D R. L U I Z C
H V A I C E R
APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO 1 – Conceitos
gerais sobre e envelhecimento e como retardá-lo
Introdução
O melhor plano
para uma longevidade saudável
A dieta sadia e
seu vínculo com a velhice
Desacertos da
obesidade
Seu peso ideal
Avalie
o Índice de Massa Corporal (IMC)
CAPÍTULO 2 – Dieta, envelhecimento e aterosclerose
Introdução
A forte relação entre a dieta e a
aterosclerose
Os fatores de risco e as metas de
prevenção
Conheça o endotélio arterial
A importância da proteína C-reativa e os
benefícios da
aspirina e das estatinas
O que é a homocisteína
O que é a homocisteína
Fibrinogênio: qual a sua atuação?
A perigosa lipoproteína-a (LP-a)
Como as gorduras são transportadas
no sangue
A lipoproteína VLDL (de densidade
muito baixa)
Você pode deter a placa
aterosclerótica
CAPÍTULO 3 – De que maneira as gorduras e os carboidratos em
demasia fazem envelhecer e
como
selecioná-los
Introdução
A função do colesterol, dos
triglicerídios e
da glicose
Os índices dos lipídios
As gorduras de boa qualidade
Obtenha o máximo proveito das
gorduras
Proteja-se dos triglicerídios e da temerosa
síndrome metabólica
Mantenha bons níveis de glicose
CAPÍTULO 4 – Diabetes: prevenção e controle
Introdução
Introdução
Mecanismo da doença
Controlando a hemoglobina glicada
Tipos de carboidratos
O Índice Glicêmico dos alimentos
Tratamento do diabetes melito
CAPÍTULO 5 – As
vitaminas, os sais minerais e a
poderosa influência dos antioxidantes no enfrentamento aos
radicais livres
Introdução
As substâncias
antioxidantes e os radicais
livres na saúde
O destaque
da vitamina E
Compreendendo
melhor os radicais livres
Nossas
enzimas protetoras e seus auxiliares
CAPÍTULO 6 – Outros valiosos
antioxidantes que inibem o
envelhecimento precoce e doenças
|
ligadas a ele
Introdução
Introdução
A
N-acetilcisteína
Vitamina
B2 (a riboflavina)
relevante
poder da vitamina C
Os
carotenoides e a vitamina A
Coenzima
Q10 e sua importância
CAPÍTULO 7 – Os benefícios do ginseng, dos fermentos
láticos e das fibras alimentares,
a
importância vital da água e o papel incisivo desempenhado
na saúde por algumas
vitaminas
do complexo B e pelo ferro
Introdução
O valioso
ginseng
Fermentos
láticos
O grande
proveito a tirar das fibras alimentares
A água e o
seu papel vital
Colina
como nutriente
Funções do ácido fólico, da vitamina
B12 e do ferro
CAPÍTULO 8 – Como colocar em prática alguns
conhecimentos
gerais contra o envelhecimento prematuro
Introdução
Cuidados
com os dentes
Bom humor
às refeições
Seleção criteriosa dos alimentos
Seleção criteriosa dos alimentos
Quando
surgem doenças
Mudando
para melhor
CAPÍTULO 9 – O
estresse na vida de cada um
Introdução
Compreenda
o estresse
O extraordinário valor dos exercícios
físicos no combate ao estresse
Os poderes do sono na saúde
Os poderes do sono na saúde
CAPÍTULO 10 – Sobre as técnicas hormonais de protelar o
envelhecimento e de que forma
evitar as
moléstias relacionadas ao sexo
Introdução
A influência do hormônio DHEA
Testosterona e andropausa
Reposição hormonal na mulher
Encarando a impotência
Sexo com saúde (prevenção das doenças
Sexo com saúde (prevenção das doenças
Sexualmente
transmissíveis)
INTRODUÇÃO
O
primeiro enfoque para o nosso objetivo de não envelhecer precocemente vai
exaltar três fundamentos para alcançá-lo: o inestimável mérito de uma alimentação
equilibrada, as vantagens da ocupação com um trabalho prazeroso, e os
benefícios da prática de exercícios físicos.
O
capítulo vai abordar também modernos conceitos sobre quem pode ser considerado
velho, conceituará sobrepeso e obesidade, e dará ênfase à necessidade de
ser baixado o peso de quem o tiver em excesso, visando com isso a uma vida sem
a intercorrência das principais doenças que envelhecem o ser humano e o levam à
morte prematura por causa da sobrecarga corporal.
Na
esperança de que a maioria das pessoas que começaram a leitura deste volume não
é cientista nem especialista da área de saúde, confiamos no bom senso delas
para não aceitar como regra geral tudo que é mostrado neste primeiro bloco de
temas nem tampouco nos seguintes. Como, em verdade, qualquer indivíduo é
diferente dos outros em um ou mais aspectos, as particularidades individuais
têm de ser levadas em conta para a aceitação dos conhecimentos inseridos nesta
publicação. Isto indica, então, que em muitos casos é preciso o consentimento
de um médico antes de ser iniciada qualquer mudança importante nos hábitos de
vida de cada um. Converse com ele a respeito.
O MELHOR PLANO PARA UMA LONGEVIDADE SAUDÁVEL
Tendo
em vista que no século XX e já no começo do XXI a expectativa da vida humana
aumentou consideravelmente, chegando agora um pouco acima de 75 anos nos países
desenvolvidos, conclamamos o caro leitor para o foco principal da matéria a ser
tratada neste primeiro tema: como protelar o envelhecimento e, ao envelhecer,
que isso vá acontecendo aos poucos e com a melhor qualidade de vida possível.
Levantamentos
demográficos revelam que de 1950 para cá a população mundial cresceu de 2,5
bilhões de pessoas para mais de 7 bilhões, e a cada década que passa o número
de anos vividos pelo homem também aumenta em relação à anterior.
Envelhecer
com boa saúde tem sido o desejo da grande maioria das pessoas em todas as
regiões do planeta. E a maneira de chegarmos à velhice e usufruir a vida é que
constitui o motivo primordial do assunto que assim iniciamos, mas com o dever
de sabermos que o conceito atual de saúde
não é somente a ausência de doença; modernamente ela significa também tanto o
bem-estar individual como as boas relações do indivíduo com a sociedade.
A melhor estratégia para o sucesso contra o
envelhecimento precoce consiste em pormos em prática os meios de desenvolver ao
máximo as nossas defesas imunológicas (ficarmos a salvo de determinadas
moléstias infecciosas), assim como os hábitos saudáveis e preventivos contra as
principais doenças não-infecciosas e os acidentes gerais do cotidiano que podem
ameaçar a saúde.
O primeiro pilar de
sustentação visando a esse objetivo é fazermos uma alimentação balanceada e nutritiva, isto é, a comida e o que
bebemos todos os dias talvez tenham de ser repensados. Até porque dentre os
múltiplos aspectos que influem na relação de uma comunidade com a origem dos
seus males nenhum deles é mais importante do que os hábitos dietéticos, sejam
eles quanto à qualidade de vida, sejam no tocante à morbimortalidade (proporção
de doenças e mortes).
Numerosos
estudos epidemiológicos (pesquisas das moléstias que atingem várias populações
simultaneamente) têm demonstrado uma forte dependência da longevidade de um
povo com a dieta a que ele está acostumado. É o que se passa, por exemplo, no
Japão, onde a incidência de câncer de intestino é muito pequena, graças ao
grande consumo de alimentos fibrosos pelos japoneses. Nesse mesmo país do
Oriente o índice de doença arterial das coronárias também é baixíssimo em
comparação com os povos ocidentais, em função da alta e habitual ingestão de
verduras, soja e peixes, estes últimos bastante consumidos em lugar da carne
bovina.
É o
que se observa ainda em muitos povos do Mediterrâneo (paradigma de
longevidade), com base na dieta deles, que até hoje e desde muito tempo atrás é
rica em cereais integrais, leguminosas, verduras, azeite, frutas e vinho.
São
conhecidos, igualmente, diversos agrupamentos africanos inteiramente livres de
tumores intestinais (parecido ao que ocorre no Japão), em virtude do costume
arraigado de comerem muita fruta e outros vegetais com elevado teor fibroso.
E dentre alguns mais sólidos exemplos, pode,
por fim, ser destacada a inexistência de hipertensão arterial (pressão alta) em
certas tribos indígenas espalhadas pelo Brasil e pelos Estados Unidos da
América (EUA), no meio das quais não se conhece o sal.
O
segundo elemento básico a ser levado em conta para não envelhecermos
precocemente é praticar exercícios,
que devem ser executados de modo adequado a cada indivíduo. Os benefícios
advindos do costume com eles são de tal monta que vão merecer um bloco dedicado
só para isso lá adiante, no capítulo 9.
E a
terceira medida a servir de lastro para quem já é idoso e quer se manter sadio
com vida longa é procurar exercer algum tipo de trabalho. Um trabalho que,
se puder, induza ao hábito, mesmo que seja de poucas horas e só de alguns dias
por semana, podendo até ser bem leve, mas prazeroso. E tanto faz serviço ligado
à profissão que a pessoa exercia antes de chegar à velhice, como uma ocupação
diferente daquela. Trabalho físico ou intelectual, não importa. O que interessa
é o homem ou a mulher não se tornarem sedentários, quer dizer, sem atividade
física, muito tempo sentados ou deitados. Porque desde que o idoso se ocupe com
alguma preferência ao que faz, essa pequena atividade vai contribuir,
invariavelmente, para mantê-lo ocupado de alguma forma, deixando-o ativo,
motivado, naturalmente alerta e, com boa probabilidade, mais feliz. Pois
“Velho”, diz um refrão que ganhou fama, “é como bicicleta: parou, caiu.”
Como
consequência, a combinação ideal desses três elementos – uma dieta saudável,
exercícios físicos regulares, e um trabalho que ofereça prazer – há de
proporcionar, aliada às boas situações e mudanças decorrentes disso, um
processo natural de envelhecimento mais tardio, livre de depressão mental, sem
baixa de resistência e isento de problemas próprios da inatividade.
Nossa
tríplice estratégia antienvelhecimento pode ganhar mais consistência se
lembrarmos que hoje em dia pelo menos 50% das populações mais adiantadas
ultrapassam aquela taxa média de 75 anos de expectativa de vida. Além do mais,
tem de ser rechaçado o mito de que superar essa idade implica em viver mal,
adoentado e com as defesas orgânicas sempre diminuídas.
Vamos
nos deter, a seguir, em alguns aspectos do interessante e vasto campo do que
seja uma dieta adequada.
A DIETA SADIA E SEU VÍNCULO COM A VELHICE
Dieta
sadia é uma alimentação equilibrada que, simples e facilmente, reúne de maneira
ponderada os alimentos nas diversas refeições diárias. Podendo variar de uma
pessoa para outra, o certo é comermos quatro a cinco vezes ao dia: café da
manhã (desjejum), almoço, lanche da tarde, jantar e, se quisermos, uma ceia
antes do sono da noite.
Uma
alimentação saudável engloba diretrizes válidas tanto para quem já é dotado de
boa saúde mas pretende prevenir doenças diversas, quanto para quem necessita
melhorar ou ser curado de um determinado mal já estabelecido. Achamos
extremamente refletir e tirar proveito de uma frase de Hipócrates, venerado
como o maior médico da antiguidade, que há mais ou menos 2.460 anos já dizia:
“Faça do alimento o seu melhor medicamento.”
Cumpre ressaltar que as normas alimentares a
serem expostas adiante poderão servir de bom roteiro quer para os jovens como
para quem chegou a idoso propriamente.
Nos
dias atuais a velhice tem um parâmetro numérico, firmado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) e aceito universalmente: o número 65. Quem já atingiu 65
anos é, para todos os efeitos, considerada uma pessoa idosa, velha, madura ou,
ainda, da terceira idade.
Os
idosos têm sido, com muita frequência, rotulados como da terceira idade. – Por
que isso? , indaga muita gente.
Terceira
idade é uma acepção proveniente da ideia de que a vida humana pode ser dividida
em três fases: 1a) – aquela
que abrange as preparações para se exercer a profissão; 2a) –
a que se refere ao tempo de vida profissional ativa; e 3a idade) – que vem depois disso, mas que pode ser
desfrutada com chances para novas vivências e livre de compromissos sérios de
trabalho.
Não
fosse a importância capital da alimentação em nossas vidas, não seria
admissível pedir ao prezado leitor para nos acompanhar na sabedoria que
encerram dois adágios populares apresentados em seguida.
Um
deles diz assim: “Nós somos o que comemos.” Este refrão faz refletir sobre a
ligação estreita que existe entre o viver e o comer. Em outras palavras: nosso
estado de saúde e nossa aparência dependem – e muito – daquilo que vamos
ingerindo pela vida afora.
Em que pese a herança genética influenciar em cerca
de 40% para a longevidade humana, sabe-se
que os demais 60% estão intimamente atrelados ao estilo de vida que levamos.
O
outro ditado popular, capaz de pelos seus termos afetar alguém mais sensível e
a quem o autor se desculpa, é aquele que adverte para o seguinte: “Há
indivíduos que, apressadamente, cavam sua sepultura com os dentes.” Melhor
dizendo: há criaturas que, bem cedo e como que acelerando sua destruição e
morte, costumam comer e beber demais, e de maneira bem diferente daquela que é
aceita pela sociedade e difundida entre os bons médicos e nutricionistas como
sendo a suficiente e apropriada par conservar a saúde. Por isso, passemos ao
item seguinte, que pode oferecer algo mais de concreto a respeito.
DESACERTOS DA OBESIDADE
O
excesso de peso, sobretudo associado à redução do trabalho físico, já está
historicamente relacionado a importantes condições que vão minando a saúde aos
poucos, tais a hipertensão arterial, a hiperlipidemia (acúmulo dos lipídios no
sangue, ou seja, das gorduras circulantes) e o diabetes melito, vulgarmente
conhecido como “açúcar no sangue” e consistindo, essencialmente, em elevação da
glicose sanguínea. Todas elas favorecem os acidentes cardiovasculares (relativos
ao coração e aos vasos da circulação), em particular os problemas coronarianos
(angina de peito, infarto do miocárdio, arritmia ou insuficiência cardíaca) e
cerebrais (ataque de isquemia transitória, trombose ou hemorragia, os três
designados “derrames”, mas cada um deles conhecido em medicina como acidente
vascular cerebral, ou AVC).
Não
bastassem essas afecções do aparelho circulatório ligadas ao excesso de peso
assumirem atualmente, em conjunto, a primeira posição na mortalidade dos
adultos que residem nas metrópoles espalhadas ao redor da Terra, estudos
consistentes revelam que a osteoartrose (reumatismo, principalmente da coluna
vertebral), a doença pulmonar obstrutiva (asma com enfisema), as
colecistopatias (doenças inflamatórias e cálculos da vesícula e vias biliares)
e algumas formas de câncer guardam uma relação estreita com a obesidade. Por
esta razão, o objetivo de uma boa
alimentação contra o envelhecimento prematuro e numerosas doenças que podem
estar associadas a ele encontra o seu melhor caminho, como primeiro passo, na
prevenção e combate ao peso acima do normal
Estima-se
que a obesidade atinge mais de 400 milhões de pessoas no mundo todo, e que
quase 40% da população brasileira têm peso demais, metade dela não praticando
qualquer exercício físico regularmente. Ela é reconhecida agora como uma
verdadeira doença epidêmica mundial. E vale referir que aproximadamente 50% dos
gordos têm hipertensão. Além do mais, 80% dos pacientes diabéticos também
apresentam peso demasiado e se complicam por causa disso.
Vemos,
assim, que o peso excessivo é um problema que tem muito a ver com a saúde do
indivíduo. Não somente com a aparência e estética. Corrigir a obesidade reduz,
concomitantemente, essas diversas comorbidades que, de regra, a acompanham. Mas
é preciso sedimentar a ideia que o que conta efetivamente para perder de modo
progressivo o peso supérfluo não é só o desejo disso, mas sim a dedicação a um
exercício físico diário ou pelo menos quatro vezes por semana, em parceria com
uma alimentação variada e pautada pela moderação, onde se destacam a definitiva
restrição de gorduras de má qualidade, alimentos contendo farinha branca,
açúcar e açucarados em geral, e a conveniência de quatro ou cinco refeições por
dia.
Acrescentemos
a isso o fato de que as “dietas da moda” não levam a costumes saudáveis e
duradouros que diminuam e mantenham o peso adequado de quem se aventura com
elas. Embora esses regimes possam contar
com a adesão inicial dos seus adeptos, em realidade eles não são continuados e
nem permanentes. O que fazem, de ordinário, é trazer desconforto, frustrações e
fatigantes deficiências nutritivas, ao contrário do que oferecem a dieta
equilibrada e os exercícios, a busca por melhores remédios moderadores do apetite e a cirurgia bariátrica. Esta avançada
operação veio ajudar muito a controlar o problema, principalmente do obeso
mórbido. Porém, ela tem suas indicações precisas, e na prática se resume na
redução da capacidade do estômago ou então na exclusão do duodeno da via
digestiva normal que ele ocupa no abdome.
SEU PESO IDEAL
As
estatísticas revelam que a obesidade atinge proporções alarmantes em muitas
nações. Mas existem controvérsias quanto ao peso ideal que predispõe à
longevidade. E isso nos interessa sobremaneira, tanto mais que já não restam
dúvidas de que a normalização do peso pode ser conseguida por meio de uma dieta
criteriosa aliada a exercícios igualmente adequados a cada um e de acordo com
as primeiras informações mencionadas logo no início destas noções gerais em
curso.
Os
exercícios (esmiuçados no capítulo 9) devem ser praticados conforme a idade,
baseados nas medidas do tórax, do abdome e do quadril, dependentes também da
ocupação de cada um em seu trabalho, e atendendo ao gosto pessoal e aos custos
financeiros da manutenção deles se for o caso de pagá-los.
Observações
atualizadas sobre atividade física têm apontado para os seus inestimáveis
benefícios contra a obesidade ainda na infância e adolescência. Essas pesquisas
mostram que a inatividade e o hábito de assistir TV estão fortemente associados
às crianças e adolescentes obesos, e que os exercícios – que desde cedo têm de
ser estimulados pelos pais ou responsáveis – terão reflexos positivos no
crescimento em geral, no controle do peso, nos níveis de colesterol e de glicose
no sangue, não poupando os aspectos emocionais desses futuros adultos.
É
interessante ressaltar um sinal que pode ser observado nos gorduchos portadores
de doença cardiovascular. Nota-se, até com expressiva frequência, que a gordura
neles predomina na barriga e na parte superior do corpo, e não nas regiões
glúteas e coxas. A esse tipo de adiposidade dá-se o nome de obesidade
abdominal, central, androide ou, ainda, visceral, e ela exerce um relevante
papel como fator de risco para a doença das coronárias, sobretudo em mulheres. Clinicamente ,
essa obesidade central pode ser evidenciada pelo resultado obtido da divisão da
circunferência da cintura pela do quadril: maior do que 0,95 em homens e 0,85
em mulheres. Ou, de modo mais simples: circunferência da cintura dos homens
acima de 102 cm
(fita métrica na altura da cicatriz umbilical) e superior a 88 cm nas mulheres.
AVALIE O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)
Modernamente
está sendo bastante utilizada uma fórmula matemática bem simplificada que nos
indica se alguém está com o seu peso normal, se tem sobrepeso, se é obeso, se
ostenta a obesidade chamada de mórbida ou se, ao inverso, pesa menos do que
deve e apresenta com esse déficit algum grau de subnutrição. É um cálculo fácil
de fazermos e consiste no valioso índice de massa corporal (IMC):
IMC
= P/A2 (Peso em quilos dividido pela Altura ao quadrado, isto é,
multiplicada por 2).
Esta
equação tem sido considerada uma aferição sumamente prática, porque avalia a
grande maioria das pessoas de qualquer comunidade pesando acima do ideal, ou
seja, as que têm tecido adiposo em excesso (massa gorda). Quanto aos indivíduos
de grande desenvolvimento muscular (massa magra), tais os halterofilistas,
boxeadores, remadores, atletas de barras, argolas etc., ele é um indicador que
aplicado corretamente vai revelar excesso de peso, sim, mas sem significar
obesidade.
Para
servir de exemplo, façamos o cálculo avaliando uma mulher do lar, cuja estatura
é de 1,60 m
e que pesa 80 kg .
Seu IMC será:
80
(Peso) dividido por 1,60 x 1,60 (Altura ao quadrado) = 30 Kg/m2.
A tabela universal do IMC
com seus índices é a seguinte: de 18,5 a 24,9 delimita o peso
normal; de 25 até 29,9 já traduz um
sobrepeso; se estiver entre 30 e 39,9 significa obesidade; igual ou além de 40
sinaliza para obesidade mórbida; e se o índice for mais baixo do que 18,5
indica magreza e subnutrição.
Consultando
a tabela, o resultado do exemplo exposto permite concluir que se trata de uma
mulher obesa, que vai precisar de mudanças importantes na sua alimentação e em
outras áreas do estilo de vida se realmente quiser viver mais e sem riscos.
Nos
capítulos 2 e 3 seguintes será conhecido intimamente como os alimentos
respondem pelo peso excessivo do ser humano levando-o à obesidade.
CAPÍTULO 2
DIETA, ENVELHECIMENTO E
ATEROSCLEROSE
INTRODUÇÃO
Neste
capítulo vão ser apresentados os fundamentos da aterosclerose, os fatores de
risco que concorrem como causa para o seu aparecimento e, buscando o controle
deles, saber de que forma impedir a progressão das placas ateroscleróticas. São
essas placas que, aos poucos, obstruem as artérias condutoras do sangue a todos
os setores do organismo, prejudicando importantemente a circulação e
determinando envelhecimento precoce, em especial quando se instalam no coração
e no cérebro.
A aterosclerose afeta
substancialmente a vida, tanto na sua qualidade quanto na duração. Ela é a
condição mórbida mais comum na sociedade moderna.
Com
apoio nos confiáveis estudos que vêm sendo realizados desde 1940 na cidade de
Framingham, em Massachussets, EUA, avalia-se que 50% dos homens e 30% das
mulheres dos povos avançados vão apresentar doença aterosclerótica coronariana
ao longo de suas vidas. Aliás, segundo a OMS, por volta de 23% de todas as
mortes no mundo contemporâneo acontecem por doenças cardiovasculares, onde o
comprometimento das coronárias é a apresentação mais comum da aterosclerose e
já responsável por metade dos óbitos decorrentes dessas doenças (coronarianas,
cerebrais e periféricas). A coronariosclerose
manifesta-se na prática como isquemia silenciosa (o indivíduo não a percebe),
angina de peito, infarto do miocárdio ou insuficiência cardíaca. Todas estas condições, frequentes, perigosas
e em boa parte seguidas de morte súbita, serão comentadas posteriormente.
Os
fatores principais de risco – os tradicionais ou clássicos – para que a
aterosclerose se desenvolva serão, por enquanto, apenas apontados no presente
capítulo (em outros eles vão ser analisados em profundidade). Do mesmo modo,
neste bloco tocaremos de passagem nos fatores causais conhecidos como
predisponentes de risco (aqueles que predispõem ao surgimento e progressão
desse processo de entupimento das artérias). Já os fatores chamados
condicionais de risco (os que podem dar somente alguma condição para a origem
das placas), estes serão os únicos contemplados neste capítulo, que mostrará o
envelhecimento e a aterosclerose humana como fortemente dependentes da dieta. E
ao lado deles, será ressaltado o papel da aspirina e das estatinas neste campo.
A
aspirina e as estatinas são substâncias que deverão prender a atenção do leitor
para a importância que elas têm ganhado, seja na prevenção ou como parte do
tratamento da doença coronariana. A aspirina, por seu largo emprego atual na
prevenção de trombos (coágulos), a par de sua propriedade analgésica e
antitérmica que há séculos fazem-na ser utilizada no exercício da medicina. E
as estatinas, tão modernas quanto atuantes, amplamente empregadas tanto para
reduzir o colesterol elevado no sangue (desse modo interrompendo ou impedindo o
se depósito nas artérias), como a fim de deter a inflamação nas paredes
arteriais que se degeneram.
Mas o
certo é que todos esses três grupos de fatores de risco influem para
obstaculizar o fluxo sanguíneo arterial indispensável a uma oxigenação e
funcionamento normais dos diferentes aparelhos e sistemas que compõem o corpo
humano. Por causa disso é fundamental frisar o seguinte: qualquer que seja o fator causal implicado na aterosclerose, ele deve
ser bem identificado e combatido com intensidade, tendo-se em conta uma boa saúde cardíaca e dos vasos da
circulação. Nisso um bom estilo de vida torna-se prioridade na medicina de
hoje. Com este intuito será encontrado pouco adiante, resumido e de fontes
atualizadas, um excelente guia de metas para que se possa deter, com quase toda
certeza, o dano aterosclerótico.
Procure então
compreender, por hora, tão somente os fatores condicionais de risco, e descubra
o papel nada desprezível deles quando compará-los com os outros à medida que as
matérias forem se sucedendo.
A FORTE RELAÇÃO ENTRE A DIETA E A ATEROSCLEROSE
Abordando
o tema da dieta e as suas relações com a saúde e o envelhecimento, precisa
ficar esclarecido desde logo que uma grande parcela do desgaste precoce da
maravilhosa e intrincada máquina humana se deve à ingestão abusiva de alimentos
ricos em açúcar comum (sacarose) e
outros carboidratos refinados, assim como a uma alimentação também pródiga em gorduras saturadas (provenientes de
animais e alguns vegetais). Mais adiante tais alimentos serão revelados em detalhe.
Mas
são esses os dois grandes vilões que entram em cena para desequilibrar o
metabolismo orgânico dos glicídios (carboidratos) e dos lipídios (gorduras),
levando o organismo a diversos males que encurtam a vida. Ambos, consumidos sem
critério, geram alterações escleróticas nos vasos sanguíneos, modificações
essas que têm como substrato a aterosclerose
– a maior responsável pela morbidade (relação entre o número de doentes e o
total de habitantes de uma população) e mortalidade dos adultos nas regiões socialmente
abastadas da segunda metade do século XX, confirmando-se idêntica situação
neste começo do século XXI.
OS FATORES DE RISCO E AS METAS DE PREVENÇÃO
A
aterosclerose é um processo crônico e degenerativo que se instala em quem
apresenta um ou mais dos chamados fatores de risco para desenvolvê-la.
Os
principais fatores de risco – aqueles
considerados como clássicos, tradicionais, ou maiores – são quatro:
·
hipertensão arterial
(pressão alta);
·
tabagismo (consumo de
tabaco, ou fumo);
·
dislipidemia (colesterol
total ou somente sua fração LDL altos no sangue, ou colesterol HDL baixo, ou
triglicerídios elevados);
·
diabetes melito
(glicose sanguínea – glicemia – acima dos níveis normais).
Os
fatores predisponentes de risco são formados por outros quatro:
·
herança genética
(predisposição herdada de pais que sofreram precocemente de doença
aterosclerótica das coronárias ou das artérias cerebrais);
·
obesidade (peso bem
acima do normal);
·
sedentarismo (vida com
pouca atividade física);
·
estresse sem controle
(desequilíbrio entre o indivíduo e o seu meio ambiente).
E os fatores condicionais de risco
são alguns componentes do sangue que, quando elevados, também dão condição para
a aterosclerose e seus problemas:
·
proteína C-reativa;
·
homocisteína;
·
fibrinogênio;
·
lipoproteína-a;
·
lipoproteína VLDL;
·
leucócitos.
Todos
estes fatores guardam uma comprovada relação de causa e efeito com a doença
aterosclerótica das artérias coronárias – que irrigam de sangue a massa
muscular do coração – e das artérias que nutrem o cérebro e demais regiões da
cabeça. Isto quer dizer que qualquer um deles pode aumentar a probabilidade de
um indivíduo sofrer um ataque cardíaco ou ser acometido de um acidente vascular
cerebral. Ademais, a combinação de dois ou mais deles multiplica esse risco.
– Mas por que eu tenho de saber tudo isso
sobre tais fatores? – há de perguntar alguém intrigado com essas causas com
termos talvez científicos demais.
– Porque estas informações de caráter médico –
respondemos – trazem em seu bojo a nossa intenção de ilustrar melhor o leitor.
E aos que pouco sabiam sobre o assunto, fornecer-lhes instrumentos para
promover também uma boa saúde do coração e dos vasos. Em extensão, podem trazer
algum benefício aos seus familiares, ainda que alguns destes possam estar bem jovens.
Procure
entender que tanto para a doença obstrutiva das coronárias como para a vascular
cerebral e a periférica os agentes que as provocam são basicamente os mesmos,
tendo as três um estado patológico em comum: a aterosclerose. Porém, é
incontestável que o controle dos fatores de risco muda o desenvolvimento
delas no ser humano. Assim é que os estudos levados a cabo em numerosos
centros de pesquisa demonstram que reduzir a pressão arterial, diminuir o colesterol
LDL e os triglicerídios, corrigir o peso excessivo, abandonar o fumo e trocar o
sedentarismo por exercícios são medidas que modificam substancialmente o
processo aterosclerótico e suas consequências.
Em
função disso, devemos todos acreditar ser de grande utilidade para um bom
estado circulatório, tanto do coração como do cérebro e de outros órgãos, um
sincero esforço para evitar ou corrigir esses fatores de risco. Mas fazê-lo com
vontade ferrenha e contínua, procurando atingir certas metas que, de forma
condensada e segundo consenso, podem ser observadas como segue. Elas servem de
excelente orientação para quem quer que seja.
METAS DE PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE
Pressão Arterial: <140/90 mmHg.
(menor do que 140 por 90
milímetros de mercúrio). Se houver diabetes: <130/80
mmHg.
LDL-colesterol: <130 mg% se o
risco for baixo ou médio. Se alto: <100 mg %.
Triglicerídios: <150 mg%.
Glicemia: <110 mg% em jejum. Se a glicose
dosada for a pós-prandial: <140 mg%.
Índice de massa corporal: < 25 kg / m2.
Cintura: < 94 cm se homem e < 80 cm se mulher.
Tabagismo: abstinência total.
Exercício físico: mais de 30
minutos por dia, sendo o ideal diariamente.
Diretrizes
brasileiras sobre dislipidemias e normas de prevenção da aterosclerose da
Sociedade Brasileira de Cardiologia acatam uma tabela muito bem elaborada em
Framingham (EUA), exibida na página seguinte, que avalia o risco das pessoas
que queiram se orientar para prevenir ou tratar de uma doença aterosclerótica
já instalada (que provocou sintomas). Você, por exemplo, poderia ser enquadrado
nela como de baixo risco se a sua
soma de pontos indicasse que no prazo de 10 anos a chance de ter um evento
coronariano (morte, infarto ou angina) fosse de 10% no máximo. De médio risco são os indivíduos cuja soma de escores vai enquadrá-los na
chance de 11 a
20% de apresentar acidente coronariano dentro de 10 anos caso não forem
tratados corretamente. E aqueles que correm alto
risco são os que atingem uma soma de
pontos que os situam no patamar acima de 20% de chance de sofrer um episódio
agudo das coronárias no prazo de 10 anos sem que tenham recebido correção
médica adequada.
Em todas estas três
situações de risco o perfil lipídico desejado é de um colesterol total
(LDL+VLDL+HDL) <200 mg%, de um HDL-C >40 mg% e dos triglicerídios <150 mg%.
Experimente,
só por curiosidade, comparar os seus dados pessoais com os números deste
interessante diagrama de estimativa de risco de Framingham. Ele é absolutamente
confiável, mas se houver dificuldade em consultá-lo, o seu médico poderá lhe
ajudar nessa verificação.
TABELAS DE RISCO DE FRAMINGHAM
Idade
|
Homem
|
Mulher
|
30-34
|
-1
|
-9
|
35-39
|
0
|
-4
|
40-44
|
1
|
0
|
45-49
|
2
|
3
|
50-54
|
3
|
6
|
55-59
|
4
|
7
|
60-64
|
5
|
8
|
65-69
|
6
|
8
|
70-74
|
7
|
8
|
Colest. Total
|
||
<160
|
-3
|
-2
|
160-199
|
0
|
0
|
200-239
|
1
|
1
|
240-279
|
2
|
1
|
> ou = 280
|
3
|
3
|
HDL-C
|
Homem
|
Mulher
|
<35
|
2
|
5
|
35-44
|
1
|
2
|
45-49
|
0
|
1
|
50-59
|
0
|
0
|
> ou = 60
|
-1
|
-3
|
P.A. Sist.
|
P.A. Diast.
|
Homem
|
Mulher
|
<120
|
<80
|
0
|
-3
|
120-129
|
80-84
|
0
|
0
|
130-139
|
85-89
|
1
|
0
|
140-159
|
90-99
|
2
|
2
|
> ou = 160
|
> ou = 100
|
3
|
3
|
Diabetes
|
Homem
|
Mulher
|
Sim
|
2
|
-1
|
Não
|
0
|
0
|
Fumo
|
Homem
|
Mulher
|
Sim
|
2
|
2
|
Não
|
0
|
0
|
Ponha aqui, logo depois da seta, a
soma total dos seus resultados obtidos em cada um destes parâmetros (idade,
sexo, colesterol total, HDL-C, pressão arterial sistólica, diastólica, diabetes
e fumo) e observe nas linhas abaixo qual seria o seu risco de manifestar doença
coronariana dentro de 10 anos se não controlasse os fatores de risco
existentes: ®
ESCORE
|
RISCO / HOMENS
|
RISCO / MULHERES
|
-2 ou <
|
2%
|
1%
|
-1
|
2%
|
2%
|
0
|
3%
|
2%
|
1
|
3%
|
2%
|
2
|
4%
|
3%
|
3
|
5%
|
3%
|
4
|
7%
|
4%
|
5
|
8%
|
4%
|
6
|
10%
|
5%
|
7
|
13%
|
6%
|
8
|
16%
|
7%
|
9
|
20%
|
8%
|
10
|
23%
|
10%
|
11
|
31%
|
11%
|
12
|
37%
|
13%
|
13
|
45%
|
15%
|
14
|
53%
|
18%
|
15
|
53%
|
20%
|
16
|
53%
|
24%
|
17 ou >
|
53%
|
27%
|
Auxiliado
pelo seu médico e diante dos dados mais recentes dos exames clínico e laboratorial
que você fez, a averiguação disso vale muito e tem por fim tranquilizá-lo.
Porque, se for preciso, ela permite corrigir logo algum índice fora dos limites
normais ou deter uma condição que possa causar ameaça.
Mas o
que mais importa, em essência, é você, com seriedade, posicionar-se dentro
daquelas “Metas de Prevenção da Aterosclerose” apresentadas antes destas
tabelas de Framingham.
Apesar
das evidências a respeito indicarem que um grande número de pessoas sob risco
se acha desprotegido – porquanto estes alvos propostos não estão sendo
convenientemente atingidos nem nos centros adiantados do mundo – procure, de
sua parte, engajar-se neles o melhor que puder se tem em mente uma vida
saudável e longa. Eles buscam lhe dar o máximo de segurança.
Se uma
dieta pobre em gorduras e um programa de exercícios não forem o bastante para
baixar de forma consistente os seus níveis de colesterol aterogênico porventura
elevados, talvez haja uma questão genética em causa (colesterol aterogênico é
aquele que gera aterosclerose: o LDL, considerado o colesterol “ruim” e que
será conhecido por inteiro no próximo capítulo). Mas não sendo alcançada a meta
do LDL desejada após certo tempo estabelecido pelo médico, ele poderá
determinar o uso de um remédio do grupo das estatinas ou outro hipolipemiante
(redutor de gorduras), além da dieta e dos exercícios físicos que não devem
faltar numa terapia bem feita.
O
mesmo sucede com os níveis de pressão arterial, de glicose ou fumo, para os
quais se pode dispor de várias estratégias eficazes com o fito de conseguir
essas metas.
CONHEÇA O ENDOTÉLIO ARTERIAL
A aterosclerose
consiste, fundamentalmente, no espessamento e endurecimento das três camadas de
tecido que compõem as paredes das
artérias: a túnica adventícia ou externa, a média ou intermediária, e a
íntima ou endotélio. Esta última é a capa de tecido que fica em contato direto
com a corrente sanguínea. É nela que se acumulam as gorduras (predominantemente
o colesterol “ruim”) que dão início à disfunção
endotelial. Essa disfunção vem a ser uma desordem que, indistintamente, se
desenvolve nas artérias de grosso, de médio ou de pequeno calibre, bem como nos
capilares (vasos de transição entre as finas arteríolas e vênulas).
O endotélio vascular é
considerado hoje em dia como um verdadeiro regulador de funções, seja numa
pessoa de boa saúde ou não. Estima-se que a área que ele ocupa
em toda a rede circulatória de um adulto daria para preencher cinco quadras de
tênis, e o peso de todo o endotélio reunido se igualaria ao de um coração
normal (300 g
nos homens e 250 g
nas mulheres).
Não
obstante as outras duas túnicas de uma artéria participarem da homeostase
sanguínea (equilíbrio dos mecanismos reguladores da circulação), o endotélio é
o grande responsável por esse controle.
Sua função não se limita só ao papel de uma simples camada que reveste
internamente os nossos vasos, mas sim é considerado um tecido que produz e
libera substâncias que modulam o tônus deles, regulando-lhes o calibre e o
fluxo de sangue por todo o corpo.
É nessa camada íntima que algum tipo de
injúria principia a disfunção endotelial, a partir da qual assomam as
modificações progressivas da aterosclerose. À medida que os diversos
fatores de risco (com radicais livres em excesso por causa de lipídios
elevados, tabaco, pressão alta, diabetes, estresse, infecções etc.) atuam sobre
as células endoteliais, desencadeia-se o processo inflamatório que culminará
com a formação da placa aterosclerótica
(ateroma). Aquele endotélio que era íntegro, que funcionava normalmente mantendo
perfeitos o relaxamento e a contração dos vasos, sustentando uma produção
adequada de substâncias como o óxido nítrico (de efeito preponderantemente relaxante e dilatador deles), que
não deixava os macrófagos (glóbulos
brancos do sangue que exercem a fagocitose, quer dizer, que destroem e digerem
micróbios, toxinas e elementos estranhos) aderir às suas paredes e nem as
plaquetas se agregar nelas causando-lhes compressão e o aparecimento de
trombos, ele perde essas propriedades com a ação progressiva dos fatores de
risco. E uma vez lesado o endotélio, os
macrófagos passam a liberar as chamadas citocinas, que originam por ali a
proliferação das células musculares
lisas, as quais fazem as artérias passarem muito mais a se contrair do que
dilatar em resposta aos estímulos do sistema nervoso autônomo (vagossimpático).
Isso vai trazendo espessamento das paredes arteriais nesses segmentos atingidos
e dificuldades para o fluxo sanguíneo por dentro delas, o que caracteriza o
processo gradual aterosclerótico. Mas essas transformações vão ser
compreendidas inteiramente no módulo intitulado “Você pode deter a placa
aterosclerótica”.
A IMPORTÂNCIA DA PROTEÍNA C-REATIVA (PCR) E OS BENEFÍCIOS DA ASPIRINA E DAS ESTATINAS
Baseados
em evidências, os estudos recentes sobre aterosclerose recomendam a dosagem
laboratorial da concentração da PCR no soro sanguíneo como um índice capaz de
prever a doença cardiovascular, cerebrovascular, retiniana, renovascular ou
vascular periférica.
A
participação dela – que é sintetizada no nosso fígado e em parte nas células
musculares das artérias coronárias – já consta da rotina do acompanhamento por
exames de laboratório nas unidades de tratamento intensivo, quando nelas dão
entrada pacientes com quadro clínico de
angina de peito isto é, angústia e dor torácica. Em geral essa dor é
referida como aperto por trás do esterno, irradiando-se para o braço esquerdo,
ombros ou pescoço, durando somente em torno de três minutos, desencadeada por
alguma emoção, esforço, refeição volumosa, vento ou frio, e aliviada pelo
repouso ou remédio vasodilatador coronariano de ação rápida. Ela resulta de
pequena ou moderada insuficiência da circulação pelas artérias cardíacas
parcialmente obstruídas por placas gordurosas. Mas onde a PCR tende a se elevar
especialmente é no infarto agudo do
miocárdio, que consiste no dano
(necrose) de uma porção do músculo cardíaco. Usualmente o infarto é revelado
por severa e duradoura dor no peito, não obrigatoriamente relacionada aos
esforços, que não cede aos dilatadores das coronárias, acompanhada de náuseas
ou vômitos, queda de pressão, e alterações da função ou do ritmo cardíaco (às
vezes fatais). Ele é decorrente, quase sempre, de uma obstrução total de um
segmento de artéria por um trombo formado numa placa aterosclerótica rompida ou
fissurada. Isso deixa sem oxigênio e nutrição essa área afetada, a qual, assim
como provoca alteração na PCR (ou nas PCRas, de alta sensibilidade), faz subir
certas enzimas no sangue e denotar com isso justamente a destruição das células
musculares do coração. No quadro anginoso, particularmente na angina instável, que é uma condição
intermediária entre aquela angina estável e infarto, o aumento dessa proteína indicadora de reação
inflamatória tem mostrado correlação com a extensão dos segmentos arteriais
semiobstruídos das coronárias. E no infarto do miocárdio essa relação já
costuma ser tanto com o volume da massa do músculo cardíaco infartado quanto
com a séria possibilidade da ruptura dessa porção necrosada.
Contudo,
nem sempre os sintomas de infarto se exteriorizam anunciando ele. É o que
acontece nos casos de infarto silencioso,
tipo de lesão cardíaca que pode passar despercebida e vitimar
principalmente os hipertensos, os diabéticos e os idosos. Às vezes nem um
eletrocardiograma o detecta, só uma ressonância magnética sendo capaz de
mostrá-lo. (Este conhecimento poderia ser dispensado dos leitores se não
houvesse a necessidade de quem quer que tenha fatores de risco para doença
cardiovascular, ainda que seja alguém de meia-idade, ter de ser controlado o
quanto antes no sentido de se prevenir e viver umas boas décadas mais sem
padecer desses problemas cardíacos isquêmicos.)
Ficou
estabelecido que a PCR com valores basais (em jejum) acima de 0,5 mg% aponta
para risco de eventos circulatórios futuros. Aliás, o aumento da PCR já era
interpretado outrora como sensível indicador de inflamação, de infecções
pulmonares, de febre reumática, de artrite reumatoide, de tumores cancerosos,
de necrose em algum órgão, de afecções em torno aos dentes e de operações
cirúrgicas. Vale assinalar que hoje a obesidade é um fator peculiar de seu
aumento.
Sua
elevação também é verificada em infecções específicas das coronárias pela Clamidia pneumoniae, pela Helicobacter pylori e, além dessas
bactérias, por alguns vírus. Agindo localmente, esses agentes infecciosos e as
toxinas geradas por eles são capazes de causar proliferação das camadas do
músculo liso das artérias e inflamação direta do endotélio nesses vasos. Um
dado que vai de encontro a essa afirmativa é a constatação de placas
ateroscleróticas em cerca da metade dos casos de moléstia pela Clamidia.
É
interessante compreendermos esse caráter inflamatório da aterosclerose. Porque
quando se administra aspirina (ácido
acetil salicílico) em doses efetivas a alguém que tenha sua PCR acima do
normal, ela promove uma nítida queda dessa taxa. Pois bem, o mesmo acontece com
as estatinas, que são drogas redutoras do colesterol LDL e triglicerídios e com
as quais se observou similaridade com a aspirina: a administração tanto de uma
como das outras coincide com uma baixa significativa de eventos vasculares nos
indivíduos que as recebem.
Além disso, as pesquisas sobre a PCR têm
mostrado que ela constitui um valioso marcador de outra inflamação vascular: a
subclínica, isto é, um processo que acomete os vasos arteriais, se bem que
de baixo grau e ainda pequeno para provocar sintomas. Por causa também dessa
sensibilidade, a PCR aumentada é, nos dias que correm, apontada como um novo
fator de risco para aterosclerose, com sua qualidade previsora independente,
tal como já o são também a homocisteína, o fibrinogênio, a lipoproteína-a e a
lipoproteína VLDL elevados.
Evidências têm sido
acumuladas nos últimos anos indicando que essa inflamação participa de modo
concreto no desenvolvimento da aterosclerose humana, no distúrbio da
resistência à insulina e no diabetes melito tipo 2. E de tal forma já ganhou
força esse caráter da aterosclerose, que até a leucocitose (aumento do número
dos leucócitos no sangue – os glóbulos brancos de defesa) vem sendo considerada
também como um marcador dessa inflamação no envoltório interno das artérias. Se
a leucocitose estiver presente num hemograma, pode ser mais um fator a indicar
doença das coronárias.
