere que mudanças estruturais no cérebro que acontecem naturalmente com a idade interferem na qualidade do sono, o que prejudica a habilidade de guardar novas lembranças por um longo prazo.
Pesquisas anteriores já haviam descoberto que o córtex pré-frontal, região do cérebro atrás da testa, tende a perder volume com a idade, e que parte dessa região ajuda a manter a qualidade do sono, crucial para consolidar novas memórias. O novo experimento foi o primeiro a ligar mudanças estruturais diretamente com problemas de memória relacionados ao sono.
Os resultados sugerem que uma forma de retardar o declínio da memória em adultos mais velhos é melhorar o sono, especificamente a fase de ondas lentas, que constitui um quarto de uma noite normal.
Os médicos não podem reverter as mudanças estruturais que ocorrem com a idade assim como não podem fazer o tempo voltar atrás. Mas ao menos dois grupos estão experimentando com a estimulação elétrica como forma de melhorar o sono profundo em pessoas mais velhas.
Colocando eletrodos no couro cabeludo, os cientistas conseguem passar uma corrente baixa pela área pré-frontal, essencialmente mimetizando o formato das ondas de sono de alta qualidade.
O resultado é a melhora da memória, ao menos em alguns estudos. "Há muitas outras formas de melhorar o sono, incluindo exercícios", afirmou Ken Paller, professor de psicologia e diretor do programa de neurociência cognitiva na Universidade Northwestern, nos EUA.
Paller disse que uma série de mudanças ocorre no cérebro durante o envelhecimento e que o o sono é só um dos fatores afetando as funções da memória.
Mas, para ele, o estudo conta uma história convincente. "A atrofia é relacionada ao sono de ondas lentas, que sabemos ser ligado à performance da memória. Então é um fator contribuinte."
No estudo, uma equipe da Califórnia fez imagens do cérebro de 19 aposentados e de 18 jovens na casa dos 20 anos. O time viu que uma área do cérebro chamada córtex pré-frontal medial, atrás do meio da testa, era um terço menor, em média, nos mais velhos do que nos mais novos --uma diferença atribuída à atrofia natural do envelhecimento, segundo pesquisas anteriores.
Antes da hora de dormir, a equipe fez os dois grupos estudarem uma longa lista de palavras pareadas com sílabas sem nexo, como "ação-siblis" ou "braço-reconver". A equipe usou essas "não palavras" porque um tipo de memória que declina com a idade é a que grava novas informações nunca vistas antes.
Depois de treinar esses pares por meia hora, mais ou menos, os voluntários fizeram um teste. Os jovens superaram os velhos por 25%.
Então todos foram dormir --e diferenças maiores apareceram. Os mais velhos dormiram só um quarto do tempo em sono de alta qualidade em relação aos mais jovens, conforme as medições de um aparelho de eletroencefalograma. Acredita-se que as memórias se transformam de temporárias em definitivas durante esse sono profundo.
Em um segundo teste, realizado de manhã, o grupo jovem superou o mais velho em 55%. A proporção de atrofia em cada pessoa mais ou menos previu a diferença de resultados entre os testes feitos à noite e de manhã, segundo o estudo. Até os idosos que foram melhor à noite mostraram declínio depois do sono.
"A análise mostra que as diferenças se deram não por mudanças na capacidade das memórias, mas na diferença da qualidade do sono", disse Bryce Mander, pós-doutorando na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e líder do estudo. Seus coautores incluíram pesquisadores do Centro Médico Califórnia Pacífico, em San Francisco, da Universidade da Califórnia em San Diego e do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley.
Os achados não querem dizer que a atrofia da região pré-frontal medial é a única mudança ligada à idade causando problemas de memória, segundo Matthew Walker, professor de psicologia e neurociência na Universidade da Califórnia em Berkeley e coautor do estudo.
"Mas esses achados estão relacionados", disse ele. "Essencialmente, com o tempo, quanto menos tecido você tem nessa área pré-frontal, menos e menos qualidade de sono profundo você tem e menos você se lembra do conteúdo que acaba de aprender."