Essas
constatações, apoiadas em dados clínicos comprovados, é que nos induzem a
aconselhar o leitor previdente a conversar com o seu médico sobre a aspirina
para prevenir as consequências de uma aterosclerose subclínica. A aspirina exerce uma reconhecida ação anti-inflamatória no endotélio, minimizando
a sua disfunção. Não bastassem a analgesia que promove e o efeito
antitérmico conhecidos de muito tempo atrás (em 400 a .C. Hipócrates já a
aconselhava), hoje se destaca esta ação anti-inflamatória. E ela evita, ao
mesmo tempo, que as plaquetas do sangue se agreguem umas às outras e levem à
formação de trombos, os quais aderem às paredes internas das artérias e veias e
as obstruem, sejam elas coronarianas, cerebrais, retinianas, renais ou dos
membros. Não é por menos que a recomendação médica puramente profilática da
aspirina tem sido feita para as pessoas diabéticas. Admite-se que todas elas
apresentam uma propensão significativa a tromboses (esse risco num diabético
mais que duplica em comparação a quem não é), e nos dias de hoje julga-se até
que a presença de diabetes para um paciente equivale a ele já ter sofrido uma
complicação dessas. Mas deixemos o diabetes para o 4o capítulo deste
volume, onde é o seu lugar.
Se por
acaso lhe perguntarem como é que a aspirina é capaz de impedir a formação de
coágulos, você pode responder e satisfazer a curiosidade de quem perguntar
dizendo que o ácido acetil salicílico – a substância química da aspirina –
bloqueia a produção do tromboxane A2, um elemento do processo da coagulação
que, não fora só induzir a agregação plaquetária, ainda causa espasmo nas
artérias do organismo.
– Mas
se a aspirina me causa desconforto, dores no estômago, e até sangramento, como
é que eu vou tomá-la? – alguém pode indagar intrigado. Se esse efeito colateral
acontecer, ou se no passado houve uma gastrite incômoda ou uma úlcera péptica,
alguma hemorragia ou alergia a ela, isso não é problema, porque já existem
preparações do fármaco com liberação intestinal e não gástrica, além de outras
substâncias com idêntica propriedade de diminuir trombose sem provocar esses
efeitos indesejáveis da aspirina. A ticlopidina e o clopidogrel são alguns
exemplos.
Não é
nada demais indagar a opinião do médico sobre o emprego de alguma estatina para
o caso do seu colesterol ou dos triglicerídios estarem altos. Repare as razões
disso proceder:
As
substâncias hipolipemiantes do grupo das estatinas estão sendo utilizadas no
tratamento de milhões de pacientes em todos os cantos, inclusive em nosso
Brasil; e tem trazido benefícios preventivos e curativos incontestáveis nas
doenças cardiovasculares. Essas vantagens decorrentes do seu emprego podem ser
resumidas assim: 1) Diminuem a inflamação na placa aterosclerótica que esteja
se desenvolvendo, estabilizando-a e auxiliando na recuperação funcional das
artérias, com isso baixando os marcadores inflamatórios anormais. 2) Reduzem a
perigosa propriedade das plaquetas se aglutinarem e formarem trombos. 3) O
risco de doença arterial coronariana recua apreciavelmente com o seu uso,
diminuindo de forma significante as alterações que resultariam em infarto do
miocárdio, em idosos ou não. 4) Fazem decrescer a resistência à insulina e a
intolerância à glicose nos pacientes diabéticos ou pré-diabéticos. 5) E se já
não fossem convincentes esses benefícios, com a administração das estatinas
declinam as chances de acidentes vasculares encefálicos, seja uma
intercorrência de vulto (trombose cerebral) ou menor (ataque de isquemia
transitória); tal como caem ainda os eventos circulatórios periféricos (oclusão
de artéria ou veia dos membros superiores ou inferiores). 6) Em adição, a
necessidade de se operar o coração para desobstruir as coronárias
(revascularização cirúrgica do miocárdio através de pontes de veia safena ou de
artéria mamária ou radial) e de angioplastia (restabelecimento do fluxo da
artéria entupida por meio de um catéter-balão ou a implantação dentro dela de
um tubo de aço flexível – um stent)
fica mais reduzida no grupo de pacientes que usam estatina do que naquele onde
é utilizado placebo. (Placebo é uma substância inerte que só aparenta ser
medicamento.)
Numerosos
trabalhos clínicos têm mostrado resultados muito bons com o emprego das
estatinas para deter a evolução das placas obstrutivas e impedir a
instabilidade delas (tendência a romperem-se). E não lhes ficam muito atrás os
fibratos, remédios que, como as estatinas, promovem alguma baixa tanto do
colesterol LDL quanto, especialmente, dos triglicerídios se estiverem
aumentados; e elevam, até de maneira significativa, o bom colesterol HDL.
De
modo que não deixe de solicitar ao clínico (é um direito lógico que lhe cabe)
para avaliar bem o seu caso, visando ao uso sistemático da aspirina ou um
substituto dela, ou de uma estatina ou então fibrato, ou até de um desses dois
junto à aspirina, objetivando uma vida com mais segurança em relação à
aterosclerose e seus males.
O QUE É A HOMOCISTEÍNA
Se
voltarmos a atenção para as placas ateromatosas e avaliarmos as condições que
favorecem o seu aparecimento, estaremos não só atentando para os depósitos de
gordura que se prendem à túnica interna das artérias, como teremos que
distinguir uma substância proteica que, acumulada no sangue, integra também os
fatores que condicionam o desenvolvimento dessas placas nocivas à saúde.
Já
vimos de que forma a dosagem da proteína C-reativa detecta a inflamação do
endotélio para denunciar a aterosclerose. Esta
outra proteína do plasma, que todos abrigamos normalmente – a homocisteína –,
guarda igualmente, quando alta, uma relação comprovada com a ocorrência de
ateromas. Tal fato teve por base o achado dessas lesões arteriais em
crianças com uma doença chamada homocistinúria.
A homocisteína excede a sua
concentração no sangue quando há uma deficiência marcante de duas vitaminas do
complexo B na alimentação: o ácido fólico e a piridoxina (vitamina B6). E aí
ela torna-se até mais aterogênica do que o álcool, o fumo, a vida sedentária e
o abuso de café, que estão implicados também para elevá-la.
Há
estudos que evidenciam esse vínculo direto da homocisteína acima do normal (90 a 270 mg%) com a doença cardiovascular
isquêmica, responsabilizando-a como forte e independente terreno para
mortalidade por coronariosclerose.
O que
temos a fazer quanto à homocisteína aumentada é apenas suprir o organismo
carente com quantidades compensadoras de ácido fólico e vitamina B6, além de
acrescentar-lhes a B12. Tal suplementação é capaz de reduzir a taxa de
homocisteína em torno de significativos 50%. Não fora apenas essa proteção que
essas três vitaminas oferecem ao coração e aos vasos, elas estão indicadas para
os idosos em geral, fazem bem aos doentes crônicos e têm utilidade especial na
profilaxia e tratamento de suas respectivas carências.
No
capítulo 7 você vai se inteirar da prevenção prática ou correção desse
reconhecido fator condicionante de aterosclerose.
FIBRINOGÊNIO: QUAL A SUA ATUAÇÃO?
Desde
algumas décadas é conhecida a participação de certos fatores da coagulação do
sangue como risco para provocarem doença coronariana. E o fibrinogênio é um
deles.
Alguns
autores chegam a considerá-los capazes de atuar patologicamente nesses casos tanto quanto
os lipídios aumentados no sangue. Mas na verdade o fibrinogênio se enquadra –
como a proteína C-reativa, a homocisteína, a lipoproteína-a, a lipoproteína
VLDL e a leucocitose – no conjunto daqueles agentes apenas condicionais de aterosclerose, embora ele já tenha sido equiparado
até com a hipertensão como um aviso prévio de episódios trombóticos cerebrais.
À
semelhança da homocisteína, o fibrinogênio é uma proteína normalmente presente
no sangue e fabricada no fígado. Ele pode concorrer para esses acidentes
circulatórios de vários modos: aumentando a viscosidade sanguínea,
infiltrando-se nas paredes das artérias e, quando não, promovendo aglutinação
das plaquetas.
A
queda das taxas elevadas de fibrinogênio (as normais variam de 200 a 400 mg%) tem por fim
impedir a sua conversão em fibrina,
uma diferente proteína do plasma que,
sob a forma de filamentos, faz com que estes aprisionem as plaquetas do sangue
e o transforme na trama gelatinosa do coágulo. Quando ao coágulo aderem os
glóbulos vermelhos e brancos do sangue que vai circulando, o trombo é formado. Essa temível
transformação pode ser impedida com a mesma terapia que combate o colesterol
alto e a hiperagregação plaquetária. O tratamento vai proteger globalmente o
indivíduo, porquanto o colesterol e a agregação das plaquetas, do mesmo modo
que os triglicerídios, costumam estar elevados em bloco.
A PERIGOSA LIPOPROTEÍNA-a (LP-a)
A
importância dessa lipoproteína no desenvolvimento das placas não é menor do que
a do fibrinogênio e a de outros fatores do mesmo grupo. Ela é um preditor de doenças cardíacas tão
valioso quanto esses outros, dada a possibilidade de condicionar oclusões
arteriais perigosas.
A LP-a
vem a ser uma gordura que, quando excede o seu limite, adere ao LDL-colesterol,
dificultando a produção do plasminogênio, o qual tem o poder de dissolver
agregações trombóticas que podem se formar. Ela é capaz, assim, de propiciar
episódios agudos de isquemia do miocárdio por obliteração parcial das
coronárias. Isso é sustentado por estudos cinecoronariográficos (radiografias
das artérias do próprio coração – as coronárias – para se obter imagens que
permitem avaliar o fluxo de sangue por elas), que mostram existir correlação
entre os níveis da LP-a e a gravidade da estenose
coronariana.
Constatou-se que níveis
elevados de LP-a mantêm uma forte reciprocidade com o consumo de gorduras
hidrogenadas – as perigosas gorduras trans, que serão motivo de discussão num
dos itens do capítulo 7 vindouro.
Se um exame de sangue em jejum
revelar um valor de LP-a até 20 mg%, considera-se ele como taxa basal normal.
Mas se este limiar for ultrapassado indica que o indivíduo precisa abolir dos
seus hábitos alimentares aquele tipo de gordura e trocá-la pelas saudáveis.
Além do mais, ele tem que complementar a dieta com doses eficazes de vitamina C
e de colina para que a LP-a volte a normalizar-se, de sorte a ser mantido um
bom estado de saúde vascular.
COMO
AS GORDURAS SÃO TRANSPORTADAS NO SANGUE
Antes
de prosseguirmos com a descrição desses fatores que geram condições de risco de
aterosclerose, convém interrompê-la um pouco para esclarecer de que maneira as
gorduras são transportadas pelo sangue a fim de exercerem suas funções normais
no organismo. Vejamos como isto se dá.
As gorduras provenientes da alimentação não
circulam livremente no plasma (a massa líquida onde se movem os glóbulos
vermelhos e brancos, aas plaquetas e outros elementos), visto que elas não se
misturam com ele. Mas o fazem somente quando transportadas em veículos denominados
lipoproteínas. Com estas, sim, tanto o colesterol de baixa densidade (o
LDL) como o de alta densidade (o HDL), tal como os triglicerídios, os
fosfolipídios e alguns ácidos graxos livres, vão circular no sangue para
exercer suas funções.
E sob a forma de
lipoproteínas – mas apenas à custa de
sobrecarga de comida gordurosa ou muito rica em carboidratos, ou então pela
oxidação por radicais livres danosos
– é que o LDL-C, que representa 50% do total das lipoproteínas circulantes, vai
se infiltrar na íntima arterial para dar início à placa, sendo mais
infiltrantes as partículas pequenas e densas do colesterol LDL. E os
triglicerídios, os fosfolipídios e aqueles ácidos graxos também: só quando se
come muita gordura, muito carboidrato ou por conta de muito estresse oxidativo
é que eles se infiltram nas artérias.
A LIPOPROTEÍNA VLDL (de densidade muito baixa)
Esta
substância proteica, que também transporta gordura na corrente sanguínea, é
formada somente por partículas gordurosas grandes (as de LDL e HDL são
pequenas).
De
maneira análoga ao LDL-C, ao HDL-C, à LP-a e aos triglicerídios, a VLDL é
sintetizada no fígado e, em parte, no intestino delgado. Normalmente ela é
transportada até os músculos e tecido adiposo para ser armazenada e utilizada
como fonte de energia natural. No entanto, quando as VLDLs têm o seu nível
alterado no sangue (acima de 20 mg%), transformam-se em reconhecido fator de
aterosclerose.
Uma
alimentação com um teor de carboidratos apenas suficiente para que o metabolismo
dos glicídios se faça equilibradamente (suprimindo o açúcar comum, os doces e
reduzindo os hidratos de carbono refinados), e restrição de gorduras animais,
isso é tudo o que se deve ser feito rotineiramente por quem quiser ficar a
salvo deste fator aterogênico a mais.
Uma vez
passados em revista os chamados fatores de risco condicionais de aterosclerose;
já com algumas noções básicas de como preveni-la; e com bons conhecimentos a
respeito do endotélio – que encapa internamente todas as nossas artérias e
veias – é chegado o momento de, afinal e bem objetivamente, saber qual o
procedimento prático para interromper ou impedir a ocorrência ameaçadora dos
ateromas em nossa rede circulatória, e assim podermos fechar o capítulo em andamento.
VOCÊ PODE DETER A PLACA ATEROSCLERÓTICA
Se
bem que possa causar algum espanto, é surpreendente como a disfunção endotelial
levando ao ateroma já pode ser observada na primeira infância em razão de maus
hábitos alimentares arraigados no dia a dia. Ora sendo a comida caseira
oferecida pelos pais à mesa, ora sendo o que as crianças consomem nos bares das
escolas ou nas lanchonetes de rua, o fato é que no lar ou fora de casa é comum
as refeições serem servidas com alimentos e ingredientes supérfluos que iniciam
e aceleram a aterosclerose. E isso ocorre tanto com as crianças das classes
sociais mais altas quanto das mais baixas. Nossas crianças estão comendo cada
vez mais carboidratos e gorduras, o que não é nada bom.
Um
relatório recente da Força-Tarefa Internacional sobre Obesidade enviado à OMS
revelou que uma em cada dez crianças do mundo tem obesidade. E no Brasil,
segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia, 10 a 15% delas estão acima do
peso (um percentual que vem crescendo). É uma situação preocupante que sinaliza
para nós – pais, escolas, profissionais da saúde e governo – estabelecermos uma
estratégia global de combate a esse problema epidêmico.
Analisemos
juntos um dos tipos mais comuns de alimentação de rua e das refeições típicas
das cadeias de comércio fast food (comida
rápida). Em geral elas têm um alto valor energético, mas são pobres em
nutrientes verdadeiramente saudáveis. É fácil observarmos que elas são
compostas em boa parte por sanduíches de pão de farinha refinada com hambúrguer
ou outras carnes animais carregadas de gordura saturada; e que quase sempre são
acompanhadas de refrigerantes açucarados, maionese, sorvetes preparados com
leite gordo e açúcar comum, tortas, chocolate, batatas fritas e outras
frituras.
Com o
tempo, e sem terem quem os alerte, essas crianças e adolescentes – e até
adultos – seguem se deliciando ingenuamente com esses lanches, tão gostosos
quanto fáceis de encontrar nas cidades, mas cujo consumo vai levando à
obesidade e à deposição gordurosa de colesterol e outros lipídios em diferentes
áreas do endotélio das artérias. Esses depósitos transmudam pouco a pouco em
placas ateromatosas.
Em
síntese, o que acontece para a formação das placas, qualquer que seja o fator
de risco que as originem, é, em ordem: 1o) Um acúmulo de LDL-colesterol
e sua superoxidação por radicais livres em certos pontos do endotélio arterial,
de preferência onde as artérias se bifurcam. 2o) As células do
sangue denominadas macrófagos – que normalmente atuam em nossa defesa por
fagocitar micróbios, toxinas e substâncias estranhas destruindo-os e
digerindo-os – passam a reconhecer como anormais essas partículas de LDL, que,
dessa forma acumuladas e alteradas, não podem mais ser recolhidas de onde estão
pelo “bom” HDL nesta sua função de removê-las como o fazem em condições
normais, razão de, em sequência, os macrófagos englobarem e se apoderarem
desses depósitos de gordura para formar as células conhecidas como espumosas,
que compõem as estrias gordurosas (já visíveis a olho nu). 3o) Segue-se ali a aderência de plaquetas do
sangue circulante, às quais se juntam os fatores
de crescimento do endotélio (liberados por aqueles macrófagos), que por sua vez provocam a migração de
células musculares lisas da camada arterial média em direção àqueles pontos,
trazendo espessamento e o aparecimento de uma capa de fibrina no local. 4o)
Por fim, sais de cálcio se precipitam e endurecem a placa assim formada,
encontrando-a nesta fase já com numerosos e pequeninos vasos surgidos no seu
interior.
É
preciso acrescentar que os ateromas
aparecem de várias maneiras. E principalmente pelos seguintes motivos: por
uma ação traumática repetitiva no endotélio, como a que resulta da pulsação
intensa e intermitente do sangue de um indivíduo com a pressão alta (com isso
iniciando-se a disfunção endotelial em diversos segmentos de suas artérias);
pela atuação de um agente tóxico, tal o monóxido de carbono absorvido por um
fumante, ou outros gases, fumaças e vapores aspirados; pelo efeito, por
exemplo, da adrenalina secretada pelas glândulas suprarrenais no decurso das
situações estressantes do cotidiano e não superadas; pela ação continuada da
glicose alta no sangue, a qual agride essa importante e sensível capa interna
dos vasos facilitando o depósito de LDL-colesterol nas superfícies lesadas; ou
ainda, é claro, pela fixação das moléculas do LDL-C incorporadas nas gorduras
saturadas consumidas em excesso.
Qualquer
desses agentes, portanto, é capaz de danificar a camada endotelial e originar
placas ateromatosas, e tanto mais quanto maior a cronicidade com que eles agem.
No que interessa ao que virá suceder com a placa –
desenvolvida por um só ou pela combinação de fatores que geram a esclerose –,
ela pode permanecer estável ou progredir com o passar do tempo. Isso
vai depender muito da conduta alimentar e de outros procedimentos ligados ao
estilo de vida que a pessoa adotar
daí por diante. Assim, se quem já teve algumas placas pautar-se
decididamente pelos princípios sadios e agradáveis de alimentação – que
constituem verdadeiramente a boa nutrição, bem diferente da má alimentação –,
pelos exercícios adequados e regulares, por algum trabalho gratificante e pela
obediência irrestrita a um plano medicamentoso se indicado por profissional da
medicina, então haverá de correr tudo bem, eis que as placas já existentes não
deverão aumentar de dimensão, não haverão de fissurar com a resultante
hemorragia dos seus canalículos sanguíneos seguida de pequenos trombos
plaquetários que obliteram parcialmente a artéria, e nem sofrerão um rompimento
ocluindo totalmente a luz do vaso com um trombo maior. Ou seja, não ocorrerão
quadros de insuficiência coronariana (angina de esforço, angina instável,
infarto do miocárdio, ou morte súbita) nem tampouco leves ou graves episódios
de aterosclerose cerebral (evidenciados por distúrbios da memória ou do
comportamento, por progressão para ataques fugazes de isquemia cerebral
transitória, por um quadro clínico de típica trombose cerebral e suas sequelas
neurológicas, ou por um estado de coma fatal consequente seja a uma grave
trombose ou a uma hemorragia pelo rompimento de artéria ateromatosa).
Sob
outra ótica, esse risco de episódios
agudos da doença aterosclerótica é muito importante de ser focado exclusivamente na maturidade, em virtude do
crescimento proporcional desse grupo etário que vem sendo notado quase no mundo
inteiro. Para exemplificar, nos EUA 60% dos infartos do miocárdio acontecem
em indivíduos com mais de 65 anos de idade. E quando se atenta para os cidadãos
de lá acima dos 75, 30% deles são acometidos desses eventos trombóticos nas
coronárias. Anualmente, cerca de 1,5 milhão de pacientes têm infarto cardíaco
naquele país, e 25% de todas as mortes que lá ocorrem derivam desse acidente
circulatório.
Entretanto,
tem havido um claro e gradativo declínio dessa grave cardiopatia nos EUA. De
acordo com estimativas recentes, essa retração pode ser atribuída aos avanços
técnicos das unidades de terapia intensiva, à educação popular para uma
ressuscitação pré-hospitalar que o governo norte-americano implantou (massagem cardíaca e respiração boca-a-boca,
com os primeiros socorros feitos em casa ou na rua dentro de seis a 12 minutos logo após o evento e ainda antes da
hospitalização), e às novas estratégias de tratamento clínico e cirúrgico
dedicadas à doença isquêmica do coração.
O
processo escalonado da coronariosclerose, que é de importância categórica na
saúde humana e por isso incluído obrigatoriamente em qualquer assunto que
abarque o envelhecimento, pode então ser resumido em três etapas de
desenvolvimento: a formação da placa (a atuação crônica dos agentes formadores
pode atingir um, dois, três, quatro ou mais vasos), o estreitamento da passagem
para o sangue que ela causa, e a sua ruptura com a subsequente formação de
trombo parcial ou totalmente oclusivo.
Diante
disso, torna-se imperioso fazermos o que estiver ao nosso alcance para deter
essas alterações, envidando esforços para nem ao menos surgirem, seja nas
coronárias, seja também nas artérias cerebrais, já que a aterotrombose não
deixa de ser uma alteração generalizada. Tratar
qualquer fator de risco que já estejamos
abrigando é uma providência indispensável. Neste sentido, um bom resultado, tão
esperado como compensador, dependerá muito de aplicarmos, com naturalidade e
obstinação, as normas gerais dietéticas e de estilo de vida que vão sendo
mostradas, todas elas úteis na mesma medida que as substâncias medicamentosas
prescritas pelo médico. Tal conduta nos motiva a convidar o leitor a
conhecer logo a seguir o papel imprescindível que as gorduras e os carboidratos
exercem no organismo, e a clara relação entre eles e um envelhecimento sadio.
CAPÍTULO 3
DE QUE MANEIRA AS
GORDURAS E OS CARBOIDRATOS EM DEMASIA FAZEM ENVELHECER E COMO
SELECIONÁ-LOS
INTRODUÇÃO
Neste
terceiro bloco você vai perceber que da mesma forma que as gorduras da
alimentação (chamadas de lipídios, e
em 95% do total representadas por ácidos
graxos) influem marcadamente na saúde e têm na dosagem do colesterol e de
determinados lipídios do plasma um seguro indicador capaz de antever a
aterosclerose, os hidratos de carbono ingeridos também interferem
substancialmente para um estado vascular melhor ou pior. Para isso contamos com
a verificação dos triglicerídios e da glicose – um exame laboratorial de tanta
importância que permite avaliar não só o metabolismo dos glicídios, mas também
predizer a degeneração das artérias.
Será
observado ainda que comendo e bebendo sem exageros, vale dizer, fazendo apenas
uma dieta simples, mas equilibrada, pode-se manter bons níveis de colesterol,
triglicerídios e glicose, ao mesmo tempo em que isso proporciona uma boa
prevenção dos efeitos oclusivos da aterosclerose coronariana e cerebral,
seguramente os responsáveis pela mais alta morbimortalidade atual das pessoas
adultas das nações desenvolvidas e em desenvolvimento, Brasil no meio.
Depois
disso serão conhecidas em detalhes bastante interessantes as espécies de
gordura que costumam entrar na alimentação habitual moderna (gorduras
saturadas, poli-insaturadas e monoinsaturadas) e quais são as escolhas mais
convenientes a fazer entre elas, podendo ser entendido, em prosseguimento, o
forte poder preventivo dos ácidos graxos ômega-3, 6 e 9 e, por outro lado, o
perigo que representam as gorduras do tipo trans.
As
gorduras são, na realidade, a maior fonte quantitativa de energia para as
necessidades vitais, posto que 1
g delas fornece 9 calorias, ao passo que 1 g de proteínas, tal como 1 g de carboidratos, produzem 4
calorias (1 cal é a quantidade de calor necessária para elevar em 1 oC
o volume de 1 cm3 de água). E estes três macronutrientes são, como o
4º deles – a água –, indispensáveis à vida humana.
Em
adição, neste capítulo será conceituado o que nós médicos chamamos de síndrome metabólica, de notável influência
no desencadeamento da aterosclerose e onde os triglicerídios desempenham
relevante papel.
Por
fim, vai ser explicada a origem do diabetes melito, um distúrbio glandular do
pâncreas que altera expressivamente o metabolismo dos carboidratos e que assola
a humanidade em proporções assustadoras.
Leia o
texto com especial atenção, para que possa aproveitar depois sólidos
conhecimentos do singular capítulo que virá suceder a este – o diabetes.
A FUNÇÃO DO COLESTEROL, DOS TRIGLICERÍDIOS E DA GLICOSE
Na mesma proporção que as gorduras, o consumo
exagerado dos carboidratos leva ao desenvolvimento de esclerose em nossas
artérias. Abusar dessas duas classes de
alimento, em especial das gorduras saturadas (animais) e dos carboidratos
refinados (processados industrialmente para se tornarem mais finos), faz subir
o colesterol, os triglicerídios e a glicose. Todos três têm poderosa influência
na produção das placas ateromatosas, embora em níveis normais eles exerçam o
seu papel útil e essencial para o organismo, a saber:
1) O
colesterol (70% fabricado no fígado e 30% proveniente da alimentação) participa
na formação de alguns hormônios, na origem da bile e na síntese da vitamina D.
A par disso, integra o citoplasma (parte intermediária da célula contendo o
núcleo e seus elementos) e a membrana protetora que envolve todas as nossas
células.
2) Os
triglicerídios (também elaborados no fígado por uma parte, no tecido adiposo
por outra e procedentes ainda das gorduras que ingerimos, mas gerados
principalmente pelos açucarados e outros carboidratos de variadas fontes) têm
sua utilidade na produção da energia muscular diária. Daí que se as nossas
atividades rotineiras não necessitarem de toda a energia trazida pelos
triglicerídios (eles normalmente se acumulam nos tecidos gordurosos), iremos
engordando gradativamente.
3) E a
glicose, por sua vez, participa vitalmente do metabolismo, eis que é o elemento
combustível de todas as células funcionantes dos tecidos que nos formam.
OS ÍNDICES DOS LIPÍDIOS
Está
universalmente estabelecido que as taxas de gordura do sangue precisam ser
verificadas preventivamente pelo menos uma vez por ano. Esse exame se impõe a
partir dos 40 anos de idade, tendo de fazer parte, ao lado de outras
investigações laboratoriais, de uma avaliação clínica abrangente (check-up), a qual deverá ser realizada
por um bom médico que, obrigatoriamente, tem que estar atento ao indivíduo como
um todo.
Níveis
de colesterol total (LDL+HDL+VLDL) até 240 mg% são os considerados normais num
adulto sadio. O colesterol LDL (“Low Density Lipoprotein”, ou seja,
lipoproteína de baixa densidade) é tido como normal se revelar ao exame em
jejum uma cifra de até 160 mg%. E o colesterol HDL (“High Density Lipoprotein”,
isto é, lipoproteína de alta densidade) tem seu normal de referência quando se
acha acima de 35mg%.
Para
efeitos práticos, quanto mais baixo for o LDL-C (o “ruim”) e mais alto o HDL-C
(o “bom”), melhor para nós e mais segura a nossa proteção contra o
envelhecimento.
O LDL é o “mau” colesterol por ser a gordura
principal das placas ateroscleróticas – formações que aderem à camada interna
das artérias obstruindo-as paulatinamente, de
acordo com aquilo que já observamos. E o
HDL é o “bom” colesterol em virtude de ser ele que remove o LDL excessivo do
sangue, das artérias e de outros tecidos e o faz retornar ao fígado para ser
processado de novo e exercer suas funções. A cardioproteção conferida pelo
HDL-C parece derivada desse seu papel no transporte reverso do colesterol LDL, removendo-o das placas já em
desenvolvimento nas artérias.
Por outro lado é
oportuno frisar que modernamente essas taxas de colesterol citadas são aceitas
como normais nas pessoas sadias e sem quaisquer fatores de risco que as
conduzam à aterosclerose precoce das coronárias. (Coronariosclerose precoce é a que produz
manifestações clínicas antes dos 55 anos em homens e nas mulheres que ainda não
completaram 65.)
Entretanto,
basta alguém ter um ou mais fatores de risco daqueles relacionados no início do
capítulo anterior, que um efetivo controle deverá ser feito para a obtenção de
níveis de LDL-C mais baixos do que os 160 mg% de limite para as pessoas hígidas
e segundo os índices estabelecidos pela Sociedade Brasileira de Cardiologia,
entidade que segue as mesmas diretrizes da Associação Americana de Cardiologia
(logo adiante você os verá).
Tem
sido fartamente demonstrado por diversos e respeitáveis relatórios que as pessoas adultas das localidades de maior
avanço e onde habita muita gente morrem mais por doenças das coronárias do que
por qualquer outra enfermidade. Pode-se lembrar que nos anos 60 e 70 do
século XX, dados sobre a população japonesa mostravam que quando o colesterol
LDL do sangue era reduzido e mantido ao redor de 160 mg% a ocorrência de doença
coronariana já era extremamente baixa, mesmo diante da alta incidência de
hipertensão arterial e tabagismo naquela época. Evidenciava-se, então, que
taxas de colesterol jogadas para baixo, sobretudo na sua fração mais
aterogênica (o LDL-C), representavam uma forma bem eficaz de se prevenir episódios
cardiovasculares de natureza aterosclerótica.
Não
são poucos os estudos de prevenção primária de doença das coronárias (primária
significando que o indivíduo não venha apresentar em sua vida qualquer problema
coronariano) e de prevenção secundária (para quem já sofreu angina de peito,
infarto do miocárdio ou outra complicação de cardiopatia isquêmica) que
confirmaram o seguinte: para cada diminuição de 1% no colesterol total há uma
simultânea queda de 2% na ocorrência de embaraços às artérias do coração.
Se,
por coincidência, for esse o seu caso (acompanhado ou não de mais um ou
quaisquer outros fatores de risco), acredite que um sério esforço para diminuir o colesterol LDL costuma mudar a
progressão da doença coronariana e
resulta num gratificante resultado.
Não
é difícil o caro leitor dimensionar a importância que nós, médicos, damos em
baixar ao máximo o LDL-C, sobretudo com o uso combinado de uma dieta pobre em
gorduras saturadas aliada a uma sinvastatina ou fibrato, a uma aspirina ou a
outro tromboprofilático.
–
Descer o nível do colesterol LDL (“ruim”) até aonde? – há de se perguntar.
Com o
passar do tempo os parâmetros em relação tanto às gorduras do sangue quanto aos
glicídios e diversos outros elementos bioquímicos têm mudado para níveis mais
rígidos visando a uma proteção maior aos homens e mulheres. Há 50 anos passados, por exemplo, os índices do colesterol
total eram considerados normais até um limite de 300 mg%. Mas hoje – começo do
século XXI – esse limiar despencou para 240 mg%, e os consensos recomendam
valores de LDL-C para a prevenção de doença coronariana nos seguintes moldes:
1)
Na prevenção
primária:
< ou =160 mg% (menor ou igual a
160 miligramas por cento) se a pessoa tiver só um fator de risco;
< ou =130 mg% (até 130) se
tiver dois ou mais fatores;
< ou =100 mg% (até 100) se
tiver só diabetes como fator de risco, ou diabetes associado a outro ou mais
fatores de risco.
2)
Na prevenção
secundária:
máximo de 100 mg% de LDL-C.
Nessas
duas situações, tanto para quem nunca apresentou como para quem já teve um ou
mais episódios envolvendo as coronárias, os níveis de HDL-C devem estar acima
de 35 mg%, e os níveis de triglicerídios abaixo de 150 mg%.
AS GORDURAS DE BOA QUALIDADE
Buscando
proteger a saúde cardiovascular dos seres humanos, pesquisadores e viajantes
interessados no envelhecimento notaram que nos povos que habitam os territórios
gelados do nosso planeta – grandes consumidores de gordura animal das focas e
baleias, as quais se alimentam dos peixes lá existentes que, por seu turno, se
abastecem de algas marinhas – o índice de mortalidade por doenças do coração e
dos vasos era muito pequeno quando confrontado com o de outras regiões da
Terra. Baseados nessa constatação, eles concluíram que as gorduras de todos aqueles
seres marinhos de águas frias e profundas são abundantes em matérias graxas
essenciais que protegem os vasos sanguíneos. São gorduras essenciais no
sentido real da palavra, por serem indispensáveis, uma vez que o nosso
organismo, da mesma forma que acontece com as vitaminas, não é capaz de
produzi-las. Elas só podem ser obtidas por meio da alimentação, ou quando não,
pelo uso de suplementos.
.
Ácidos graxos (gorduras) essenciais ômega-3 e
6
Aqui
se enquadram, principalmente, o DHA (ácido decohexapentaenoico) e o EPA (ácido
eicosopentaenoico). São gorduras pertencentes à categoria dos ácidos ômega-3, abundantes no salmão, no atum, na
sardinha, no arenque, na anchova, no hadock, na cavalinha e no bacalhau.
Contendo
excelentes gorduras antioxidantes e anti-inflamatórias, esses peixes podem ser
encontrados facilmente no comércio varejista, sendo ricos em óleos saudáveis,
vitamina E e selênio. Eles devem fazer parte habitual de toda dieta
antienvelhecimento e sempre que possível duas ou mais vezes por semana (mas não fritos).
As
valiosas propriedades desses peixes se devem à queda dos triglicerídios que os
seus óleos promovem (o endotélio vascular fica protegido contra trombos), à
prevenção da morte súbita por arritmia cardíaca, à ótima fonte de proteínas animais
que eles são, e ao acreditado poder anticancerígeno que se lhes atribui quando
não enlatados e nem passados por fritura.
São
também especialmente beneficiados com os óleos extraídos desses seres aquáticos
os pacientes com certas afecções da pele, alguns tipos de colite, osteoporose,
distúrbios do crescimento e moléstias do grupo autoimune, onde as células de
defesa da própria pessoa se voltam contra ela: lúpus, artrite reumatoide,
esclerose múltipla, febre reumática, miastenia, diabetes tipo 1, periarterite
nodosa etc.
Outros alimentos naturais contendo
os ômega-3 são as nozes (elas reduzem o “mau” colesterol), as castanhas, a
amêndoa, a avelã, o germe de trigo e de outros grãos, a semente de linhaça e o
seu óleo, e a gema de ovos. Todos eles são bem ricos em ácido alfalinoleico e
fazem parte dessa cadeia dos ômega-3.
Quanto
às gorduras essenciais ômega-6, elas se encontram em maior concentração no
óleo de soja, de milho, de girassol, de algodão e de canola. Este último é extraído
da colza, denominada também canola –
uma planta derivada da simbiose de couve com nabo e cujas sementes, por serem
ricas ainda em ácidos ômega-3, fazem do seu óleo o melhor entre eles todos. Não
é pouca também a quantidade de ômega-6 na gema dos ovos, sendo igualmente
representada pelo GLA (ácido gamalinoleico), abundante nas sementes de barragem
e de prímula, mas pouco comercializadas no Brasil e sem o poder de combate aos
radicais livres e à inflamação que as gorduras do grupo 3 carregam.
Consumo
diário dos ácidos ômega-3 e 6: 4
a 8 g .
Vale
ressaltar que o azeite de oliva (das
azeitonas), na verdade não se qualifica como um ácido graxo essencial, mas sim
vem a ser uma gordura monoinsaturada que os químicos e nutrólogos separaram num
grupo especial, o dos ácidos ômega-9, ganhando entre essas gorduras o
nome de ácido oleico. A noz do
tipo macadâmia, o amendoim e seu óleo, o óleo de gergelim e o de abacate (tal
como a própria fruta), fazem companhia ao azeite como boas fontes naturais de
ácidos graxos neste conjunto à parte de gorduras saudáveis.
Um
tamanho valor é conferido ao azeite de oliva na época atual, que a antiga e
famosa “Dieta do Mediterrâneo” ainda tem sido copiada e aplicada como um modelo
para a longevidade, dando uma proteção especial contra as doenças
ateroscleróticas e, concomitantemente, mostrando barreiras contra o câncer. Ela
é constituída de verduras e frutas frescas, cereais integrais, feijões e outras
leguminosas, batatas, peixe, vinho tinto e bastante azeite de oliva – a principal
fonte de gordura da dieta. Além disso, pouco açúcar e poucos laticínios, exceto
queijo (em moderada quantidade). Em adição, uma sesta após o almoço, a par de
intensa atividade física como norma de vida, sempre foram rotina nesses países
do Mediterrâneo.
Mesmo
que alguns desses alimentos já preencham as refeições do prudente leitor
voltado à preservação da saúde, recomendamos, se for viável, que nenhum deles
falte no cardápio variado de quem quer que deseje manter-se sadio. Cumpre
esclarecer que os azeites “extravirgens”, mais caros do que os tradicionais,
ganharam fama há poucos anos por serem prensados a frio na primeira passagem de
sua fabricação (com isso eles conservam de maneira mais consistente as
qualidades integrais do óleo de oliva).
Três tipos de gordura
Neste tema
sobre as gorduras, que junto às proteínas, aos carboidratos, à água, às
vitaminas e aos minerais compõem o desenho alimentar completo (vitaminas e
minerais são micronutrientes), faz-se
necessário diferenciá-las em três tipos, usualmente citados nas publicações
sobre elas e presentes nos rótulos de uma grande série de produtos prontos para
o consumo. São as gorduras saturadas,
poli-insaturadas e monoinsaturadas,
cabendo aqui conceituarmos também as gorduras trans.
Pesquisas
divulgadas sobre o colesterol e os lipídios já deram provas que nos países onde
a comida é mais farta em gorduras saturadas e colesterol é mais alta também a
taxa de sofrimento e de óbito por doenças da vasculatura cardíaca e cerebral,
particularmente por aterosclerose das coronárias (Finlândia, por exemplo). Ao
passo que nas nações onde esse consumo é menor, como ocorre no Japão, decresce,
em paralelo, a incidência delas. Porém, estudos congêneres revelaram que os
japoneses que mudaram de seu país para o Havaí, onde os hábitos alimentares
incluem o óleo de palma e a banha de coco (ricos em gordura saturada, embora de
origem vegetal), tiveram o seu colesterol mais elevado e maior mortalidade em
consequência de doenças cardiovasculares. E corroborando esse fato, outros
japoneses, que passaram a morar em São Francisco (EUA) e anexaram costumes
norte-americanos de uma alimentação muito rica em gorduras animais com alto
grau de saturação e colesterol, também o tiveram elevado e foi maior o
obituário por angina, infarto e arritmia seguida de morte súbita na comparação
com aqueles que não emigraram do lugar onde nasceram.
Analisemos as vantagens e desvantagens dos
três tipos de gordura consumidos habitualmente.
Saturadas
– São as gorduras provenientes de animais e alguns vegetais que, de líquidas
que eram, ficam sólidas à temperatura ambiente. Todas elas aumentam o
colesterol LDL.
Exemplos
de saturadas animais: carnes gordas em geral (exceto de peixes), carne-vermelha
(de boi e de porco, entremeadas de gordura), banhas, toucinho, paio, bacon, pele de aves e torresmo,
salsicha, linguiça, mortadela, salame, presunto e outros frios, patês, fígado
bovino e outras vísceras de boi (coração, rim, bofe – pulmão – e miolo), gema
de ovo e maionese (feita com gemas), frutos do mar (caranguejo, camarão, polvo,
lagosta, lula, marisco etc.), leite integral ou semidesnatado e seus derivados:
manteiga, margarinas (as enriquecidas com fitosteróis e as light não são saturadas), queijos gordos (prato, parmesão,
catupirí, requeijão e outros), creme de leite, nata, chantilí, coalhada e
iogurte (exceção para estes dois últimos preparados com leite desnatado), e
frituras de todo tipo, as quais promovem elevação do colesterol aterogênico
(LDL).
As
saturadas vegetais incluem: a gordura de coco, o próprio coco e o azeite de
dendê – as mais usadas em nosso país.
Poli-insaturadas
– São as gorduras representadas por aquelas que ficam semilíquidas à
temperatura do ambiente e que podem até baixar os níveis do LDL-colesterol.
Origem:
certos óleos vegetais (girassol, canola, milho e soja), algumas margarinas
cremosas e determinados óleos de peixe. Estes, bem como as margarinas
especialmente dotadas de fitosteróis, têm algum poder anticoagulante e
anti-inflamatório sobre o endotélio das artérias.
Monoinsaturadas – São as gorduras que não afetam o colesterol, isto é, nem
o abaixam quando elevado nem o elevam quando normal, permanecendo semilíquidas
ou ficando líquidas à temperatura em volta.
Exemplos:
o azeite de oliva e as azeitonas, e o óleo das nozes, do amendoim, das
castanhas, das avelãs e das amêndoas – todos valiosíssimos antioxidantes, que
ainda serão referidos no 5º capítulo.
As péssimas gorduras trans
Gorduras
trans são óleos vegetais tanto poli quanto monoinsaturados que, de naturais e
de boa fonte que provinham, tiveram extraída artificialmente uma ponderável
parcela dos seus ácidos graxos essenciais para, em lugar deles, ser introduzido
o hidrogênio. Por esse método elas ficam transformadas em “parcialmente hidrogenadas”,
um pouco sólidas e mais práticas para a venda ao consumidor.
São
gorduras trans: as margarinas em sua grande maioria, numerosos cereais
fritos em óleo poli-insaturado e acondicionados em saquinhos hermeticamente
fechados (batatinhas fritas e similares) e a própria batata frita comum, cuja
gordura, seja qual for o óleo empregado na fritura, se modifica para trans. Tem
sido fortalecida a suposição de as batatas fritas em geral ocasionarem a
produção de uma substância chamada de acrilamida, incriminada como provocadora
de câncer gástrico. Até o azeite, que é extremamente saudável quando frio, se
for aquecido a ponto de provocar fumaça origina substâncias reconhecidamente
cancerígenas.
Há
pessoas que têm como certo ser a manteiga mais saudável do que a margarina. A
polêmica sobre as duas pode deixar de existir se elucidarmos a verdade:
A
manteiga (gordura do leite de vaca) é rica em dois ácidos graxos saturados, o
butírico e o caproico. Se mal ela não parecia fazer há algumas décadas, quando
a vida era menos estressante sob vários aspectos, a atmosfera nas cidades
oferecia um ar bem mais puro, o meio ambiente era pouco ruidoso, havia muito
menos máquinas e maior era a atividade física no trabalho (tudo isso
compensando de certo modo o dano aterosclerótico às artérias por aqueles ácidos
graxos saturados), hoje em dia, muito pelo contrário, o corre-corre nos
agitados centros populacionais (estressante, com o ar poluído, ruídos
assustadores, violência muito maior, alimentação desregrada e menor trabalho
físico) não permite que aquela injúria à capa interna das artérias e a outras
células do organismo causadas pelas gorduras da manteiga sejam minimizadas
pelas vantagens de outrora.
Até
porque atualmente numerosas empresas industriais conseguem fabricar produtos
vegetais, como certas margarinas, praticamente isentas de gorduras trans. E com
bem menos saturação, tornando-as mais sadias e apropriadas ao uso do que a
manteiga.
As
margarinas comuns contêm entre os
seus ingredientes cerca de 80% de óleos e gorduras de origem vegetal, com um
valor calórico em torno de 720 calorias por cada 100 g (mesmo teor de calorias
da manteiga). Mas os cremes vegetais e as
halvarinas (estas designadas também de margarinas light) apresentam um teor dessas gorduras bem menor, e o valor
calórico reduzido quase à metade. Elas se destacam também, nessa maior
preferência que modernamente desfrutam em relação à manteiga pela abundância em
ácidos graxos poli-insaturados da sua composição, além das vitaminas A e D que
as autoridades governamentais obrigam a acrescentar às suas fórmulas.
E como
se não fossem suficientemente alentadoras essas propriedades, já existem margarinas enriquecidas com fitosteróis. Fitosteróis são substâncias
encontradas em algumas verduras, frutas, e nos óleos de soja, de canola e de
girassol. Elas atuam protegendo de forma especial as membranas celulares em
geral, do mesmo modo que o faz o colesterol em uma de suas funções normais.
Além disso, os fitosteróis reduzem o colesterol LDL ao redor de 10% se estiver
acima do normal, porque impedem a absorção dele no intestino delgado. Uma
colher das de sopa (15 a
20 g )
diária dessa margarina torna-a particularmente saudável.
OBTENHA O MÁXIMO PROVEITO DAS GORDURAS
Saber
como tirar o melhor partido das gorduras da nossa alimentação é de uma
importância excepcional para a saúde. Ao lado do que já nos reportamos sobre o
colesterol nos capítulos 2 e neste, ficaríamos gratificados se o leitor
colhesse todos os benefícios dos ácidos graxos da dieta, os quais procuramos
apresentar resumida e claramente a seguir.
Sendo
inquestionáveis as evidências de que as gorduras são componentes energéticos de
influência crucial no que se refere ao estado do coração e dos vasos
sanguíneos, a escolha delas tem que ser racional e bem feita como parte de uma
dieta equilibrada. Por consequência, no critério de seleção delas se impõe, no
ato da compra dos alimentos em geral, uma leitura, nem que seja rápida, do tipo
de ingredientes gordurosos gravados nos rótulos dos potes, dos vidros, das
latas ou de outras embalagens. Fazendo assim, podemos ficar certos de que tal
procedimento estará nos habilitando a uma vida no mínimo mais sadia e duradoura
do que se esse cuidado não fosse tomado.
Na
prática, o que podemos fazer então com o objetivo de manter um regime salutar
sobre gorduras é o seguinte:
1. Se
houver obesidade em jogo, estabelecer uma restrição substancial de carboidratos
refinados e açúcar comum haja vista a necessidade de se normalizar o peso e os
triglicerídios do sangue se estiverem elevados, o que é frequente suceder com
estas gorduras nos obesos. Para isso, o que se tem a fazer é: trocar o açúcar
refinado por um dos edulcorantes relacionados no capítulo sobre diabetes (logo
a seguir); substituir o arroz branco pelo integral e as massas comuns pelas
elaboradas com farinha integral; mudar do pão comum para os de fôrma sem
açúcar, sem gordura e com fibras; deixar de lado os pães e biscoitos doces, croissants, bolos, tortas, pudins,
chocolates, doces de confeitaria, goiabada e outros doces em pasta, e balas,
chicletes, sorvetes e iogurtes que levam açúcar. Bebidas e refrigerantes, só
sem ele também. Quanto aos sucos de fruta, diluí-los em água e adoçá-los com
substitutos do açúcar ao invés de bebê-los puros e calóricos.
Está
comprovado que a retirada do amido excessivo e do açúcar refinado, por cujo
consumo o homem civilizado vem prejudicando impiedosamente a saúde, não só
ajuda a perder peso como conta muito para impedir ou deter a aterosclerose e o
diabetes.
2. Substituir
as gorduras animais por óleos vegetais no preparo da comida. Em outros termos,
o óleo de soja, de canola ou de linhaça e o azeite tomam o lugar da manteiga,
da banha, do toucinho, da gordura de coco e do azeite de dendê. A margarina sem
gordura hidrogenada pode ser usada em vez da manteiga.
3. Não
ultrapassar a ingestão de 200
g de carne por dia, escolhendo de preferência a dos
peixes e a carne branca de frango ou de peru sem pele. A carne dos peixes e
aves são as prediletas porque tanto a carne bovina quanto a de porco têm
gordura saturada de permeio, que em boa parte é visível. As carnes escolhidas devem ser magras. Grelhadas, cozidas, assadas
ou ensopadas são as melhores (desprezar o molho das ensopadas, que concentra
gorduras). E as pessoas que desejam uma melhor digestão e querem livrar-se de
diversos padecimentos, devem evitar terminantemente as frituras: bifes à
milanesa ou de frigideiras comuns (preferir as de téflon, um composto de
material antiaderente e atóxico para a saúde), bolinhos fritos, o hambúrguer
frito na chapa, empanados em geral, rissoles, pastéis, batatas fritas etc.
Abandonar empadas, empadões e pizzas
auxilia também de uma maneira prática para não engordar e mexer com os lipídios
e a glicose do sangue.
Se faltar carne por qualquer motivo (de vaca, de peixe ou de ave), as proteínas dela podem ser
trocadas por clara de ovo (duas claras cozidas equivalem a um bife de tamanho
médio); e no tocante à gema, no máximo duas por semana. Na falta da carne, ela
pode ser substituída também pelas leguminosas: feijão, ervilha, lentilha, fava,
grão de bico e soja, destacando-se esta última, que em 1 kg tem o equivalente
proteico de 2 kg
de carne bovina, de 60 ovos de galinha e de 12 litros de leite. Além
do que, a soja permite uma variedade de preparações culinárias apreciadas por
muita gente (veja em fontes de vitamina E, capítulo 5).
Ainda
substituem a carne: as gelatinas (ricas em proteína animal e feitas de ossos de
boi pulverizados sem gordura alguma), o leite desnatado e o de soja (este não
contém lactose), e os queijos magros: ricota
(sem sal nem gordura), tofu (feito de soja) e tipo cottage que leva fermento lático, coalho e quase nada de gordura).
Os queijos amarelos, o creme de leite e o requeijão são carregados de gordura
animal saturada e devem ser abolidos; e o queijo do tipo “Minas” e moçarela
podem ser consumidos, mas com reservas. O iogurte e a coalhada puros têm uma
razoável quantidade de proteínas, sendo ambos também capazes de remediar a
falta de carne.
Toda
carne de vaca, de pato ou de galinha gorda, a carne de porco, o bacon, o presunto gordo, a linguiça, a
salsicha, os salames, a mortadela, o fígado bovino, o toucinho, o tutano, o
miolo, os patês, a viandada e demais alimentos gordurosos animais não
mencionados até aqui – tudo isso contém gordura proveniente de seres que o
homem tem de sacrificar para comer e que acelera a inflamação e degeneração
aterosclerótica, obstrui as artérias e tem de ser descartado de uma alimentação
saudável (é o que apregoam determinadamente os vegetarianos). Ademais, algumas
dessas gorduras quando levadas ao fogo adquirem um forte poder de deflagrar
câncer nas pessoas predispostas que comem elas repetidamente. Isso ocorre a
olhos vistos com o hambúrguer e com aquelas partes tostadas e transformadas em
pedacinhos pretos carbonizados das carnes de um churrasco, churrasquinho ou
quaisquer outras esquentadas em chapas.
5.
Evitar as refeições vendidas como “prontas”, tais as sopas de pacote, porque
costumam ter muito amido e gorduras.
6. Os
bolos, as tortas, os pudins, os biscoitos açucarados, recheados ou
amanteigados, os doces comerciais, e até mesmo muitas outras sobremesas
caseiras, quase sempre levam gema de ovo, manteiga, muito açúcar, coberturas
carameladas, farinha de trigo, chocolate, coco, leite natural, leite
condensado, nata ou creme de leite. Não é por menos que eles devem dar lugar
aos pãezinhos, às torradas, às tortas, aos biscoitos e aos bolos feitos em casa
com leite desnatado, com margarina ou óleos qualificados, farinha integral,
nozes, mel ou edulcorante ao invés do açúcar-de-cana. Ou então serem trocados
por frutas frescas, por algum sorvete de frutas que não tenha açúcar, por
gelatinas ou compotas não açucaradas, que é o melhor que se tem a fazer em
matéria de sobremesas. Estas não são, em realidade, obrigatórias após um almoço
ou jantar para que a nutrição seja considerada perfeita, e com isso se reduz o
total de calorias e o ganho de peso. Haverá maior proveito se esses exemplos de
sobremesa forem reservados para uma colação (pequena refeição cerca de duas a
três horas após as principais), seja matinal, como lanche da tarde ou ceia
noturna.
8. Seguir este regime com rigor e habituar-se a
ele, onde quer que se esteja, é de grande valia, pois somente assim o
colesterol e os triglicerídios tendem a se firmar em níveis satisfatórios. E
praticar exercícios. Pouco adianta fazer a dieta pela metade e ficar sem
exercícios. Todavia, se apenas de vez em quando esses alimentos e guloseimas
contraindicados acima forem consumidos parcimoniosamente, essa transgressão não
deve suscitar sentimento algum de culpa ao infrator, visto que dessa forma
eventual praticamente nada acrescentarão.
9. Por fim, se antes da
adoção destas normas relativas às gorduras da dieta as suas taxas de colesterol
ou de triglicerídios eram elevadas e você procurou segui-las durante dois ou
três meses sem sucesso, torna-se obrigatório fazer mais alguma coisa para
reverter isso. Por ordem médica, mas mantendo essa mesma conduta sensata sobre
gorduras, deverá ser introduzido um medicamento hipolipemiante diário que,
associado à correção de outros fatores de risco por acaso presentes, não vai
deixar que mais placas ateromatosas se organizem nas suas artérias e vai deter
o agravamento de outras, quem sabe, já existentes. O resultado, confie, vai
compensar, porquanto você, com certeza, vai coibi-las. E toda sua circulação
tenderá a melhorar.
PROTEJA-SE DOS TRIGLICERÍDIOS E DA TEMÍVEL SÍNDROME METABÓLICA
Se
as gorduras designadas de triglicerídios não chegam a atingir o mesmo patamar
de importância que o colesterol exerce na aterosclerose humana, pelo menos
ficam bem perto dele. Isso vem atestar a influência que elas têm nas placas que
se formam nas artérias do corpo prejudicando a circulação e acelerando o
envelhecimento.
Valores dessas gorduras superiores a 150 mg%
são indesejáveis, porque acima deste índice diminui a destruição da fibrina
(aquela proteína do plasma que leva à formação de coágulos) e o sangue se
espessa, podendo surgir trombos oclusivos arteriais ou venosos nos membros inferiores,
nos olhos (retina), nos pulmões, no coração ou no cérebro.
Observações clínicas revelam que os
triglicerídios elevados e o HDL-C baixo costumam se modificar juntos para
estragar o perfil lipídico (quadro das gorduras do sangue, isto é o lipidograma) de uma pessoa e
aumentar-lhe consideravelmente a possibilidade de adoecer das coronárias. E se
a essas gorduras assim alteradas se agregarem partículas pequenas e densas de
LDL-C (mesmo sem ele ter subido), então o indivíduo passa a abrigar uma combinação
de alto risco para gerar lesões obstrutivas nas artérias.
Não se
espante se dissermos que os níveis altos de triglicerídios exacerbam a
incidência de doença cardíaca coronariana em 30% dos homens e mais do que o
dobro disso nas mulheres: 70%. Aliás, pessoas com taxas altas de triglicerídios
costumam apresentar simultaneamente: resistência à insulina; intolerância à
glicose (glicemia de jejum acima de 110 e mais baixa do que 126 mg%) ou então
taxas já de diabetes (126 mg% ou mais); um HDL-C aquém do normal (o normal é de
35 mg% ou acima disto); pressão alta (= ou > 140/90 mmHg); obesidade (IMC =
ou >30 kg/m2) do tipo central (abdominal); e microalbuminúria (excreção de albumina na
urina >30 mg/24 horas, o que é um forte indício de doença cardiovascular). São alterações que compõem uma polêmica
síndrome (conjunto de sintomas e sinais) denominada pela OMS de síndrome metabólica, e por muitos autores referida como síndrome X, síndrome plurimetabólica ou síndrome
de resistência à insulina, a qual se acha presente nos diabéticos do tipo 2
em mais ou menos 85% deles e com um significativo percentual de 24% no mundo
todo. O temor a ela se deve, na verdade, à forte relação que esses fatores de
risco podem guardar com desfechos graves, tais o infarto do miocárdio e o
derrame cerebral.
Pouco adiante será mais
bem esclarecida essa resistência à insulina, que aliada àquela constelação de
fatores faz dobrar ou mesmo triplicar o risco de uma pessoa desenvolver doenças
cardiovasculares ateroscleróticas em comparação com as que não têm nada disso.
Na prática, a presença de pelo menos três
desses critérios já identifica alguém com tal síndrome. Vale ressaltar
outros pontos para definir a síndrome metabólica em tela, aqui particularmente
valorizada por causa da importância que os seus componentes desempenham no
envelhecimento antecipado do homem. Por exemplo: o Programa Nacional de
Educação em Colesterol (NCEP) dos EUA considera de maior valia – e mais simples
de medir – a circunferência do abdome do que aquela divisão cintura/quadril:
explicada no capítulo 1, isto é, até 102 cm nos homens e 88 cm nas mulheres, um limite
que já lhes abranda o perigo. Outro indicador que o NCEP apresenta diferente da
OMS é a glicemia de jejum que, mais rigidamente, encolhe para 100 mg% de taxa
máxima normal. Esse núcleo de estudo norte-americano diminui também os níveis
toleráveis da pressão arterial, os quais não devem passar de 130/85 mmHg em repouso. Além do
que, a microalbuminúria não integra os critérios para caracterizar a síndrome.
Já os outros parâmetros (triglicerídios, HDL-C, resistência à insulina ou então
diabetes), estes permanecem tal qual os determina a OMS.
Na
síndrome metabólica – negada como uma doença à parte por muitos especialistas
em endocrinologia, que a compreendem só como um agrupamento de fatores a
concorrer cada um deles como risco para adoecer de diabetes, de hipertensão, de
insuficiência coronariana ou de insuficiência renal – são reconhecidas,
ademais, duas condições de marcante influência no desenvolvimento das doenças
do coração e dos vasos, sem dúvida alguma estreitamente ligadas a elas. Uma se
refere a um estado pró-inflamatório, evidenciado pela
elevação da proteína C-reativa, sinal de alguma inflamação no endotélio das
artérias. E a outra é a do estado pró-trombótico
em que essas pessoas se encontram, levando-as à iminência de sofrer trombos
(sobem os níveis sanguíneos dos indicadores que favorecem a coagulação).
Do
que foi exposto até aqui pode ser deduzido então que toda alimentação moderada em carboidratos, principalmente refinados e
açucarados, deve ser a preferida quando se tem em mira equilibrar os triglicerídios do sangue. Mesmo porque
já sabíamos que boa parte dessas gorduras provém do desdobramento metabólico
dos glicídios que vamos ingerindo. Consequentemente, se essa ingestão não for
controlada, mas ao inverso, se a dieta for sobrecarregada em hidratos de
carbono, muita glicose vai ser gerada e o excesso dela no sangue será
transformado em triglicerídios que se acumulam na gordura corpórea, com predomínio
na parede do abdome e nos espaços existentes entre as vísceras. Isso leva o
transgressor a aumentar de peso, mormente se não praticar atividade física com
exercícios para queimar o tecido adiposo acumulado. Acresce que quanto maior a ingestão de carboidratos,
mais intensamente o pâncreas tem que liberar o seu hormônio de secreção interna – a insulina. A
insulina é secretada pelas células beta da glândula, sendo encarregada da
distribuição, do uso e do armazenamento da glicose proveniente da queima dos alimentos.
Ela exerce duas grandes missões: uma é a de levar boa parte da glicose já
formada para as células de todo o corpo, glicose essa que serve de combustível
para as funções que os tecidos desempenham; e a outra é transformar a glicose
que não for necessária de imediato em glicogênio, que é um amido de reserva nos
músculos, no tecido adiposo em geral e no fígado, locais esses onde ele fica
estocado para ser convertido de novo em açúcar quando vier a ser preciso.
Assim,
havendo uma ingestão alimentar demasiada e repetida de glicídios, a glicose
resultante vai estimular o pâncreas a secretar mais insulina do que deve
normalmente, e não demora muito para que as células do organismo não deixem
essa insulina entrar transportando seu combustível como fazia antes. Ou seja, declina o número e a permeabilidade dos
receptores de insulina nos tecidos em
geral, criando-se uma resistência à sua entrada (resistência insulínica). Para compensar isso o pâncreas passa a
produzir mais insulina ainda a fim de vencer esse impasse, gerando-se um estado pré-diabético de hiperinsulinemia
(excesso de insulina no sangue). E como com o passar do tempo a insulina retida
dessa maneira não consegue mais exercer completamente a sua dupla missão, a
glicose acaba também se acumulando sangue e instala-se a hiperglicemia própria do diabetes.
MANTENHA BONS NÍVEIS DE GLICOSE
Partindo
do princípio de que na moderação em tudo reside muita sabedoria, pode ficar
mais fácil para o leitor entender a resistência à insulina, posto que nós,
humanos, não conseguimos, por natureza, metabolizar grandes quantidades de
glicídios. Glicídios são alimentos indispensáveis à energia vital, mas que
devem ser consumidos de forma condizente às necessidades de cada um. O excesso
deles, sobretudo dos carboidratos simples (eles vão ser conhecidos no tema
exclusivo sobre diabetes), reduz a nossa capacidade de utilizar o hormônio,
isto é, seu consumo abusivo gera facilmente intolerância à glicose e
resistência à insulina, ainda mais se houver suscetibilidade genética para o
diabetes.
Normalmente,
a glicemia de jejum situa-se na faixa de 70 a 110 mg% quando o exame de sangue é
realizado após 12 horas de abstenção alimentar. Porém, se a glicose for
detectada acima de 110 e abaixo de 126 mg% o indivíduo é considerado intolerante
à glicose (um prenúncio de que o metabolismo da queima dos carboidratos se
encontra deficiente). E se tal estágio não for corrigido a tempo (mudar os
hábitos alimentares e fazer exercícios), pode levar a pessoa rapidamente à fase
seguinte, o diabetes melito. Aí as taxas glicêmicas não só chegam ao nível de
126 mg% como ultrapassam-no.
Pelo
grau de importância que o diabetes desempenha na questão do envelhecimento
humano, convidamos você a acompanhar-nos algo mais nesta discussão, de modo a
compreender com clareza o exato mecanismo de instalação desse distúrbio
metabólico e saber evitar o seu aparecimento. O capítulo a seguir trata
especificamente disso.
CAPÍTULO 4
DIABETES: PREVENÇÃO E CONTROLE
INTRODUÇÃO
O
diabetes melito tipo 2 é o assunto em destaque neste bloco. Descrito também
como diabetes mellitus, diabetes
melito, diabetes do adulto, diabete sacarino e diabetes não
insulino-dependente, ele pode ser definido assim: uma doença de caráter crônico
e progressivo que altera especificamente o metabolismo dos carboidratos,
acometendo as pessoas geralmente de 50 a 60 anos predispostas à doença, e
caracterizada por uma hiperglicemia (acúmulo de glicose no sangue) resultante
de um declínio na produção e na utilização da insulina.
O
diabetes é de notável importância em meio às doenças do ser humano.
Estatísticas oficiais indicam que cerca de 8% de toda a população mundial
adulta tem diabetes (7,6% no Brasil). O do tipo
2 provém de uma predisposição individual, mas a alimentação e o estilo de
vida são fatores determinantes no seu aparecimento e intensidade. Ele responde
por cerca de 95% das duas apresentações da doença, enquanto que apenas 5% dos
casos são do tipo 1, de comprovada
origem puramente genética.
Segundo projeções da OMS, o número
de habitantes dos EUA que ultrapassam a adolescência e que adquirem diabetes
tipo 2 vem dobrando a cada década Em nosso país já são contabilizados mais de
14 milhões de adultos que abrigam esta forma clínica predominante de diabetes.
Entre os idosos chega a atingir 40% deles e na mesma proporção de homens e
mulheres.
Tais índices respondem hoje,
então, por uma enorme parcela de brasileiros vítimas do consumo abusivo da
sacarose do açúcar extraído da cana (em muitos países, principalmente da
Europa, a sacarose provém da beterraba) e dos alimentos carboidratados
processados industrialmente. Estima-se que 17% de todos os adultos do Brasil
estarão diabéticos ao longo do século XXI. Pode-se
dizer que o diabetes melito é, atualmente, uma condição de caráter epidêmico e
de rápido crescimento. Contudo, têm sido crescentes e melhores também os
resultados de seu controle com o armamentário medicamentoso existente:
comprimidos contendo apenas uma substância para reduzir a glicose; ou a
associação de dois ou mais remédios orais atuando cada um a seu modo; insulinas
de aplicação fácil que oferecem precisão, segurança e maior satisfação aos
pacientes, seja mediante as modernas “canetas” para dosar a glicose e
administrar o hormônio por via subcutânea em substituição às seringuinhas e
agulhas ainda em uso (para muitas pessoas isso é complicado e incômodo), ou por
intermédio da tecnologia da via inalatória, que emprega a aspiração da insulina
pelo nariz evitando uma ou múltiplas picadas de injeção ao longo do dia; ou até
pela insulinização feita através de um aparelho monitor que se prende a um
cinto na barriga para ir medindo a glicemia nas 24 horas, nesse caso com a
insulina sendo bombeada e infundida automaticamente para debaixo da pele, como
se fosse um pâncreas artificial (sistema só indicado quando é preciso um
controle mais severo de alguém).
Mas
pesquisas e novos testes visando ao progresso da ciência voltada ao diabetes
não param. Por exemplo: há pouco tempo um medicamento novo, sintético, começou
a ser usado para auxiliar o pâncreas insuficiente a produzir a insulina. Ele
faz isso estimulando as incretinas, hormônios liberados no intestino em
resposta à glicose dos alimentos digeridos com as refeições, podendo ajudar
aqueles já consagrados redutores do açúcar quando eles não conseguem trazê-lo
até níveis aceitáveis.
Em
paralelo, dispõe-se agora de práticos medidores de glicose portáteis e de
exames laboratoriais com dados tão rápidos quanto confiáveis. Sem contar com as
drogas hipolipemiantes (que diminuem as gorduras elevadas no sangue),
antiplaquetárias (que inibem a formação de trombos nas artérias e veias) e de
uma variedade de remédios igualmente eficazes para se juntarem àqueles agentes
específicos a fim de combater outros distúrbios que frequentemente se associam
ao diabetes.
No
decurso do capítulo o leitor vai entender o mecanismo desta importante desordem
metabólica, vai ficar conhecendo quais são os carboidratos mais saudáveis para
uma alimentação equilibrada, tomará conhecimento da propriedade de certos
alimentos em elevar muito ou pouco a taxa de açúcar no sangue e notará como é
possível as pessoas se prevenirem para não passar de uma fase pré-diabética a
um estado diabético propriamente.
Poderá,
ademais, aproveitar o conteúdo de tudo que se acha esclarecido no esquema de
tratamento moderno da doença, sobretudo se ela tiver sido diagnosticada no
próprio leitor ou num familiar seu. Isso vai levar-nos a concluir que uma
dedicação rigorosa para se conseguir um bom nível da glicose reduz de forma
plena a possibilidade de complicações do diabetes, as quais desejamos
ardentemente que não lhe atinjam e nem a qualquer dos seus parentes, pois são,
inegavelmente, as principais responsáveis pela morbidade e mortalidade
provocadas por ele. Boa leitura!
POR QUE ELE APARECE
É
duplo o mecanismo que envolve o diabetes tipo 2 que, como vimos, é a forma
clínica mais comum da doença e um importantíssimo fator de risco para
aterosclerose.
A primeira causa é a baixa da produção de insulina pelo pâncreas, devida ao
desgaste parcial e progressivo das suas células beta face à sobrecarga de
carboidratos que lhes é imposta pela alimentação da pessoa habituada a comer
doces demais, muito pão de farinha branca, muita batata, muito macarrão ou
outras massas, abusar de bolos, biscoitos ou tortas, e acostumada a beber sucos
e refrigerantes açucarados. E que só vai começar a pôr um freio nisso quando
souber que está diabética. Genes herdados pelo indivíduo, mais os seus hábitos,
influem, conjugados, nesse déficit secretor. A queda na produção da insulina
deriva, assim, da perda de 20 a
50% da massa de células beta que integra as ilhotas
de Langerhans, onde normalmente é elaborada essa secreção interna da
glândula, que se localiza bem perto do nosso estômago e duodeno. Com o passar
do tempo uma substância amiloide vai se depositando nessas ilhotas, tornando-as
incapazes de responder aos aumentos de glicose sanguínea proveniente da
digestão dos glicídios.
E
o outro mecanismo que explica o diabetes deste tipo de maior incidência é a redução do número de receptores de insulina,
que são proteínas localizadas principalmente no fígado, nos músculos e no
tecido adiposo, defeito esse que, conforme explicado no capítulo precedente, cria
certa resistência à penetração e ação da insulina neles para que possam captar
a glicose do sangue circulante, armazená-la sob a forma de glicogênio hepático,
muscular e gorduroso, e utilizá-la mais tarde quando for necessária à geração
de energia para os tecidos do corpo todo. Quando isso acontece, o fígado
desregula o seu armazenamento de glicogênio e libera glicose para o sangue além
do que faz normalmente. E à semelhança do que se passa na produção do hormônio
formado no pâncreas, fatores genéticos e ambientais também concorrem para a
resistência insulínica.
Tanto
um mecanismo como outro vão se acentuando gradativamente: enquanto a secreção
de insulina diminui e se manifesta pela hiperglicemia de jejum indo obrigar a
uma estratégia de tratamento protetor das células beta do pâncreas, a
resistência a ela vai aumentando e se anuncia pela hiperglicemia pós-refeição,
passando o indivíduo – que antes nada apresentava – de um estado de tolerância
normal à glicose para uma fase de intolerância e, depois, ao diabetes
estabelecido. Assim, se no tipo 1 da
doença o que há é uma completa falta
de insulina, neste tipo 2 a
deficiência reside tanto na produção quanto na utilização do hormônio
pancreático, ou seja, o organismo não só produz menos insulina como não consegue
usá-la adequadamente.
Esse
aumento da glicemia após as refeições pela resistência à insulina é considerado
hoje o principal determinante das lesões arteriais associadas ao diabetes. Como a insulina ocasiona diversos efeitos sobre a parede
dos vasos, um dos quais é regular a formação do óxido nítrico no endotélio para
dilatar as artérias e arteríolas, o açúcar à medida que se mantém acumulado no
sangue vai danificando esse endotélio, alterando-lhe as funções (da mesma forma
que o faz o colesterol alto). Em razão dessa aderência da glicose e injúria às
células da camada íntima, as artérias de médio e fino calibre se estreitam e
pode até aparecer alguma hipertensão, ao lado de outros fenômenos que originam
inflamação nesses condutos.
CONTROLANDO A HEMOGLOBINA GLICADA
Quando
a glicose do sangue se encontra em seus níveis normais, ela se liga às
proteínas do plasma (o meio líquido onde se movem os glóbulos vermelhos e
brancos, as plaquetas e demais componentes sanguíneos) por meio da chamada glicação. No entanto, quando a glicemia
se mantém elevada (característica do diabetes), ela altera não apenas a
estrutura plasmática em si, mas também a estrutura das hemácias, isto é dos
glóbulos vermelhos, nos quais a glicose penetra. Com isso, as moléculas da hemoglobina (a proteína da hemácia que
transporta o oxigênio para os tecidos) são prejudicadas e vão ficando
pegajosas, aderentes. E tão logo o açúcar excessivo do sangue se gruda a elas,
surgem dificuldades no fluxo sanguíneo dos diminutos capilares do corpo inteiro,
durando essa glicação anormal até o fim do ciclo de existência dessas hemácias
(elas têm mais menos três meses de vida, após o quê outras, novas, entram em
circulação). Por este motivo é que a dosagem
da hemoglobina glicosilada (ou
glicada) é universalmente compreendida hoje em dia como um bom marcador dos
níveis de açúcar do diabético, pois reflete de um modo confiável como se achava
a concentração média da glicose ligada aos glóbulos vermelhos durante os três
meses que antecederam o exame.
Além
do mais, o tecido colágeno é particularmente afetado. Cumpre notar que o
colágeno vem a ser o tecido conjuntivo e proteico que atua como se fosse uma
amálgama sustentando em seus lugares os músculos, os ossos, as articulações, os
tendões, as artérias, veias e vasos linfáticos, os rins, a pele, os testículos
e ovários, o cristalino dos olhos, enfim, servindo como um suporte fibroso e
flexível, de consistência frouxa ou densa, que abarca todas as partes e órgãos
do corpo prendendo-lhes uns aos outros.
E se a
hemoglobina glicada aumenta, ela atrapalha inclusive o sistema enzimático
antioxidante que nos resguarda dos radicais livres danosos, já que inibe as
três enzimas desse forte esquema de defesa, cuja definição e papel extremamente
protetor vão ser esclarecidos nos vários tópicos do capítulo seguinte.
Com a mesma influência desastrosa, essa
proteína glicosilada – laboratorialmente conhecida como Hb A1 – se liga também
ao colesterol LDL, o qual, em vez de ser removido do sangue durante o processo
de sua depuração normal – e o “bom” colesterol HDL toma parte ativa nessa
remoção – permanece disperso, agride o endotélio e acaba se depositando nessa
cobertura interna das artérias.
Eis uma
das principais razões de os pacientes diabéticos sem controle exibirem também,
com alguma frequência, altos índices de LDL-C e apresentarem precocemente
sintomas de aterosclerose, quer periférica, coronariana ou cerebral
(aumenta-lhes o risco cardiovascular).
Frente
a esses dados podemos colher, quer deles como dos seguintes, um ótimo
ensinamento.
Segundo
trabalhos já consagrados, o diabete
sacarino tem na hereditariedade uma
base de grande significância para surgir.
Tanto assim que a possibilidade de alguém que tenha tido somente um dos pais
diabético é de 40% em vir a apresentar o distúrbio metabólico. Contudo, como
interferem marcadamente para a eclosão do diabetes o peso em demasia, os
hábitos alimentares e outros fatores acoplados ao estilo de vida, isso nos leva
a deduzir que a prudência e os bons costumes terão que nortear as pessoas que
se enquadram aí, justamente para compensar aquela percentagem de 40% de risco.
– De que maneira conseguir isto? – poderá ser perguntado. É simples a resposta:
–
Instituindo, mas com perseverança, as diretrizes relativas à nutrição e às
metas de prevenção apresentadas nos temas em curso, onde alguns carboidratos,
notadamente o açúcar comum e aqueles que passam por refino industrial, exercem
um papel marcadamente ruim. Até porque, assim procedendo, quem for sensato
estará ao mesmo tempo afastando com boa probabilidade um peso supérfluo e,
entre outras coisas, a hipertensão arterial, considerada uma condição perigosa,
no seu começo quase sempre silenciosa e sem sintomas que chamem a atenção (tal
qual no diabetes tipo 2), e que se não for descoberta e tratada a tempo é de
funestas consequências.
Não
bastasse apenas o diabetes mal controlado para trazer complicações
ateroscleróticas impressionantes ao doente, a hipertensão, se lhe for agregada,
piora à beça o prognóstico, seja em razão de o paciente não procurar tratamento
(por ignorar a importância dele ou perante condições socioeconômicas difíceis)
ou não ser conduzido por algum responsável para ser tratado.
TIPOS DE CARBOIDRATOS
A
natureza nos oferece dois tipos de carboidratos: os simples e os complexos.
Deles é que se origina a glicose – o
açúcar utilizado pelo organismo para fornecer a energia necessária a todas as
suas funções.
Uma
vez ingeridos nas refeições que fazemos, os carboidratos são, invariavelmente,
convertidos em glicose no intestino delgado, mesmo aqueles que já se apresentam
doces.
A
conversão em glicose – designada também dextrose
– acontece com a frutose das frutas e seus sucos; com a lactose do leite e seus
derivados (manteiga, margarina, iogurte, coalhada, queijos etc.); com a
sacarose do açúcar comum de cana e do caldo de cana, do açúcar cristal, do
mascavo (impuro) e do oriundo da beterraba; com o açúcar comum dos doces,
balas, bolos, tortas, pudins, chicletes, achocolatados, biscoitos doces,
confeitos e sorvetes fabricados com leite e açúcar; com o das geleias e
gelatinas tradicionais; com o da goiabada e outros doces em pasta; com a
maltose das cervejas; com o açúcar dos vinhos doces e licores; com o xarope de
milho combinado com açúcar dos refrigerantes; com o mel de abelha (que reúne
sacarose, frutose e glicose), melado e rapadura; com as frutas em calda e
cristalizadas; com os pães doces, pão “francês”, pão “árabe” e os de fôrma
brancos feitos com farinha de trigo refinada e açúcar; e com numerosas
sobremesas e demais produtos açucarados expostos para consumo.
Todos
esses exemplos de hidratos de carbono compreendem o grupo dos carboidratos
chamados de simples. Simples porque são
rapidamente absorvidos no intestino e, sem demora, passam para o sangue sob a
forma de glicose-combustível. Desse aumento rápido da glicemia decorre a
obrigação do pâncreas em secretar, também depressa, um proporcional volume de
insulina.
E o
segundo tipo de carboidrato se encontra no grande grupo formado pelos hidratos
de carbono complexos. A estes, de um modo
geral, é que os diabéticos e os indivíduos propensos a adquirir o distúrbio
devem dar a preferência nas suas refeições diárias, especialmente àqueles
contendo muita fibra, cujo extraordinário valor será apreciado no bloco sete. Todos os carboidratos complexos contêm
amido (substância amilácea), mas eles não são refinados como grande parte dos
simples, e possuem um baixo teor de glicídios. Depois de deglutidos eles são
digeridos e absorvidos sob a forma de glicose, mas bem mais lentamente do que
os simples e sem provocar, como acontece com estes, mudanças bruscas na
glicemia. Exemplos clássicos de carboidratos complexos temos no arroz integral,
nos pães integrais, no trigo-sarraceno, no milho, nos feijões, na ervilha, na
lentilha, no grão-de-bico, na soja, no inhame, nas massas integrais, na
mandioca (aipim) e na batata, inclusive na batata-doce.
É de muita
utilidade o leitor gravar que se as gorduras
que comemos não têm praticamente qualquer
efeito nos níveis de açúcar no sangue, e as proteínas – animais ou vegetais –
muito pouco importa para isso também, os carboidratos, pelo contrário, exercem expressiva influência na
estabilidade desses níveis. Essa grande influência sobre a glicemia se
explica porque eles modificam-na fortemente, em especial os carboidratos
simples, motivo pelo qual um indivíduo diabético pode ser aliviado de uma
eventual hipoglicemia (queda acentuada e brusca da glicose) se lhe oferecerem
para engolir um pouco de água bem açucarada, um suco de frutas com açúcar, um
bombom, balas ou, se possível e ainda for necessário, receber uma injeção de
glicose na veia.
O ÍNDICE GLICÊMICO DOS ALIMENTOS
No
controle do diabetes há especialistas que valorizam o conhecimento do chamado
índice glicêmico (IG) alimentar, visando com ele facilitar ao diabético a
escolha dos produtos mais adequados à dieta.
É boa norma variar a cada dia a combinação
de todas as classes de alimento, de modo a satisfazer a quem come (e tal qual
deve ser feito com quaisquer pessoas), a fim de a repetição não trazer
problemas de adesão à comida; pois não há quem aguente esquemas rígidos
prolongados.
Quatro a cinco refeições diárias é o que se
preconiza para, junto à prática dos exercícios e aos medicamentos (quando estes
se tornam necessários), levar o indivíduo ao seu peso adequado, a bons
parâmetros de glicemia e a um estado clínico satisfatório.
O IG
afere o poder maior ou menor de um alimento em elevar a glicose do sangue. Não
é a quantidade de glicídios do que é ingerido que está em questão aí, mas sim a
taxa de glicose sanguínea resultante da espécie do carboidrato consumido.
Quanto mais baixo for o IG de um alimento, menor é o nível de açúcar no sangue
criado por ele. Isso é próprio dos carboidratos
lentos (os complexos, sobretudo os bem ricos em fibra), assim chamados por
alguns estudiosos do assunto por ser maior o seu tempo de digestão e absorção.
Diferentemente, os carboidratos rápidos
são os que produzem um pico mais alto de glicose durante as duas primeiras
horas depois de ingeridos.
Já são
conhecidos os múltiplos efeitos danosos da subida da glicose após as refeições
no diabetes descontrolado: ela diminui o “bom” HDL-colesterol, aumenta os
triglicerídios, ocasiona glicação anormal nas proteínas do plasma e nas
hemácias, causa estresse oxidativo, provoca hipercoagulação transitória e
prejudica a função endotelial.
Apesar
das controvérsias em torno do IG agora em foco, ele tem sido reconhecido e
aceito por muitos nutricionistas, e se baseia numa classificação de alimentos
de acordo com a ação deles em elevar para mais ou para menos a glicemia.
Expresso em números numa tabela internacional, o IG tem como referência-padrão
o poder da glicose (50 g
de dextrose) em fazer subir o nível glicêmico após ter sido ingerida: o valor
100.
Não
houvesse, porém, uma considerável variação do IG para um mesmo tipo de
alimento, poderíamos dar-lhe o mérito de servir como um guia prático e fácil de
ser consultado por obesos, pré-diabéticos, diabéticos e por quem quisesse se
precaver de doenças cardiovasculares e até de alguns tipos de câncer. Contudo,
na realidade isso não acontece, pelo menos facilmente, por haver diferenças nos
ingredientes desses produtos alimentares (parecidos uns com os outros), no teor
variável de carboidrato em uma mesma fruta ou legume conforme a região de
plantio deles, diferenças nos testes de avaliação do IG de um país para outro,
no método de fabricação, e no modo peculiar de cada cozinha em prepará-los. Se
tomarmos o arroz como exemplo – um dos alimentos mais utilizados no mundo –,
veremos que numa tabela internacional elaborada pela Sociedade Americana de
Nutrição Clínica ele consta com uma apreciável variação do seu IG. Variação
principalmente em função das diferenças botânicas do arroz entre os países onde
o cereal é produzido, não importando quase nada os distintos métodos da medição
do amido que ele contém (seu IG oscila de 27 numa variedade de arroz
parabolisado de Bangladesh, até 112 num tipo de arroz do Kenia. Em nosso Brasil o arroz
branco recebe o índice 80).
Com a
cenoura constatamos algo parecido: de 16 na Romênia, até 97 numa das espécies
produzidas no Canadá. Aqui no Brasil adotamos para ela o IG de 90, se bem que
um estudo mais recente publicado na tabela internacional mencionada apresente
32 como valor mais confiável para a cenoura, um legume de largo uso nas
populações.
Portanto,
considerando-se as vantagens que alguém possa tirar dos seus números, que são
relativos, o IG não deixa de apresentar, afinal de contas, um elo importante a
conhecermos na cadeia da saúde.
Eis a
tabela do IG, com valores aproximados, de alguns dos alimentos mais consumidos
na dieta dos brasileiros (alto índice é aquele igual ou maior do que 50):
Maltose e flocos de milho (Corn Flakes)
|
110
|
Glicose padrão
(dextrose)
|
100
|
Batata (assada)
|
98
|
Cereal Musli
|
96
|
Pão branco comum (“francês” e de
fôrma)
|
95
|
Cenoura e sacarose (açúcar
comum)
|
90
|
Mel e melado
|
87
|
Pão “árabe”
|
86
|
Banana
|
84
|
Tapioca e Sucrilhos
|
81
|
Arroz branco e pizza (moçarela)
|
80
|
Batata de saquinho (chips)
|
77
|
Waffles
|
76
|
Batata frita comum
|
75
|
Bolo de chocolate
|
73
|
Pipoca, pão integral e melancia
|
72
|
Batata-doce,
inhoque e Fanta comum (250 ml)
|
70
|
Arroz integral, trigo-sarraceno
e croissant
|
67
|
Mingau de aveia e sopa de
ervilhas enlatada
|
66
|
Biscoito Cream cracker e sucrose
|
65
|
Beterraba, uva-passa e sopa de
feijão
|
64
|
Sorvetes comuns, quibe e leite
condensado
|
61
|
Batata “inglesa”, milho, abacaxi
e mamão
|
60
|
Coca Cola comum
|
58
|
Kiwi
|
53
|
Pêssego em calda e suchi
|
52
|
Aveia e ervilha com suas folhas
cozidas
|
50
|
Chocolate
|
49
|
Macarrão e nuggets de frango
|
47
|
Suco de laranja (250 ml) e Yakult
|
46
|
Espaguete, feijão e uva
|
45
|
Pudim (baunilha) e sopa de
lentilhas
|
44
|
Pêssego e manga
|
42
|
Laranja, maçã e seu suco,
morango, leite integral, ravioli e sopa do tipo minestrone
|
40
|
Sopa de tomate
|
38
|
Tomate, grão-de-bico e iogurte
comum
|
36
|
Pera
|
34
|
Leite desnatado
|
32
|
Frutose (pura) e damasco seco
|
31
|
Ameixa seca
|
30
|
Lentilha cozida
|
29
|
Grape-fruit
|
26
|
Ameixa fresca
|
25
|
Nozes
|
23
|
Soja cozida
|
18
|
Iogurte light
|
14
|
Amendoim
|
13
|
Humus (tipo árabe)
|
6
|
Embora
o aipim ou sua farinha, a cevada e o inhame não figurem nesta listagem, têm os
três um IG alto. E acompanhando o amendoim, as outras oleaginosas (castanha-
do-Pará, de caju, avelã, amêndoa, pistache e as nozes já assinaladas acima)
apresentam um baixo IG, o mesmo ocorrendo com os produtos derivados do leite e
não listados na tabela (queijos, manteiga, margarina, coalhada etc.).
Não
fora a expressiva importância do diabetes melito tipo 2 no cenário geral do
envelhecimento humano, poderíamos ficar por aqui com as noções já apresentadas
sobre ele e emitidas somente quanto ao aspecto preventivo.Todavia, hoje é de
tal modo fácil o diagnóstico do diabetes e tão desenvolvidos os seus meios de
tratamento e controle, que não devemos passar ao capítulo seguinte sem antes
nos reportarmos aos objetivos fundamentais da sua terapia, tendo em mente
proporcionar alguma orientação a quem quiser se aclarar sobre isso. Mas não pode ser descartada a precípua
necessidade de o diabético consultar o médico para que sejam feitos os exames
imprescindíveis e o plano de tratamento individual que cada caso requer.
TRATAMENTO DO DIABETES MELITO
São
quatro os objetivos da terapia de um diabético, os quais você pode saber quase
tanto quanto os médicos:
1o)
Diagnosticar e tratar o distúrbio o mais cedo possível.
2o)
Manter a glicose sanguínea próxima da normalidade.
3o)
Prevenir as complicações ou retardar a progressão delas se já estiverem
estabelecidas.
4o)
Tratar as condições comórbidas (doenças concomitantes) existentes.
Analise
conosco um desses objetivos de cada vez, e repare como cada um deles pode
tornar-se bastante proveitoso com a leitura.
1o)
Diagnosticar e tratar o distúrbio o mais cedo possível.
Além do
que o leitor atento já observou acerca do
método de dosar a glicose de jejum para o diagnóstico, o diabetes pode ser diagnosticado também
por uma hemoglobina glicada superior a 6,5 mg% e confirmada numa segunda
colheita de sangue. Ouro método é o da tolerância oral à glicose; ele indica
a doença quando mostra uma glicemia de 200 mg% ou mais após duas horas da
ingestão de 75 g
da dextrose pura dissolvida num copo de água tomado em jejum no laboratório. Ou
então o diabetes pode ser esclarecido pelo exame da glicemia casual, que
consiste em dosar a glicose sanguínea em qualquer hora do dia e sem intervalo
certo entre as refeições: se a taxa do açúcar for maior do que 200 mg% e
acompanhada de sintomas clássicos de diabetes, tais como muita fome, sede
intensa, urina em demasia, glicosúria (glicose na urina), coceiras, fraqueza,
perda de peso etc., esses dados apontarão para a doença.
O
leitor interessado nada perde em saber que esses índices podem diferir um pouco
conforme a tabela de referência utilizada pelo laboratório que fez o exame (se
da Sociedade Americana de Diabetes, da OMS ou de outras entidades).
O
tratamento deve ser instituído tão logo seja feito o diagnóstico. Ao lado dos
medicamentos – completamente por decisão do médico –, ele é individualizado
tanto para o diabetes de um jovem quanto de um idoso, e baseado em dois itens
principais: dieta com normalização do
peso e exercícios. Inteiremo-nos
dos dois em separado.
Dieta e normalização do peso. A dieta é o elemento primordial no tratamento do diabetes
melito. Tanto que há quem diga que o
melhor agente por via oral no
controle da doença é uma dieta bem feita. Ela tem de ser personalizada,
adequando-se a cada indivíduo o valor calórico total das 24 horas conforme a
sua estatura, o peso corporal, o grau de robustez, o nível de atividade física
ou laborativa, e se do sexo masculino ou feminino. A regra fundamental da alimentação de todo diabético consiste na retirada
completa do açúcar comum, do mel, do melado, do açúcar mascavo ou cristalizado,
e das bebidas e alimentos açucarados
em geral – todos com alto poder de elevar a glicemia.
O
cálculo do valor calórico diário da dieta de cada um pode ser efetuado
facilmente assim:
A)
Obter a sua necessidade calórica básica. Ela é conseguida do seguinte modo:
1o,
multiplicando o peso ideal da pessoa pela constante 20. O peso ideal pode ser
considerado como o número de centímetros que excede a altura de 1 metro , mas expressos em Kg. Exemplo : 1,50 m de estatura =50 kg; 1,82 m =82 Kg, e assim por
diante. No entanto, 10% para mais ou para menos não foge dos limites toleráveis
do peso ideal.