Associação questiona eficácia de filtros solares do país


DÉBORA MISMETTI


Entre dez marcas de filtros solares de uso adulto à venda no país, duas têm menos da metade do FPS (Fator de Proteção Solar) declarado no rótulo, segundo teste laboratorial encomendado pela Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor).
A avaliação incluiu produtos das marcas L'Oreal, La Roche-Posay, O Boticário, Coppertone, Cenoura&Bronze, Sundown, Avon, Nivea, Banana Boat e Red Apple, todos com FPS 30.
As fabricantes contestam o resultado e questionam a metodologia empregada.
Os produtos foram submetidos a uma análise in vitro para checar o fator de proteção, além de passarem por testes de irritabilidade da pele, fotoestabilidade, hidratação, rotulagem e desperdício causado pela embalagem.
De acordo com os resultados obtidos pela Proteste, os produtos Nivea Sun e Banana Boat foram os piores no quesito FPS. Os produtos têm fator de proteção 13 e dez, respectivamente, em vez de 30, de acordo com a análise.
Editoria de Arte/Folhapress
Os mais bem avaliados nesse item foram o L'Oreal Solar Expertise, o La Roche-PosayAnthelios Hélioblock e o Cenoura&Bronze.
MÉTODOS
O ensaio é feito em placas (cuja rugosidade simula à da pele humana), submetidas à radiação ultravioleta, de acordo com a Proteste.
Segundo o médico Sérgio Schalka, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e especialista em fotoproteção, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) exige testes feitos in vivo, em pessoas, para determinar o FPS.
O coordenador técnico da Proteste, Dino Lameira, afirma que o método in vitro foi o escolhido porque o objetivo do teste era comparar os produtos entre si, e esse tipo de avaliação é melhor do que o ensaio in vivo para isso.
"O método é reconhecido, apesar de não ser o oficial."
Ana Palieraqui, pesquisadora médica da entidade, afirma que o método in vitro foi preferido justamente por não usar voluntários humanos. "A Comissão Europeia recomenda desde 2006 que sejam feitos testes in vitro, para não expor pessoas à radiação ultravioleta. Os resultados dos dois tipos de teste são equivalentes."
No entanto, diz Schalka, o teste que não usa voluntários é mais sensível aos produtos que têm barreiras físicas contra o sol, ou seja, que refletem mais a luz. Os que têm barreiras químicas ficam prejudicados por esse tipo de avaliação, segundo ele.
O médico lembra que, se a pessoa usar o produto em pouca quantidade, a proteção contra a radiação cai muito. "Uma dica fácil é aplicar meia colher de chá do filtro no rosto e meia em cada braço, uma colher de chá em cada perna, uma no peito e barria e uma nas costas. Para uma criança de seis anos, metade disso é suficiente."
RADIAÇÃO
A proteção contra raios UVA também foi medida. A partir de 2014, os filtros solares à venda no país deverão ter proteção UVA no valor de um terço da do UVB. Assim, um filtro 30 terá de apresentar uma proteção UVA de 10.
Os raios UVB causam queimaduras solares, câncer de pele e são mais fortes no verão. Já os UVA são constantes durante o ano e levam ao envelhecimento da pele e ao bronzeamento.
Cenoura&Bronze e Red Apple tiveram os piores resultados em proteção UVA.
A situação entre os produtos voltados ao público infantil é melhor, segundo o teste. Os cinco analisados tiveram boa avaliação na proteção UVB e dois foram reprovados quanto ao UVA.
OUTRO LADO
A Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) afirmou, em nota, que "refuta mais uma vez os dados sensacionalistas divulgados pela Proteste". Em 2009, a entidade havia publicado um teste semelhante.
Ainda segundo a nota, a avaliação é "pífia" e usa métodos não reconhecidos. Segundo a associação, a publicação é um ataque ao setor de cosméticos do Brasil.
A Nivea afirma que seus produtos são testados na Alemanha seguindo protocolos internacionais de qualidade e que discorda dos resultados da Proteste. Em nota, a empresa informa que não teve acesso ao estudo na íntegra e por isso não pôde avaliar os métodos usados.
A Energizer, que produz o Banana Boat, afirma que ainda vai revisar os dados enviados pela reportagem. "A empresa cumpre as normas de certificação da Anvisa."
A La Roche-Posay diz que todos os dados contidos no rótulo de seu filtro solar foram comprovados em testes feitos com metodologias aprovadas pela Anvisa e que desconhece os métodos usados pela Proteste.
Segundo a empresa, o filtro Anthelios Hélioblock já apresenta uma relação entre proteção UVA e UVB maior do que a exigida pelos padrões europeus, "embora essa recomendação entre em vigor no Brasil só a partir de 2014".
O Boticário declarou cumprir todos os requisitos da legislação vigente.
A Avon afirma que garante a segurança e a eficácia de todos os seus produtos, realizando os testes aprovados pelas entidades reguladoras.
O laboratório Schering Plough, detentor da marca Coppertone no Brasil, declarou que todos os produtos são aprovados com rigor científico e obedecem a padrões nacionais e internacionais.
Em nota, a Cenoura&Bronze afirma seguir os padrões exigidos pela Anvisa e que sua linha com FPS 30 foi submetida recentemente a testes que comprovaram a eficácia do produto.
A Kimberly-Clark Brasil, que detém a marca Huggies Turma da Mônica, afirma que avalia seus produtos periodicamente, para manter seus padrões de qualidade e atender aos requisitos da Anvisa.
A Sundown, da Johnson &Johnson, declarou que seus produtos passam por testes em instituições idôneas.
A Red Apple e a L'Oreal foram procuradas, mas não se pronunciaram.