2o,
acrescentando ou subtraindo calorias da multiplicação acima de acordo com
certas características do indivíduo: se for homem, robusto e jovem, adicionar
200 cal; se mulher, franzina e idosa, subtrair 100 cal daquele resultado.
B)
Depois, é só adicionar 30% dessa necessidade calórica básica diária se a pessoa
desempenhar atividades leves; e somar 50 ou até 70% se as atividades forem
moderadas ou pesadas.
Um
exemplo para a nossa prática: homem diabético, 50 anos de idade, 1,75 m de estatura, 85 Kg de peso (sem roupa e
acessórios), robusto, atividade moderada (executivo, frequentando academia de
ginástica três vezes por semana). Cálculo das calorias para uma dieta
equilibrada nas 24 horas:
Peso
ideal: 75 Kg
x20 = 1.500 cal.
Masculino,
robusto e jovem: 200 cal mais.
Necessidade
calórica básica: 1.500 + 200 = 1.700 cal.
50%
(atividade moderada) de 1.700 = 850 cal.
Daí
teremos: 1.700 + 850 = 2.550 cal. Pronto!
Esse
total calórico deverá ser repartido durante as 24 horas do dia em 50% de calorias provenientes de carboidratos
(preferentemente fibrosos), 35% de
gorduras (principalmente poli e
monoinsaturadas) e 15% de proteínas
(escolhidas entre os peixes, aves sem
pele, clara de ovos, leguminosas, produtos oleaginosos e laticínios magros).
Se
o leitor quiser elaborar sua dieta em particular, isso não é muito difícil.
Basta fazer um cálculo baseado nesse exemplo e consultar uma lista das calorias
fornecidas nas tabelas junto aos alimentos embalados. É bom variar o tipo do
que comer ou beber, sendo muito importante ater-se ao total aproximado das
calorias necessárias para as atividades costumeiras. E se o seu peso estiver
acima do adequado, não ultrapasse de maneira alguma o total calórico calculado
e dedique-se seriamente aos exercícios. Mas se ele estiver abaixo do ideal,
pode ser aumentada a ingestão calórica E não pare com os exercícios físicos.
Entretanto,
se de todo você não puder ou não quiser calcular a quantidade dos nutrientes
básicos – carboidratos, proteínas e gorduras – para compor a dieta, deixe isso
para o seu médico diabetólogo fazer ou, ao invés dele, por conta de uma
nutricionista competente.
Cumpre
ressalvar, contudo, que ao longo dos
últimos anos a dieta do diabético tende a ser menos específica e cada vez mais
parecida com uma dieta saudável destinada à população em
geral. O que você não pode é ficar distante das
calorias totais ajustadas para o seu caso, particularmente quanto aos
carboidratos, porque nada substitui uma alimentação equilibrada para manter uma
saúde satisfatória, aliás, em quem quer
que seja.
Atualmente
não se preconiza mais rigidez alguma na frequência das refeições e lanches dos
diabéticos. A grande maioria das pessoas com diabetes já pode fazer as
clássicas três refeições principais acrescidas de dois ou três lanches, tudo
dependendo da escolha e das necessidades individuais. Chega-se até a permitir,
segundo divulga a Associação Européia para o Estudo de Diabetes, uma ingestão
bem maior do que as assinaladas 50% de calorias provenientes de carboidratos em
cada refeição; pois desde que nessa quota de hidratos de carbono preponderem os
altamente fibrosos e com baixo índice glicêmico, isso não deverá redundar em
malefícios.
Podemos
perceber ainda a quebra da rigidez que havia nessas dietas especiais até um
passado nada longínquo ao descobrirmos que, agora, a Associação Americana de
Diabetes defende a permissão de 10% de consumo diário de sacarose no cômputo
geral dos carboidratos da alimentação sem que este açúcar comum venha trazer
prejuízos à saúde.
A
busca e os resultados sobre remédios que
atuam no organismo para perder peso
demonstram que eles auxiliam os indivíduos que apenas com dieta e exercícios
não conseguem se aproximar do peso ideal. Há, por exemplo, um inibidor da
lipase gastrintestinal (o orlistat) que impede a absorção das gorduras no
intestino delgado em cerca de 30%. Atuando no cérebro, a sibutramina também é
um dos medicamentos que poderia ajudar muito os obesos, mas ela tem sido objeto
de divergências diante do perigo de provocar infarto e derrame, seus pontos
positivos não lhe cobrindo os riscos. (Ela age como sacietógeno, saciando logo
o seu usuário com a comida sem tirar o apetite, como fazem os anorexígenos.)
Existem outros, também eficazes e agindo por diferentes mecanismos. Porém,
diante das contraindicações e dos efeitos indesejáveis de quase todos os
fármacos empregados com o propósito de reduzir a obesidade, apenas o seu médico
é a pessoa indicada para receitar um deles com a devida segurança.
Na
suposição de que você tem diabetes, é provável que o colega que lhe orienta já
tenha chamado a atenção para os benefícios das fibras alimentares na dieta. Se o módulo relativo às fibras fosse
consultado agora mesmo (capítulo 7), acreditamos que você concordaria com tudo
de lá acerca do imensurável valor delas numa nutrição inteligente. No entanto,
é bom guardar essa curiosidade até chegarmos a ele. Providência obrigatória para quem não tolera beber algo sem
adoçar é lançar mão, em lugar dos vários tipos de açúcar, de produtos edulcorantes como aspartame (um
adoçante artificial obtido da mistura do ácido aspártico com o aminoácido
fenilalanina), sacarina e ciclamato (ambos derivados da síntese de um composto
do petróleo), acessulfame (um artificial proveniente do ácido acético contido
no vinagre), estévia (produto natural da planta Stevia rebaudiana), ou sucralose (originada da cana-de-açúcar) –
todos isentos de calorias e sobre os quais não há estudos convincentes, até o
momento, de quaisquer danos à saúde se utilizados com parcimônia.
Neste
grupo de adoçantes naturais e artificiais que auxiliam a não engordar, o
manitol, o xilitol, o sorbitol, o lactitol e o manitol (carboidratos), devem
ser evitados, pois têm algum valor calórico (o manitol, por exemplo, fornece
2,5 calorias por cada grama, contra 4 calorias fornecidas por 1 g de açúcar comum). Com igual
cuidado, muitos alimentos e bebidas diet
(dietéticos) ou light (leves) do
comércio devem ser analisados pelos diabéticos previdentes ou por seus
familiares antes de entrarem para o uso, porque podem confundir o comprador no
momento de adquiri-los. Saiba de que maneira optar por um ou por outro:
Diet são os produtos dos quais foi
retirado um ou mais ingredientes da composição tradicional. Exemplos: pães e
geleias sem açúcar, aconselhados especialmente para os diabéticos; produtos diet sem gordura (a gordura deles foi
retirada por completo), indicados para pessoas com índices elevados de
colesterol; e produtos sem sal algum, dos quais foi suprimido o cloreto de
sódio, destinados a hipertensos ou pessoas com algum edema (retenção hídrica).
E
light são aqueles que se apresentam
com uma quantidade reduzida de algum dos seus componentes, isto é, com menor
teor de açúcar, de proteína, de gorduras, de sal etc. São apropriados para quem
necessita só perder o peso excessivo, se bem que os diet também contribuem para diminuir o peso desde que não compensem
a retirada total de um ingrediente por um maior teor de outro, como acontece,
por exemplo, com as barras de chocolate diet
sem açúcar, que costumam ter maior quantidade de manteiga de cacau (gordura
vegetal) do que as barras clássicas, e por isso oferecem quase o mesmo alto
valor calórico destas.
Lamentavelmente,
existem rótulos de alguns desses produtos – refrigerantes inclusive – onde a
presença ou ausência de certos ingredientes não condizem completamente com os
conceitos de diet e light, trazendo hesitação na hora da
escolha. Analisá-los cuidadosamente é o que interessa fazer a princípio. Depois
isso passa a tornar-se um hábito.
Trabalhos
envolvendo numerosos países e publicados em revistas e livros bem conceituados
dedicam à suplementação da dieta com vitaminas, sais minerais e antioxidantes
um espaço exclusivo como adjuvante do tratamento: que seja adicionado ao plano
alimentar de todo diabético um complexo dessas substâncias micronutrientes. De acordo com os seus adeptos, essas
substâncias auxiliam na inibição do alto estresse oxidativo celular a que está
sujeito o paciente e que acomete insidiosamente a camada íntima de suas
artérias. Você pode sugerir isso ao médico que lhe supervisiona, se por alguma
razão foi esquecido ou subestimado no esquema terapêutico do seu caso em particular. Um
composto desse tipo por via oral, com uma fórmula avançada e balanceada,
corrige as falhas e deficiências da alimentação diária, que na verdade pode ter
muitas causas em jogo. Temos observado que é comum déficit nutricional
acontecer na velhice em função disso. E nos idosos diabéticos vem somar-se
ainda uma oxidação lipídica maior da gordura que normalmente integra a membrana
que circunda as suas células. Oxidação maior devido à enormidade de radicais
livres a que eles estão subjugados pelo açúcar alto no sangue.
De
modo que esse prático e saudável suporte alimentar, condensado em uma única
drágea diária que cabe ao médico aconselhar numa seleção entre os melhores
produtos do gênero oferecidos pela indústria farmacêutica, é capaz de
representar uma útil ferramenta em favor da resistência orgânica de quem tem
diabetes. Ela concorre para uma vida melhor e mais longa.
Exercício físico. O papel desempenhado pelos exercícios na vida do diabético é de suma
importância. E por dois motivos capitais: porque ajuda sobremaneira a
normalização do peso em quem precisa ajustá-lo, e pelo fato adicional de
proporcionar numerosos benefícios à saúde, tanto de ordem física como
metabólica e psicossocial.
Uma
vez que o indivíduo passar a praticar exercícios como um hábito agradável e
extremamente vantajoso, sua vida deverá mudar para melhor, sobretudo se o
médico que cuidar dele orientar atentamente no que se refere ao tempo, à
quantidade, à intensidade e aos modelos dos exercícios mais apropriados. (Um
colega especializado em medicina do exercício pode ser prestimoso). Isto se
reveste de um valor especial para um estilo de vida mais saudável, de vez que
tem crescido a expectativa de vida a cada década que passa, sendo notável o
aumento gradativo de estabelecimentos destinados à cultura física nas cidades
densamente povoadas.
Se
o seu interesse pelas matérias apresentadas até aqui for bastante para ir
avançando até o capítulo nove, você vai se deparar lá com o estresse da vida de
todos nós, e verificar o extraordinário poder dos exercícios sobre ela e para
uma existência se não mais prolongada, pelo menos com muito mais saúde e
qualidade.
Mas
ao diabético interessa é saber especificamente de que forma o exercício
favorece a redução do açúcar elevado no sangue. São duas as fontes de energia
durante um trabalho muscular:
A
primeira delas provém dos carboidratos, ou seja, da queima da glicose que se
armazena na musculatura sob estado de glicogênio. Ao contrário do que ocorre no
sedentarismo, essa formação de glicose nos músculos é solicitada e aumentada
com o exercício, e basicamente como resultado da ativação do sistema nervoso
simpático que ele acarreta sobre as glândulas suprarrenais logo ao ser
iniciado. Com isso acontece não só a estimulação dos receptores de insulina
localizados nas células musculares, como ainda uma simultânea intensificação do
fluxo sanguíneo provocada pelas contrações dos músculos exercitados, cujas
fibras se encarregam de captar também do sangue a indispensável glicose que
precisam para o consumo da energia no trabalho realizado. (Daí resultar alguma
queda na glicemia unicamente em decorrência da atividade física feita com
assiduidade.)
E
a segunda fonte energética para os exercícios deriva da queima (oxidação) das
gorduras (triglicerídios) tanto do tecido adiposo espalhado pelo corpo como
daquele entremeado nos músculos esqueléticos. Tal oxidação garante, em paralelo,
uma energia a mais para a musculatura executar o seu esforço. E, em adição, a gordura abdominal também
diminui, fazendo cair a resistência insulínica, eis que se considera a gordura
do abdome – a interna bem mais do que a externa – como a maior responsável por
essa resistência.
2º) Manter a glicose sanguínea próxima da
normalidade.
Não obstante as metas de um bom controle na terapia do
diabetes serem uma glicemia de jejum até 110 mg% (a Associação Americana de
Diabetes já sugeriu 100 mg% como limite máximo do normal), um teste de
tolerância igual ou menor do que 140 mg% e uma hemoglobina glicada de até 6%,
são ordinariamente toleráveis os valores de, respectivamente, abaixo de 126
mg%, menor do que 200 mg% e inferior a 7%.
3o)
Prevenir as complicações ou retardar a progressão delas se já estiverem
estabelecidas.
Se o controle do diabetes for encarado seriamente e
segundo as diretrizes já apontadas, o que geralmente não oferece dificuldades
intransponíveis, tanto o impedimento de complicações quanto a progressão
daquelas já instaladas podem ser conseguidas por meio das providências práticas
que procuramos destacar até o presente parágrafo. Mas devem contar, em todos os
casos, com a orientação de um clínico especializado.
Por
outro lado, se o indivíduo não se conduzir adequadamente, seja por desleixo
próprio ou por falta de bons conhecimentos do médico escolhido, seja por ser um
idoso e incapaz de sozinho usar de modo correto seus medicamentos e de seguir a
dieta e os exercícios preconizados, seja ainda por falhas consideráveis do
acompanhante que assiste ao diabético incapacitado, então ele haverá de
apresentar, forçosamente, num tempo curto ou mais dilatado, uma ou mais das
severas complicações que costumam arruinar a vida de um diabético sem controle.
Vejamos quais são elas e como evitá-las.
Complicações
microvasculares mais comuns
Para os olhos. Se não for a retinopatia diabética – que por dificuldades na circulação pelos
pequenos vasos da retina leva à degeneração
da mácula capaz cegar, ou então que por entupimento de uma pequenina
artéria ou veia retiniana gera problemas na visão –, é a catarata (opacificação do
cristalino) que surge para minar a
capacidade de enxergar. Uma consulta ao oftalmologista ao menos uma vez por ano
é valiosíssima no sentido de ser preservada a vista.
Para
os rins. Qualquer caso sem tratamento adequado pode levar a complicações
para o lado dos rins. A nefropatia
diabética é um conjunto de sintomas (relatados pelo doente) e sinais
(observados pelo médico) que inclui: pressão alta, neuropatia (doença dos
nervos periféricos), esclerose arterial dos vasos renais de pequeno calibre
(nefrosclerose arteriolar), elevada concentração de ureia e creatinina no
sangue (uremia), e persistente perda de proteínas pela urina (microalbuminúria
a princípio e macroproteinúria mais tarde).
Como
a insuficiência renal é uma das mais perigosas complicações do diabetes, a
descoberta de albumina na urina, nem que seja só ao exame microscópico, seguida
de uma terapia intensiva já permite prevenir o avanço da doença renal com os
perigos da uremia. E se esta se instalar, geralmente só a hemodiálise (lavagem
do sangue para retirar dele substâncias tóxicas) pode dar alguma sobrevida ao
doente. Desse modo, o máximo de esforço precisa ser feito para se evitar a
falência dos rins, que se nos diabéticos do tipo 1 (próprio dos adultos jovens,
adolescentes e crianças) ameaça-lhes mais do que no tipo 2, nem por isso pode
ficar longe da atenção nesses últimos.
Complicações macrovasculares mais freqüentes
Sendo
um dos maiores fatores de risco para a aterosclerose, conforme o caro leitor já
se deu conta, o desvio metabólico que estamos enfocando produz um grande
impacto no aparelho circulatório. Esse efeito engloba não apenas as mencionadas
doenças dos olhos e dos rins – que ao lado das neuropatias a serem descritas
adiante são todas devidas ao acometimento de pequenos vasos e têm uma relação
mais direta com a glicose alta em jejum –, mas importa também numa forte
inclinação a desordens prematuras e aceleradas dos grandes vasos do corpo
(macrovasculatura). Estas últimas, por sua vez, são dependentes tanto da
hiperglicemia de jejum como dos picos de elevação da glicose após as refeições
e outros fatores amiúde concomitantes: hipertensão, obesidade, gorduras do
sangue acima do normal e desvios da coagulação.
Por
causa disso, um diagnóstico precoce para um tratamento eficaz e persistente previne
a progressão das complicações. Mesmo porque já se sabe que o risco
cardiovascular dos homens e mulheres que
futuramente vão apresentar diabetes já se acha
presente antes de se fazer o diagnóstico. Ou melhor, por ocasião do
diagnóstico firmado (em geral com atraso), algum tempo já foi perdido para
serem evitadas as primeiras complicações da doença. E tanto faz ser diabetes do
tipo 1 como 2, sobre o qual estamos discorrendo.
Porém, enquanto as complicações
ligadas à microcirculação (artérias de pequeno calibre e capilares) podem ser
prevenidas no início da enfermidade, os estragos derivados da macroangiopatia
(artérias coronárias, cerebrais e da circulação dos membros inferiores) são
menos fáceis de deter. Usualmente elas são devastadoras e responsáveis por
grande número de problemas na qualidade de vida, internações e mortes dos
diabéticos sem devida supervisão. Daí a absoluta necessidade de ser instituído
o tratamento mais precoce e efetivo diante da primeira evidência de
comprometimento de uma dessas artérias.
a) O
pé diabético. No cenário do diabetes melito as complicações que podem
ocorrer nos pés são tão importantes que quando uma dessas extremidades de apoio
é comprometida recebe uma designação particular: pé diabético.
O pé
diabético é uma das temíveis consequências da doença sem um acompanhamento
eficaz. E a ulceração dos pés constitui uma grave causa de admissão hospitalar
dos diabéticos no mundo todo. Ela envolve um significativo risco de amputação e
de morte prematura, além de elevados custos diretos e indiretos.
A
doença arterial obstrutiva periférica é muito comum na população em geral (em
torno de 12%), e incide em pelo menos 20% dos 70 anos em diante. Mas a partir
dos 50 anos, os diabéticos e os tabagistas são os grandes candidatos a esses
problemas da circulação das extremidades por aterosclerose, sendo a claudicação intermitente um dos seus
mais importantes transtornos (dores ao caminhar que obrigam o indivíduo a
interromper a marcha até cessarem, e interpretadas como resultado da isquemia
de esforço nos músculos de uma ou das duas pernas, isto é, pela dificuldade da
passagem do sangue arterial oxigenado pelos trechos desses vasos obstruídos por
placas já desenvolvidas).
A
importância de se prevenir esta complicação na comunidade diabética é de tal
vulto que solicitamos a você, se tiver diabetes, a procurar compreender a breve
explicação do duplo ponto de vista que busca esclarecer o problema: 1 – o pé neuropático, no qual predomina o
acometimento dos nervos, mas onde se mantém ainda uma razoável circulação (50%
dos casos de pé diabético); e 2 – o pé
neuroisquêmico, onde existe tanto o comprometimento nervoso local como
ausência de pulso por oclusão aterosclerótica das artérias podais (esta
modalidade também concorre com 50% dos casos).
A
verdade é que o pé diabético pode levar à ulceração, infecção e amputação, o
que, tal como a cegueira, costuma apavorar a pessoa ameaçada. Por isso é preciso muito cuidado e atenção por parte
do diabético para os seguintes pontos:
·
Não andar descalço,
evitando assim lesões traumáticas de toda natureza, sejam de caráter repetitivo
ou não. As de repetição incluem coceiras (micoses interdigitais ou plantares e
alergias cutâneas), irritações por atrito de meias apertadas (proibidas as de
elástico, que dificultam a circulação),
sapatos, chinelos ou tênis ruins, alterações da pele ou das unhas por
contato com água ou superfícies contaminadas etc. Outras lesões evitáveis são
todas aquelas decorrentes de farpas, objetos no caminho, queimaduras (inclusive
por água de banho), picadas de insetos ou mordidas de outros animais.
·
Proteger do atrito e
da pressão quaisquer calosidades, joanetes ou áreas cutâneas afetadas por
agentes diversos, aplicando o protetor mais adequado a cada caso. (Existem
protetores de material e forma variados à venda em casas especializadas.)
·
Usar calçados leves,
macios e folgados, sobretudo com boa largura na frente, verificando-lhes o
interior toda vez que for calçá-los, e nunca se arriscando com objetos ou pesos
que possam cair sobre os pés. Coisa muito importante: as meias. Elas protegem
bem as extremidades, mas devem ser de algodão ou de lã, e usadas de acordo com
as estações do ano, não convindo de maneira alguma as de material sintético,
porque detêm calor e umidade.
·
Não permitir que a
pele seja injuriada por remédios ou compostos sem prescrição médica.
·
Corrigir logo qualquer
ferimento ou calosidade que acontecerem, sendo preciso nas escoriações ou
feridas cortantes uma boa antissepsia seguida de curativo oclusivo (que
acoberta a lesão) e, se houver indicação médica, complementar essa limpeza com
um antibiótico local ou por outra via.
·
Cuidar das unhas com
especial atenção, cortando-as corretamente, sem deixá-las encravar. Para isso,
acostumar-se para que o corte de cada uma delas seja feito não de forma curva,
mas que resulte numa linha reta perpendicular ao eixo do dedo. Só assim a unha
tende a não penetrar mais na pele, pois deixa que seja colocado debaixo dela,
nos cantos, um pequeno chumaço de algodão, que deve ser trocado diariamente até
que ela cresça outra vez sem lesionar o dedo (em geral esses cuidados são
necessários só com o maior dos cinco).
·
Enxugar bem os pés, os
espaços interdigitais e as unhas logo depois de sair da água. Significa
secá-los por inteiro toda vez que sair do banho caseiro diário, do banho num
clube, hotel, mar, piscina ou outros lugares, uma vez que a umidade favorece a
aparição de infecções micóticas e diversas outras. Inspecione-os diariamente.
·
Utilizar o remédio
indicado se houver vestígios de alguma micose (causada por fungos e chamada de
frieira ou, erradamente, de ácido úrico), além de aplicar – de rotina – um
talco, óleo, loção hidratante ou creme para hidratar, tanto nos pés como nas
pernas. Porém, excluir óleo e loção entre os dedos e nas unhas, locais esses
que devem ficar secos, a não ser para receber certos medicamentos.
Mesmo
com estas medidas, muitas vezes a atuação do clínico ou diabetólogo é
necessária ao lado de um dermatologista, de um podólogo, de uma enfermeira, de
um professor de exercícios físicos ou de outros terapeutas para ser mantida a
saúde dos pés de quem tem diabetes. Mas o certo é que as lesões deles e das
pernas são evitáveis, e a educação do diabético representa nesta área uma
estratégia de suma importância, dado o papel de grande magnitude que os pés
exercem, quanto mais não seja – entre muitos outros – o de aproximar os seres humanos.
b)
A disfunção sexual no diabético.
Conclusões
de abalizados estudos mostram que a dificuldade de manter a ereção ou a
ausência dela nos homens não diabéticos está correlacionada com a idade,
atingindo quase 2% deles aos 25 anos, praticamente 40% naqueles com 40 anos, e
ultrapassando 50% depois dos 70. Essa
percentagem se amplia nos indivíduos com diabetes, e mais ainda se houver
hipertensão associada à doença.
O diabetes não corrigido acarreta
aterosclerose nas artérias penianas. A obstrução
gradativa delas, que normalmente têm 1 a 2 mm de diâmetro interno, costuma prenunciar,
com a diminuição da potência que acarreta, a esclerose não apenas das
coronárias e cerebrais, cujo diâmetro normal mede acima de 2 e até 5 mm , mas ainda pode ser
considerada um simultâneo indício de aterosclerose sub-clínica (oculta, sem
sintomas manifestos) em território da aorta, das carótidas e dos membros
inferiores. E além da
insuficiência arterial do pênis, a neuropatia
que acompanha a doença alcança também os nervos do órgão sexual masculino.
Agregado a isso, como se já não bastasse aos pacientes algum grau de
impotência, certos remédios contra a pressão alta, determinados diuréticos, a
bebida alcoólica e diversos outros agentes medicamentosos são capazes de causar
efeitos colaterais indesejáveis, dentre os quais restringirem ainda mais o
desempenho sexual, angustiando bastante esses indivíduos.
No
entanto, com a mesma argúcia que os bons médicos possuem, os especialistas da
medicina do sexo costumam averiguar também condições psicológicas que possam
estar afetando um casal em apuros e originar dificuldade da penetração por
parte do homem. Um bom andrologista é capaz de conduzir um tratamento
bem-sucedido ao considerar todas as causas que levam a essa disfunção no diabético,
inclusive as da mulher, de forma a obter uma qualidade de vida mais prazerosa.
Vale os prezados leitores saberem que cerca de 90% dos homens com disfunção
erétil têm um ou mais do que um fator de risco para desenvolvê-la. O diabetes é
apenas um deles e, a propósito, muito influente nisso.
Detalhes
interessantes e mais esclarecedores sobre o tema se encontram num dos itens do
capítulo de número 10, no qual veremos que há diversos e bons meios de o
diabético com impedimento para uma ereção satisfatória atingir, quase que
plenamente, os prazeres do relacionamento.
Complicações neurológicas
Ante
a sua importância, esses distúrbios precisam ser conhecidos no cenário do
“açúcar no sangue” que não é acompanhado satisfatoriamente. Eles são de dois
tipos, que convém sejam ressaltados como segue.
a) Polineurite
diabética. As complicações
neurológicas da doença mal conduzida dizem respeito ao envolvimento dos nervos
periféricos e do sistema nervoso central. Entretanto, quando se fala em
neuropatia numa pessoa que tem essa moléstia do pâncreas não se quer dizer com
isso complicação cerebral, tal o coma diabético, uma convulsão, ou algum sinal
neurológico focal oriundo de uma forte hipoglicemia súbita; nem tampouco um
espasmo cerebral por trombose de pequena monta. Aliás, os acidentes vasculares
do cérebro são quatro vezes mais comuns em diabéticos do que nas populações sem
insuficiência pancreática. O que se quer dizer quando alguém tem neuropatia
diabética é somente relativo à polineurite, ou melhor, danos afetando os nervos
periféricos (braços e, sobretudo, pernas).
São
distúrbios da sensibilidade e da locomoção os que acometem quem tem
polineurite, numa percentagem de quase 80% dos indivíduos mal controlados. Os
artelhos e a planta dos pés são as regiões mais comprometidas. Mas as
panturrilhas também podem incomodar muito, e a pele dos membros inferiores
torna-se hipersensível, com sensações de agulhadas, queimação ou fisgadas. É
comum ainda a dormência de algumas regiões, embora dores propriamente só
incomodem 10 a
20% dos portadores da doença e por conta das fibras nervosas degeneradas. Esses
sintomas todos costumam perturbar os doentes mais à noite, quando se deitam.
b)
Neuropatia autonômica do diabetes. Se o leitor voltar a atenção para
este outro transtorno nervoso, vai observar que os sítios onde ele predomina
são diferentes daqueles atingidos pela polineurite, e sinalizam, da mesma
sorte, para uma prevenção persistente. Senão, perigosas vertigens posturais
podem resultar em quedas, principalmente em quem é idoso; suores desagradáveis
podem passar a perturbar; disfagia (dificuldade para engolir), dores na
barriga, plenitude gástrica (empachamento), náuseas, vômitos e diarréias
repetidas podem também se manifestar como incômodas desordens digestivas;
dificuldades na micção ou incontinência urinária podem surpreender; impotência
ou ejaculação retrógrada nos homens também são capazes de aparecer; e a
anidrose (ausência de suor) dos pés é mais um outro sinal que vem se agrupar a esse
desequilíbrios vagossimpáticos autônomos.
A
incidência dessa desordem neurovegetativa em 40% das pessoas com diabetes é
percentualmente significativa para deduzirmos que uma boa atenção dada a ele
torna-se imprescindível para evitá-la.
4o) Tratar as condições comórbidas
existentes.
Na
vigência de quaisquer que forem as doenças concomitantes, tanto o paciente como
os seus familiares precisam se compenetrar da seriedade e disciplina quanto aos
cuidados a tomar, tendo como objetivo maior manter o diabetes compensado, isto
é, com o açúcar do sangue normal ou próximo da normalidade e o indivíduo
sentindo-se bem e nutrido satisfatoriamente. O que se observa nos dias atuais é
que os obstáculos para lidar com essas condições tendem a se atenuar ao cabo de
algum tempo, seja isso por conta do diabético ou pela atenção dos que dele
cuidam. Porque não só as instruções referentes aos bons medicamentos, mas
também os costumes gerais higienodietéticos, vão todos se tornando rotineiros e
menos trabalhosos.
São
as seguintes as comorbidades mais comuns que obrigam ao tratamento: a
hipertensão arterial, a obesidade, o sedentarismo, o fumo, o alcoolismo, o
vício por outras drogas, o estresse danoso, as intercorrências infecciosas, os
traumatismos de toda natureza, as anemias, os desvios das gorduras no sangue,
os fatores condicionantes de aterosclerose descobertos por exames de
laboratório, os reumatismos e os estados depressivos e ansiosos por múltiplas
razões. Enfim, todas as moléstias e fatores de risco capazes de influir
danosamente e suscetíveis de terapia necessitam receber dos profissionais de
saúde incansáveis e criteriosas providências a fim de o diabético poder
alcançar a longevidade, na qual, ademais, se almeja prevalecer uma boa
qualidade de vida.
CAPÍTULO
5
AS VITAMINAS, OS SAIS
MINERAIS E A PODEROSA INFLUÊNCIA DOS
ANTIOXIDANTES NO ENFRENTAMENTO AOS RADICAIS LIVRES
INTRODUÇÃO
O
grupo de itens ora em cena exalta a precocidade do envelhecimento e a morte
prematura do homem como resultado de um excesso de radicais livres no
organismo.
A
leitura da matéria vai colocar o leitor a par do que vêm a ser esses radicais
livres, de que maneira eles são gerados em excesso, o quanto de ruim
representam para a vida das células e, em contrapartida, saber de que forma o
organismo se defende contra eles ao elaborar certas enzimas a fim de
neutralizá-los. (Enzimas são
substâncias à base de proteínas que dissolvem, fermentam e trocam reações
químicas com outras, desdobrando-as em frações mais simples e aproveitáveis.)
Vai ser descrito também como escolher os melhores alimentos naturais para
fortalecer essa proteção.
Além
disso, será mostrado o relevante poder da vitamina E contra os radicais livres,
bem como o valioso auxílio prestado pelos minerais zinco, cobre, manganês,
selênio e ferro para que aquelas enzimas combatam com eficiência o estresse oxidativo, ou seja, a oxigenação
exagerada e destruidora dos tecidos. Embora o nosso corpo necessite de
ínfimas quantidades desses cinco minerais, elas são imprescindíveis ao sistema
de defesa.
Depois,
mostraremos o desempenho de certas vitaminas do complexo B atuando como
cofatores de uma dessas nossas valiosas enzimas guardiãs, chamada de catalase e
que tem na influente vitamina C um auxiliar fora do comum.
O
que você absorver das páginas seguintes tem tudo a ver com a medicina ortomolecular, um ramo da arte
de prevenir e curar doenças que tem atraído cada vez mais adeptos e confiança,
encontrando-se hoje difundida e acatada pelos principais centros médicos dos
países evoluídos.
AS SUBSTÂNCIAS ANTIOXIDANTES E OS RADICAIS LIVRES NA SAÚDE
Uma
boa alimentação visando a atrasar o envelhecimento deve ser baseada
fundamentalmente no consumo de uma variada gama de alimentos de origem vegetal
(verduras, legumes, cereais e frutas) e de alguns produtos animais. Tais alimentos devem conter um valioso e
diversificado teor de vitaminas e minerais com reconhecidas propriedades
antioxidantes; quer dizer, convém que eles sejam especialmente dotados de
substâncias que diminuam ou inativem a ação prejudicial dos radicais livres formados
em exagero durante o nosso metabolismo diário pela oxidação aumentada das
células.
Que
o oxigênio é vital, sobre isto não resta dúvida. Mas comprovou-se que as
células do corpo humano também sofrem oxidação (“enferrujam”) quando sujeitas à
ação dos chamados radicais livres. Estes, juntando-se às características e à
vulnerabilidade de cada pessoa é que vão determinar, pela superoxidação, o aparecimento de diversas doenças degenerativas,
fazendo-a envelhecer mais ou menos precocemente, bem como propiciar o
surgimento de algum tipo de câncer. É a razão, aliás, pela qual há consenso em
que a longevidade engloba também, mesclada aos hábitos alimentares e ao estilo
de vida de cada um, aquela firme base genética para sua explicação.
Embora
pareça haver ainda alguma descrença sobre a importância dos radicais livres nas
doenças humanas, são concretos os conhecimentos de que o nosso sistema de defesa antioxidante
natural é composto por enzimas e outros varredores desses radicais do organismo.
Em realidade, se a produção dos radicais livres for maior do que o poder
defensivo que temos, surgem as lesões celulares. Decorre daí que modernamente
esse direcionamento aos radicais livres e aos antioxidantes (que na sua grande
maioria são representados por substâncias químicas vegetais do imenso grupo dos
fitoquímicos) tem sido levado em consideração de tal maneira que já se acredita
que constitui uma ferramenta útil e prática adicionar suplementos de vitaminas,
minerais e antioxidantes à dieta de quem precisa deles. Tais suplementos já
desfrutam de reconhecida eficácia pelo excelente apoio que nos dão. (A medicina ortomolecular tem como objetivo
exatamente preservar a boa saúde e tratar as doenças por meio de uma
concentração maior de vitaminas a fim de complementar as que provêm dos
alimentos.)
Vitaminas são compostos orgânicos ou
sintéticos que, utilizados pelo corpo humano (normalmente nós os retemos, mas
não podemos fabricá-los), desempenham um papel insubstituível no metabolismo e
na nutrição, porque favorecem a assimilação dos alimentos. E cuja falta, por
outro lado, ocasiona diversas doenças.
Passaremos
em seguida à exposição sucinta das medidas de ordem nutricional com as quais
podemos contar para não envelhecer antes do tempo, bem como prevenir várias
moléstias causadoras de limitações e sofrimentos de todo tipo. Essas medidas se
estendem, concomitantemente, às pessoas já doentes, auxiliando-as no plano de
cura da enfermidade ou, quanto mais não seja, para uma melhora da saúde, de vez
que otimizam a nutrição. Com esta finalidade, solicitamos ao nosso leitor uma
forte atenção aos itens seguintes, pois os estudiosos devotados a este assunto
são unânimes em declarar que tanto o envelhecimento acelerado por várias
doenças degenerativas quanto o desfecho de morte prematura no ser humano
guardam reconhecido vínculo com os radicais livres oxidantes.
O DESTAQUE DA VITAMINA E
Sabe-se
que quando os radicais oxidantes são gerados em demasia durante o metabolismo – fenômeno duplo e ininterrupto da assimilação (anabolismo) e
desassimilação (catabolismo) dos alimentos, cuja queima resulta na energia
vital para construir os tecidos e sustentar-lhes a função – eles causam
inegáveis danos aos tecidos caso não forem bloqueados adequadamente.
Os
mais poderosos antioxidantes, isto é, os
melhores combatentes dos radicais livres, estão nos alimentos com um bom teor de vitamina E, que, do mesmo
modo que todas as vitaminas conhecidas, não é produzida pelo nosso organismo.
Ou ela é introduzida pela ingestão alimentar, digerida e depois aproveitada, ou
então é administrada sob a forma de comprimidos, drágeas gelatinosas ou
cápsulas, que são as apresentações mais comuns para sua absorção.
Tal
como as demais, a vitamina E tem grande importância para o bom funcionamento de
diversos órgãos da economia. Ela
participa ativamente do metabolismo que transforma a comida e as bebidas
ingeridas em carboidratos, proteínas e gorduras assimiláveis; parece que
protege as nossas artérias da disfunção endotelial inibindo a proliferação das
células musculares lisas que tomam parte no desenvolvimento da aterosclerose;
favorece a reprodução sexual; promove antiagregação das plaquetas e a redução
da possibilidade de coágulos se organizarem nas artérias condutoras do sangue
para o cérebro, coração e outros territórios (40% de diminuição de
coronariopatia são conseguidos em doses robustas dela); e fortalece a membrana
que circunda sem exceção as células de todo o corpo por depositar-se e impedir
ali a oxidação exacerbada de suas gorduras frente à agressão química dos
radicais livres. Retornaremos a ela numa das páginas adiante.
COMPREENDENDO MELHOR OS RADICAIS LIVRES
Os
radicais livres podem ser definidos assim: átomos (muitos átomos compõem uma
molécula) de vida muito curta (fração de segundo) contendo um ou mais elétrons
sem par (não pareados) que, na tentativa de restabelecerem esse equilíbrio
perdido se ligando a outros elétrons, tornam estes últimos desequilibrados
também e altamente reativos. A maioria deles é neutralizada sem demora, mas
outros não; estes são os que roubam elétrons de moléculas de células vizinhas e
as danificam. (Os átomos pareados promovem uma oxigenação benéfica geradora de
energia contra infecções e um número fabuloso de agentes prejudiciais internos
e externos.)
Danificando outras células, esses elétrons
fortemente reativos vão criando, em cadeia, novos radicais. Com o tempo, isso
vai motivando as alterações inflamatórias e degenerativas do envelhecimento, ou
então câncer. O avanço da ciência nos mostra que o que acontece aí é que em vez
de as nossas células se dividirem e se renovarem normalmente, as extremidades (telômeros) dos cromossomas contidos nos
seus núcleos vão sendo destruídas e encurtadas, acelerando a velhice e
encurtando a vida; ou então é o próprio DNA (ácido desoxirribonucleico) dos
cromossomas que se altera, surgindo atipias cancerosas. Em contrapartida,
quanto mais sadia é a nossa alimentação, quanto menor o estresse, quanto mais
adequada e regular uma atividade física prazerosa e outros bons costumes, maior
é a produção da telomerase – a
proteína que alonga os telômeros e a vida.
Cumpre
reafirmar, contudo, que os radicais livres não deixam de ser obrigatoriamente
produzidos sem parar no decurso das nossas trocas metabólicas normais. Vejamos,
porém, o que é que os desequilibra para ganharem a alcunha de
perigosos vilões da saúde.
Situações geradoras de radicais livres
São
de dois tipos as condições que nos acarretam uma superoxidação celular: as de
caráter endógeno (originadas no próprio corpo) e as de natureza exógena
(externas).
1)
– Condições que nos levam à superoxidação endógena: inflamações de toda
ordem, nas quais ocorre liberação
aumentada de prostaglandinas
(proteínas de influência proeminente nas doenças onde a inflamação ou os micro-organismos
estão presentes), como sejam: queimaduras; inflamações reumatismais que
acometem as juntas e seus componentes anexos; vasculites (processos
inflamatórios dos vasos sanguíneos) e outras doenças do colágeno; colite
ulcerosa e numerosas moléstias imunológicas nas quais se manifesta a
inflamação; e doenças infecciosas em geral, onde bactérias, vírus, fungos ou
parasitas atuam com toxicidade promovendo liberação de radicais livres que
desgastam o organismo hospedeiro, às vezes atacando com tal intensidade que
levam à falência múltipla dos órgãos e à morte.
Os
próprios remédios que tomamos, quando em excesso, também podem por si só
provocar a formação de radicais livres ao se decomporem e, como consequência,
reduzirem a nossa capacidade antioxidante para vencer as doenças.
Em adição aos processos inflamatórios e
infecciosos, os exercícios físicos exaustivos, onde o acúmulo de ácido lático
acarreta a produção de radicais livres em abundância, se prestam muito bem para
exemplificar outras condições de ordem interna que os criam. Situações
psicológicas altamente estressantes também. O mesmo em relação às condições de
pouca oxigenação, como ocorre no déficit de sangue e oxigênio da isquemia
miocárdica, cerebral e periférica face à obstrução maior ou menor das artérias
pelas placas ateroscleróticas que vão se formando. E como acontece ainda com o
declínio da oxigenação do natural processo crônico do envelhecimento.
2) – Condições
de oxigenação excessiva exógena: são as decorrentes de uma série de fatores
externos e ambientais. Exemplos: a fumaça dos veículos a motor, das fábricas e
chaminés, das matas incendiadas etc.; a emanação de gases de vários tipos; o
fumo do tabaco; as poeiras em geral; as radiações ionizantes (raios
ultravioleta e infravermelho do sol, de lâmpadas fluorescentes, de luminárias
alógenas ou luzes de outras fontes, dos raios X, da irradiação de telas de TV,
de computadores e de telefones celulares); as bebidas alcoólicas consumidas
abusivamente, em particular as destiladas, tais o uísque, a cachaça, o gin e a
vodca; numerosas substâncias tóxicas (tetracloreto de carbono e benzopireno da
queima da gasolina e de outros combustíveis); o próprio oxigênio em excesso e o
ozônio da camada da atmosfera mais próxima da Terra; a superoxidação do oxigênio
sob alta pressão empregado em alguns tratamentos; a hiperoxigenação que
acompanha a asma brônquica, o enfisema pulmonar, os estados epilépticos, a
displasia dos pulmões (desenvolvimento anômalo) e as paradas cardíacas; os
pesticidas, herbicidas, impurezas e aditivos industriais que impregnam uma
ampla variedade de alimentos; a nitrosamina contida nos produtos defumados; os
nitritos dos enlatados; os hidrocarbonetos formados nas carnes e gorduras
chamuscadas; a rádio e a quimioterapia empregadas no tratamento de câncer; os
estados anêmicos; outras alterações causadas pelas substâncias tóxicas das
drogas ilícitas que viciam; e as hipovitaminoses C e E derivadas de uma
nutrição deficitária.
NOSSAS ENZIMAS PROTETORAS E SEUS AUXILIARES
A
superoxidação das células acontece, então, quando a relação normal e harmônica
oxidante/antioxidante vem a ser desequilibrada nessas condições e doenças
exemplificadas.
No
intuito de facilitar o entendimento do caro leitor a respeito, podemos
prosseguir explicando que essa transformação do oxigênio – acima do comum e
prejudicial aos tecidos do organismo – se inicia com uma reação que, em
essência, nada mais é do que um ataque químico às células, o qual pode ter
lugar em uma ou nas três partes que as compõem (qualquer tecido do corpo pode
ser atingido).
Um dos
setores da célula atingida é a camada de gordura que participa da membrana
celular. As reações ocorridas nesse envoltório podem romper as células afetadas.
Outro
setor da investida dos radicais livres é o citoplasma das células – a parte situada entre as membranas que as circundam e
o núcleo. No citoplasma os radicais livres lesionam: a) sua estrutura, que é à
base de proteínas; b) os microelementos inclusos nele, isto é, as mitocôndrias
(responsáveis pela respiração celular e pela produção de energia das células) e
as lisossomas (as pequenas estruturas onde se armazenam as enzimas, mas que, se
destruídas, vão aniquilar antes as próprias células nas quais se alojam); c) o
núcleo da célula, que é a parte central dela. Dessas reações químicas que se
processam no núcleo celular resultam lesões aos seus cromossomas, como vimos
numa página pouco antes desta (são 23 pares de cromossomas existentes no núcleo
celular humano). E tanto os telômeros quanto
os genes de um cromossoma podem ser danificados: enquanto os telômeros refletem o nosso
envelhecimento mais precoce ou mais tardio, o DNA é o responsável pelo código genético, ou seja, todo o conjunto de genes que temos – unidades
hereditárias em número que já se descobriu ser superior a 23 mil partículas
microscópicas, as quais encerram as múltiplas características individuais que
herdamos ao nascer. Os genes podem ser o alvo principal das mutações que
favorecem substancialmente o desencadeamento de tumores malignos.
E o sítio
restante da agressão química desses radicais é o dos espaços extracelulares
(entre as células do tecido agredido).
Tais lesões aos tecidos podem ocorrer
diante tanto de somente uma como de várias daquelas condições endógenas e
exógenas apontadas como formadoras de radicais livres em grande número. O fato
é que as lesões celulares vão acontecendo apesar de o nosso organismo
defender-se ao produzir três enzimas destinadas justamente a isso: dar combate
ao estresse oxidativo.
Desse confronto entre as enzimas aliadas e
os radicais oxidantes maléficos duas coisas podem suceder como atenuantes: ou a
transformação dos radicais livres em substâncias menos agressivas, ou então a
neutralização deles por completo e graças a uma menor ou maior quantidade de
enzimas elaboradas.
Dando sequência, vamos ver de que maneira
essas enzimas nos defendem.
O poder da superóxido-dismutase
Para
combater a oxidação anormal do componente gorduroso da membrana que envolve
cada uma do total fantástico de células que temos, a enzima que as protege
desse estresse oxidativo é a superóxido-dismutase. Em sua estrutura enzimática
tomam parte oligoelementos minerais, que são três: zinco, cobre e manganês.
Associados
à SOD, esses três minerais atuam como coenzimas e promovem uma verdadeira
varredura (scarvenger – designação muito encontradiça para esse combate)
dos radicais excessivos que se infiltram na camada gordurosa do envoltório das
células atingidas.
.
O zinco, além de colocar-se ao lado da
SOD nessa proteção contra o nosso envelhecimento celular, tem a função de
melhorar a capacidade reprodutora nos homens e favorecer a produção da insulina
no pâncreas, trazendo especial ganho aos diabéticos. Fossem somente esses
benefícios, eles já bastariam para conferir a esse metal um posto da mais alta
relevância. Mas não, ao zinco é conferida ainda uma força a mais: na imunidade
em relação a tumores, particularmente da próstata e, quando em sinergia com a
vitamina C, na implementação de todo o potencial de defesa contra as infecções
e no reforço que empresta à cicatrização.
As
principais fontes naturais do zinco (o organismo não o produz) são as
nozes e o espinafre – alimentos riquíssimos em outros nutrientes saudáveis
também.
No
entanto, se mesmo podendo contar na prática com esses dois nutrientes ricos em
zinco o leitor ou seus familiares não puderem ou não quiserem adquiri-los ao
natural para comê-los em casa, convém saber de que maneira comprar esse
oligomineral sob a forma de medicamento numa drogaria ou loja de produtos
naturais. Seu preparado, sozinho na fórmula ou combinado com outras
substâncias, deve conter um teor dele suficiente para suprir as necessidades
diárias ou até ultrapassá-las visando a uma terapia necessária.
À
guisa de exemplo, a ingestão diária
recomendada (IDR) do zinco para um adulto é de 15 mg. E será dado a você
conhecer o que os médicos e nutricionistas recomendam como dose realmente útil e corretiva de um nutriente (aquela superior a
essa da simples necessidade para manter uma razoável prevenção contra doenças).
Contudo, o seu médico deve ser consultado para consentir no tocante à qualidade
e ao modo de usar este ou qualquer outro produto cogitado; pois ele pode não
aprová-los para o seu caso ou, se der o consentimento, até incluir mais
ingredientes para associar. O leitor vai notar que a dose útil da substância
(concentrada e apresentada em comprimidos, drágeas, cápsulas, pó, granulado,
geleia, solução ou empolas para injeção) vai ser expressa ao final da descrição
de cada um dos nutrientes em destaque desta página em diante. A começar pelo
zinco descrito.
Doses de
zinco para uma consistente prevenção ou auxílio da terapêutica: 20 a
30 mg por dia, via oral.
O cobre,
por sua vez, a par de alinhar-se com a poderosa SOD na defesa contra os
radicais livres, atua no sangue auxiliando a utilização do ferro; é essencial
para a formação do colágeno (substância fundamental do tecido conjuntivo, o
qual mantém unidos todos os tecidos do corpo); auxilia na formação da melanina,
que colore os cabelos e a pele; age na
fertilidade; e acredita-se que influi, por força de aumentar a imunidade, tanto
na prevenção da arteriosclerose como do câncer.
Ele
tem como melhores fontes naturais o
quiabo, o fígado e os frutos do mar.
Doses de cobre para eficaz prevenção ou
tratamento: 0,5 a 3 mg diárias (quase
sempre administradas ao lado de sais de ferro), também por via oral.
Quanto ao manganês, tal como o cobre e o zinco, ele é um oligomineral que
sobressai como coenzima da SOD em sua função principal de preservar as
membranas celulares, mas faz parte obrigatória também do material genético do
DNA das células. Além disso, ajuda na saúde dos ossos e interfere para um bom
aproveitamento dos carboidratos e das gorduras.
Suas
fontes principais são os feijões e o alho.
Todavia, o agrião, o arroz integral, o milho, o pêssego, a banana e as nozes
contêm, todos, uma apreciável quantidade de manganês.
Dose do manganês: 5 a
10 mg por dia, oralmente.
Fontes
de vitamina E. Voltando aqui à descrição explícita dessa importante
vitamina – que interrompemos propositadamente para esclarecer melhor o leitor
sobre os daninhos radicais livres – cumpre exaltá-la afirmando ser a mais
potente dentre todas para inibir essas moléculas instáveis de oxigênio que
causam estrago às células destruindo-as antes de terminarem seus ciclos normais
até a renovação e apressando o envelhecimento.
Os
tocoferóis que compõem a vitamina E
são ingeridos em grande quantidade quando comemos soja. A soja é um grão
alimentar de excelentes qualidades, e que no comércio nos é oferecido em
diversas formas: caroços para cozinhar, bolinhos ou bolos, bifes, bebidas (sem
lactose), queijo tofu, sopas e várias
outras apresentações. Uma boa dose de vitamina E se encontra também nos
comestíveis oleaginosos; nozes, avelãs, castanhas, amendoins, amêndoas,
pistaches e azeitonas.
São
ainda marcadamente ricos em
vitamina E os óleos vegetais. Mas em especial o azeite de
oliva distingue-se entre os bons óleos de girassol, de canola, de soja, de
gergelim e de milho, sobretudo se for do tipo extravirgem, que é
particularmente saudável.
O
abacate é, no universo das frutas conhecidas, a mais rica em vitamina E , e à
semelhança do que se passa com esses alimentos repletos de tocoferol enunciados
acima, a vitamina imiscui-se na gordura vegetal desse ótimo comestível dos
trópicos.
Boas
fontes naturais dos tocoferóis são ainda, agrupados a essas apontadas, os
peixes, destacadamente os de águas bem frias: salmão, atum, sardinha, arenque,
anchova, cavalinha, linguado, hadock e bacalhau.
O
seu forte poder antioxidante tem sido comprovado, da mesma forma, com o consumo
de grãos, entre os quais a soja é a estrela maior. Atrás da pujança desta, os
seguintes grãos também fazem muito bem, face às variadas propriedades de cada
um: feijão, lentilha, ervilha, fava, grão-de-bico, gergelim, milho, germe de
trigo e aveia em flocos. Consumida num
peso aproximado de 25 g
por dia, junto a uma dieta pobre em gordura e colesterol, concomitante a uma
atividade física regular e com algumas outras mudanças no estilo de vida, a soja
pode contribuir expressivamente para um eficaz tratamento inicial das gorduras
elevadas no sangue, arrefecendo com isso o risco de doença isquêmica do
coração.
A IDR
da vitamina E é de 10 mg para os adultos, o equivalente a cerca de 10 UI
(unidades internacionais).
Se
fosse possível resumir as indicações clínicas para se administrar um suplemento
de vitamina E, as condições a seguir seriam as principais: hipovitaminose E por
deficiência nutritiva (alimentação precária), doenças do tubo digestivo que
impossibilitam o organismo de absorvê-la adequadamente, infecções e
inflamações, dislipidemias (colesterol LDL ou triglicerídios altos e HDL
subnormal, prevenção de moléstias cardiovasculares ateroscleróticas e suas
complicações, doenças associadas à senilidade (Alzheimer e Parkinson),
displasia mamária (alterações evolutivas ou involutivas das mamas), redução da
capacidade reprodutora sexual, profilaxia da catarata, fortalecimento do
sistema imunológico (prevenção de certos tipos de câncer e auxílio no tratamento
de outros), proteção contra os estragos causados pelo fumo e demais poluentes,
e, evidentemente, neutralização de radicais livres oriundos de quaisquer outras
condições relacionadas à formação mais intensa deles.
Doses da vitamina E para substancial prevenção
ou complemento de terapia: 100 a 800 mg por dia,
oralmente.
Significado da glutationa
A
segunda enzima que busca manter o equilíbrio natural oxidante/antioxidante é a
glutationa-peroxidase. Ela é uma miniproteína produzida no fígado e considerada
como a substância antioxidante mais abundante e de maior importância no
organismo. Se além da função normal de remover as toxinas do corpo o fígado
precisar de mais glutationa e não puder produzi-la para combater os radicais
livres de, por exemplo, uma intoxicação aguda por comida estragada, eles
poderão assumir o controle da situação e causar sérios embaraços à saúde.
A
glutationa é especialmente encarregada de dar proteção intracelular ao número
fabuloso de células que compõem o corpo adulto (cerca de 60 trilhões),
conservando o citoplasma de cada uma delas com todos os seus elementos
inclusos. Mas nem por isso ela deixa de proteger também as membranas celulares
como o faz especificamente a SOD; pois na verdade a glutationa situa-se tanto
no citoplasma quanto no envoltório das células como que à procura de moléculas
do radical peróxido de hidrogênio para inativar. Ela, a superóxido-dismutase e
a catalase – que será descrita a seguir – formam um trio interdependente, uma
enzima dependendo das outras duas. As três são elaboradas no organismo à medida
que vão sendo necessárias, o mesmo ocorrendo com algumas quantidades dos
minerais assinalados no texto.
Para dar conta de suas funções, a glutationa
encontra no oligomineral selênio o seu grande auxiliar. O selênio é um cofator de defesa que faz parte
da molécula de glutationa na varredura dos radicais superóxidos. Ele melhora
sobremaneira a resposta imunológica do sangue mediante o auxílio que dá aos
fagócitos (glóbulos brancos incumbidos da fagocitose, explicada no capítulo 2),
e ainda ajuda a vitamina E na sua ação antioxidante nas paredes arteriais. Não
bastassem esses benefícios do selênio, pesquisas populacionais indicam que boas
concentrações dele influem positivamente para evitar alguns tipos de câncer .
A fonte
natural mais abundante em selênio é o
alho, quer seja alho cru ou cozido, ou então em suplementos concentrados.
A
atividade do alho em neutralizar o estresse oxidativo dos radicais livres é uma
das maiores entre todos os alimentos da natureza ao alcance do homem. Há estudos
científicos publicados em revistas de reputação inabalável que acentuam esse
efeito no que se refere a deter a aterosclerose.
Mais comentários envolvendo a
formidável fonte de vitalidade do alho serão feitos no capítulo que vem, quando
nos dedicarmos às substâncias bioflavonoides e suas relações com a boa saúde.
Outras ótimas fontes de selênio são
o mel, a castanha-do-Pará e a clara de
ovo (proteína considerada padrão, que serve de referência para comparar a
qualidade de outras proteínas, e que é pródiga em cisteína – um aminoácido
essencial para a produção da glutationa). A carne das aves e peixes, assim como
os laticínios, contêm, igualmente, proveitosos aminoácidos para a formação da
glutationa. Aminoácidos integram também a estrutura proteica das outras enzimas
antioxidantes: a SOD e a catalase.
Em
realidade, os aminoácidos são
constituintes indispensáveis das
proteínas alimentares para que elas possam exercer seu papel insubstituível
na nutrição e como matéria prima das células de todos os organismos vivos
(animais ou vegetais). E somente sob esta forma de elementos menos complexos é
que absorvemos as proteínas daquilo que comemos. A rigor, o valor nutritivo de
uma proteína depende fundamentalmente da sua constituição aminoácida. E cremos
ser lícito dizer que dentre esses elementos proteicos já foram identificados
mais de vinte – cada um deles incluído em maior ou menor quantidade na proteína
do leite e dos queijos; ou na das carnes vermelhas e aviárias (com suas
vísceras), bem como na dos peixes; ou na proteína da clara dos ovos; ou na de
soja, feijão, ervilha, lentilha, aveia, milho e demais grãos; ou na dos frutos
e sementes oleaginosos; ou na das gelatinas; ou ainda na de outros alimentos
ricos em protídios.
Esses nutrientes devem todos ser aproveitados – de modo
variado – numa dieta que se deseje equilibrada em proteínas, a fim de que se
obtenha um bom desenvolvimento ou uma sólida manutenção dos diferentes órgãos e
tecidos do corpo; pois graças à complementação de certos aminoácidos uns com os
outros é que tal ajuste se dá.
Doses eficazes de glutationa para prevenção
ou cura: 5 a 15 mg por dia, oralmente.
Doses do selênio: 10 a 200 mg diariamente, por
via oral.
A capacidade da catalase
E
a terceira enzima natural de que o organismo se vale para eliminar os radicais
livres – agora dirigida mais à preservação dos espaços extracelulares do que
das células propriamente – é a catalase.
Essa
enzima age captando o radical peróxido de hidrogênio e decompondo-o em oxigênio
e água antes que ele possa gerar o radical
hidroxila, que é o pior de todos em causar danos ao corpo humano.
A
catalase tem no mineral ferro, nas vitaminas do complexo B e na vitamina C
grandes parceiros para a sua formação e contribui acentuadamente, tal qual as duas
outras enzimas descritas, para retardar o envelhecimento e a morte celular
precoce dos tecidos que nos integram.
As
fontes naturais do ferro se encontram numa seleta variedade de alimentos
que, como as suas doses úteis, são mostradas num dos itens do sétimo bloco do
livro.
Quanto
às vitaminas do complexo B, suas fontes naturais são praticamente as mesmas
da vitamina B2 (ver capítulo 6) e da vitamina B12 (capítulo 7). Nesses itens se
acham suas doses para prevenir e tratar-lhes a carência. E o bloco seguinte ao
presente mostra tudo que é interessante e proveitoso sabermos sobre a vitamina
C.
Mas
antecedendo o próximo e envolvente tema, podemos apreciar em duas tabelas a
seguir (publicadas num dos livros do Dr. Atkins, onde os números apresentados
exprimem apenas uma simples grandeza que vai de 0,5 até 24,1) o poder das
verduras e legumes mais comumente utilizados em nossas mesas para neutralizar
os radicais livres. Essas tabelas se prestam a comparar também o valor de
algumas frutas nisso. E ambas nos mostram ainda o teor de carboidratos desses
alimentos, o qual só é alto se atinge 8 ou ultrapassa esse limiar, de modo a
ser observado com a devida ponderação por quem precisa perder peso ou tem
diabetes.
RELAÇÃO DOS VALORES ANTIOXIDANTES DE ALGUNS VEGETAIS
COZIDOS E O TEOR DE CARBOIDRATOS QUE CONTÊM (QUANTIDADE DE 1/2 XÍCARA)
PODER ANTIOXIDANTE
|
TEOR DE CARBOIDRATOS
|
|
Couve
|
24,1
|
1
|
Alho
|
23,2
|
3,7
|
Espinafre
|
17
|
3,4
|
Couve- “de Bruxelas”
|
15,8
|
6,8
|
Brócolis
|
12,9
|
4
|
Beterraba
|
11,7
|
5,7
|
Pimentão-vermelho
|
8,1
|
3,2
|
Milho
|
7,2
|
20,6
|
Cebola (só 1 colher de sopa)
|
5,6*
|
0,9
|
Berinjela
|
5,1
|
3,2
|
Couve-fllor
|
5,1
|
2,9
|
Repolho
|
4,8
|
4
|
Batata “Inglesa”
|
4,6
|
51
|
Batata-doce
|
4,3
|
27,7
|
Alface
|
4,1
|
0,5
|
Vagem
|
3,9
|
4,9
|
Cenoura
|
3,4
|
8,2
|
Abóbora
|
2,8
|
3,9
|
Aipo
|
1,1
|
0,7
|
Pepino
|
1,1
|
1,5
|
*
1/2 xícara é formada com mais ou menos 4 colheres das de sopa, o que vai quase equivaler ao alho.
·
Chá-verde ou preto
(225 ml) = 100 de poder antioxidante na prevenção do câncer.
VALOR ANTIOXIDANTE DE ALGUMAS FRUTAS CRUAS (1/2 XÍCARA)
PODER ANTIOXIDANTE
|
TEOR DE CARBOIDRATOS
|
|
Vacínio
|
24
|
10,3
|
Amora-preta
|
20
|
9,2
|
Morango
|
12,4
|
5,3
|
Ameixa
|
8,4
|
8,6
|
Laranja
|
6,8
|
8,2
|
Kiwi
|
5,5
|
11,3
|
Grape fruit
|
4,5
|
9,5
|
Uva
|
3,5
|
7,9
|
Banana
|
2,1
|
13,4
|
Maçã
|
1,9
|
10,5
|
Tomate
|
1,6
|
2,9
|
Pera
|
1,2
|
12,5
|
Melão
|
0,9
|
7,8
|
·
O abacate é farto em
gordura monoinsaturada e tem baixo teor de carboidratos.
·
Todas as sementes
oleaginosas (frutos de suas árvores ou arbustos) são igualmente ricas em
gorduras saudáveis e têm pouco carboidrato e muita proteína.
CAPÍTULO 6
OUTROS VALIOSOS
ANTIOXIDANTES QUE INIBEM O ENVELHECIMENTO PRECOCE E DOENÇAS LIGADAS A ELE
INTRODUÇÃO
No
capítulo anterior ficou patente que a vitamina E e as enzimas naturais
antioxidantes, aliadas a certos sais
minerais, atuam no organismo contra os radicais livres da superoxidação. E
neste 6o bloco vai ser dito que além daqueles elementos de defesa
podemos nos resguardar ainda mais para não envelhecer precocemente e nem
padecer das doenças que costumam acompanhar o envelhecimento lançando mão dos
seguintes nutrientes antioxidantes: a N-acetilcisteína, que é uma influente
substância precursora da glutationa, já nossa conhecida; os bioflavonoides, de
grande valor pela sua formidável capacidade de varredura dos radicais livres,
estando incluídos aí certos chás, o vinho e excelentes outros flavonoides com
essa virtude, como a quercetina e a ginkgo-biloba; a riboflavina (vitamina B2),
fundamental no metabolismo celular em geral; a vitamina C, de potentíssima
qualidade defensora e antioxidante; o betacaroteno (precursor da vitamina A) e
demais carotenoides; e a coenzima Q10, que se destaca pela cooperação no
fornecimento da energia para as células do organismo.
Cada
um desses elementos nutritivos será apresentado em separado e sumariamente, mas
de modo a que o leitor os domine com facilidade. Todos têm sua importância
reconhecida cientificamente. Entretanto, antes de discorrer sobre eles temos de
levar em consideração que, definitivamente, os radicais livres – até aqui tidos
como temíveis inimigos envelhecedores e implicados em numerosas moléstias que
incidem nos humanos – não são os únicos determinantes dessas condições
comprometedoras da longevidade. Mas pesa também para isso, e bastante, a falta
que faz ao corpo e à mente uma nutrição balanceada.
Uma
nutrição equilibrada, inegavelmente, é crucial, e sõ conseguida com hábitos
alimentares sadios, os quais, porém, nem sempre podem ser alcançados. E pelas
seguintes razões, entre outras: uma precária condição econômica individual para
a aquisição dos alimentos, o cozimento deles, que pode tirar-lhes mais que 50%
do valor em vitaminas; o processamento e as transformações a que inúmeros
produtos são submetidos; o tempo de estocagem nos depósitos e o transporte das
mercadorias após a colheita até chegarem ao consumidor; o mau costume de
fritá-los; o açúcar e o sal que muitas vezes são adicionados a eles; a carga de
agrotóxicos pesticidas e herbicidas que lhes são impostos no plantio contra
pragas; e os conservantes ajuntados para prolongar-lhes a validade nos
recipientes onde são acondicionados.
Essas
causas fazem diminuir o potencial nutritivo dos alimentos, que, logicamente,
desejamos saudáveis. Por esse motivo é que o consumo rotineiro de antioxidantes
alimentares naturais assume um grande valor para nós. Frutas, verduras folhosas, vegetais bulbosos, legumes e leguminosas
(sempre os mais frescos e limpos possíveis) constituem o bloco principal desse contexto nutricional, devendo a dieta diária incluir ao menos duas
porções de frutas diferentes e três porções desses outros representantes do reino vegetal.
l Exortamos-lhe a acompanhar a
descrição resumida dos principais nutrientes em meio aos citados para, tão logo
possa, inseri-los rotineiramente na alimentação como
fortes aliados da saúde.
A N –
ACETILCISTEÍNA
Cientistas
sustentam que esta substância reforça solidamente as defesas orgânicas no
combate aos oxidantes endógenos e exógenos (de vez em quando os releia no
capítulo 5, porque são de uma importância a toda prova para afetar nossa
integridade).
Em
sua forma natural a N-acetilcisteína se encontra na clara de ovos. Embora a
gema também contenha a cisteína, é a proteína da clara de ovo a sua fonte
maior. Bons fornecedores de cisteína são, ainda, as carnes-vermelhas e o
frango; mas nada lhes ficam a dever os peixes e os frutos do mar.
Já
entre os vegetais salienta-se o alho, outra vez constando aqui como um dos
melhores antioxidantes para reprimir radicais livres, pois é dotado de
excepcional poder estimulante da imunidade, e tanto contra as doenças
infecciosas quanto cancerígenas. Adicionalmente, ele protege a árvore
respiratória, desfazendo o acúmulo de muco e facilitando a expectoração.
Doses de N-acetilcisteína para uma firme
prevenção ou possível cura: 100
a 200 mg diárias, via oral.
GANHE MAIS VIDA COM OS BIOFLAVONOIDES
O valor dos chás
Bioflavonoides
são compostos de origem vegetal que têm sido larga e eficazmente utilizados
para combater os radicais livres destruidores que nos ameaçam. Esta classe impar de nutrientes – nossos
aliados – tem seus expoentes no chá-verde e no chá-preto. Seja consumindo um ou outro, pode o leitor ficar certo de que esses
são os dois melhores chás com qualidade antioxidante. Ambos são particularmente
saudáveis e provenientes das mesmas folhas da planta Camelia sinensis, originária da China.
O
chá-verde, no entanto, não é fermentado na sua industrialização como acontece
com o preto, preservando assim o seu alto conteúdo de polifenois (80% de
catequinas), o que lhe confere poder antioxidante e antienvelhecimento um pouco
acima do preto. Mas os dois constituem, ao lado do vinho tinto, as bebidas do
mais alto grau para inibição dos radicais livres em meio a todas as outras
conhecidas com esta propriedade. (Cumpre lembrar que as pessoas com propensão
ao diabetes ou que já são comprovadamente diabéticas devem preferir o chá-verde
em lugar do vinho. E a mesma precaução se estende aos indivíduos com algum
comprometimento hepático. Todavia, se um diabético disciplinado tomar um copo
de vinho tinto seco por dia só em fins de semana ou em eventuais comemorações,
ele não deverá sofrer quaisquer transtornos por isso.)
O
chá-verde, não obstante conter cafeína como o tipo preto, encerra esse
estimulante do sistema nervoso central em menor quantidade, desta maneira
incitando menos a produção de insulina e auxiliando no controle do açúcar
sanguíneo. Ele quase não acelera a frequência cardíaca e nem provoca qualquer
outra arritmia. E praticamente nenhuma ansiedade ou insônia acontecem. É saudável
tomar duas ou três xícaras dele todos os dias. Quem faz isso passa a se sentir
melhor e pode até queimar gorduras de modo a perder algum peso. E existem
fortes evidências nos povos asiáticos de que os flavonoides abundantes do
chá-verde protegem contra o câncer do aparelho digestivo. Ademais, há
publicações interessantes que evidenciam as propriedades que ele tem de
bloquear a oxidação do LDL-colesterol nas artérias contra as placas
ateromatosas e de proteger o cérebro das doenças de Alzheimer e Parkinson.
As virtudes do vinho
No
que concerne ao vinho, há que se dar preferência ao tinto e seco. Embora tal
escolha possa não coincidir com a do consciencioso leitor, de vez que gosto não
se discute, cabe-nos esclarecê-lo no sentido do melhor proveito a alcançar com
a bebida: consumindo-a com moderação.
A
variedade seca dos vinhos é praticamente destituída de açúcar, pois tem somente
a frutose da uva a adoçá-la, e não mais outros açúcares acrescentados à parte,
dos quais já conhecemos sobejamente os inconvenientes para o metabolismo. E a
virtude de ser o tinto o melhor, ao invés do branco ou rosê, também está no
fato de o tinto conter muito mais flavonoides do que os outros dois, porque
diversamente destes, entram as cascas das uvas na sua produção (fermentação
natural das frutas por leveduras).
O
vinho sempre exerceu algum fascínio sobre o homem. As primeiras culturas de uva
remontam há cerca de 7.000 anos a.C. Hipócrates, que viveu de 460 a 377 antes do início da
era cristã, já enaltecia essa bebida como fonte de poderes medicinais.
O vinho
pode ser tomado na dose diária estabelecida pelos pesquisadores e enólogos como
a mais indicada e benéfica para o ser humano: uma taça ou copo de mais ou menos
200 ml, que pode conter, no máximo, 14 g de álcool vínico. Esta quantidade é suficiente para o vinho proporcionar as
seguintes vantagens:
1)
Estimula o apetite e facilita um pouco a digestão. 2) Costuma ser um agente de
alegria e felicidade à mesa. 3) Impede que as plaquetas se agreguem umas às
outras para formar trombos. 4) Inibe a formação da endotelina-1 (uma proteína
fortemente vasoconstritora) e estimula a produção de óxido nítrico no endotélio
das artérias, dilatando-as e incrementando a circulação sanguínea (só o vinho
tinto tem esta capacidade). 5) Eleva o HDL-colesterol e ajuda a reduzir o LDL
aumentado, baixando este último por meio das substâncias resveratrol e saponina da sua composição (qualidade que também só o
tinto possui). E está provado que o resveratrol ainda aumenta a sensibilidade à
insulina ajudando a melhorar o controle da glicose no sangue. Além disso, a
quercetina, bioflavonoide presente nele, contribui para reduzir a absorção de
açúcar no intestino, fazendo o mesmo que fazem as uvas pretas. 6) Fossem apenas
esses poderes do vinho a influírem sensivelmente no cômputo geral para protelar
o envelhecimento, eles já bastariam para receber a fama do excelente produto
que é. Acresce que ele ainda retarda as transformações externas e internas que
vão se processando conosco no envelhecimento, porque o valor especial dos seus
ingredientes flavonoides é um dos maiores de todos contra o estresse oxidativo
dos radicais livres que atacam nossas células. 7) O vinho é uma bebida à qual
observações científicas convincentes atribuem ainda uma ação antivirótica e até
antibiótica, o que empresta a ele o grande potencial de estimular a imunidade
orgânica.
Por
fim, corroborando estas vantagens, vale destacar que a França e a Itália são os
dois países ocidentais que atualmente detêm o maior número de habitantes
longevos (número proporcional à população inteira de cada um deles). Lá habitam
muitos velhos que ultrapassaram bastante a expectativa de vida sem terem sido
atingidos precoce ou mortalmente por doenças degenerativas ou malignas. E são
justamente essas duas nações que registram o maior consumo de vinho per capita em nosso planeta.
Embora sem tantas vantagens, merecem lugar aqui os sucos de
uva-preta, devendo-se 90% dos seus benefícios antioxidantes aos flavonoides
contidos na semente e na casca das frutas que entram na fabricação dessas
bebidas prontas. Mas em se tratando de antioxidantes em geral, a cebola, o alho e a couve constituem, em
meio a todos os alimentos sólidos conhecidos, a mais poderosa defesa para
neutralizar os radicais livres excessivos surgidos no decurso do nosso
metabolismo diuturno, encerrando por isso mesmo uma enorme capacidade
imunoestimulante. Podemos até dizer que da mesma maneira que o chá-verde
(ou preto) compõe com o vinho-tinto a dupla em forma líquida com o mais alto
poder contra o desgaste celular precoce do organismo, o alho, a cebola e a
couve formam um trio de comestíveis que se situam no mesmo patamar.
De
igual modo, não pode faltar menção particular à leguminosa já apresentada no
capítulo precedente: a soja. Muito difundida nos países do continente asiático
como excelente substituto da carne-vermelha por causa do seu expressivo valor
proteico, a soja pode ser encontrada com facilidade nos nossos supermercados e
lojas de produtos naturais, até porque o Brasil é um dos seus maiores
produtores e exportadores. O teor dela em vitamina E a elege como o grão comestível mais
rico nessa vitamina e o de maior poder frente aos radicais livres, permitindo
uma gama numerosa de preparações, tão sadias quanto, para alguns, saborosas.
A ginkgo-biloba
A
ginkgo-biloba é um vegetal que também encerra bioflavonoides de reconhecido
valor, não podendo ficar fora deste bojo maior dos nutrientes inibidores dos
radicais superóxidos. Ela protege contra os danos oxidantes ao DNA sediado no
núcleo das células cerebrais, danos que são muito comuns à idade que vai
avançando. O cérebro, dentre todos os
nossos órgãos, é o que tem os tecidos mais sensíveis ao estresse oxidativo. Por
causa da sua grande demanda de oxigênio, nele estão sempre produzidos radicais
livres.
A
ginkgo-biloba situa-se entre os medicamentos de origem natural (não sintéticos)
mais antigos utilizados pelo homem. Seu extrato só é confiável quando obtido da
planta que teve suas folhas padronizadas obedecendo a padrões internacionais. E
somente assim ela é reconhecida hoje em dia pelos estudiosos da medicina
ortomolecular como ótima bloqueadora de radicais livres e um bom tônico
cerebral, porquanto favorece a circulação nesse órgão vital alojado no crânio e
amplia a capacidade dele em utilizar a glicose-combustível, diminuindo-lhe
ainda a possibilidade de alguma trombose. Graças a ela a microcirculação de
quase o corpo inteiro pode ser melhorada também, mas refletida especialmente
numa tolerância aumentada àquela falta de adequado oxigênio para o cérebro.
Isso acontece amiúde nos distúrbios da memória e do aprendizado que acompanham
os estados de demência, tal a do tipo Alzheimer, a qual atualmente responde por
um enorme contingente de idosos internados em hospitais ou recolhidos em asilos.
Entretanto, há pesquisadores que discordam da sua eficiência para restabelecer
a memória. Ativando a microcirculação, a ginkgo-biloba também melhora a
oxigenação do ouvido interno e labirinto, reduzindo desagradáveis sensações,
como sejam: zumbidos, tonteiras, vertigens, instabilidade e desequilíbrio. Além
do que, ela protege os olhos contra a catarata e a degeneração macular.
Podendo
ser recomendada a praticamente todos os idosos, grande parte dos seus dons
provém da melhora do transporte de colina que ela proporciona, colina essa que
é uma das vitaminas da constelação do complexo B indispensável à comunicação
ininterrupta entre os neurônios da massa encefálica.
Doses da ginkgo-biloba para efetiva prevenção
ou auxílio de tratamento: 100 a 200 mg diárias, por via
oral.
A vitalidade proveniente da quercetina
Existe
em alguns alimentos que nos são bem familiares um poderosíssimo antioxidante
bioflavonoide: a quercetina.
Sua
melhor fonte alimentar é a cebola,
cujo nome científico é Allium cepa.
Crua ou cozida, a cebola deve merecer uma atenção mais assídua das pessoas
desejosas em rechaçar o envelhecimento. Uma cebola ingerida diariamente aumenta
a resistência muscular, protege da aterosclerose, é um agente antibacteriano e
fortalece nossas defesas imunológicas contra o câncer de estômago e de
intestino.
Junto
a ela e riquíssimo em quercetina encontra-se o alho (Allium sativum), uma
erva bulbosa também, novamente figurando aqui e destacada entre os alimentos de
primeira linha em capacidade antioxidante, mas desde que não submetido a altas
temperaturas com um cozimento demorado e nem sujeito a fritura, que implacavelmente transforma as boas gorduras empregadas nesse processo em danosas trans.
Nos
primórdios da civilização o alho já era usado devido aos seus dotes
terapêuticos, sendo agora reconhecidos os seus poderes antitrombótico,
anti-infeccioso e anticanceroso, convictamente defendidos pelos fitoterapeutas
simpatizantes desse condimento vegetal, tão abundante na natureza quanto útil
para a saúde do homem. Um ou
dois dentes de alho todos os dias, ou então algum extrato de alho, trazem
inquestionáveis benefícios a quem acostumar-se com eles. Quanto ao cheiro
típico que os seus usuários podem exalar – e o mesmo se aplica à cebola –, não
é difícil ele ser neutralizado por uma boa higiene bucal e pela mastigação de
chicletes sem açúcar.
A
maçã é a fruta mais rica nesse antioxidante, sem contar com suas outras
excelentes qualidades.
Mas
outro alimento que abriga a quercetina em quantidade suficiente até para se
acreditar como preventivo do câncer é o
chocolate. Artigos médicos espanhóis exortam essa proteção, conferida pelos
bioflavonoides dessa cobiçada mistura derivada do cacau. E do mesmo modo que o
vinho-tinto e o chá-verde, o chocolate escuro (preferentemente sem açúcar e
contendo mais ou menos 70% de cacau) é um forte antioxidante. Reduz a
aterosclerose por ser capaz de baixar o colesterol e os triglicerídios, melhora
o fluxo sanguíneo ao dilatar os vasos devido a uma produção maior de óxido
nítrico (inclusive nas artérias genitais) e diminui a adesão das plaquetas.
Embora com restrições (aos diabéticos, obesos, hiperlipidêmicos e alérgicos), o
chocolate costuma proporcionar um grande prazer a muita gente. Aliás, os diabéticos já podem se deliciar com ele, desde
que o comam pouco e em barras sem adição de açúcar comum. Por meio dele as
substâncias serotonina e endorfina podem se mobilizar no cérebro despertando
agradáveis sensações de bem-estar, elevando o ânimo e atuando até como
antidepressivo.
A VITAMINA B2 (riboflavina)
Esta
vitamina do complexo B exerce uma poderosa ação controladora dos radicais
livres, ajudando muito a vitamina E para nos defender do estresse oxidativo
motivado por eles. Ela contribui expressivamente para a saúde geral, uma vez que
integra os diversos sistemas enzimáticos das transformações que ocorrem na
digestão das proteínas, gorduras e glicídios
A falta de riboflavina no organismo
se faz notar através da arriboflavinose, uma deficiência vitamínica onde
despontam distúrbios da pele por excesso de oleosidade, inflamações dos lábios
e cantos da boca (queilites), da língua (glossites), dificuldades na deglutição
(disfagias) e digestão (dispepsia), dificuldades essas que seguem na esteira
das alterações nos olhos da pessoa afetada (congestão, ardor, secura e aversão
à luz – fotofobia). Aos olhos a riboflavina ainda protege da degeneração
progressiva da catarata. E quem sofre de enxaqueca pode prevenir-se de seus
incômodos ataques ingerindo altas doses da vitamina B2, que, em adição,
implementam as reservas de energia no cérebro.
Suas
fontes naturais estão na levedura de cerveja, no fígado, no leite, queijo e
iogurte, nos ovos, nas folhas do espinafre e no abacate.
Doses de vitamina B2 para prevenir ou ajudar
na terapia: 20 a
50 mg diariamente, administradas por via oral ou parenteral.
O RELEVANTE PODER DA VITAMINA C
Antes
de nos referirmos propriamente ao extraordinário valor da vitamina C, cumpre
ressalvar que qualquer exigência maior a
que se submete o organismo acarreta um aumento do metabolismo com sobrecarga do
consumo de vitaminas, posto que é com a participação delas que são formadas
as enzimas reguladoras que acionam as energias para essa demanda maior. E nesse
processo os sais minerais também participam com uma influência decisiva.
Pode-se
deduzir desta ressalva que em todas as
situações de um elevado gasto energético torna-se essencial uma cobertura de
quantidades extras desses dois grupos de nutrientes: vitaminas e minerais.
Nos
esportistas, por exemplo, bem como em quaisquer pessoas que praticam atividade
física um pouco mais intensa, o desempenho melhora e o tempo de recuperação
pós-exercício se encurta com a administração suplementar de um composto
contendo vitaminas e sais minerais. O seu uso acentua o reagrupamento das
forças do corpo, bem como as tensões emocionais tendem a diminuir.
A
vitamina C, também conhecida como ácido
ascórbico, atua só em meio aquoso, quer dizer, ela é hidrossolúvel. Vem a
ser a segunda em importância na escala de todas as demais com qualidades
antioxidantes, ficando aquém apenas da vitamina E. Com esta, ela tem uma ação
sinérgica potencializando-a e, em especial, neutralizando os radicais livres
produzidos em grande número na luta dos neutrófilos (glóbulos brancos da linha
de frente) em sua nobre função de não dar trégua aos agentes infecciosos que
atacam o organismo, sejam eles bacterianos, parasitários, fúngicos ou
viróticos.
Seu
papel é importante ainda na síntese do colágeno – proteína que compõe as fortes
estruturas filamentosas de sustentação dos espaços intercelulares do tecido
conjuntivo, o qual cimenta todos os nossos tecidos, como bem sabemos, e que
necessita ser continuamente substituído por outro na proporção que vai sendo
desgastado pelo uso contínuo que fazemos dele.
O
colágeno é também o principal componente das cicatrizes das feridas em geral,
quer acidentais, cirúrgicas, ulcerosas ou de outra natureza. Sem exceção, elas
se fecham mais depressa com doses avantajadas de ácido ascórbico.
Não
fosse somente por isso, a vitamina C intervém ainda em prol da coagulação
sanguínea, na absorção do ferro alimentar, na formação dos neurotransmissores
orgânicos e, de forma proeminente, no fortalecimento das nossas defesas
imunológicas.
Além do
mais, algumas publicações especializadas correlacionam a falta de vitamina C
com a doença coronariana (episódios de angina do peito ou infarto do
miocárdio). Não faltam também estudos clínicos que demonstram suplementos de
ácido ascórbico inibindo a oxidação do LDL—colesterol. E se eles não interferem
substancialmente no aparecimento e nas dimensões da placa aterosclerótica, pelo
menos auxiliam a impedir que o ateroma já em curso se rompa e o trombo que se
forma a seguir obstrua perigosamente a artéria comprometida.
Pode-se dizer, enfim, que ela participa de
praticamente todas as reações químicas que se passam conosco.
As
maiores fontes naturais de vitamina C são
as frutas cítricas: laranja, limão, grape
fruit, tangerina, acerola, caju e pitanga, em cujo grupo a acerola ocupa o
primeiro lugar. No kiwi, na cereja e no morango também há uma quantidade
apreciável de ácido ascórbico.
Quanto
às hortaliças, o agrião, a couve, o brócolis, o pimentão-vermelho e o tomate
são as suas melhores fontes.
Precedendo
os dados relativos às doses terapêuticas da vitamina C (seu IDR é 60 mg, e um
copo de 200 ml de suco de laranja fornece aproximadamente 100 mg), é preciso
tornar claro que as informações sobre isto não estariam completas senão com a
observação de que, ao envelhecermos, os problemas de saúde de pequena grandeza
que quando estávamos jovens eram sanados facilmente, custam mais a ceder ao
chegarmos a idosos. Melhor dizendo, o declínio da imunidade faz parte das
transformações fisiológicas e naturais do envelhecimento e responde por aquela
dificuldade. Contudo, é possível reverter isso adotando atitudes decididas a
manter uma imunidade tão mais alta quanto útil diante dessa fase da vida.
A queda
da imunidade ganha uma tamanha importância no que se refere a uma vida longa e
qualitativamente boa (no final das contas a nossa meta básica), que a vitamina
C tem de ser bem destacada nisso, em face da sua reconhecida influência como
ativadora específica das defesas imunitárias.
Há
numerosos e concludentes estudos divulgados por grandes centros que fazem coro
sobre os seus benefícios na prevenção do câncer. O câncer é uma enfermidade
perigosa, e será desvendado no capítulo 15 deste volume.
Mas o
que requer uma atenção muito particular do estimado leitor é o papel da
vitamina C nas gripes e resfriados. Veja por que razão.
As
infecções respiratórias são responsáveis por expressiva parcela de abstenções
no trabalho humano e por prejuízos de grande monta em todos os continentes.
Aparentemente banais, o resfriado comum e a gripe, esta mais severa e
duradoura, são doenças viróticas (o resfriado causado pelo rinovírus e a gripe pelo
vírus da influenza). Entretanto, elas encerram um potencial enorme de
complicações, tanto para o aparelho respiratório (laringite, traqueíte,
sinusite, otite, mastoidite, bronquite, pleurite, pneumonia, broncopneumonia)
como para o circulatório, urinário e para o sistema nervoso.
E é com
base na incidência das superinfecções pleuropulmonares – as quais concorrem com
uma impressionante fatia no quadro da causa
mortis dos velhos em todos os países por agregarem aos vírus já existentes
perigosos micróbios bacterianos – que precisamos nos valer das fortes vantagens
profiláticas da vitamina C. Seu auxílio aí, em paralelo aos benefícios da vacinação nos idosos,
consiste em promover um real aumento das imunoglobulinas, isto é, produzir mais
anticorpos e elevar o interferon de defesa, porque tanto uns quanto o outro são
poderosos inativadores dos micro-organismos presentes nesses processos
infecciosos.
Estas
observações também dão apoio ao seu uso no controle das alergias que muitas
pessoas sofrem sob a forma de rinite alérgica e bronquite asmática. O papel da
vitamina C para fortalecer-nos o sistema imunológico encontra na asma brônquica
um bom exemplo para sustentar o valor dela no controle das reações de hipersensibilidade
do organismo que, em suma, são reações desse sistema de defesa.
A
asma brônquica é uma condição clinica caracterizada por acentuada dificuldade respiratória
(espasmos dos brônquios, onde o composto histamina
atua contraindo-os), chiado no peito, tosse, expectoração, e notável ansiedade,
sendo muito grave em mais ou menos 50% dos indivíduos que a apresentam. As
crises asmáticas surgem, em geral, depois que a pessoa se expõe a um alergeno, que tanto pode ser uma tensão
emocional forte, um exercício inadequado, o frio, uma fumaça qualquer, o pólen,
poeira ou outro poluente do ar, a picada de um inseto, determinados remédios,
substâncias ou alimentos, como – dentre outros agentes desencadeadores – a
doença virótica do resfriado ou da gripe já comentada.
Em
que pese a eficácia dos medicamentos anti-histamínicos nesses processos
alérgicos, o comprovado valor da
vitamina C como coadjuvante do tratamento desses casos faz-nos crer no seu
emprego prolongado para proteger as pessoas hipersensíveis a uma ou mais
daquelas causas. E elas podem se beneficiar tanto no que respeita a mais
bem-estar, senão ainda quanto à prevenção do perigoso choque anafilático –
reação súbita que pode levar à morte e evidenciada por urticária, edema das
vias respiratórias superiores com dificuldade para respirar, e um grande
extravasamento de plasma sanguíneo dos capilares para os diversos tecidos.
No
entanto, existe por parte dos pacientes necessitados algum medo pelas doses
suplementares de vitamina C acima daquelas consideradas como suficientes, isto
é, quantidades superiores a 60 mg por dia. Até alguns médicos as receiam, pois
doses maiores da vitamina fariam com que ela fosse expelida por meio da urina
sem desempenhar ação alguma a não ser provocar a aparição de cálculos nas vias
urinárias de quem as utilizasse. De fato isso poderia nos impressionar não
fosse muito raro de acontecer (só com doses de 2.000 mg/dia ou mais) e a
possibilidade, também, de se poder administrar a vitamina na forma de ascorbato
de sódio em vez de ácido ascórbico, que é usualmente a disponível no mercado.
Nesses casos de grandes doses, basta acrescentar, quando se tratar de
administração por via oral, uma pitada de bicarbonato de sódio ao líquido que
servir como veículo do ácido ascórbico que a urina se torna alcalina e pode
banir da mente dos temerosos ao ácido a suposição de ele vir a provocar litíase
urinária (pedras).
A ciência da nutrição nos ensina que mediante
o uso de uma drágea diária da vitamina C associada a outras vitaminas e sais
minerais numa única tomada, junto a uma dieta equilibrada e amena – que não
precisa ser desagradável nem no aspecto, nem no aroma e nem no sabor – faz com
que possamos viver mais e desfrutando de uma vida melhor.
Não
importando qual seja a sua idade, você pode conseguir um grande benefício
adicional se começar desde agora a complementar a alimentação com esses
nutrientes. Sobretudo se já é idoso, pois ganhará com eles vantagens especiais
na saúde, já que as pessoas na terceira
idade têm uma necessidade extra de nutrição adequada. O notório cientista Pauling enfatiza isso nos
seus respeitados estudos sobre as vitaminas, onde ele emite a sensata opinião
de que a fração da vida dos idosos que aderem a esses suplementos com
concentrações bem maiores do que as quantidades obtidas dos alimentos os
separam mais da morte, tornando esse período mais dilatado e até mais feliz do
que quando eram jovens. Ele chega a sustentar que a juventude é uma época de
infelicidade na vida, porquanto os jovens vivem sempre tensos na sua ânsia de
se firmarem no mundo.