Olhar para o relógio e assistir TV cortam anos de nossas vidas



DO "NEW YORK TIMES"


The New York TimesRegularmente saem notícias sobre o que pode propiciar uma vida longa.
Ficar sentado pode cortar anos de vida. Tomar complexos vitamínicos pode reduzir os índices de câncer. Fumar é ruim. A dieta mediterrânea é boa. Alimentos gordurosos, ruins. Estresse, ruim. Exercícios, bons. Alguns outros conselhos: não pare de trabalhar, tenha muitos amigos, beba um copo de vinho por dia. A lista não tem fim.
Mas o que acontece, de verdade, quando você computa os números?
Segundo dois estudos publicados recentemente, é melhor fumar do que ficar assistindo à televisão durante horas por dia.
Cientistas que pesquisaram 12 mil adultos australianos, relatou o "Times", descobriram que cada hora de televisão que um adulto assiste depois dos 25 anos reduz sua expectativa de vida em 21,8 minutos.
Já fumar um único cigarro reduz a expectativa de vida em cerca de 11 minutos.
Um adulto que passe em média seis horas por dia sentado assistindo à TV pode esperar viver 4,8 anos a menos do que uma pessoa que não assiste à TV.
Os resultados de outro estudo sobre ficar sentado foram semelhantes.
"Muitos na sociedade moderna têm empregos que exigem que eles fiquem sentados diante de um computador o dia inteiro", disse ao "Times" a doutora Emma Wilmot, pesquisadora da Universidade de Leicester, na Inglaterra, que conduziu uma revisão de dados de 18 estudos envolvendo 794.577 pessoas.
"Podemos nos convencer de que não corremos o risco de doenças porque fazemos os 30 minutos de exercícios diários recomendados pelos médicos. Mas ainda corremos riscos se ficarmos sentados o dia todo".
Cientistas que estudam o DNA e outras biodinâmicas moleculares poderão, em breve, oferecer uma vida mais longa aos que desejarem.
David Ewing Duncan escreveu no "Times" que, nos últimos três anos, ele perguntou às quase 30 mil pessoas que foram às suas palestras o quanto elas gostariam de viver: 80 anos, 120 anos, 150 anos (o que exigiria um grande avanço biotecnológico) ou para sempre.
Cerca de 60% escolheram uma vida de 80 anos. Outras 30% escolheram 120 anos e quase 10% 150 anos. Menos de 1% desejavam a imortalidade, relatou.
Depois de saber sobre as possibilidades de prolongamento da vida, incluindo tratamentos com células-tronco, biônica e outros regimes com drogas, poucas pessoas queriam viver mais tempo, escreveu Duncan.
Mesmo quando diziam às pessoas que havia sido inventada uma pílula para desacelerar o envelhecimento pela metade, permitindo que uma pessoa de 60 anos tenha um corpo de 30, somente cerca de 10% das pessoas preferiram viver por 150 anos.
Muitas estavam preocupadas com o que resultaria prolongar a vida de milhões de pessoas, incluindo o tédio, o custo de uma vida mais longa e o impacto de tantas pessoas a mais sobre a Terra.
Algumas temiam que milhões de centenários saudáveis privassem os mais jovens de empregos e oportunidades que ocorrem com a passagem das gerações.
Os moradores da ilha grega de Ikaria, onde muitos vivem até os 90 anos, não pensam muito na passagem de gerações. Nem estão terrivelmente preocupados com o tempo. Ou o dinheiro.
Eles cultivam a maior parte de seu alimento, dormem o quanto querem, têm pouco interesse por bens materiais e passam longas tardes e noites em atividades sociais com amigos, tomando vinho produzido no local, e em refeições caseiras. Esses fatores podem contribuir para o notável índice de longevidade de Ikaria, um dos mais altos do mundo.
"As pessoas ficam acordadas até tarde por aqui. Acordamos tarde e sempre tiramos cochilos", disse ao "Times" o doutor Ilias Leriadis, um dos poucos médicos da ilha. "Você percebeu que ninguém usa relógio?"
O doutor Leriadis indicou o que pode ser o segredo da longa vida dos ilhéus: "Aqui simplesmente não nos importamos com o que mostra o relógio".