Doses da vitamina C para uma
significativa proteção ou cura: 60 a 5.000 mg (5 g ) diárias, por via oral ou
intravenosa.
OS CAROTENOIDES E A VITAMINA A
Uma
vigorosa proteção contra o estresse oxidativo do envelhecimento precoce pode
ser conseguida se incluirmos na dieta normal boas porções dos precursores
naturais da vitamina A, entre os quais se destaca o betacaroteno. Essas
substâncias pró-vitamínicas – todas pigmentadas – têm uma boa parte de suas
fontes naturais nas verduras e frutas, que só após digeridas é que vão ser
transformadas em vitamina A
no fígado. E isso apenas à medida que vai sendo preciso.
A
vitamina A exerce duas funções essenciais: uma na retina, onde é imprescindível
à visão; e outra na vitalidade dos epitélios (mucosas e pele). Durante muito
tempo esse duplo papel foi aceito unanimemente nos meios científicos, até que
no fim do século XX e no começo do XXI os simpatizantes da moderna Medicina
Ortomolecular anunciaram as virtudes dos carotenoides na prevenção e no
tratamento de várias moléstias degenerativas (a exemplo da esclerose
coronariana e cerebral, degeneração ocular das máculas e Alzheimer) e malignas
(câncer de pulmão, do trato digestivo, da mama, da bexiga e da próstata).
Cabe
aqui, historicamente, reverenciarmos Linus Pauling, citado anteriormente. Ele
foi o cientista americano que lançou os conceitos de oxidantes e antioxidantes,
e o único benfeitor da humanidade a receber dois prêmios Nobel: de química e da
paz. Ao lado de preciosos trabalhos publicados por ele, um brilhante relatório,
de outro autor, salienta o betacaroteno como um grande ativador antioxidante
das killer-cells (células matadoras),
aquelas naturais dos glóbulos brancos mais intensamente envolvidos na batalha
contra o câncer – os linfócitos.
A
vitamina A, cujo IDR médio é de 4.500 UI, é obtida com o consumo do
betacaroteno natural contido nos seguintes vegetais: cenoura, abóbora, abobrinha, batata-doce, pimentão-
amarelo, acelga, alface, chicória, rúcula, vagem, ervilha, couve- “de Bruxelas”
e quiabo. O milho é o cereal com o maior teor dos precursores da vitamina A. A
quantidade de betacaroteno existente nas frutas a seguir é ainda considerável e
recomendada: mamão, melão, manga, laranja, pêssego, goiaba e damasco.
Em
relação a outros pró-vitamínicos A, mais cinco vegetais têm que ser apontados
como especialmente benéficos: o tomate e a melancia, pelo alto conteúdo do
carotenoide licopeno que ambos possuem, sobretudo presente no suco e no extrato
de tomate (estes, industrializados, não convêm aos diabéticos, por causa da
adição de açúcar); e os outros três são a couve, o espinafre e o brócolis,
notadamente os dois primeiros, ricos em zeaxantina e luteína e antioxidantes de
primeiro escalão para um forte amparo aos olhos.
Apesar
de observarmos a notável frequência com que a couve, o espinafre e o brócolis
integram diferentes grupos de alimentos indicados como salutares nos sucessivos
itens em curso, essas três hortaliças não chegam a suplantar a gema de ovo
neste conjunto específico dos carotenoides pré-formadores da vitamina A para
combater os radicais livres superoxidantes.
Como essa esfera pigmentada de amarelo do ovo, tanto faz de galinha,
pata ou codorna, não tem igual quanto ao bem que os carotenoides exercem no
organismo de seus consumidores. Mas um cuidado é preciso: as pessoas que têm
seu colesterol alto (LDL) devem consumir a gema na quantidade máxima de duas
unidades por semana (ou quatro se forem ovos de codorna), não deixando,
entretanto, de aproveitar a clara, que é uma proteína animal de ótima qualidade
e que pode ser ingerida diariamente se não houver alergia a ela.
Boas
fontes também de vitamina A são o leite (o desnatado por completo é o
preferível) e os laticínios, tais as margarinas ricas em fitosteróis, que se pelo
preço não puderem ser compradas podem ser substituídas pelas menos hidrogenadas
e ricas em gorduras poli-insaturadas e vitamina E (compre lendo as embalagens).
Quanto aos queijos, ter em mente que os brancos (magros), principalmente do
tipo ricota, tofu (feito de soja) e cottage são os mais saudáveis para quem
apresenta um ou diferentes fatores de risco para aterosclerose, merecendo
absoluta preferência sobre os outros devido ao baixo ou nenhum conteúdo de
gordura animal.
Doses de vitamina A (sintética) como preventiva ou curativa: 10.000 a 50.000 UI ao dia,
seja oralmente ou por via parenteral.
Doses do betacaroteno (natural): 3.000 a 50.000 unidades
diárias, via oral somente.
COENZIMA Q10 E SUA IMPORTÂNCIA
O
valoroso auxiliar apresentado neste item é de uma importância vital, de vez que
vem a ser um cofator enzimático obrigatório na produção do ATP (ácido
adenosino- trifosfórico), o responsável pela energia utilizada nas trocas
metabólicas de todos os tecidos que nos completam. Segundo a breve citação
feita no capítulo 5, essa energia é gerada nas mitocôndrias – microscópicas
organelas do citoplasma celular onde a glicose proveniente da digestão dos
carboidratos penetra e serve de combustível nesse fenômeno energético. E assim
alimentada, cada célula, de cada tecido, pode desempenhar a sua função.
Ao
lado dessa participação na fonte da nossa energia, a coenzima Q10 (ou
ubiquinona) atua como um antioxidante de vulto na proteção contra os radicais
livres prejudiciais, porque apresenta sinergia de ação com as vitaminas E e C,
mantendo-as agindo por mais tempo na economia. Pesquisadores envolvidos nesses
estudos acreditam que ela ainda exerça uma defesa especial para a massa
muscular do coração e para os músculos lisos de toda a vasculatura arterial. E
como se não fossem suficientes esses ganhos com ela, a ubiquinona auxilia muito
os idosos que têm doenças das gengivas, as quais incidem neles com alta
percentagem (ao redor de 80%).
Suas
fontes alimentares de maior expressão compreendem: a sardinha, o fígado
bovino, o espinafre e o amendoim. Porém, como seria preciso um grande volume
diário desses alimentos para uma proteção significativa contra o
envelhecimento, seu uso na forma de suplementos é a melhor providência prática
para usufruirmos por completo dos seus poderes. Ou seja:
Doses da coenzima Q10 para uma sólida
proteção ou auxílio terapêutico: 200 a 300 mg diariamente, por via oral.
CAPÍTULO
7
OS BENEFÍCIOS DO GINSENG,
DOS FERMENTOS LÁTICOS E DAS FIBRAS ALIMENTARES, A IMPORTÂNCIA VITAL DA ÁGUA E O
PAPEL INCISIVO DESEMPENHADO NA SAÚDE POR AGUMAS VITAMINAS DO COMPLEXO B E PELO
FERRO
“Manter um corpo saudável é um dever, de outro modo não
seremos capazes de manter nossa mente forte e clara.” – Buda.
INTRODUÇÃO
O
conteúdo dos módulos que se desenrolam agora envolve princípios relacionados a
certos nutrientes e determinados hábitos alimentares que, se forem incorporados
ao cotidiano, trarão resultados tão evidentes que só a prática com eles vai
fazer com que as pessoas ainda incrédulas passem a acreditar nos seus
benefícios.
Assim,
veremos logo de saída de que forma o emprego do ginseng, extraído de uma planta
nativa da Ásia (“Panax ginseng”) e já disseminado por numerosas populações
adiantadas, pode reforçar as energias físicas e mentais de alguém que mostre
sinais de esgotamento.
Aprenderemos
depois até que ponto os fermentos lácticos (iogurtes e coalhadas) são capazes
de nos ajudar para melhorar a digestão e aumentar a capacidade defensiva do
organismo.
Em
seguida, perceberemos como as fibras alimentares participam ativamente na
digestão trazendo bem-estar, além de nos proteger da aterosclerose e do câncer
intestinal.
A
água, por sua vez, vai chamar nossa atenção para a verdadeira fonte de vida que
ela é, sendo salientadas algumas das suas utilidades imprescindíveis para uma
boa saúde.
E,
por fim, iremos constatar que um firme equilíbrio psicossomático depende de
níveis sanguíneos normais de ferro e de alguns elementos do complexo vitamínico
B, tais como a colina, o ácido fólico e a vitamina B12.
Procure
pôr em prática os princípios relatados adiante, porque certamente eles vão
cooperar para distanciá-lo do envelhecimento, dar melhor disposição e afugentar
alguns males frequentes dos centros civilizados modernos.
O VALIOSO GINSENG
Embora
possa não gozar de muito prestígio entre alguns médicos e nutricionistas quanto
a ser um poderoso antioxidante, essa erva
tem-se revelado um bom adaptógeno, isto é, uma substância que auxilia o
organismo a adaptar-se com mais naturalidade às agressões do meio ambiente. Em
verdade, o ginseng é um vigoroso ativador das reservas disponíveis do nosso
sistema imunológico contra infecções provocadas por agentes diversos, entre os
quais os vírus da gripe e do resfriado.
Se
fossem só esses os únicos atributos do ginseng, reportados em vários trabalhos
científicos que mostram melhor aptidão física e intelectual com o seu uso por
facilitar o aproveitamento do oxigênio pelas células, isso já bastaria para
considerá-lo um bom aliado da saúde. Mas não é só isso. Há estudos com
resultados estatisticamente significantes que atribuem ao seu extrato um
acentuado poder de redução de risco para se desenvolver tumores cancerosos.
Para
uso prático, o ginseng costuma entrar na composição dos suplementos vitamínicos
com sais minerais e antioxidantes que ampliam o arsenal dos medicamentos
destinados seja a melhorar o nosso desempenho físico e mental, seja a atuar
numa convalescença ou numa nutrição deficiente.
Doses para uma eficiente atuação do ginseng:
100 a
300 mg por dia, via oral.
FERMENTOS LÁTICOS
Há
muito tempo o lactobacilo acidófilo (que fermenta o leite e o transforma em
coalhada) e o lactobacilo búlgaro (que
o fermenta para iogurte) são utilizados pelo homem com o fim de manter o meio
intestinal mais ácido e corrigir distúrbios caracterizados por putrefação
excessiva e muitos gases.
Eles
favorecem a flora intestinal fisiológica que todos abrigamos normalmente, e
graças a essa qualidade probiótica
impedem a proliferação de bactérias nocivas nos intestinos.
Junto
à propriedade antitóxica nessas disbioses, os fermentos láticos ajudam na
produção de enzimas e vitaminas, aumentam a imunidade e agem inibindo os
perigosos nitritos. (Nitritos são sais presentes em carnes conservadas,
tais as sardinhas e outros peixes em lata, o bacon e outras, sais esses que formam no tubo digestivo as
nitrosaminas, que são compostos geradores de câncer de estômago, cólon –
intestino grosso – e reto.) E geralmente basta a quantidade de apenas um pote
ou copo de 100 ml de coalhada ou iogurte por dia para poder-se viver algo além
do esperado. Tanto que povos longevos do Oriente Médio têm por hábito integrar
esses produtos na dieta. Todavia, por conterem uma alta proporção de lactose
(açúcar do leite), ambos requerem prudência por parte das pessoas intolerantes
ao leite animal. Além disso, seja um ou outro, precisam ser puros para
apresentar um real valor, porque a maioria dos potes conservados em
refrigeração no comércio popular leva açúcar e outros ingredientes que lhes
subtraem as vantagens. Coalhadas e
iogurtes puros são os que realmente podem fazer bem, visto que apenas dessa forma o acido lático contido nesses
bons nutrientes – e organizado por meio da fermentação do leite – é capaz de se
implantar no intestino para oferecer por completo esses poderes terapêuticos.
O GRANDE PROVEITO A TIRAR DAS FIBRAS ALIMENTARES
O
prestimoso papel das fibras na alimentação é incontestável. E não há médico ou
nutricionista no mundo atual que não as recomende. Por duas brilhantes razões:
1ª)
Seus benefícios no metabolismo das gorduras e dos carboidratos.
No metabolismo das gorduras elas são
aconselhadas porque ajudam eficazmente a derrubar os triglicerídios e o
LDL-colesterol quando elevados no sangue. E o fazem sequestrando do intestino
delgado essas gorduras e carreando junto com elas os sais biliares, a estes
impedindo de serem reabsorvidos para retornarem ao fígado e ser produzido mais
colesterol (as fibras acabam por excretar os três pelas fezes). E no metabolismo dos açúcares e outros carboidratos, os ganhos com os alimentos fibrosos
decorrem da melhora da glicemia em usá-los. Muitos trabalhos já demonstraram
como as fibras, notadamente as solúveis, contribuem para baixar a glicose alta
no sangue.
2ª)
Os notáveis efeitos dos alimentos
fibrosos sobre a digestão. Todas as
fibras contêm celulose, que em
realidade é um carboidrato que incorpora os vegetais, mas um carboidrato feito
de moléculas tão grandes que não podemos digeri-las nem absorvê-las. Assim,
elas não são modificadas por nenhuma enzima dos sucos digestivos, não causando
maior produção de insulina e nem aumentando o açúcar sanguíneo.
Mas
passemos a conhecer mais de perto que fibras são essas, tão boas a ponto de
serem consideradas, em virtude do pronunciado valor, verdadeiros alimentos funcionais. (Funcional é todo alimento contendo um ou
mais componentes com atividade que, além da nutrição básica, o envolve direta
ou indiretamente na prevenção e tratamento de doenças.)
Fibras solúveis
Solúveis
são as fibras que provêm da maioria das frutas, legumes, tubérculos e sementes.
Elas têm a capacidade de, quando ingeridas, absorver bastante água, formar
misturas bem viscosas (goma, pectina e mucilagem), retardar o esvaziamento do
estômago, promover saciedade (de enorme vantagem contra a obesidade), e diminuir
a velocidade de absorção da glicose dos alimentos no intestino delgado. Esta
última faculdade reduz a glicemia pós-prandial (a taxa de açúcar no sangue após
as refeições) e possibilita prevenir rápidas ascensões dela. Fontes mais comuns: pera, maçã,
mamão, laranja, tangerina, abacate, amora, morango, frutas secas (ameixa preta,
uva-passa, damasco, figo, tâmara), nabo, cebola, alho comum e poró, beterraba,
rabanete, aspargo, alcachofra, aveia, castanhas, nozes, amendoim, sementes de
linhaça, de gergelim, de girassol e de psyllium (plantaga). Embora a banana e a
cenoura sejam ricas em fibras solúveis, tanto uma como outra, contrariamente ao
grupo, aumentam pronunciadamente o açúcar do sangue.
Fibras insolúveis
Estas
formam misturas (celulose e lignina) pouco viscosas na água depois de
ingeridas, e se encontram em quase todas as hortaliças folhosas, nas
leguminosas e em algumas frutas. Por não se dissolverem na água elas dão maior
volume ao bolo fecal e ativam o peristaltismo dos intestinos (movimentos
propulsivos da musculatura intestinal). Com essa propriedade elas previnem e
corrigem a constipação (prisão de ventre), hemorroidas (varizes do ânus ou do
reto), doença diverticular (pequenas invaginações da mucosa em alguns segmentos
do intestino), inflamações crônicas das paredes intestinais (colite ulcerativa
e doença de Chron), entre outras condições.
Dados
consistentes já comprovaram a interferência das fibras vegetais contra o câncer
colorretal. Além de arrastarem substâncias tóxicas e cancerígenas que podem
estar no cólon, elas modificam a flora intestinal ao impedirem o crescimento
das bactérias que abrem caminho para outros geradores de câncer, provenientes
dos sais biliares modificados por esses agentes bacterianos.
À
qualidade nutritiva dessas fibras se soma – pelo fato de elas aumentarem a
acidez intestinal e concomitantemente diminuírem a alcalinidade – a ajuda que
dão na síntese das gorduras denominadas de cadeia curta. As gorduras de cadeia
curta são ótimas fornecedoras de energia local para a formação de células
epiteliais novas e saudáveis no intestino grosso, que a cada quatro ou cinco dias vão sendo
substituídas, em oposição às células pré-cancerosas que possam surgir em toda a
mucosa digestiva baixa.
Fontes
mais comuns: espinafre, couve, brócolis, acelga, bertalha, salsa, agrião,
rúcula, alface, chicória, berinjela, abóbora, abobrinha, repolho, couve-flor,
couve-“de Bruxelas”, quiabo, vagem, aspargo, cascas e talos em geral; grãos
integrais de trigo (ou só o seu farelo, que é a casca, ou somente o germe de
trigo, que forma a parte central do grão), grãos de centeio, de arroz, de
cevada, de milho e de trigo sarraceno; soja, lentilha, ervilha, feijões, grão
de bico; partes internas e brancas das frutas cítricas; e a manga, entre diferentes
outros comestíveis.
Observe
o leitor como as qualidades inigualáveis procedentes dos alimentos fibrosos são
capazes de possibilitar-nos uma franca diminuição de sérias e frequentes
doenças da civilização atual: a insuficiência coronariana (onde as gorduras
sanguíneas desempenham acentuada influência), o diabetes (que tem na
concentração da glicose no sangue sua característica principal), e o câncer de
intestino (em que a constipação crônica e as irritações preparam um terreno
sumamente favorável a tumores). As três moléstias são de grande prevalência no
mundo ocidental.
Portanto,
o consumo de fibras (25 a 30 g por dia) tem que ser
estimulado na alimentação de rotina para que a dieta seja qualificada como saudável, até porque no cômputo das
calorias necessárias às nossas atividades diárias é praticamente desprezível o
que elas contam para engordar. E para as pessoas que por uma razão ou outra não
têm esses alimentos em casa, existem fibras industrializadas sob a forma de
barras, biscoitos e outros produtos, ou então suplementos de fibras em pó (goma
guar e Plantaga ovata) que podem ser
compradas por quem se propuser, desse modo prático, a adquiri-las assim.
Eis
como escolher os alimentos mais ricos em fibras naturais que existem em nosso
meio:
Entre
as hortaliças, o 1o lugar cabe ao espinafre cozido; o 2o
à abóbora; o 3o lugar pertence ao aspargo; em 4o se
encontra o brócolis com suas folhas; e em 5o aparece a cenoura (com
casca).
Entre
as frutas, em ordem de teor fibroso podemos situar: a ameixa (seca), a maçã
(diz um ditado que uma por dia mantém o médico longe), a pera, a laranja (com o
bagaço) e o morango.
E
quanto aos cereais, a quantidade maior de fibras dietéticas está em 1o
lugar no germe ou no farelo de trigo; em 2o desponta a pipoca; em 3o
se situa o pão de centeio; em 4o o pão integral; e em 5o,
nesta listagem dos cinco primeiros, a aveia, mas em sua apresentação integral
também.
A ÁGUA E O SEU PAPEL VITAL
Sendo
estimado que mais ou menos 65% do nosso corpo é preenchido por água, é óbvio
que se mantivermos uma hidratação adequada estaremos colaborando para um bom
equilíbrio da saúde. A água é
imprescindível, porque hidrata o organismo, mantém sua temperatura e o
desintoxica. Em média, 72 horas é o tempo máximo que podemos viver sem ela.
Nesse aspecto, ela só perde para o
oxigênio, sem o qual não resistimos além de quatro minutos, e sem comer podemos
ficar até cerca de cinco semanas. Uma perda súbita de 20% de água do corpo é
incompatível com a vida.
Pois
não é outra a razão de ser conveniente abastecermos os tecidos de todos os
aparelhos e sistemas ingerindo diariamente uma quantidade dela suficiente para
suas funções e perdas. O volume diário deve situar-se na faixa de um a dois
litros, tomando-a de preferência no intervalo entre as refeições e em jejum, a
fim de que não interfira no papel desempenhado pelos sucos digestivos. Não
somente é conseguida uma boa diurese com essa média de 1,5 litro de água por dia
(ela é rapidamente eliminada, embora antes disso já diminua a concentração da
urina e a probabilidade de se formarem cristais ou cálculos onde quer que
possam se instalar), como a vitalidade
da pele é preservada, a eliminação intestinal facilitada e a chance de danos ao
organismo reduzida.
Pode
ser afirmado que se desde antes de chegarmos aos 65 anos nos acostumarmos a
essa ingestão de água de boa qualidade – seja ela filtrada, fervida, mineral,
sob a forma de chá, de limonada ou de algum outro suco de frutas diluído ou não
–, estaremos protelando as rugas e o envelhecimento de maneira bem simples e
eficiente.
A
propósito da limonada aqui referida ao lado de outras agradáveis bebidas, ela é
bem fácil de preparar, aplaca a sede, hidrata convenientemente e propicia um
pouco de vitamina C natural. Contudo, não é só por isso que ela está merecendo
este enfoque particular. Cremos que, sem exagero, salientar a limonada aqui se
justifica, pois se não fossem simplesmente essas qualidades dela apontadas
acima, ela ainda pode nos reservar outro inestimável proveito, desta vez de
ordem moral, dado o bom partido que podemos tirar de incontáveis situações
capazes de transtornar a saúde.
–
Mas que motivo é esse que leva a água e o limão a serem destacados assim no
presente item? – podem estranhar agora alguns mais incertos sobre o papel deles
contra o envelhecimento precoce, que afinal de contas é só o que nos interessa.
A
resposta, provavelmente já conhecida pelos leitores de bem com a vida, vem
alicerçada no famoso ensinamento que correu mundo e que deve fazer-nos pensar
nele como um modelo de comportamento. É mais ou menos assim: “Se você, a
qualquer tempo da vida, se deparar com um limão azedo, procure logo arranjar um
pouco de água, um tanto de adoçante, e transforme tudo numa gostosa limonada.”
A sabedoria popular contida aí, sem darmos
crédito ao desdém de alguns incrédulos sobre o provérbio, serve de referência
para guiarmo-nos pela conduta sadia de
otimismo a ser posta em prática toda vez que nos defrontarmos com ocasiões
adversas e estressantes. Pautados
nessa atitude estaremos pavimentando um caminho mais suave direcionado a uma
vida com melhor qualidade e expectativa.
Retornando
à água propriamente, não convém ignorar que com a sua ingestão adequada a
viscosidade do sangue tende a diminuir. Este benefício contempla
particularmente os indivíduos já de mais idade e emagrecidos que, em geral, têm
a sua regulação de água e sódio alterada, os rins prejudicados e até a
percepção da sede embotada, fazendo com que se tornem desidratados e tenham o
sangue muito concentrado.
Vale
enfatizar que a água para beber tem que ser potável, ou seja, boa e confiável
para o consumo, porque só desse jeito ela é de todo saudável e capaz de nos
livrar de variadas doenças veiculadas por outra não tratada. Água sem saneamento ou impura compromete-nos
perigosamente e traz infecções gastrintestinais, parasitoses, hepatites e
outras moléstias viróticas. Se na
infância a diarreia aguda já é responsável por uma taxa elevada de mortalidade,
entre os adultos não são poucos também os óbitos por desidratação e desnutrição
devidos à água contaminada, principalmente nas regiões pobres dos países
atrasados.
Com
fundamento então na qualidade dela para suprir
as necessidades do organismo, tornam-se imperiosos os seguintes cuidados
rotineiros quanto ao precioso líquido que bebemos:
·
Depositá-la num filtro
após sair da torneira de casa, de um poço ou de uma fonte, e preferencialmente
num filtro de cerâmica.
·
Fervê-la se houver
suspeita de estar impura.
·
Verificar-lhe a
procedência com a devida aprovação sanitária quando se tratar de água mineral
ou acondicionada em galão.
·
Certificar-se de que
as pedras de gelo, que às vezes são acrescentadas às bebidas em bares,
restaurantes, pensões, lanchonetes ou demais lugares que as servem foram
preparadas com água já filtrada e manuseada com mãos limpas (o melhor é
dispensar tais pedaços de gelo).
São exemplos de medidas que, se não reúnem um suficiente
número de precauções, ao menos as exemplificadas podem servir de norma para a
manutenção de uma saúde melhor.
A água e a pele
Se
abordarmos a seguir o papel exercido pela água em nossa pele, muito de
interessante será descoberto. Por exemplo: constituindo o manto protetor do
corpo, a pele é o maior órgão do corpo humano. Órgão externo, mas com o qual
devemos ter um permanente cuidado, de vez que pode ser o local de entrada de um
diversificado e grande número de micróbios; pode ser atacado por picadas de
inseto e mordidas de outros animais; pode sofrer queimaduras e traumatismos com
lesões de vários tipos; ser alvo de feridas cortantes; pode ser atingido por
projétil de arma de fogo ou estilhaços de explosivos; pode ter sua integridade
comprometida por tumores benignos ou por câncer; e muito mais.
De
um modo geral, a pele costuma refletir a saúde e uma fiel estimativa do grau de
envelhecimento da pessoa. Ela vai ser focada de maneira especial no bloco 12 do
livro. O que convém ao leitor fazer agora é concentrar sua atenção na água do
banho de todos os dias.
Se
aos jovens a temperatura da água em contato com a pele quase não traz
perturbações que ameacem a saúde, nos indivíduos de mais idade pode resultar em
complicações graves se alguns cuidados não forem tomados.
Integrando
este grande cortejo de recomendações que objetivam uma vida longa e de boa
qualidade – onde a água com seus dois terços que ocupa no planeta mostra sua
importância como elemento indispensável da natureza e de utilidades vitais para
o homem –, é preciso ter em mente que o banho dos idosos tem de ser, sempre que
possível, com água morna. Eles devem ser claramente orientados para evitar os
extremos de temperatura: água nem fria ou gelada, e nem quente ou muito quente.
O
banheiro tem sido, sobretudo na área restrita ao banho (box, chão liso ou banheira), a sede de considerável número de
acidentes com os idosos. Muitos em função de descuido próprio ou de um cuidador
que os assiste.
Entrar
e sair do banho devagar para não escorregar e contar com uma barra fixa na
parede para apoio são medidas preventivas tão fáceis de se executar quanto
seguras e eficazes para não cair. Ter isso como norma é sumamente importante. Toda possibilidade de choque térmico
precisa ser eliminada, a fim de que não seja interrompida subitamente uma
trajetória de vida que poderia ser mais longa. Quem está com 65 anos ou mais
deve se eximir do contato súbito com a água fria ou gelada, porque tanto com
uma quanto com outra a pressão arterial é capaz de elevar-se bruscamente, bem
como sobrevir outro temível distúrbio: arritmia severa e parada cardíaca. Ou
então uma encefalopatia e estado de coma podem se manifestar com o choque
térmico, especialmente se quem entrar no banho for um hipertenso que por
qualquer razão deixa de usar um ou mais dos seus medicamentos habituais.
Um
episódio cardíaco anginoso, acompanhado ou não de infarto do miocárdio, pode
surpreender também. E quando não, um edema pulmonar agudo e seus perigos.
Aliás, o mesmo edema agudo de pulmão pode acontecer com qualquer pessoa que
logo depois de uma sauna com o ambiente carregado de vapores quentes sai dela
para uma chuveirada fria ou para mergulhar numa piscina de água fria.
Semelhante azar pode suceder ainda com quem quer que, suado, entre em água com
baixa temperatura, seja em casa, no mar, num rio, lagoa ou cachoeira.
Medições
a respeito comprovam que não há condição ambiental que mais faça subir a
pressão de uma criatura do que um mergulho em água fria. E se isso não for
pensado, em particular pelos hipertensos ou cardiopatas, mesmo corretamente
medicados, um daqueles acidentes circulatórios poderá subtrair-lhes a vida ali
onde se encontrem. Ou, em certos casos, fazê-los passar pelos sofrimentos e
limitações das sequelas advindas de tais episódios.
E
os banhos com água quente ou muito quente também precisam ser evitados por quem
tem sua idade avançada. Não só face às queimaduras que provocam, mas por causa
das quedas a que o susto doloroso com ela pode levar. É prudente experimentar a
temperatura com a mão antes de entrar no chuveiro ou na banheira. Sempre.
As
contusões e fraturas decorrentes dos tombos simultâneos a esses eventos
azarosos, tanto faz com água muito quente ou muito fria, são, assim, agravantes
perigosos do quadro clínico que uma vez ou outra pode acometer quem tenha, por
falha própria ou de outrem, subestimado essas precauções.
Prosseguindo
acerca da água do banho e do seu envolvimento sobre nós, vale ser lembrado que
uma boa fricção do corpo ao nos enxugarmos faz bem, tendo um valor nada
desprezível. E ao secarmos a cabeça, os dedos devem pressionar a toalha e
deslocá-la com movimentos um pouco vigorosos, visando a massagear o couro
cabeludo à medida que o enxugamos, com isso vitalizando também os cabelos.
Embora o fator genético influa fortemente na queda precoce dos cabelos, essa
prática diária auxilia na integridade deles, valendo a mesma manobra para as
pessoas que os apresentam grisalhos.
Modernamente
é possível se dispor de um sem-número de sabonetes e loções para reforçar a
saúde tanto do couro cabeludo quanto da pele em geral, motivo de a cosmetologia
ir se ampliando como uma das atividades mais desenvolvidas atualmente, oferecendo
produtos bem diversificados e apropriados à mulher e ao homem. No entanto,
muitas vezes um bom médico tem que intervir para tornar a pessoa aparentemente
mais jovem e elevar-lhe a autoestima. A dermatologia e a cirurgia plástica
têm-se revelado de uma significativa e indiscutível importância nos adultos e
nos já idosos, e trazem, amiúde, mudanças que podem compensar os custos de quem
quer e pode arcar com suas despesas.
Enxugar
bem a sola dos pés e os espaços interdigitais precisa constar desses cuidados
que estamos focalizando sobre a água e a saúde. Principalmente pela atenção
especial que os pés exigem de quem, sabidamente, tem diabetes. É uma atitude
simples de ser levada a efeito, mas que conta de forma expressiva contra a
instalação de doenças micóticas nos pés e nas unhas de qualquer indivíduo. Nos
diabéticos isso tem um valor fora do comum, de acordo com o que foi explicitado
no capítulo sobre eles. Apesar de serem lesões às vezes nem percebidas sem um
exame local, essas micoses provocam mau cheiro, coceiras e escoriações que
passam a ser um fértil terreno para a entrada de bactérias. Em quem é diabético
elas são especialmente perigosas se não receberem um tratamento eficaz. E mesmo
em quem não tem essa doença metabólica contam na higiene pessoal, não deixando
de afetar a qualidade de vida.
Mais benefícios da água
Sem
deixar de levar em consideração as doenças em grande número decorrentes do uso
inadequado da água ou da falta dela, os seus benefícios encontram ainda nos
banhos de assento o quanto de positivo estes são capazes de representar para o
alívio de certos males. Os leitores da 3ª idade provavelmente se lembram do
tempo em que as cólicas renais as crises de cistite, os ataques convulsivos e
outros estados dolorosos eram aliviados pela água morna de uma banheira.
Recentemente são muito poucas as casas ou apartamentos onde as banheiras são
instaladas durante a construção para que seus moradores possam desfrutar o
efeito relaxante que elas proporcionam ao lado da terapia causal. De qualquer
modo, fica registrada a ação antiespasmódica e calmante que um banho de imersão
em água tépida pode exercer.
Uma
extensa relação de outras utilidades da água poderia ser declinada aqui não
fosse a conveniência de abreviarmos este assunto concernente ao admirável papel exercido sobre nós pelo líquido mais precioso do planeta. As
palavras finais sobre ela são para exaltar sua grande serventia sob a forma de
gelo, compressas ou envoltórios frios para aliviar, entre outras, as dores
musculares, as algias e o inchaço das contusões, e diminuir o mal-estar de uma
febre.
E sem esquecer os extraordinários serviços que
nos presta ao possibilitar nas piscinas, nos rios, nos lagos e no mar os
exercícios de natação e diversas outras atividades aquáticas, quer recreativas,
desportivas ou terapêuticas.
Além do que, tem de ser ressaltado, para
encerrarmos, o inestimável auxílio do seu emprego na pesquisa e no progresso da
ciência, da indústria, da agricultura e de uma porção enorme de atividades
laborativas que de uma forma ou de outra influenciam na saúde do homem.
A IMPORTANTE MICRONUTRIENTE COLINA
Integrante
do complexo vitamínico B, a colina é um composto indispensável à formação da acetilcolina, que vem a ser a substância
química liberada pelas fibras terminais do nosso sistema nervoso autônomo (involuntário, inconsciente) parassimpático – o vago (que é
calmante). Ela é que é responsável pelo aumento dos movimentos propulsivos do
intestino, pelos batimentos cardíacos mais lentos, (o ritmo cardíaco regular e
cadenciado com frequência abaixo de 60 batimentos por minuto se chama
bradicardia), pela dilatação dos vasos e tendência a queda da pressão arterial,
pela contração dos brônquios, pela miose (redução do diâmetro das pupilas),
pela maior secreção de saliva, de lágrimas, de suor, de muco, dos sucos
digestivos, e por outras atividades orgânicas.
Todos esses fenômenos naturais são opostos
aos das células efetoras do sistema nervoso autônomo simpático (excitante), que libera a nor-adrenalina e a adrenalina.
A nor-adrenalina regula e reduz o peristaltismo, aumenta a força contrátil do
coração e sua frequência (acima de 100 significa taquicardia), atua nas
artérias e arteríolas contraindo-as e fazendo a pressão subir, relaxa os
brônquios, o útero e as coronárias, dilata as pupilas (midríase), diminui a
secreção de saliva, de lágrimas, de suor, de muco e dos sucos digestivos, afora
outras funções. Ao passo que a adrenalina liga-se principalmente às nossas
situações estressantes de emergência e de tensão emocional.
Adicionalmente,
a colina tonifica o cérebro e protege o fígado (ação hepática lipotrópica).
Suas
principais fontes alimentares são a gema de ovo, o fígado, a soja e seu
óleo, os outros grãos, os cereais e os peixes.
Dose de prevenção ou para suplementar um tratamento:
3 a 6 g por dia, via oral.
FUNÇÕES DO ÁCIDO FÓLICO, DA VITAMINA B12 E DO FERRO
As
observações clínicas sobre o envelhecimento cerebral revelam uma estreita
relação dos níveis normais de ácido fólico e de vitamina B12 do sangue com um
cérebro e um sistema cardiovascular em bom estado. Estas duas vitaminas, também
conhecidas como, respectivamente, folato e
cianocobalamina, fazem parte do
complexo B, e somadas ao ferro nos são imprescindíveis. A deficiência
simultânea delas duas tem sido registrada em algumas demências que acompanham
processos neurodegenerativos, tal a Doença de Alzheimer, onde a atrofia do
cérebro responde atualmente por um alto índice de invalidez e morte, às vezes
até antes que a velhice chegue.
Aliando-se
à vitamina E para retardar a progressão dessa moléstia e de outras enfermidades
neurológicas cognitivas (que comprometem o conhecimento), a vitamina B12 e o
ácido fólico também atuam nessa área, e quase tanto como a potente vitamina E.
Além do mais, os folatos previnem defeitos do desenvolvimento fetal, atrasos de
crescimento em crianças, cânceres, e auxilia na osteoporose.
Estudos
especializados têm demonstrado que raramente uma hipovitaminose se instala
sozinha nas pessoas que se alimentam de modo precário, seja isso por causa de
condições econômicas desfavoráveis, seja em decorrência de alguma moléstia.
Quase sempre o que se verifica é que diferentes deficiências vitamínicas e de
sais minerais se acham associadas nesses estados carenciais. Consequentemente, devemos aceitar a
ideia de que é necessária a suplementação nutricional sistemática em quem é
carente. Isto se faz incorporando à
alimentação compostos confiáveis contendo as múltiplas vitaminas, sais minerais
e antioxidantes para corrigir as carências em jogo. Eles colaboram acentuadamente para a obtenção de uma melhor
capacidade física e mental, previnem manifestações de caráter involutivo e
conferem maior poder à nossa resistência global. Providência desse tipo
funciona como estratégica ferramenta contra o envelhecimento antecipado, tanto
dos centros cerebrais quanto dos tecidos de todo o corpo, vantagens das quais o
caro leitor deve estar se lembrando, pois observou-as na dieta dos diabéticos e
leu sobre elas também no sexto bloco do livro .
Julgamos
de tal valia essa suplementação de nutrientes, que nos idosos ela tem sua
indicação máxima, já que, só por força da idade, eles produzem menos sucos
digestivos para digerir a comida, como menor neles também é a presença do fator
intrínseco de Castle do estômago – um elemento de muita importância na absorção
intestinal da vitamina B12 ingerida na dieta. É frequente surgir neles, ainda
em função disso, um quadro anêmico crônico que requer controle.
Acresce
que a vitamina B12, na sua forma de cianocobalamina, tem uma ação efetiva
contra dores. Certas afecções neurológicas e reumatismais são beneficiadas com
o seu uso, podendo ser empregada com igual êxito na anorexia (falta de
apetite).
Já
o ácido fólico possui outra qualidade: reduz a taxa de homocisteína quando ela
se encontra elevada no sangue. A homocisteína é aquela proteína ligada ao
metabolismo da metionina, um protetor valioso do fígado. Não custa recordarmos
que quando a alimentação é pobre em folatos, a homocisteína aumenta sua
concentração e passa a constituir um fator de risco cardiovascular independente
que, de forma invariável, é condicionador de aterosclerose.
Quanto
ao ferro, ele é fundamental no transporte do oxigênio a todos os setores
orgânicos, concentrando-se particularmente no baço, fígado e medula dos ossos
(o tecido mole e gorduroso popularmente conhecido como tutano, que enche a
cavidade óssea). E participa da síntese da hemoglobina (nos glóbulos
vermelhos), atua no metabolismo dos alimentos energéticos e integra a
mioglobina (a hemoglobina dos músculos).
De
tal sorte este oligoelemento é essencial, que se a dieta não contiver ferro em
teor adequado (sua IDR é de 14 mg), sobrevêm fraqueza e anemia. É preciso,
todavia, que ao se corrigir uma anemia, o ferro não seja administrado em doses
terapêuticas acima do necessário, senão isso leva ao inverso: uma
superoxidação, com perdas para o sistema de proteção antioxidante. Por este
motivo, se alguém anêmico estiver padecendo de doença gastrintestinal, que
geralmente dificulta a absorção alimentar, e em que pese o risco adicional de
ser aumentado o colesterol, sua anemia tem de ser corrigida é com o ferro
natural das carnes-vermelhas, das vísceras (fígado bovino e de galinha, moela e
coração de frango), da gema de ovos e dos peixes. Essa forma de ferro, chamada ferro heme (originado de animais), não
se acumula no organismo e não está sujeito a qualquer oxidação demasiada e
prejudicial, do mesmo modo que não traz prejuízo algum o ferro não-heme (oriundo dos vegetais mencionados abaixo).
Os
alimentos que mais concorrem para uma boa provisão de ácido fólico e de
vitamina B12 são ao seguintes: fígado de boi, miúdos de frango, tutano,
carnes-vermelhas e seus sumos, gema de ovos, levedura de cerveja, pães
integrais, feijões e as outras leguminosas, além da alcachofra, agrião, salsa e
espinafre.
E
o ferro pode ser obtido ainda – sem contar com todas essas fontes
naturais citadas acima – da maçã, do damasco, das passas de uva, da ameixa, das
nozes e outros oleaginosos, do farelo de trigo, dos flocos de cereais, da
farinha de soja, do melado e das algas, ostras e mariscos.
Doses do ácido fólico para prevenir ou
integrar um tratamento: 5 a
400 microgramas diariamente, por via oral, devendo estar associado à vitamina
B12.
Doses da vitamina B12: 1.000 a 10.000 microgramas
por dia, preferentemente em injeções intramusculares.
Doses do ferro: 100 a 500 mg diárias,
oralmente ou, em casos especiais, por via parenteral.
Passados
assim em revista esses três poderosos promotores de saúde, não deixe que eles
faltem na sua alimentação se ainda não o fez, pois seus bons efeitos aparecerão
a médio e longo prazo. Dúvidas de qualquer natureza poderão ser sanadas com o
seu médico, o qual, como quem redigiu o tema, tem em vista o melhor para você.
Ele deve ser consultado (já o dissemos) antes da utilização de qualquer produto
contendo os nutrientes descritos ao longo dos textos.
CAPÍTULO
8
COMO COLOCAR EM PRÁTICA ALGUNS CONHECIMENTOS GERAIS CONTRA O
ENVELHECIMENTO PREMATURO
INTRODUÇÃO
Esta
parte do livro sinaliza para o leitor cinco assuntos acerca da saúde que
influem de maneira expressiva na qualidade e até na duração da vida. De fato,
esses cinco itens, que serão abordados de um modo fácil de ser compreendido mas
nem por isso menos científico, alcançam em conjunto uma importância que supera
em muito uma simples curiosidade. Estimamos que, postos em prática, eles
justifiquem os grandes resultados que podem trazer.
De
inícipço será descrito o cuidado com os nossos dentes. O item é analisado de
uma forma que possivelmente vai levar a eles merecerem uma nova dedicação por
parte das pessoas que não lhes dão ou não puderam até então dar aos seus dentes
o devido valor. É bem possível que elas passem a encarar isso como um
investimento que vale a pena fazer.
Na
segunda parte poderá ser apreciado o inestimável benefício proporcionado pelo
bom humor durante as refeições para que a digestão ocorra de um modo mais
natural e a nutrição se faça a melhor possível.
Em
terceiro lugar se encontrarão certas precauções importantes a tomar quanto à
escolha e compra dos alimentos em padarias, açougues, feiras, supermercados,
peixarias e mercearias, restaurantes, bares, lanchonetes, quiosques, balcões ou
com ambulantes, sendo lembrados determinados critérios para a seleção adequada
dos produtos utilizados no dia a dia.
Dando
continuidade, deverão despertar a atenção do interessado as consideráveis vantagens
decorrentes de um check-up e as
conclusões dessa avaliação médica visando a detectar qualquer causa ou fator de
risco de doença que poderiam vir a se manifestar. Quanto mais não seja, para
descobrir alguma outra enfermidade já existente, mas desconhecida pelo
examinado, de modo a que as alterações descobertas possam ser corrigidas a
tempo de não abalar a saúde com severidade.
O
capítulo é fechado com ênfase nos progressos da ciência e da tecnologia, tendo
ainda em mira conscientizar alguém que já tenha passado pela experiência de um
período de doença grave a conduzir-se de acordo com as normas dietéticas
expostas até aqui. E fazendo, simultaneamente, as mudanças necessárias que
couberem no estilo de vida que levava, tudo em conformidade com a orientação
geral e medicamentosa recebida de um médico.
CUIDADOS COM OS DENTES
A
vida nos ensina que hábitos sadios são adquiridos desde a infância. Por conta
desta verdade, se pelos bons costumes o estimado leitor ainda conserva um
grande número de dentes naturais ou todos eles, está de parabéns. Mas se não,
daqui por diante a visita periódica ao dentista deverá estar naturalmente
incluída nos seus planos. Aliás, nos planos de quem quer que deseje envelhecer
com saúde.
Se
os seus dentes ou algo na boca não estão bem, visite o dentista. Os odontólogos
alertam que a saúde começa pela boca,
onde a mastigação deve ser vagarosa e
a comida ficar quase líquida antes de engolirmos.
Não
é por menos que a profissão odontológica ocupa uma posição tão destacada quanto
indispensável na existência do homem civilizado. E os médicos e nutricionistas
não fazem segredo disso.
A
despeito dos 32 dentes estragados de um adulto poderem ser substituídos por
artificiais, culminando com dentaduras completas, nada como conservar os
genuínos e repará-los toda vez que for necessário. Essa atitude resulta num
conforto pessoal inconteste, redunda em consideráveis ganhos para uma melhor
mastigação e assimilação dos alimentos, e se cristaliza na exibição de um
sorriso bem mais natural. Mesmo porque os recursos e materiais atualmente
disponíveis permitem, mercê da avançada tecnologia e melhor anestesia, que as
extrações dentárias e de tártaros, o tratamento de cáries, de canal, das
gengivas e de outras afecções sejam realizados praticamente sem dor alguma.
Acabou-se o sofrimento em cadeira de dentista.
Além
do mais, já estão à nossa disposição novas próteses e aparelhos corretores sob
várias formas, bons implantes, processos moderníssimos de reabilitação oral e o
clareamento dentário.
Em
linha com esses benefícios, a assistência de um profissional competente pode
nos libertar de um foco infeccioso que poderia repercutir à distância; pode nos
livrar da progressão de algum tumor cancerígeno da mucosa bucal, da língua ou
dos lábios que surgiu mas de sorte a ser tratado em tempo hábil; e ainda
possibilita prevenir ou tratar numerosas outras enfermidades bucais.
A higiene
da boca feita corretamente constitui fator de relevo na saúde como um todo.
Assim, enxaguar a boca logo após qualquer refeição, usar o fio dental em
seguida, e se possível escovar os dentes depois, são três premissas tão úteis
quão inteligentes. Esse hábito, que deve
merecer a atenção do prudente leitor (nem que seja somente o ato de enxaguar e
passar o fio dental), tem por finalidade remover detritos e inibir as placas
bacterianas de se instalarem com rapidez e provocar danos, quer aos dentes,
quer às gengivas, causando tártaros, cáries, gengivites e outros problemas onde
a dor e a halitose sobressaem-se como desagradáveis e inconvenientes
manifestações da falta de cuidados. Por sinal, o mau hálito incide em mais ou
menos 50% da população em geral. É fácil evitá-la. Sendo preciso, confie o
assunto ao seu dentista.
Se
a escovação for levada a efeito de maneira correta (no mínimo logo depois do
café da manhã e à noite antes de dormir), esse simples costume já auxilia
bastante para uma boa saúde bucal. Não é nada vexatório reaprender com o seu
dentista uma escovação eficiente. Mas se você já está acostumado a escovar os
dentes de modo certo, tal conduta lhe ajuda muito e continuará a ser
compensadora. Do contrário, ainda é tempo de pô-la em prática onde quer que
faça as suas refeições e toda vez que puder.
Como
vemos, é profícuo o empenho para uma
visita ao odontólogo. Ela deve ser feita mais ou menos de seis em seis meses ou conforme ele determinar. Não
somente em razão de a saúde em geral depender muito da boca, porém ainda porque
um sorriso à custa de bons dentes é uma prioridade a perseguir visando a uma
estética razoável e a uma forte autoestima.
Sorrir faz bem aos outros e à própria pessoa.
E há quem diga que o sorriso é a mais bela expressão do ser humano. Um sorriso agradável no rosto de alguém
usualmente espelha o bom estado da alma, além de ser um importante fator de
sucesso pessoal, motivo pelo qual ocupou, junto aos itens que lhe seguem, este
primeiro do total em curso.
BOM HUMOR ÀS REFEIÇÕES
Não
é novidade alguma que uma digestão bem feita tem bastante a ver com o contentamento
à mesa. Baseados nesta correlação devemos buscar alegria e paz em todas as
refeições. E sempre que pudermos, fazê-las em ambiente calmo e fresco, seja em
casa com a família, num restaurante, numa lanchonete ou em outro lugar
qualquer, toda vez precedidas, é claro, do valioso hábito higiênico de lavar
bem as mãos – costume a seguir, com o mesmo critério, logo depois de
utilizarmos algum banheiro.
Ainda que o leitor esteja sozinho para comer,
é boa norma não levar para a mesa – da mesma forma que não deve fazê-lo quando
vai para a cama dormir – problemas relativos ao trabalho ou rusgas de ordem
pessoal ou familiar. A hora das refeições tem de ser compreendida como preciosa
e sagrada, e a isso precisamos dedicar-nos por inteiro.
A calma e
o bom humor enquanto se come são fiéis aliados da saúde física e mental, sendo
a alegria um medicamento divino.
Já vimos que uma digestão bem feita começa
realmente na boca, onde a mastigação cuidadosa e a ação da saliva iniciam o
processo digestivo propriamente. Em seguida, os outros diferentes sucos das
sucessivas etapas entram em ação desempenhando o seu papel fisiológico à medida
que os alimentos progridem e vão sendo processados. Até que são assimilados.
Posteriormente, sob a condição de resíduos inabsorvíveis, acabam por serem
eliminados com as fezes.
Mas
o certo é que a digestão é uma operação complexa do início até o fim, levando 24 a 48 horas para se dar por
completo. E de imensurável importância no âmbito da existência terrena do
homem.
Não
é difícil concebermos que havendo serenidade e bom humor à mesa, o apetite fica
preservado e as secreções digestivas – desde a boca até o intestino – fluem
normalmente, favorecidas por esse estado de espírito. No entanto, se ao
contrário, houver apreensão por qualquer motivo ou aborrecimento de qualquer
ordem, os sucos digestivos e o deslocamento do bolo alimentar não se
processarão de maneira adequada, resultando numa digestão malfeita e numa
absorção precária dos nutrientes.
Lembremo-nos
que assim como o nosso psiquismo rege o corpo, a angústia e o mau humor afetam
perniciosamente a digestão. Podemos comer o pão mais doce e apetitoso que
exista; mas se ao fazê-lo estivermos de mau humor, não só deixaremos de
perceber direito o seu sabor, como dificuldade de digeri-lo e dispepsia vão
surgir.
Comer
com a mente tranquila e em paz, ocupando o espírito com pensamentos agradáveis,
atrai uma corrente mental de saúde e vigor. Ou seja, nosso ânimo tem de estar
receptivo para a comida fazer bem. Tanto ao corpo como ao espírito.
Se
enquanto comemos pensarmos em doenças, desgostos ou infelicidade, estaremos
como que assimilando esses maus sentimentos. Mesmo não sofrendo de uma suposta
enfermidade da qual falamos durante uma refeição, se o fizermos repetidas vezes
chegará o dia em que poderemos ser atingidos por ela.
De
modo que convém acreditar que é maléfico e improfícuo o dispêndio de energia em
pensamentos tristes, bem como estudar ou manifestar preocupações enquanto
estamos sentados a comer. Essa energia nos faria falta para as atividades
habituais, pois é nesse período de trinta ou sessenta minutos de uma refeição
que estamos prestes a adquirir uma boa dose de energia.
Recordemos
de uma vez por todas que é preciso
colocarmo-nos em condições mentais e físicas de aquietação para comer, a
fim de que seja obtido tudo de melhor que os calmos momentos da alimentação são
capazes de trazer.
Comer
com sofreguidão, ansiedade e pressa é um costume perigoso e ruim, que não traz
boa nutrição e saúde ao organismo. Diferentemente do glutão, o indivíduo que
come menos, devagar e sossegado, que mastiga bem os alimentos e os saboreia
como delícias, beneficia-se muito mais do que aquele outro, que nem pode
apreciar a comida.
Em
verdade, nunca é perdido o tempo gasto em
qualquer prazer se gozarmos dele de uma
forma sadia e digna. E o paladar dos alimentos gostosos e saudáveis vem a
ser um dos maiores prazeres da vida.
Amparados
nisso é que sugerimos ao leitor, que busca bem-estar e saúde, reservar uma
parte das suas economias para uma despesa de singular proveito: acompanhar o
almoço ou o jantar com um copo de vinho, sobre o qual a preferência deve ser
dada ao tinto, cujas virtudes estão à mostra no capítulo 6. Não havendo
contraindicação formal para tomá-lo, o seu humor à mesa há de melhorar e estará
sendo atendido, de um modo bastante agradável, o propósito deste relevante
subtítulo relacionado à prevenção do envelhecimento prematuro.
Uma
considerável ajuda à digestão normal é proporcionada também por um pouco de
repouso depois do almoço (se houver hérnia de hiato diafragmático, não deitar,
mas sim sentar e cochilar). E pode-se ir para a cama dormir logo após o jantar,
porque é errônea a crença de que isso venha a fazer mal (os animais irracionais
o fazem e a digestão deles é tão boa quanto completa e calma).
Um
breve descanso – cochilando ou não – após as refeições principais favorece o
movimento do sangue para os órgãos do nosso aparelho digestivo, condicionando
um desenrolar mais fisiológico do processo digestório, isto é, mais natural.
Isso não acontece se parte significante da massa sanguínea for desviada dos
órgãos encarregados da digestão para a musculatura de um indivíduo que, por
exemplo, sai da mesa e, apressado, se desloca para caminhar ou para dirigir um
veículo. A digestão aí será imperfeita e a nutrição prejudicada.
Mas
perigoso mesmo se torna o caso de quem se arrisca a tomar um banho completo em
seguida a uma de suas refeições maiores: pode ocorrer uma lipotímia (desmaio)
ou uma síncope mais grave por déficit de irrigação cerebral, sucedidas de
queda, com a possibilidade de alguma fratura ou mesmo um estado de coma
encefálico se, por grande azar, a base do crânio sofrer traumatismo. Tal
lipotímia, chamada vulgarmente de congestão por muitas pessoas, não é rara de
acontecer ainda hoje com criaturas desprevenidas. Por desconhecerem isso, elas
podem ter suas vidas desastradamente encurtadas ao cometerem essa imprudência,
isto é, banharem-se por completo assim que acabam de tomar o café da manhã, de
almoçar ou jantar. Duas horas de intervalo é um tempo razoável para ser
respeitado.
Acresce,
finalmente, que se à medida que nos contentarmos com o simples mas real
privilégio de podermos estar nos alimentando; e ainda mais, se nos dermos conta
de que a alimentação que vem sendo feita combina com os moldes aqui
apresentados (o que se aproxima de uma dieta totalmente saudável), então tudo
isso vai influir para seguirmos confiantes de que, pelo menos do ponto de vista
alimentar, estaremos desimpedindo o caminho da longevidade.
SELEÇÃO CRITERIOSA DOS ALIMENTOS
Diante
do crescente número de supermercados nas cidades atuais, sobretudo nas
metrópoles, tornou-se mais fácil a escolha variada de alimentos para a nossa
mesa. Particularmente para as famílias que dispõem de uma situação financeira
compatível com as compras necessárias.
É
obvia a precaução que devemos ter, sempre, em levar para casa – quaisquer que
sejam os comestíveis e sua origem – aqueles mais frescos à venda. Verifique o prazo de validade deles, pois
são evitadas, assim, perigosas gastrenterites por produtos deteriorados.
Quando sérias, essas intoxicações e toxinfecções alimentares geralmente advêm
de verduras, frutas, carnes, laticínios, produtos enlatados, doces ou outros
alimentos contaminados por bactérias, por fungos, por vírus (os vírus estão
implicados em 50% das crises diarreicas desde que nascemos), por agrotóxicos ou
por outros agentes. Indistintamente, eles podem ameaçar ou acabar com a vida do
intoxicado, tamanha a desidratação, as complicações venenosas ou as alergias
capazes de causarem. Principalmente se atingirem idosos, crianças ou
depauperados. E se considerarmos que hoje em dia são contabilizados
mundialmente acima de 4 milhões de óbitos ao ano por causa de diarreias agudas e as consequências que
as fazem fugir ao controle, isto pode ser o quanto basta para dizer-nos como é
importante preveni-las mediante uma seleção dos alimentos feita com atencioso e
usual critério, onde quer que estejamos. É o caso, por exemplo, dos pães de
fôrma e de um abundante número de produtos que encerram glúten. Todos eles podem gerar fortes reações diarreicas nas
pessoas que apresentam uma doença chamada celíaca e naquelas alérgicas ao
glúten. (O glúten é uma matéria viscosa extraída dos grãos de cereais,
especialmente trigo, e que dá elasticidade à massa preparada com a farinha
dessas sementes.) Diarreias intensas também podem acometer os intolerantes à lactose do leite (adultos ou crianças),
para quem o leite-de-soja é um bom lenitivo.
Cuidados
à parte têm que ser tomados contra as parasitoses
veiculadas por alimentos indevidamente examinados ou pouco higienizados antes
de irem para a mesa. Verduras e frutas têm de ser bem limpos e lavados na preparação para comê-las,
porque vermes, seus ovos, larvas e também diversos micro-organismos podem se
assestar no estômago, no fígado, nos músculos, no cérebro e até nos olhos,
ocasionando problemas e perturbações passíveis de levarem à morte.
Uma
conduta segura é nunca escolher produtos de origem duvidosa ou sem
credibilidade, e evitar os que contenham corantes, outros aditivos artificiais
e gorduras do tipo trans. Convém não ignorar também que publicações
especializadas já levantaram fortes
suspeitas de carnes defumadas e certos alimentos de origem animal conservados
em latas gerarem câncer. Abandone-os para sempre.
Vale
ressaltar ainda que as frutas enlatadas ou acondicionadas em frascos são de
pouco valor nutritivo e geralmente levam muito açúcar comum incorporando-as.
Cabe
ser feita em separado uma nota em relação aos adoçantes sem calorias. Tanto os
diabéticos quanto as pessoas que precisam perder peso encontram neles um grande
auxílio para adoçar as bebidas, compor refrigerantes, sucos, doces em pasta,
pudins, bolos, gelatinas e muitas sobremesas diferentes, segundo já sabemos
desde o capítulo que abordou o diabetes. Mas temos de lembrar que todos esses
produtos, diet ou light, requerem uma boa e costumeira
verificação dos seus ingredientes para corresponderem à intenção dos seus
usuários.
QUANDO SURGEM DOENÇAS
De
tudo que foi exposto até aqui sobre estratégias antienvelhecimento, nada
serviria efetivamente se um clínico não fosse consultado pelo menos uma vez por
ano para saber dos nossos hábitos, isto é, averiguar todo o estilo de vida que
levamos, fazer um rigoroso exame físico e requisitar alguns exames
complementares. Seja uma análise laboratorial – que a robótica e os métodos
computadorizados têm tornado muito mais confiável –, algumas radiografias, uma
tomografia, um eletro ou ecocardiograma, um estudo ultrassonográfico, uma ressonância
magnética, uma densitometria óssea, uma videoendoscopia, uma biópsia ou
quaisquer outros, cada um pode somar valiosamente para um diagnóstico preciso
do nosso estado de saúde e para o tratamento de alguma doença até então
ignorada. Muitos infartos, derrames cerebrais, infecções, tumores e fraturas
são prevenidos e tratados contando-se com essas investigações.
Ao
adoecermos, tratar a moléstia sem demora é a melhor atitude em face do quadro
mórbido e das complicações que podem resultar se não impusermos a ele um
combate decisivo. Em qualquer idade este é o comportamento sensato para
conseguirmos manter uma boa saúde. Para
tanto, se você puder selecionar um bom profissional, terá toda a medicina a seu
favor. Se dois médicos se dispuserem a tratar a mesma coisa, é pouco provável
que possa granjear todos os benefícios do tratamento. Mas se três médicos ou
mais atuarem conjuntamente, então acredite que a medicina deverá estar
totalmente contra você. Contudo, um especialista em determinado setor do
organismo pode ser de grande ajuda para opinar ou intervir em certos casos.
O
check-up funciona como se fora um monitor do nível de qualidade de vida que
vamos levando. Na prática ele é um exame geral utilíssimo, porquanto busca
surpreender doenças mediante um diagnóstico precoce, bem como orientar no
sentido de novos rumos se viermos a precisar disso.
Assim,
há que pensar que as recomendações do médico devem ser acatadas com firmeza,
tanto no que respeita à dieta pertinente ao caso quanto aos remédios ou meios
cirúrgicos que a doença requerer. E que medicamento ou terapia que serve para
uma determinada pessoa podem não ser os mesmos a fazer bem a outras, razão de
termos de admitir que remédios e a conduta a serem seguidos são inegavelmente
melhores e mais eficazes quando individualizados de acordo com o caso (cada
pessoa reage às doenças a seu modo).
Os
avanços tecnológicos da indústria química e farmacêutica e as pesquisas
científicas – que não param – têm permitido às populações de hoje o uso de
medicamentos cada vez mais eficientes, com menos efeitos colaterais e de mais
cômoda administração. Esses progressos têm resultado numa adesão maior dos
pacientes aos fármacos prescritos, auxiliando mais intensamente do que no
passado para um bom controle ou cura da enfermidade que se contrapõe no caminho
da saúde. A propósito, as expectativas positivas a respeito do curioso
transplante de medula óssea e das polêmicas células-tronco já vêm assombrando o
mundo.
Admiráveis conquistas nos remetem, por fim, às novas
técnicas cirúrgicas aliadas à bioengenharia, aos computadores e às notáveis
imagens do ato operatório exibidas numa tela dentro de uma sala de cirurgia
(pode-se operar agora até com incisões minimamente invasivas). E louve-se a
transmissão por via satélite das apresentações médicas. Tudo isso tem
simplificado muitas intervenções outrora complexas e permitido um
restabelecimento do operado bem mais cedo do que sucedia antes.
MUDANDO PARA MELHOR
Sendo
o objetivo central destes tópicos sucessivos apresentados no livro propiciar
vida longa e com qualidade, julgamos não ser demais conclamar o caro leitor e
prezada leitora para sempre procurar
tirar um bom partido de quaisquer desventuras que causem transtornos à saúde. Tocamos nisso no
capítulo anterior, quando discorremos sobre o tema da extrema importância da
água sobre nós. Consequentemente, qualquer que tenha sido a doença que por
acaso já lhe tenha acometido, o essencial é você se dar conta da absoluta
necessidade de, tão logo ela já esteja sob controle ou vencida por meio de
terapia clínica ou cirúrgica, passar a guiar-se pelas diretrizes já
estabelecidas até o presente módulo e por aquelas que ainda serão alinhadas
neste volume.
Por
exemplo: se o que você teve foi uma doença de natureza infecciosa, tal uma
pneumonia surgida após uma gripe subestimada e mal tratada; se foi ela de
natureza traumática, como uma fratura de fêmur por descuido e queda de um
degrau; ou se o que lhe aconteceu foi uma doença maligna, como um câncer
digestivo instalado num organismo propenso e submetido à ingestão repetitiva de
alimentos inadequados em paralelo a um grande estresse; enfim, qualquer que
tenha sido a origem da moléstia, mudar
para melhor o seu estilo de vida é a decisão mais correta a ser tomada.
Com
este procedimento e tendo no otimismo um
parceiro de todas as horas, é assaz
improvável que um daqueles ou diferentes males não exemplificados venham lhe
incomodar outra vez, visto que terão servido de marcante experiência passada.
Ou, dizendo melhor, se o estimado leitor já transpôs um obstáculo daqueles, ou
passou por algum outro episódio qualquer não citado como exemplo, é bem
possível que não vai se deixar abater novamente.
Fosse
qual fosse, aliás, o seu passado patológico, seria de nosso maior interesse
você usufruir da inteligência e sensatez que possui para colocar em prática,
conjugados a fervoroso esforço, os conselhos e algumas novas noções contidos
nestes textos. Sem esta nossa sinceridade para com o leitor, nenhuma razão
existiria para eles estarem se sobrepondo página a página.
Mas
convém descansar um pouco da leitura, porque o capítulo a seguir vai apresentar
um dos assuntos da atualidade que mais tem ocupado os jornais, as revistas o
rádio, a televisão, a internet e as telas de numerosas engenhocas eletrônicas e
de comunicação telefônica despejadas nos países afora sem cessar e ao alcance
da mão. É um tema da mídia tão relacionado ao nosso equilíbrio psicossomático
que esse breve descanso antes de abordá-lo pode ser útil. Respire fundo, relaxe
uns minutos e conheça as vantagens de saber o que ele oferece.
CAPÍTULO 9
O ESTRESSE NA VIDA DE CADA UM
INTRODUÇÃO
A
importância de compreendermos o estresse e a necessidade do próprio esforço em
darmos combate a ele é de tal magnitude, que qualquer publicação atualizada a
respeito de boa saúde não mereceria crédito se não abordasse este assunto com
veemência. Isto posto, convocamos o leitor a ingressar logo na parte inicial
desta empolgante matéria, e com a maior das atenções. Nela deverá ser
entendido, até facilmente, o que se conceitua como estresse, que neste
preâmbulo já vamos dizendo ser uma condição de grande evidência hoje em dia e
que reside, em essênci, na relação entre
nós e o meio ambiente que nos envolve.
Após
a conceituação de estresse, o enfoque na prática dos exercícios feitos com
assiduidade vai permitir entendermos também como a atividade física, que pode
ser realizada de formas tão diversificadas quanto agradáveis, é capaz de agir
para manter equilibrada essa relação indivíduo/ambiente.
Nenhuma
dificuldade haverá, da mesma sorte, para serem aprendidos alguns conhecimentos
modernos do mecanismo fisiológico dos exercícios.
Em
seguida, poderá ser percebido como um bom sono tem a força antiestressante
suficiente para serem enfrentadas com mais acerto as horas em que ficamos
acordados.
Diante
de tudo, concluiremos não ser sem motivo
que o estresse mental determina uma série de respostas orgânicas com
repercussão no desenvolvimento da aterosclerose, constituindo, entre os demais,
um reconhecido fator de risco independente para esse processo inflamatório e
degenerativo das artérias. Só por
isso já vale aceitar a ideia de que evitar e dar combate ao estresse demasiado
nos favorece de um modo inequívoco a qualidade e a duração da vida neste mundo
em que habitamos.
Confiamos
nas recompensas duradouras para quem se dedicar atenciosamente tanto à matéria
teórica que aqui se contém, como à prática dos exercícios e outras condutas de
grande efeito apresentadas no capítulo.
COMPREENDA O ESTRESSE
Se
existe concordância unânime entre os estudiosos de determinados assuntos da
ciência humana, um deles é aquele que aborda a imunidade de cada pessoa, isto
é, suas defesas para se manter sadia e resistente às agressões de todo tipo.
Isso depende muito da capacidade que ela tem de ficar equilibrada com o meio
ambiente que a cerca. Para tanto, ela deve reagir às pressões e traumas psicológicos
que a vida impõe, mas precisa fazer isso com respostas adequadas, sem
sofrimento que passe dos limites e como se fosse “em silêncio”, de tal forma
que a deixe numa posição ideal chamada de eustresse.
Ou melhor, uma boa
imunidade depende muito de o indivíduo enquadrar-se num estado de saúde física
e mental que não se altere patologicamente pela ação do meio agressor sobre
ele, pois o estresse nada mais é do que uma reação psicológica e orgânica
diante de determinada situação – boa ou má – que requer uma adaptação pessoal. Seja
o choque emocional da separação ou da perda do marido ou esposa, do pai ou da
mãe, de um filho ou filha muito queridos, de um irmão ou irmã, de um avô ou
avó, de um amigo ou amiga, ou até de um animal de estimação; pode ser o baque
de um incêndio assustador na residência ou noutra propriedade que lhe pertença;
o impacto de um frio ou calor muito fortes; medos ou alegrias intensos; o
trauma de uma cirurgia ou do desligamento do emprego; uma sobrecarga de
exigências familiares ou de trabalho; o abalo de um roubo ou assalto; ou então
outras tensões preocupantes, – o que se
espera dessas situações é um estado de equilíbrio que vai influir
decisivamente para uma boa qualidade de vida depois.
Pois
bem. O estresse anormal – distresse – que
equivocadamente e por força de repetição ganhou a fama popular de estresse
(“stress” em inglês), consiste no desequilíbrio dessa relação entre o ambiente
e a estrutura de cada um de nós. Uma relação que ao invés de ser harmônica
e igual a 1, passa a maior do que 1 e com o franco predomínio das forças
ambientais sobre a resistência da pessoa. É nisso que reside uma das causas
mais consideradas hoje em dia como de expressiva influência para envelhecer
precocemente os superestressados e, conforme o caso, até abreviar-lhes a vida.
Como
se não fossem suficientes a ansiedade, a inquietude, alguma subida de pressão,
as palpitações, a aceleração dos batimentos cardíacos e da respiração, os
sintomas depressivos, a fadiga e os distúrbios do sono próprios do distresse
(estresse anormal, que pode se desfazer), com o passar do tempo o indivíduo
pode não resistir e não se adaptar à situação estressante, passando então para
uma fase de esgotamento e tendo suas energias psíquicas canalizadas para o
corpo (soma). Abre-se assim o cenário das
doenças psicossomáticas, cujos exemplos mais comuns são a asma brônquica, a
hipertensão arterial, a coronariopatia e determinadas inflamações das artérias,
a úlcera gástrica ou de duodeno, a colite ulcerativa, e certas dermatites. E
não faltam publicações convincentes que associam a eclosão do câncer (em
pessoas predispostas a ele) com situações exageradamente estressantes que as
molestavam.
Dessas
doenças psicossomáticas decorre uma significativa queda da imunidade do
organismo, com desgaste prematuro dos vários setores da economia atingidos.
Tudo em função da hipófise (glândula localizada no crânio) ter liberado na
corrente sanguínea uma quantidade em maior escala do seu hormônio ACTH
(hormônio adreno-córtico-trófico). Essa maior secreção hipofisária é que
estimula as glândulas suprarrenais (alojadas sobre os rins) a secretar cortisol e adrenalina em excesso, acarretando a taquicardia da ansiedade,
alguma subida da pressão arterial e aquelas outras diversas manifestações do
distresse.
E
é exatamente objetivando evitar essas turbulências da estabilidade orgânica que
devemos todos esforçar-nos para,
procedendo de forma ponderada, fazer dos problemas emocionais que se apresentam
cotidianamente não ameaças sérias, mas sim oportunidades e desafios que podem
até nos fortalecer. Basta, para isso, adotarmos um plano de comportamento
que, se não contempla tudo aquilo que pode nos resguardar de um estresse
ameaçador, reúne valiosas medidas para colocarmo-nos a salvo dele:
·
Buscar na simplicidade
a solução de todos os nossos problemas.
·
Lembrar que se fomos
como que escravos do ontem, hoje somos donos do nosso amanhã. Temos de ter
obstinação e paciência para usufruir o prazer e a calma com que a primeira e a
segunda dessas duas virtudes nos municiam para as batalhas da vida, as quais
não devemos temer, porque afinal todas as tempestades passam e sabemos que até
das nuvens mais negras pode ser colhida uma preciosa água límpida.
·
Bom é fazer como o
sol, que se levanta dia após dia sem lembrar da noite que passou.
·
Não agir
impulsivamente é, da mesma sorte, uma regra a perseguir. Assim, quando algum
aborrecimento lhe chegar, contenha o corpo e nunca se desespere. Nada de se
irritar esmurrando mesa ou quebrando alguma coisa! Sente-se, respire fundo umas
poucas vezes e fique imóvel por uns minutos que a serenidade logo virá e o
problema será resolvido à medida que alguns instantes ou horas forem passando.
Aprenda a dominar-se com essa atitude e leve a sua existência acreditando que
na imponente escola da vida o tempo pode ser eleito como um dos seus melhores
professores. Pequenos ou grandes, com o tempo os problemas vão se resolvendo.
Porém, é de bom senso satisfazer em primeiro lugar as prioridades, sem medo e
sem culpa, para só depois agir com as outras coisas. E, evidentemente, procurar
eficácia nas ações e esforçando-se para humanizar o trato com as pessoas, seja
em casa, na rua ou no trabalho, fazendo tudo com amor para ficar bem feito.
·
Nunca piorar os fatos
com exageros, indo além das dimensões deles.
·
Expulsar da mente
todas as lembranças tristes e calúnias, aproveitando ao máximo os momentos de
alegria. Porque quando o caluniador se der conta, você já estará tão longe dele
que nem dará mais para perceber suas palavras ofensivas.
·
Ter coragem, sendo humilde
e otimista em todas as circunstâncias da vida, pois ela é bela apesar dos
percalços e tristezas fortuitas.
·
Apegar-se à fé e
esperança. Perante as adversidades elas lhe darão mais energia e força mental,
que tendem a se multiplicar seja qual for a religião que seguir ou o seu Deus.
Medite sobre a atitude positiva e confiança provenientes da velha máxima de que
a fé remove montanhas.
·
Procurar ser flexível
e compreender os outros, especialmente se lhe amam, só fazendo com eles o que
deseja que façam com você. Lembre-se de que o amor ao próximo é um dos segredos
da felicidade. E o carinho com as pessoas abranda o coração e o alimenta, do
mesmo modo que o sorriso. Procure sorrir algumas vezes todos os dias. O riso
libera endorfinas, que levam ao bem-estar e fortalecem o sistema imunológico de
defesa. Além do mais, seja solidário. Essas atitudes prolongam a vida, ao passo
que o ódio, o sentimento de raiva e a inveja a tornam mais curta.
·
Embora seja verdade
para muitas pessoas o que o pensador francês Alexis Carrel escrevia no século
passado sobre o homem diante da vida (“Nada mais difícil do que despojarmo-nos
do nosso egoísmo, da nossa intemperança, da grosseria e preguiça, do nosso
desequilíbrio nervoso, do nosso orgulho, de todos os vícios que impedem o
desenvolvimento da personalidade e nos tornam odiosos uns aos outros – vícios
que nos enfraquecem, nos esterilizam os esforços, e que nos fazem elementos
defeituosíssimos do edifício social”), mesmo assim ame e sonhe para melhor,
qualquer que seja a sua idade. Sonhar
nada custa, a ninguém, e o amor constrói, valendo muito mais do que a
discórdia.
·
Não sofrer por
antecipação com suposições é uma atitude acertada a adotar como regra também.
Ou seja, não considere as hipóteses como fatos consumados, visto que só traz
atropelos expor-se antes de surgirem.
·
Não ficar obcecado por
realizações é também aconselhado contra o estresse, tanto mais que existem
admiráveis pesquisas que indicam a prevalência de ataques do coração nos
indivíduos de personalidade do tipo A (A de ambição). Essas pessoas são muito
competitivas, pouco tolerantes a frustrações, têm forte desejo de
reconhecimento pelo que fazem, o comportamento é hostil, apresentam dificuldade
para relaxar, comem, falam e andam rapidamente, seus índices de cortisol e
testosterona no sangue são elevados, além de terem o coração bem acelerado sob
o estresse. Em adição, elas costumam aderir pouco ao tratamento e às
recomendações médicas quando adoecem, contribuindo com isso para aquela
especial incidência de doença cardíaca coronariana.
·
A resolução dos
problemas que se apresentam à nossa frente é o que deve ser feito ao invés de
engavetá-los, mas resolvê-los de forma simples como foi mencionado
anteriormente e ainda que a solução não seja a certa, já que errar é próprio de
quem é resoluto, decidido a solucionar. Mas não se arrisque desnecessariamente.
·
Reduzir o número de
mudanças bruscas no cotidiano constitui, igualmente, medida antiestressante de
grande valia. Cumprir uma tarefa indispensável de cada vez é uma conduta muito
sábia. Convém atentar para isto se você realmente deseja sentir-se bem com o
dever cumprido. Fazer tudo a seu tempo é o ideal, e equilibradamente, uma vez
que a pressa nos afasta da perfeição.
·
Não levar para casa os
seus problemas do trabalho é outra norma inteligente de combate ao estresse.
·
Ser moderado, pontual,
porém sem precipitação em tudo traduz um autocontrole bastante vantajoso para
quem considera o relógio não um instrumento de luta contra si, mas um amigo
marcador de horas bem vividas em todos os dias.
·
E se o abnegado leitor
trabalha muito, não deixe de reservar uma hora por dia para meditar, ou então
ler, higienizando a mente. Só lhe trará proveitos ler um pouco mais. “Graças ao
livro temos os sábios da humanidade como amigos e conselheiros”, dizia Lin
Yutang, escritor chinês. O livro alimenta o cérebro e não deixa que o ócio
venha ocupá-lo com pensamentos negativos. Ele ajuda as pessoas a serem mais
calmas. E os calmos geralmente conseguem tudo que almejam, levando ainda a
enorme vantagem de não perturbarem a sua inestimável saúde por qualquer coisa.
·
Proteger-se dos ruídos
altos e das conversas desagradáveis tem um significativo valor antiestressante
também. Tal como ouvir música, que podemos ter na certeza de ótimo relaxante e
companhia contra a solidão e apreensões.
·
Ainda importante à
beça é tirar férias do serviço e descansar ou se divertir nos fins de semana.
Visite parques, museus ou galerias de arte que lhe agradem. Conheça melhor os
lugares tranquilos da sua cidade ou viaje, se puder. Quanto mais perto da
natureza, maior sua oportunidade de ser feliz. Acredite que é uma decisão mais
acertada e saudável usufruir as férias com certa regularidade, mesmo que isso
implique em menores ganhos financeiros, do que receber um auxílio-doença ou uma
invalidez de caráter permanente por causa de um evento sério ou de um acidente
derivados de trabalho cansativo.
·
E acostumar-se a viver
gastando pouco dinheiro e não contraindo dívidas também influi sobremodo para
não se passar por angustiantes situações de estresse, as quais não se
diferenciam muito de você emprestar bens móveis ou imóveis a quem pede, pois
tanto aquilo que você emprestou como o amigo que o solicitou poderão ser
perdidos. Sob aspecto parecido, não é conveniente ser fiador; de ninguém.
Um
proeminente psiquiatra argentino chamado Caplan, na segunda metade do último
século, apontou para a comunidade científica que a deterioração psíquica das
pessoas se deve, entre outros fatores, à solução inadequada das diversas crises
da vida. Ele diz, por exemplo, que no idioma chinês não existiu durante um
longo tempo qualquer termo parecido com crise. As palavras chinesas que mais se
aproximavam de crise significavam perigo e oportunidade. Com efeito, toda crise
engloba algum perigo: ou é uma enfermidade que pode se agravar, ou um emprego
perdido que não pode ser reposto, ou uma melancolia que não responde à
medicação disponível, ou pode ser uma intervenção cirúrgica que traz
complicações, ou então outras adversidades. Mas todas essas situações são oportunidades,
as quais podem fazer o corpo tornar-se mais imune, o psiquismo mais forte, o
espírito mais elevado, permitir que com o desemprego sejam experimentadas
outras saídas, e assim por diante. Na verdade, aí é que reside a milenar
sabedoria chinesa: o resultado das crises pode ser bom.
É oportuno lembrar que ninguém
está livre das contrariedades e
frustrações da vida. Temos é que minimizar o estresse, sabendo que faz parte
obrigatória do amadurecimento aprender a reagir de maneira menos punitiva e
dramática aos obstáculos imprevistos. Por isso, reaja! Busque objetivos;
algo que dê sentido à sua vida. Volte a ter prazer em viver, independentemente
dos empecilhos, se é que eles lhe amedrontam, porque com certeza alguém é feliz
por você viver. “Você é importante”, enfatiza o Dr. Caplan. “E dedique-se com
todas as suas forças para que seja assim”, diz ele.
É óbvio que se a essas numerosas (e
persistentes) atitudes antiestressantes apontadas associarmos uma dieta sadia,
todas haverão de estimular a imunidade contra as infecções em geral (crescerá a
produção de anticorpos), bem como será robustecida a nossa defesa contra as
doenças psicossomáticas e o câncer, pois estaremos com isso ativando nossos
genes para a sobrevivência e uma saúde melhor.
E muito mais resultados positivos ainda trarão se for bem aproveitado o conteúdo do
módulo seguinte.
O
EXTRAORDINÁRIO VALOR DOS EXERCÍCIOS FÍSICOS NO COMBATE AO ESTRESSE
“Mens sana in corpore sano” é uma gravação latina que pelos
séculos afora tem sido admirada como capaz de operar verdadeiras maravilhas
(Mente sã em corpo são). E não há nada que se iguale ao fortalecimento da mente
e do corpo para melhorar a estrutura psicossomática de alguém contra as
pressões do ambiente do que uma atividade física praticada com regularidade.
Ela é tão boa para os jovens como para os idosos, pois se para estes o fato de
envelhecer não pode significar parar de viver nem implica em ócio, aos jovens
os exercícios oferecem também uma excelente ferramenta visando a manterem uma
boa qualidade de vida.
Não
obstante, a prática dos exercícios requer
regularidade para melhorar a saúde efetivamente. Pelo menos 20 a 30 minutos diários,
quatro a cinco vezes por semana, devendo ser precedidos de boa hidratação com
250 ml (1/4 de litro) ou mais de água (entre 15 e 22 oC) e conforme
a carga e a duração da atividade. Se esta for intensa, a reposição hídrica deve
ser feita também durante e após o exercício para não haver desidratação. Pode
estar frio ou calor, uma hidratação conveniente contribui para um rendimento
melhor.
Os
exercícios têm de ser adaptados ao gosto e à idade de cada um, nada extenuantes
(a fadiga libera radicais livres em grande número), bem orientados
(especialmente para quem adentrou na velhice), atenderem ao gosto da pessoa,
serem adequados às condições cardiovasculares, locomotoras e nervosas, e se
acharem condizentes com a situação financeira individual se tiverem de ser
pagos.
Muitas
vezes esses esforços regulares só revelam sua eficácia quando alinhados a
mudanças de costumes, como sejam: seguir uma alimentação balanceada e
suplementada com uma cápsula diária de vitaminas, oligominerais e ingredientes
antioxidantes para fazer face à maior necessidade dessas substâncias (exigida
tanto pelos exercícios quanto pelas situações estressantes por si mesmas);
ajustes de comportamento no trabalho e na família; valorização dos momentos de
lazer e de férias; dedicação a relações sexuais prazerosas e seguras, dentre
outras providências mais. Por conta disso, mude
os seus hábitos para melhor e viva mais.
A meta
principal dos exercícios consiste na preservação da saúde com melhor
condicionamento físico. Pelo seguinte:
·
Com dedicação contínua
a eles ganhamos mais força e massa muscular.
·
Melhoramos o
equilíbrio, a agilidade e a coordenação dos movimentos.
·
Adequamos a gordura e
o peso corporal se estiverem excessivos.
·
Corrigimos a
hipotrofia muscular (sarcopenia), que é comum de sobrevir com o envelhecimento.
·
Adquirimos maior
amplitude na movimentação das articulações.
·
Prevenimos a
osteoporose, otimizando a densidade óssea contra a possibilidade de fraturas.
·
Passamos a exibir uma
postura melhor e uma aparência mais saudável, que nos levam a rejuvenescer.
·
Aumentamos a
autoestima, a libido, a autoconfiança e o bem-estar.
·
Ajudamos o corpo a se
desintoxicar e inverter a maior formação de radicais livres que é comum na
inatividade.
·
Reduzimos eficazmente
o estresse anormal ao descobrir que quando feitos regularmente os exercícios
funcionam como excelente meio de suprimir tensões emocionais ansiosas e depressivas
(responsáveis, comumente, pelas dores de cabeça tensionais, frequentes e ruins
para a qualidade de vida), além de fortalecer-nos bastante a imunidade. Isso é
de uma importância sem igual, porque nosso sistema imunológico se envolve nas
respostas protetoras a quaisquer coisas que nos ameacem. Quanto maiores forem
as ameaças, maiores as respostas defensivas para crescerem nossas chances de
superá-las. Entretanto, o custo de tais respostas é o efeito danoso que
acontece numa batalha imunológica, onde o nosso corpo é enfraquecido tanto pela
ameaça agressora em si como pela reação imune a ela. Assim, a intensidade de
uma resposta imune que nos leva a resistir neste mundo considerado por muitos
como perigoso é a mesma que causa doença e envelhecimento, razão de termos que
buscar uma resposta que nos proteja sem causar qualquer dano. Neste cenário é
que entram os exercícios para contribuírem solidamente nessa proteção e, ainda
por cima, acrescentarem anos saudáveis à nossa vida.
·
Desenvolvemos a
ventilação e a capacidade dos pulmões.
·
Melhoramos o
desempenho do coração, mediante um aumento tanto do aporte sanguíneo às
coronárias (mesmo se estiverem algo obstruídas) quanto por conta de novos vasos
colaterais, que se abrem para compensar-lhes a insuficiência.
·
Baixamos a pressão
arterial se ela for alta. A repetição habitual dos exercícios faz diminuir a
liberação de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e de endotelina 1, que
são potentes vasoconstritores, avançando em contrapartida a produção do óxido nítrico
endotelial, que descontrai os vasos.
·
Ativamos a macro e a
microcirculação de todo o organismo, quer à custa do significativo crescimento
do fluxo sanguíneo para os músculos trabalhados, o qual pode chegar a trezentas
vezes mais do que o comum, quer pela taxa de oxigênio capilar para a totalidade
dos tecidos, assim protegendo também a nobre função da própria camada íntima
das artérias contra a aterosclerose periférica, coronariana e cerebral (as
conexões nervosas dentro do cérebro funcionam melhor com a atividade física
regular). E ao ativarmos a circulação das veias (os exercícios aeróbios,
apresentados logo adiante, são os mais indicados) estamos nos beneficiando para
controlar as varizes que possamos desenvolver ao longo do tempo. Apesar de a
carga genética herdada contar apreciavelmente para essa doença circulatória,
tão falada quanto comum e incômoda para considerável parte da população adulta,
sobretudo idosa, os exercícios regulares
e adequados auxiliam muito para evitar as desagradáveis complicações dessa insuficiência venosa
crônica: tromboflebite, linfangite, embolia pulmonar e úlcera varicosa,
dentre as principais – todas compartilhando de um pesado obstáculo à riqueza
que é um corpo sadio;
·
Diminuímos a
viscosidade do sangue e a suscetibilidade a trombos em toda a vasculatura, com
comprovada redução dos acidentes cardiovasculares;
·
E ainda provocamos
elevação do HDL-colesterol (o “bom”) com a apolipoproteína A1 que o acompanha,
baixamos o LDL-colesterol (“ruim”) e a apoliproteína B que o impregna, ao mesmo
tempo em que caem os triglicerídios, se ajustando, enfim, todo o
importantíssimo perfil das gorduras sanguíneas;
·
Ademais, com os
exercícios repetidos reforçamos a sensibilidade à insulina e a tolerância à
glicose, ficando mais preservado o nosso pâncreas, principalmente se houver
tendência ao diabetes ou se ele já estiver estabelecido.
Três
constatações de expressão invulgar vêm consolidar ainda mais o relevante poder
dos exercícios. A primeira, pelas evidências de que a atividade física regular e
moderada é particularmente útil na prevenção primária e secundária de doença
das coronárias (conclusão endossada pela OMS). No entanto, temos de acreditar
nisso firmando a ideia de que exercícios feitos na juventude e largados daí por
diante não “vacinam” ninguém contra futuros ataques do coração, porque os torna
extremamente úteis é a constância deles, em todas as fases da vida, tão
influentes para a saúde quanto comer e dormir. A segunda justificativa, por
contribuírem para evitar os derrames cerebrais, o mal de Alzheimer ou qualquer
outra forma de demência. E a última, pela proteção contra o câncer de cólon,
para a qual alguns estudos já sinalizaram claramente. (Numa avaliação recente feita por pesquisadores finlandeses
com praticantes de exercícios rotineiros de moderada a severa intensidade foi
verificada redução de quase metade de mortes por câncer, tanto consequentes a
esse tipo de tumor intestinal como de
pulmão e de próstata; e veja o leitor, com duração de apenas 30 minutos por
dia.)
Mas
fossem quais fossem esses numerosos efeitos positivos proporcionados por uma
metódica atividade física, eles ainda trazem à tona outra extraordinária
questão: a concernente aos tóxicos. Quanto mais jovem a pessoa dedicar-se aos
exercícios, mais ela tende a afastar-se das drogas que viciam e do
envenenamento crônico do álcool e do fumo, desimpedindo o caminho para ir
envelhecendo sem dependência e livre dos estragos morais e físicos trazidos
pelo vício em toda sua gama perniciosa.
Tipos de exercícios e como escolhê-los
Os exercícios são de dois tipos:
aeróbios e anaeróbios, sendo indispensável uma avaliação médica, nutricional e,
se cabível, fisioterápica antes de serem começados, especialmente em se
tratando de pessoa idosa. Tal precaução vai possibilitar, com segurança, que
aqueles diversos efeitos relatados se congreguem ao corpo e a espírito da forma
mais abrangente possível. Mas ao planejar
um esquema de exercícios comece-os devagar, exercitando-se aos poucos e
aumentando os esforços progressivamente, de maneira a não ficar exausto e nem
sentir dores, pois só prazer e melhor
saúde – nada além destes magnos objetivos – é o que devemos colher deles.
Aeróbios são os exercícios em que o ser
humano utiliza diretamente do ar o oxigênio necessário ao gasto energético da
sua musculatura, estabelecendo-se um equilíbrio entre a inalação e o consumo
dele.
Eles
são de baixa ou média intensidade e de média ou longa duração quando estão
sendo realizados. São esforços que graças à cronicidade aumentam sobremodo a
resistência física, e durante os quais a nossa pressão e a frequência cardíaca
sobem lentamente e em proporção à intensidade dos mesmos.
São
designados também de exercícios dinâmicos ou isotônicos, porque consistem em
movimentos de flexão e extensão, onde as fibras musculares se encurtam e se
alongam com escasso aumento da tensão delas, e levando aos poucos a um maior
fortalecimento muscular e mais flexibilidade.
Exemplos
típicos de exercício aeróbio: a caminhada, a ginástica (tipo calistênica),
o ciclismo, a natação, a hidroginástica e demais esportes de piscina, pular
corda, a corrida a pé (com fortes restrições para quem não é atleta), o
alpinismo, a dança de salão ou o balé, a patinação, o remo, o iatismo, os jogos
de basquete, vôlei, futebol, tênis, golfe, peteca e tênis de mesa, as diversas
modalidades englobadas no atletismo, a bocha, o hipismo e variados outros não
especificados entre estes que, na verdade, envolvem em boa parte atividade
aeróbia e anaeróbia misturadas. (É necessário destacar que a caminhada – a marcha, não a corrida –, quando praticada
exclusivamente como lazer e esporte, mas sempre que possível em lugar livre de
obstáculos e de poluição foi eleita como a forma de exercício a mais simples e
ao mesmo tempo a mais eficaz dentre todas que existem para os humanos. Ela
deve ser feita em passos rápidos, durar 15 minutos nos primeiros dias, e
aumentada gradualmente até 60 minutos de acordo com a melhora da aptidão física
de cada praticante.)