Idosos de São Paulo perderam anos de vida saudável na última década



CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

Os idosos de São Paulo estão vivendo mais, mas em piores condições de saúde. Na última década, a taxa de de incapacidade por doenças cresceu 78,5% entre os homens e 39,2% entre as mulheres acima de 60 anos.
Entre 2000 e 2010, essa população ganhou, em média, dois anos a mais de expectativa de vida, mas perdeu até três de vida saudável.
Os dados vêm de um estudo inédito obtido pela Folha feito a partir de um projeto da Faculdade de Saúde Pública da USP que acompanha diferentes gerações de idosos desde 2000.
A expectativa de vida de homens de 60 a 64 anos passou de 17,7 para 19,7 anos. No mesmo período, o número de anos de incapacidade pulou de 4,4 para 7,2. Entre as mulheres da mesma faixa etária, os anos de incapacidade passaram de 9,4 para 13,2.
Esse descompasso entre a vida longa e a vida saudável também vem sendo observado em outros países. No ano passado, um estudo da Escola de Saúde Pública de Harvard comparou as condições de saúde entre 1990 e 2010 em 187 países.

Alessandro Shinoda/Folhapress
O aposentado Juan Gimenez Torres, 76, durante sessao de exericios do programa de atividade fisica e reabilitacao no Hospital Dante Pazzanese
O aposentado Juan Gimenez Torres, 76, durante sessão de exercícios do programa de atividade física e reabilitação no Hospital Dante Pazzanese

A conclusão foi que a expectativa de vida cresceu, em média, cinco anos, mas pelo menos um ano foi de vida com incapacidade.
"Saúde significa mais do que retardar a morte ou elevar a expectativa de vida ao nascer. Precisamos entender melhor como ajudar as pessoas a viver os anos extras em boas condições de saúde", afirma Joshua Salomon, professor de Harvard e um dos autores do estudo.

PREVENÇÃO
A boa notícia é que, segundo o estudo da USP, vale a pena investir em prevenção mesmo na velhice, seja incentivando a prática de atividades físicas e dieta equilibrada seja mantendo sob controle as doenças já instaladas.
"Isso quebra preconceitos. As pessoas pensam que prevenção só cabe aos jovens, mas ela deve ser incentivada para que os idosos tenham mais qualidade de vida independentemente das doenças que já tenham", diz o geriatra Alessandro Campolina, autor do estudo da USP.
O médico também fez projeções sobre o impacto das doenças que mais afetam os idosos. Se a hipertensão e a diabetes fossem controladas, por exemplo, os homens ganhariam até seis anos de expectativa de vida livre de incapacidade.
O aposentado Juan Gimenez Torres, 76, aposta nisso. Controla a pressão alta com remédios, e nem a prótese que tem no joelho é desculpa para fugir da 
academia
.

Praticando atividade física três vezes por semana, perdeu oito quilos e atingiu a marca que desejava: 80 kg.
"Muito idosos acham que estão velhos para começar qualquer coisa. É um erro. Nunca é tarde. Tem que parar de ficar só reclamando."
A prevenção e o controle das doenças crônicas, que respondem por quase 70% da carga de enfermidades dos idosos, são as chaves para um envelhecimento saudável.
O estudo da USP revelou que existe um grupo de doenças cujo controle aumentaria a expectativa de vida livre de incapacidade. São elas: problemas cardíacos, diabetes, hipertensão, quedas e doença pulmonar crônica.
O trabalho alerta para o aumento do sobrepeso e da obesidade, que estaria ligado a uma maior prevalência das doenças cardíacas e cérebrovasculares.
O câncer também vem aumentando na população idosa. Entre os homens, tumores de pulmão, próstata e colorretal são os mais prevalentes. Entre as mulheres, são os de mama, pulmão e colorretal.
As doenças mentais, articulares e as quedas são outros fatores importantes de incapacidade.
Para o médico Alessandro Campolina, os dados deveriam nortear os programas de prevenção e a alocação de recursos. "Não é só fornecer medicamentos. É preciso uma rede de assistência voltada para as necessidades dos idosos."

DIFICULDADES
Para a médica Maria Lúcia Lebrão, professora titular de epidemiologia da USP, faltam políticas públicas eficientes no país.
"É muito papel escrito, mas as coisas não caminham. Um terço dos idosos de São Paulo enfrenta dificuldades imensas. Muitos vivem sozinhos, trancados em casa, explorados pelas famílias, desnutridos e deprimidos. É triste."
Segundo ela, estudos já verificaram que até 40% dos idosos não têm contato social. "Muitos não têm limitação física, mas faltam estímulos."
Editoria de arte/Folhapress