E
anaeróbios são os exercícios em que o oxigênio do ar é insuficiente para a
energia brusca e intensa requerida pelo trabalho muscular, levando o organismo
a se valer do metabolismo anaeróbio do ácido lático para essa demanda. Eles
exigem muita força e têm curta duração. Mais ou menos estáticos, são também
denominados exercícios de resistência ou isométricos, pois ao lado do grande esforço geralmente despendido
nos momentos de fazê-los a pessoa ainda tem que resistir a uma apreciável
carga. Disso resulta um pronunciado fortalecimento e hipertrofia dos músculos,
devido à forte tensão deles sem que haja mudança significativa no comprimento
das fibras (os extremos dos músculos permanecem fixos). E em contraste com os
aeróbios, durante sua execução tanto os níveis da pressão arterial como a
frequência dos batimentos cardíacos sobem bruscamente.
Alguns
exemplos: o levantamento de peso (halterofilismo), a musculação moderada e
pesada, as barras e argolas, o arremesso de peso e o cabo de guerra. Quando
empurramos um carro ou um móvel pesado estamos fazendo um esforço tipicamente
anaeróbio. Idem ao trocar pneus de um automóvel sem máquina elétrica: a força
empregada para desatarraxar manualmente as porcas e atarraxá-las depois é de
trabalho anaeróbio e perigoso para hipertensos, cardiopatas e idosos. Pessoas
com hipertensão, com qualquer doença cardíaca ou na maturidade devem pedir
ajuda para fazer isso, poupando-se de um evento cardiovascular agudo (rodar com
pneu se estragando até conseguir um auxílio não é nada em comparação com o que
pode acontecer com a saúde nessas ocasiões).
Outrora
se pensava que os exercícios faziam mal ao coração. Mas essa crença caiu por
terra diante das evidências contrárias de que a atividade física sistemática e adequada preserva o músculo cardíaco.
Importante é o paciente já idoso, notadamente se for diabético, não fazer
seus exercícios em jejum absoluto, para que não sofra uma hipoglicemia. Uma
fruta pequena ou um pouco de suco de fruta diluído em água antes de dar-lhes
início previne o problema.
Pesquisas
sobre medicina de exercícios mostraram que os indivíduos sedentários vivem
menos do que os praticantes de uma atividade física regular, e infartam três
vezes mais do que os que se dedicam a ela. Além disso, os sedentários que
sofrem um infarto também morrem três vezes mais do que os infartados que faziam
uma atividade física continuada. Aliás, hipertensos e idosos – da mesma forma
que os cardiopatas, e até os cardiopatas com certo grau de insuficiência
cardíaca – têm de se habituar aos exercícios para que a saúde fique melhor.
Logo após o devido exame e atestado médico, os diversos tipos de atividade
aeróbia é que são os indicados: andar, pescar, pedalar em áreas sossegadas,
nadar pequenas distâncias sem choque térmico, praticar ioga, fazer ginástica
simples (calistenia), musculação leve, hidroginástica etc.
Centros
de pesquisa contemporâneos em conjunto com academias de ginástica já têm
atingido os benefícios esperados da musculação
suave nesses grupos especiais de indivíduos com pressão alta, com doenças
do coração ou com idade avançada. Os resultados dos treinamentos são muito bons
no que diz respeito à força muscular, à resistência, à flexibilidade e à
desenvoltura dos participantes. Esses programas consistem no plano de
exercícios, na redução dos fatores de risco presentes e na educação dos
integrantes – tudo resultando em notável melhora da qualidade de vida,
diminuição dos queixumes e doenças, e retração do número de óbitos.
Vale
lembrar que a dança de salão é uma atividade aeróbia, e nada ruim para as
pessoas que a ela se dedicam. É um exercício ritmado, de impacto positivo no
sistema imunológico, presta-se como um bom entretenimento contra a solidão, é
um ótimo incentivador da autoestima, afasta os mais velhos da depressão e pode
motivar relações duradouras e felizes.
Por
outro lado, é preciso saber que todos os exercícios pesados, as lutas marciais
ou de outras modalidades, os jogos competitivos em geral (exceto de sinuca, de
cartas, xadrez, damas e congêneres) são inconvenientes e arriscados para quem
tem doença hipertensiva, algum comprometimento cardíaco ou chegou aos 65 de
idade.
Na
certeza de os atentos leitores terem compreendido o valor incomparável dos
exercícios para alcançar e manter boas condições somatopsíquicas (corpo e mente
bem atendidos), abordaremos em seguida o papel reparador do sono.
OS PODERES DO SONO NA SAÚDE
O
sono é um descanso vital para nós. A dimensão do fato de passarmos 1/3 da vida
em repouso para dormir, isto é, cerca de oito das 24 horas que compõem um dia
inteiro, é bastante para avaliarmos o enorme valor desse período de descanso,
que vai desde o momento em que nos deitamos, passa pelo adormecer, abrange as
horas de sono propriamente, e inclui o tempo de acordar e mexermo-nos na cama
para levantar no dia seguinte. É o que ocorre com a grande maioria das pessoas
que trabalham ou ficam acordadas de dia e dormem à noite.
Os ganhos
decorrentes de um bom sono se resumem, fundamentalmente, nas energias repostas
enquanto dormimos. E isso vem recebendo
cada vez mais a atenção de diversos setores do conhecimento humano.
Mas
antes de entrarmos no âmago da questão, vale o leitor lembrar-se do que leu
sobre “Dieta do Mediterrâneo”, onde uma habitual sesta depois do almoço assoma
no cômputo geral da longevidade.
Segundo
sérias pesquisas realizadas em épocas diferentes pelo Instituto do Sono na
cidade de São Paulo – hoje uma das cinco mais populosas do mundo –, a insônia é
um problema que afeta 35% da população em geral, ou seja, uma percentagem
significante. E a apnéa do sono, com seus episódios recorrentes de
parada respiratória que incidem em 4% dos homens adultos e em 2% de todas as
mulheres, contribui em boa parte para os distúrbios do sono. Ela atinge
comumente os idosos, os hipertensos, os doentes do coração e os obesos, pessoas
essas que costumam roncar em demasia e para as quais a apnéa pode ser perigosa.
Os roncos
são capazes de fragmentar o sono, despertando o indivíduo muitas vezes a cada
noite. Todavia, procurar assumir o decúbito dorsal (deitar de barriga para
cima) diminui o aparecimento e os inconvenientes causados por eles. Existem técnicas cirúrgicas simples que modernamente
corrigem os roncos de maneira bem eficaz se medidas mais simples
(conservadoras) não obtiverem êxito.
Precisamos
compreender que todo distúrbio do sono deve ser enfrentado e combatido,
objetivando proporcionar um satisfatório equilíbrio psicobiológico. Nesse
terreno, os estudos sobre o sono mostram que uma pessoa adulta normal precisa
dormir seis a oito horas para manter esse equilíbrio. Porém, muitas requerem
apenas quatro horas, enquanto 10, 11 ou 12 horas é o tempo para outras
sentirem-se reconfortadas. Mas o que realmente importa ao leitor gravar a
respeito é o seguinte: não é a quantidade
do sono o que mais influi para satisfazer a um ou a outro indivíduo, e sim a
qualidade do descanso. Um sono de qualidade é crucial para a saúde, para o
sistema imunológico e para desacelerar o envelhecimento
Sonolência, fadiga, falta de atenção, diminuição dos
reflexos, perturbações da memória e do aprendizado, irritabilidade e outros
sintomas ligados ao estresse, eis alguns dos sinais a indicar a necessidade de
se repor um bom sono ao organismo, de modo a que os afazeres cotidianos voltem
à normalidade sem os riscos de erro humano por causa disso. Não é por menos que
o repouso para dormir está recebendo toda a nossa atenção neste conciso módulo
sobre o sono.
A falha humana acontece facilmente com a
privação do sono, tirando as pessoas do seu estado de alerta fisiológico. Basta ver que se acredita, por consenso, ser por volta de
47% a presença da insônia nos acidentes automobilísticos, de 52% nos de
trabalho e de 29% nos domésticos. Por consequência, se você tem alguma insônia,
isto merece cuidados, pois temos que
atender ao compromisso de livrarmo-nos de todos os males que possam comprometer
a saúde. E a insônia se inclui aí. Então, se houver alguma doença em jogo,
ainda que de pequena expressão mas forte o suficiente para estar influindo a
ponto de você despertar à noite ou demorar muito para adormecer, fale com o seu
médico para solicitar, se assim ele achar necessário, uma polissonografia
(registro do sono noturno). Fica igualmente a critério dele prescrever um
medicamento para facilitar o sono e torná-lo reparador.
Algumas
diretrizes, contudo, podem ser postas à sua disposição para alcançar de forma
natural um sono mais repousante. Aqui vão elas:
·
Procurar dormir oito
horas por noite.
·
Manter um horário
constante de ir para a cama e para levantar no dia seguinte.
·
Não tomar café, chá,
chocolate, refrigerante cafeinado ou qualquer remédio contendo cafeína pelo
menos seis horas antes de ir dormir.
·
Praticar exercícios
físicos regularmente, de preferência matinais ou vespertinos.
·
Um banho morno antes
de ir para a cama pode ajudar (se de banheira, melhor).
·
Usar roupas
confortáveis ao deitar.
·
Jantar alimentos
leves.
·
Tomar um copo de leite
morno, ou comer alguns biscoitos ou uma maçã antes de ir deitar.
·
Massagear os pés
usando um pouco de óleo é capaz de funcionar como um bom relaxante.
·
Não controlar a hora,
seja com relógio no pulso ou no aposento de dormir.
·
Anular ruídos
perturbadores e luzes no quarto.
·
Não ler, não fumar,
nem assistir TV no ambiente em que passar a noite.
·
Usar um colchão
adequado, com uma densidade conveniente a você. É bom experimentá-lo deitado
antes de comprar, tal como escolher um travesseiro que se adapte bem ao seu
pescoço e cabeça.
·
Abster-se de problemas
a resolver quando for dormir, não pensando em outra coisa a não ser conciliar o sono.
·
Fazer um relaxamento
gradativo e lento, desde a cabeça até os pés (ou ao contrário); insistindo
nisso um pouco, quem sabe, em breve você deverá adormecer antes de chegar aos
pés (ou à cabeça).
·
Para algumas pessoas
contar de 1 a
100 de trás para frente, ou contar carneirinhos pulando uma cerca, pode
adiantar a chegada do sono.
·
Se não conseguir
dormir com estas medidas, procurar distração com alguma leitura ou TV, mas fora
do quarto de dormir.
·
E se for preciso,
tirar um cochilo compensador logo depois do almoço ou em outra ocasião
disponível.
É bem provável que treinando esta estratégia, quem for
carente de sono passe a dormir de modo a sentir-se mais revigorado, tornando os
seus dias mais prazerosos. E conseguindo recobrar as energias e as defesas
naturais com a ajuda de algumas dessas soluções apontadas, se passará o tempo
respondendo adequadamente às pressões da vivência diária sem estresse
demasiado.
Com
o propósito que não é outro senão fazer você dormir bem, podemos então concluir
o presente item lembrando a necessidade de, havendo alguma doença a cuidar, ser
imprescindível seguir as recomendações terapêuticas preconizadas pelo colega
consultado.
CAPÍTULO 10
SOBRE AS TÉCNICAS
HORMONAIS DE PROTELAR O ENVELHECIMENTO E DE QUE FORMA EVITAR AS MOLÉSTIAS
RELACIONADAS AO SEXO
INTRODUÇÃO
Reverter
a queda dos níveis de hormônios que acontece com a idade tem sido uma
preocupação para um considerável número de mulheres, homens e médicos para os
quais isso parece relevante.
A
terapia hormonal representa, na opinião de alguns especialistas, um dos pilares
da medicina antienvelhecimento.
Os
hormônios são poderosos mensageiros químicos produzidos pelas glândulas
endócrinas (as de secreção interna): hipófise, suprarrenais, gônadas
(testículos e ovários), tireoide, paratireoides, timo e pâncreas. Essas
glândulas enviam seus hormônios ao sangue para regularizar todas as funções do
organismo. Porém, quando envelhecemos, quase todos os hormônios vão diminuindo,
sobrevindo perda de massa e força musculares, enfraquecimento dos ossos,
desvitalização da pele e do cabelo, alterações nos vasos sanguíneos, diminuição
da resistência às infecções, retraimento da capacidade mental, a libido
(desejo) e a potência sexual costumam sofrer declínio também, e numerosos
outros sinais de velhice vão surgindo, ora mais ora menos, e de acordo com cada
pessoa.
Contudo,
alguns obstinados pesquisadores e cientistas do século XX passado puderam
demonstrar como retardar de forma sustentada esse processo de queda e
desarmonia hormonal que aparece com o tempo, mas que depende também, sem dúvida
alguma, dos hábitos de vida.
Voltados
ao melhor equilíbrio possível dos hormônios, alguns endocrinologistas,
andrologistas e ginecologistas dão ênfase à administração de hormônios em doses
cuidadosas a fim de se manter um nível adequado de cada um deles. Por esta
razão, tanto homens quanto mulheres precisam ter um médico qualificado que os
assistam nessas especialidades, de vez que o excesso de qualquer hormônio pode
ser o bastante para desestruturar-nos o equilíbrio endócrino geral.
Vamos
analisar neste capítulo 10 os hormônios mais acreditados para evitar um
envelhecimento acelerado em ambos os sexos. São eles:
·
O DHEA
(deidroepiandrosterona), destinado tanto ao homem quanto à mulher.
·
A testosterona, só
para homens, e junto à qual abordaremos o controvertido problema da andropausa.
·
E a reposição hormonal
de estrogênio e progestágeno, apenas para uso feminino.
Agregadas
ao tema serão esclarecidas muitas dúvidas referentes à impotência dos homens e
ao flagelo das doenças sexualmente transmissíveis. Ambos têm tido, nas últimas
décadas, uma incidência crescente no mundo inteiro.
Não
obstante a tireoide, as paratireoides, o timo e o pâncreas terem sido citados
acima, o desequilíbrio dessas glândulas não terá guarida neste capítulo, apesar
de serem condições específicas que se não tiverem um tratamento adequado afetam
a saúde. A dissertação sobre as mesmas destoaria do assunto em pauta, que por
isso vai ser desenvolvido sem elas.
A INFLUÊNCIA DO HORMÔNIO DHEA
O
DHEA é um hormônio secretado pela camada externa (córtex) das glândulas
suprarrenais (adrenais), que são duas e de importância vital. Ele provém do
colesterol absorvido diretamente do sangue – um dos benefícios que ajuda esta
gordura a livrar-se da fama de ser apenas um entrave à saúde.
Os
simpatizantes do DHEA consideram-no um bom indicador do envelhecimento, já que
ao longo do tempo sua produção vai caindo (aos 65 anos sua secreção desce para
cerca de 15% se comparada aos 100% dos 25 de idade), parecendo ser esta a causa
principal de sua procura pelas pessoas de ambos os sexos, que esperam com o seu
uso recuperar, ao menos parcialmente, as potencialidades que desfrutavam quando
mais jovens e vigorosas.
Em
realidade, o DHEA precede todos os hormônios esteroides fornecidos pela córtex
suprarrenal. É dele, por exemplo, que deriva parte da testosterona do homem (a
maior parcela é fabricada nos testículos) e uma fração dos hormônios sexuais da
mulher (o maior volume do estradiol e da progesterona é elaborado nos ovários).
É dele também que se originam a aldosterona (de acentuada influência no
metabolismo da água) e a desoxicorticosterona (de influente papel no tratamento
do déficit funcional dessa camada externa das suprarrenais). E é dele ainda que
se forma o grupo que abrange o cortisol (intimamente ligado ao estresse, quer
físico ou mental) e a cortisona, que aliada a outros hormônios congêneres tem
largo emprego nas inflamações, alergias e distúrbios metabólicos, atuando de
forma excepcional na terapia de numerosas doenças e, muitas vezes, como
verdadeiros salva-vidas.
Trabalhos
publicados por diferentes autores também mostram bons resultados com a ingestão
do DHEA para reduzir o colesterol LDL quando alto, deter a aterosclerose,
evitar tromboses e alguns cânceres, dar combate à fadiga e atenuar o lúpus, a
artrite reumatoide e a osteoporose.
Cabe
esclarecer que a adrenalina e a noradrenalina, também chamadas de epinefrina e
norepinefrina, são dois destacados hormônios produzidos ora nos terminais das
fibras nervosas adrenérgicas dos nossos órgãos, ora na massa central (medula)
das adrenais. E que enquanto a adrenalina tem muito a ver com as naturais
reações diante das constantes tensões emocionais, a noradrenalina regula a
circulação e outras funções, segundo um texto abordado previamente sobre a
nutriente colina. Observemos, em seguida, a estreita (e algo complexa) relação
entre o DHEA e o estresse.
À
medida que a nossa tão badalada adrenalina e o cortisol vão aumentando sua
produção nas suprarrenais face aos repetidos estímulos recebidos do ACTH
proveniente da hipófise lá no crânio em resposta defensiva desta glândula às
situações estressantes do correr dos dias e dos anos, vai resultando cada vez
menos formação de DHEA. Isso leva a um marcante desequilíbrio de outros
hormônios circulantes, comprometendo conjuntamente o equilíbrio interno do
organismo. Surgem daí as manifestações psicossomáticas das doenças de adaptação já citadas no tema acerca do estresse, com a
decorrente destruição gradual dos tecidos frente à gradual dificuldade desses
indivíduos vulneráveis se adaptarem sem sofrimento ao estresse continuado.
Nisso
é que se baseiam, em suma, os profissionais que, confiantes, atribuem à
reposição com o DHEA propriedades suficientes para minimizar as perdas do
envelhecimento. Doses suplementares do DHEA: por volta de 300 unidades diariamente,
em drágeas.
TESTOSTERONA
E ANDROPAUSA
Já
sabemos que a reboque do nosso envelhecimento há um acréscimo das doenças do
coração e dos vasos, ocorrendo ainda, como tendência natural, uma queda
progressiva da concentração dos hormônios sexuais no sangue. Até foi crença
popular, em tempos idos, que a insuficiência de produção do hormônio masculino
pelos testículos era a causa da senilidade nos homens.
Em
função desse declínio hormonal – estimado em 10% a cada década a partir dos 40
anos – têm sido enaltecidas por alguns médicos (em sua maioria os mesmos
adeptos das melhoras que podem resultar com a reposição do DHEA) as vantagens
da administração da testosterona nos homens que se dispõem a usá-la ao se
aproximarem da faixa etária dos idosos, em adição à utilidade dela como
coadjuvante no tratamento das doenças cardiovasculares.
Se
por um lado nas mulheres a reposição hormonal com o hormônio feminino é feita
em muito maior escala, constituindo praticamente uma rotina nos países ricos,
de outra parte, nos homens, a reposição com androgênio permanece polêmica.
Entretanto, há estudos com a testosterona mostrando modificações favoráveis no
colesterol elevado e na isquemia do miocárdio, que, em resumo, consiste na
redução do fluxo de sangue e da oxigenação da musculatura cardíaca, quase
sempre por aterosclerose das coronárias.
Conclusões
tiradas dessas pesquisas sinalizam para a promoção de melhor saúde e disposição
com o uso da testosterona. Mas antes mesmo
dessas propriedades serem descobertas já se conhecia a ação positiva dos
androgênios sobre a libido, sobre o pênis e os outros caracteres sexuais
masculinos. Tinha-se também como certo o seu estímulo ao crescimento
infanto-juvenil e ao anabolismo proteico (desenvolvimento da massa e força dos
músculos em decorrência de uma incrementada assimilação das proteínas). O
contrário se dá com a diminuição progressiva do hormônio: o homem pode chegar a
perder 12 kg
de massa magra entre os seus 30 e 70 anos. O que costuma aumentar com a queda
da testosterona é a massa gorda, sobretudo a do abdome, com tendência à
sorrateira síndrome metabólica.
E
não faltam pesquisas atuais que apontam benefícios do emprego da testosterona
em alguns casos de câncer e, na mulher, até contra sintomas severos da
pós-menopausa, para suprimir a lactação quando necessário, e para inibir a
perda da densidade óssea da osteoporose. Em contrapartida, os efeitos
virilizantes nessas condições passaram a ser um forte óbice ao seu uso, cabendo
aos especialistas em doenças de senhoras avaliarem cuidadosamente a relação
custo/benefício dessa terapia para suas pacientes.
Ainda
que considerando os seus pontos positivos a favor do homem, se você vier a
decidir-se pela aplicação de injeções ou gel cutâneo da testosterona com o
objetivo de melhorar a potência sexual que esse hormônio poderia restabelecer,
primeiro converse com o seu médico sobre isso. Somente ele vai analisar a
conveniência de algumas doses do remédio. O que não deve ser feito é você
aplicá-lo por conta própria com a finalidade de corrigir uma disfunção erétil.
Um
trabalho científico brasileiro envolvendo quase mil homens revelou que uma boa
ereção não depende propriamente dos níveis sanguíneos de testosterona, cuja
normalidade varia acima de 300 mg%. E outras pesquisas demonstraram que, quando
muito, a testosterona pode provocar ereções espontâneas associadas ao sono
noturno, mas não ereções penianas em resposta a fantasias ou estimulações
eróticas quando se está acordado.
Outra
noção sobre o hormônio masculino é que, embora ele possa ajudar de alguma forma
na queda do colesterol elevado e contribua para melhorar a circulação das
coronárias, sob outra ótica seria capaz de causar efeitos colaterais tão
indesejáveis quanto temíveis em certas pessoas (tumor da próstata, por exemplo;
mas hoje essa possibilidade está desacreditada entre os especialistas que
trabalham e pesquisam nesse amplo terreno da urologia).
A testosterona ainda poderá ser indicada pelo
médico, em injeções intramusculares, para os homens que apresentam hipogonadismo: alterações laboratoriais
(redução dos níveis desse hormônio associada com aumento da prolactina)
concomitantes a sintomas clínicos da doença (depressão, baixa de memória e
conhecimentos, perda de massa muscular e óssea, diminuição do desejo sexual e
da vitalidade).
Em
suma, se quem quer que nos leia tem alguma redução da potência sexual que está
causando preocupações, ou se é uma ejaculação precoce, uma curvatura do pênis,
ou então reduzidas dimensões penianas é o que vem acarretando uma desagradável
ansiedade, não há situação dessas que um bom especialista não possa corrigir
com os recursos atuais. Neste mesmo capítulo 10 isso é mais esclarecido no
item sobre a impotência.
A suposta andropausa
Mas
vamos abordar agora a “andropausa” e conhecer um punhado de verdades sobre ela.
Para
tanto, permita o leitor ser indagado quanto ao seguinte: – Quando é que, realmente, chega o envelhecimento de alguém?
Já
gravamos que 65 anos é o marco numérico adotado e vigente para entrarmos na
velhice. Todavia, para a maior parcela dos homens não existe um limite certo
que indique o envelhecimento, pois eles têm achado que a afirmação de ser idoso
é bastante subjetiva, cada qual opinando a seu modo. Se para alguns a velhice
chega quando assomam os cabelos brancos ou a calvície, para outros as rugas na
pele é que a anunciam.
Acontece
que para uma fatia enorme de homens uma falha na ereção aos 50 anos, por
exemplo, é que principia o envelhecimento, vindo o “fracasso” amiúde
acompanhado das aflições de um episódio sem precedentes.
É
comum a impressão que associa a fase dos 50 aos 60 anos dos homens à entrada na
andropausa (como sucede com as mulheres na menopausa). Um professor argentino,
Kustnetzoff, médico da sexualidade, expõe este assunto com muita clareza numa
de suas obras, da qual os leitores podem obter facilmente algum proveito
bastando prosseguir a leitura. Com esta, os do sexo masculino passarão a ficar,
se não mais letrados, pelo menos mais sossegados a respeito.
Os
conceitos apresentados por esse brilhante médico sobre a controversa andropausa
são muito sensatos. A saber: 1) quanto à idade em que podem surgir, tanto a
menopausa quanto a andropausa acontecem por volta dos 50 anos (neste aspecto as
duas são parecidas); 2) já em relação aos hormônios sexuais, uma difere da
outra, visto que na menopausa eles caem abruptamente e condicionam uma plêiade
de sintomas (amenorreia, quer dizer, término das menstruações, sensações de
calor, que são chamadas de fogachos, sudorese, isto é, suores excessivos,
irritabilidade, depressão, fadiga, flatulência – muitos gases – e outros
sintomas), e no homem os hormônios não sofrem queda abrupta, e se caem é bem
pouco; 3) considerando agora o desejo sexual nas duas condições, na mulher ele
até se exacerba, e com boa frequência, ao passo que no sexo oposto a libido às
vezes diminui, além de certos homens acharem, com sua convicção errada sobre
isto, que o desejo nem volte mais; 4) a função reprodutora (capacidade de gerar
filhos) também difere nessa fase da vida da mulher e do homem: enquanto na
menopausa ela cessa por completo com a parada da ovulação, nos homens a
produção dos espermatozoides continua sem interrupção, existindo aqueles
capazes de fecundar aos 80 e mesmo aos 90 anos; 5) de outra parte, se na mulher
menopausada os órgãos genitais sofrem modificações que acompanham o estado
geral do corpo (hipo ou atrofia da genitália externa, do útero e ovários,
protusão vaginal ou uterina), na fase da suposta andropausa os órgãos genitais
masculinos praticamente não se modificam; 6) outro aspecto que aponta a favor
da andropausa não significar uma questão orgânica propriamente é aquele
relativo aos problemas gerais de ordem sexual decorrentes de um e de outro
desses estágios da vida: nas mulheres menopausadas os distúrbios físicos e
psíquicos são realmente concretos e dependentes da idade delas, mas nos homens
não, são dependentes quase que só do pensamento deles, isto é, psicogênicos.
Tais
diferenças nos permitem observar que a pós-menopausa é um fato físico,
objetivo, previsível e usualmente de fácil controle por meio da terapia
hormonal. E a “andropausa”, ao contrário, é um conceito eminentemente
psicossocial e bastante influenciado por mitos que podem, estes sim, repercutir
fisicamente no indivíduo, porém agindo secundariamente.
Se
a pós-menopausa é um problema que de fato perturba quase todas as mulheres do
mundo, sem distinção de níveis sociais ou de raças, a “andropausa”, por seu
turno, aparenta difundir-se só entre os homens de classe média-alta e de melhor
qualificação social. Pode ser notado que a suposta andropausa não costuma
atingir aqueles que se sentem felizes e satisfeitos com o que têm. Ela
simplesmente não existe para aqueles que não se deixam abater por qualquer
coisa e que procuram sempre contornar os obstáculos da vida ficando em paz
consigo próprios e com o ambiente que os cerca (sabem responder ao estresse).
Já os homens de outro tipo – os menos corajosos, mais fracos e altamente
influenciáveis por outrem ou pelo meio em que vivem –, esses chegam aos 50, 55
ou 60 anos se autodecretando numa velhice antecipada. Entretanto – ensina ainda
o professor Kustnetzoff –, se bem que possa haver alguns sintomas depressivos
num varão normal daquela idade, o que se distingue nele é um equilibrado
otimismo e o apego que ele tem à vida. O
otimista e equilibrado não se debilita com a idade que vai chegando.
Nós
achamos que assim deve ser a visão do leitor sobre este tema, que pode
representar realmente um problema, mas só para pessimistas. Participe conosco da idéia de que a “andropausa” não é, de maneira
alguma, uma espécie de menopausa do homem. E nem tampouco implica em velhice,
decadência ou perda da masculinidade.
Em
síntese, essa fase ao redor dos 55 anos vem a ser, em verdade, muito boa para o
homem procurar as vantagens de submeter-se a um check-up, regularizar o seu peso, dedicar-se a uma atividade física
regular e prazerosa, além de renovar junto à parceira o repertório de se
satisfazerem sexualmente. Aí então, conjugando aos medicamentos de qualquer
doença que possa estar em jogo a providencial orientação de um andrologista
direcionada a uma disfunção erétil \que esteja dificultando asa relações do
casal, não haverá andropausa que ofereça impedimento para uma qualidade de vida
melhor.
REPOSIÇÃO HORMONAL NA MULHER
Lembremos
que a menopausa é uma síndrome exclusiva do sexo feminino, representa a
cessação dos fluxos menstruais iniciados na puberdade, e ocorre normalmente dos
45 aos 55 anos de idade em consequência do declínio das funções ovarianas.
Com
largo emprego nos países adiantados, os hormônios femininos têm constituído uma
terapêutica das mais eficientes para aliviar os sintomas da pós-menopausa, os
quais infernizam milhões de mulheres mundo afora. E dentre as medidas de
combate aos distúrbios inerentes a esse período, os produtos à base de
estrogênio associado ao progestágeno são os mais utilizados atualmente. Aliados
ao poder de abrandar as manifestações do climatério, a eles são atribuídas
propriedades de rejuvenescer a mulher. Costumam ser preconizados por via oral,
através de adesivos cutâneos, e por meio de injeções indicadas pelos
ginecologistas e endocrinologistas.
Mas
se para a mulher o tratamento hormonal tem trazido bons frutos à medida que ela
vive mais tempo que o homem por aceitar a hormonioterapia e, geralmente,
usufruir os avanços da medicina e da tecnologia, a longevidade dele não tem
sido contemplada com os mesmos resultados que ela consegue colher na idade
madura. Porque se ele se dedicasse à saúde e à aparência pessoal com o mesmo
empenho que ela, bem que poderia não só viver quase tanto quanto sua esposa ou
companheira, como daria ainda para adicionar mais qualidade a esses anos de
sobra que o progresso médico e tecnológico nos tem oferecido.
As leitoras
curiosas poderão conhecer mais as reais vantagens e desvantagens do uso dos
hormônios no combate ao envelhecimento quando chegarem ao final do capítulo 14,
que aborda hipertensão e hormônios femininos.
ENCARANDO A IMPOTÊNCIA
A
atividade sexual bem-sucedida é um fator que contribui de forma muito
significativa para a qualidade de vida do homem e da mulher. Até porque o
orgasmo com a pessoa amada já foi catalogado por autores de escala de emoções
como a mais intensa sensação prazerosa que o ser humano é capaz de sentir.
Certos
estudos modernos esclarecem que por volta de 50% das mulheres e 25% dos homens
de 18 a
74 anos têm algum distúrbio do desempenho sexual, e de várias origens. E que a correção do problema consiste em
considerar a dificuldade da satisfação sexual em relação aos dois parceiros, e
não somente dirigir a atenção a um deles. Neste contexto os homens
brasileiros não estão excluídos dessa estatística.
Todavia,
nos homens a disfunção erétil (ausência
ou dificuldade de ereção para manter uma relação sexual satisfatória) tem solução, e pode ser
diagnosticada com facilidade. Por conseguinte, se você apresenta alguma
impotência, não deixe isso comprometer o seu ego e nem fique deprimido por
causa disso. Encare a questão de frente, de modo a restabelecer a sua vida
sexual.
Apesar
de a disfunção sexual ser um distúrbio que afeta ambos os sexos e de todas as
faixas etárias, mas cuja prevalência aumenta com a idade, os últimos anos vêm
mostrando que um contingente maior de homens, mulheres e casais tem perdido o
constrangimento que em décadas passadas os tolhiam, e vão se revelando mais
despojados de acanhamento à medida que
buscam nos profissionais desta área
médica resolver suas questões. Pois se os médicos das mais diversas
especialidades são consultados diariamente em todos os países desenvolvidos
para o diagnóstico e tratamento de doenças dos outros aparelhos e sistemas, por
que motivo não haveriam de ser procurados com igual naturalidade os especialistas
que militam nesta área da medicina?
Não
podemos deixar de levar em consideração que a genitália ocupa um lugar de
importância extraordinária no corpo humano; já que além da imprescindível
função excretora da urina, não é por intermédio dela que fomos concebidos pelos
nossos pais? E não é em virtude dela também que somos capazes de, com a
penetração de um órgão genital no outro, seguida do orgasmo, sentir aquela que
é a maior das emoções de prazer, embora o gozo durar apenas alguns momentos?
Por isso,
se você está do lado dos homens, retorne ao caminho de uma qualidade de vida
melhor consultando um andrologista para alguma deficiência que lhe incomoda.
Com natural determinação! Sexo faz bem ao corpo e ao espírito, e são numerosos
os benefícios decorrentes dele, benefícios, aliás, que o tornam, tanto quanto
uma alimentação equilibrada, uma necessidade básica de sobrevivência e de
grandes sensações para a nossa espécie.
Sem nos aprofundarmos no assunto, o essencial a saber a
respeito é que a disfunção erétil vem a ser um fenômeno neurovascular (nervos e
vasos penianos afetados), com alta frequência de componentes psicossociais em
torno dele. Em outras palavras: a disfunção pode ter origem simplesmente em
conflitos de ordem emocional (o que um psicólogo perspicaz não deixa de
solucionar), ou pode derivar de alguma doença orgânica que cabe ao médico
discernir. Às vezes o andrologista poderá precisar encaminhar o paciente a um
colega a fim de ser controlada qualquer condição que possa estar influindo no distúrbio
da sexualidade, tal a hipertensão ou o diabetes. Ambos costumam integrar a síndrome metabólica (capítulo 3), que quanto mais se acentua, principalmente no que concerne à
gordura abdominal, mais se associa a um decréscimo da testosterona e da influência
que esta possa ter na ereção masculina. O certo é que sem terapia precoce e
adequada a hipertensão e o diabetes trazem redução do fluxo sanguíneo às
artérias penianas por aterosclerose desses vasos, os responsáveis vasculares
pela ereção.
A ereção normal acontece quando se
iniciam os estímulos eróticos que chegam ao sistema nervoso central, tanto
mentalmente como, em especial, através dos ramos do segmento inferior da medula
espinhal. Nessas terminações nervosas é que se desencadeiam os impulsos sexuais
que liberam óxido nítrico e prostaglandina dentro dos corpos cavernosos do
pênis, levando a musculatura (lisa) deles a relaxar. Assim, sob pressão do
sangue, as artérias penianas se abrem e se enchem por todo o membro, que vai
crescendo. E as veias de retorno – comprimidas pelos corpos cavernosos que ao
se intumescerem encontram uma forte resistência contrária da camada albugínea
que os envolve – são fechadas, de modo que impedem a fuga do sangue por elas,
ficando o sangue arterial represado em cada corpo cavernoso. Enquanto isso se
sustenta, o órgão permanece rígido e aumentado. Só depois da ejaculação (ou da
estimulação sexual), é que vem a sua flacidez, quando então ele vai diminuindo
gradualmente.
Mas
da parte do seu médico e amigo – que há de se empenhar para atender às suas
necessidades e expectativas por um modo seguro e eficiente – existem atualmente
comprimidos que se toma ou que se coloca sob a língua antes do ato sexual e que
têm se mostrado eficazes na impotência. No entanto, eles não são destituídos de
efeitos colaterais indesejáveis e, por vezes, bem sérios para indivíduos
cardiopatas. Jamais tome qualquer desses comprimidos por conta própria ou por
conselho de alguém que não seja especialista em medicina sexual.
Para
muitos casos existem pequenas injeções, praticamente indolores, que você mesmo
aplica facilmente no pênis para manter uma ereção bem adequada a uma ou mais
relações completas (para muitas pessoas elas são mais eficazes do que os
comprimidos). Outros casos podem ser resolvidos com a adaptação de uma bombinha
a vácuo que o urologista sabe como fazer para funcionar a contento e vai lhe
explicar como isso é feito. Agentes tópicos para a disfunção erétil poderão vir
a ser uma opção quando a permeabilidade cutânea melhorar mediante o aperfeiçoamento
necessário deles. A par disso, se for indicada, algum tipo de prótese peniana
pode ser implantada por meio cirúrgico junto aos corpos cavernosos do órgão (é
uma operação simples, de resultado duradouro, e que traz muita satisfação ao
casal).
Porém,
compete exclusivamente ao especialista em andrologia aconselhar a pôr em
prática qualquer um desses métodos. Uma história colhida por ele em cada caso,
um exame físico apurado, alguns poucos exames complementares e testes
específicos realizados em consultório é que vão ditar a melhor conveniência de
um ou outro procedimento. O que for
resolvido terá como objetivo você curtir a vida com mais prazer.
E
cabe à mulher, por seu turno, consultar ginecologista visando a corrigir o
distúrbio que estiver atrapalhando um bom ajuste com o seu parceiro.
Pode-se
concluir, portanto, segundo os especialistas, que a solução completa do
problema é fácil, mas não se restringe ao pênis, vai além desse órgão
masculino.
SEXO COM SAÚDE (PREVENÇÃO DAS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS)
Se
na primeira metade do século XX eram principalmente a sífilis e a blenorragia
com suas complicações os maiores vilões do sexo a comprometer a qualidade de
vida de um grande número de solteiros, casados, separados ou viúvos, na segunda
metade começou a despontar a infecção pelo HIV (Vírus da Imunodeficiência
Humana), a qual passou a tomar o lugar delas.
A
entrada desse vírus no organismo das pessoas desprevenidas, geralmente por
falta de educação adequada para relações sexuais seguras, veio dominar
assustadoramente o campo das doenças transmitidas durante o ato sexual por via
vaginal, anal ou oral. E quando não, veiculadas por injeções na veia com a
mesma seringa que os viciados em drogas compartilham; ou então através do
cordão umbilical de uma gestante portadora do vírus para o embrião ou feto em
desenvolvimento. Mas não se pega a doença por meio de um abraço , de um beijo
ou de um aperto de mão.
Não
cabe aqui, em sua totalidade, a descrição da AIDS (Síndrome da Deficiência
Imunológica Adquirida), com definição, causas, mecanismo de instalação,
sintomas clínicos, dados de laboratório, de outros exames e tratamento da
enfermidade. Esse esclarecimento fugiria ao escopo desta publicação, pois
entendemos não estarmos com um livro médico em mãos, e o que o leitor quer é
ver-se livre dessa moléstia ou de qualquer possibilidade de ser contaminado por
ela. Nosso público-alvo não são os universitários de medicina nem tampouco os
colegas médicos, mas sim pessoas de todas as idades que, com vida sexual ativa
ou não, podem aumentar seus conhecimentos preventivos e curativos acerca da
doença, atualmente em destaque no amplo universo da imprensa e perfazendo mais
de 40 milhões de vítimas no mundo todo.
Conquanto
a temível infecção já esteja sendo controlada com maior sucesso (graças às
pesquisas que não param e ao emprego de remédios desenvolvidos em devotados
centros), e ainda que a AIDS não concorra para morte precoce em maior escala do
que as doenças cardiovasculares, câncer e acidentes em geral, a virose em tela
vai ganhando proporções crescentes. Proporções alarmantes não apenas entre os
indivíduos de baixas condições sócioeconômicas de alguns países da África, mas
também nos povos de outros continentes, o povo brasileiro entre eles. Calculou-se,
por exemplo, que já no final de 2003 tínhamos mais ou menos 600 mil pessoas
infectadas pelo HIV, das quais 400 mil nem sabiam ter contraído o vírus.
A
queda da imunidade provocada pelo vírus da AIDS, adquirido usualmente em
contatos íntimos tanto entre parceiros heterossexuais (do sexo oposto) como
homossexuais (do mesmo sexo) é de tamanha intensidade que quem fica doente
torna-se presa fácil da invasão por outros agentes infectantes. São tão
patogênicos esses outros agentes infecciosos – causadores das chamadas
infecções oportunistas –, que eles se aproveitam da fragilidade dos aidéticos
que estão em tratamento para interromper-lhes a trajetória de melhora que vem
sendo conseguida e derrubá-los até sobrevir o óbito.
Os
micróbios responsáveis pelas pneumonias, o da tuberculose, das enterocolites,
das infecções urinárias e do sistema nervoso são aqueles que, de ordinário,
precipitam a morte dos aidéticos com pouca defesa (a rigidez no tratamento
costuma impedir essas complicações).
O
que é deveras lamentável é o fato dessas perdas acontecerem numa idade em que
os enfermos poderiam estar exuberantemente produtivos (a AIDS incide dos 25 aos
50 anos).
Por
esses motivos, campanhas de grande porte têm sido levadas a efeito em numerosos
países, o nosso incluso e onde o Ministério da Saúde está realizando notável
esforço no sentido de incentivar a população a fazer o teste do HIV e a
praticar sexo da maneira mais segura que se conhece. As principais precauções
voltadas a isso se resumem em algumas providências, tão apropriadas quanto
efetivas:
·
A pessoa deve ter em
mente que um dos métodos mais seguros de não contrair AIDS é limitar-se a uma
só parceira ou parceiro, além de certificar-se de que sua companheira ou
companheiro não tem o HIV no sangue, isto é, seja soronegativo.
·
Sendo algum dos dois
parceiros soropositivo (ou em caso de dúvida a respeito), fazer uso sistemático
de preservativo (camisinha) com látex de boa qualidade, sobretudo por ocasião
do primeiro contato sexual. O preservativo, junto aos demais cuidados, auxilia
também na prevenção da sífilis, gonorreia, tricomoníase e clamidíase – as
quatro mais frequentes e curáveis moléstias sexualmente transmissíveis por
agentes não viróticos. Além disso, a camisinha é um bom meio de controle da
natalidade.
·
Proceder com a melhor
higiene pessoal cabível antes e depois do coito.
·
Submeter-se a exames
médicos periódicos, no mínimo uma vez por ano. Um bom clínico geral, um
urologista ou um infectologista para os homens, e ginecologista para as
mulheres, são os preferidos para a detecção ou o tratamento da doença se, por
infortúnio, ela surgir. Do contrário, acontecendo uma pessoa infectada não ser
diagnosticada, diminuirão as suas chances de uma vida melhor, ela vai expor
outras ao vírus, podendo ela própria correr o risco de reinfectar-se,
provocando até mutações no HIV. Quanto antes esta infecção virótica ou uma
daquelas outras for diagnosticada, mais cedo poderá ser iniciado o tratamento,
garantindo mais tempo e qualidade de viver.
O
exame clínico geral reforçado com o especializado e laboratorial pode, além das
doenças já citadas, diagnosticar a virose pelo HPV (Vírus do Papiloma Humano).
Os leitores devem conhecê-lo: é o agente
do papiloma venéreo. É a virose sexualmente transmissível mais comum hoje em dia e de forte presença na população
brasileira, apesar de que só costuma ser letal quando leva ao câncer de útero
na mulher que não teve o vírus descoberto a tempo. Se considerarmos que 99% dos
casos de tumor maligno uterino exibem o HPV, as mulheres que nos leem se
conscientizarão logo da necessidade de fazer um exame ginecológico preventivo.
Estima-se
que o HPV atinja na ordem de 25% a população mundial feminina sexualmente
ativa, sendo responsável por mais ou menos 80% dos casos de câncer
exclusivamente do colo uterino (a parte cilíndrica do útero que se insere
parcialmente no fundo da cavidade vaginal) e 40% dos cânceres de vulva (a
genitália externa da mulher).
De
outro lado, o progresso da terapêutica no combate a essas doenças, notadamente
os bons resultados conseguidos mediante a associação de antibióticos com os
antivirais contra a AIDS, além das promissoras vacinas que já começaram a ser
empregadas para fomentar uma especial defesa do organismo, permitem que
fiquemos mais esperançosos e respaldados quanto à saúde dos pacientes – homens
e mulheres. Basta ver que a sobrevida de quem pega AIDS agora, bem diversamente
de um prazo que não passava de cinco a dez anos até uma época recente, vem se
dilatando progressivamente; e com uma qualidade espantosa. Isso nos deixa mais
confiantes de que aqueles cuidados básicos apontados explicitamente contribuem
de modo indiscutível para reduzir o risco tanto dos jovens quanto dos homens e
mulheres de idade mais avançada de se surpreenderem com quaisquer tipos de
moléstias do sexo e poderem seguir vivendo sem elas.
E
ao fim de tudo, poderemos acreditar que, assim procedendo, a prática sexual
continuará a desempenhar o seu duplo papel na sociedade: um deles, o de notável
ferramenta a promover o amor no casamento com a nobre missão de procriar; e o
outro, o do prazer a dois entre indivíduos que se amam e não querem se
preocupar com problemas que ameacem a saúde.