domingo, 7 de abril de 2013

Ingerir proteína é essencial na dieta, mas excesso causa riscos à saúde


Restringir a dieta sobrecarrega os rins, causa fraqueza e faz mal ao coração.

Médicos alertam para a importância de manter o equilíbrio na alimentação.

Do G1, em São Paulo

Ingerir proteína é fundamental para manter o corpo funcionando, mas é preciso muito cuidado com o excesso. Algumas pessoas recorrem a dietas restritivas em proteína para perder peso, ganhar massa magra ou melhorar o desempenho da musculação, mas esse excesso pode sobrecarregar o rim, entupir artérias e até mesmo prejudicar o coração, como alertou o endocrinologistaAlfredo Halpern no Bem Estar desta quarta-feira (3).
De acordo com o médico, uma alimentação rica em proteína realmente ajuda a emagrecer em um curto prazo de tempo, principalmente porque faz a pessoa perder muita água. Mas em longo prazo, traz resultados ruins porque a falta de outros elementos, como o carboidrato, pode provocar também falta de energia e fraqueza e até favorecer o ganho de peso, caso a pessoa abandone a dieta.
Bem Estar - Infográfico sobre proteína (Foto: Arte/G1)
Isso acontece também com os outros elementos. Por exemplo, uma dieta rica em carboidrato pode aumentar os radicais livres no organismo e, no caso da gordura, a ingestão excessiva pode causar placas na artéria.
Por isso, os médicos recomendam sempre que, para manter uma dieta segura e saudável, estejam presentes no prato todos os grupos alimentares, mas sempre em moderação.
No caso de quem pratica esporte ou musculação, o consumo maior de proteína realmente se faz necessário porque o organismo as utiliza para construir e reparar o tecido muscular, favorecendo o ganho de massa magra. O programa mostrou a história do adolescente Jackson, de 16 anos, que mora em São José dos Campos e recorreu ao consumo de proteína na dieta para ganhar massa magra.
De acordo com a pediatra Ana Escobar, o excesso de proteína para quem quer ganhar massa magra, seja através da alimentação ou também da suplementação – muito comum nas academias -, também pode sobrecarregar os rins da mesma maneira. Fora isso, ingerir uma quantidade exagerada de proteína pode também ser uma medida inútil porque o organismo acaba não aproveitando e eliminando o excesso através da urina.
A médica comentou também sobre o consumo de proteína na infância – a criança deve consumir leite materno e só a partir do 1º ano de idade, o leite integral. Essa medida é importante para evitar danos aos rins que podem ser irreversíveis na vida adulta.
De acordo com o nefrologista Décio Mion, a recomendação é que a pessoa consuma 1 grama de proteína por quilo que pesa. Por exemplo, quem tem 70 kg deve consumir 70 gramas de proteína diariamente. Porém, existem casos atípicos como um churrasco ou um almoço em uma churrascaria que contribuem para os excessos.
A repórter Daiana Garbin acompanhou a família Monari em uma reunião de domingo e, após duas horas de refeição, mostrou que a quantidade de proteína ingerida ultrapassou muito o limite diário recomendado - por exemplo, um membro da família chegou a comer 781 g só de proteína (veja o vídeo).
No estúdio, o endocrinologista Alfredo Halpern mostrou como deve ser um cardápio saudável de uma dieta de 2.000 kcal para uma pessoa de 70 kg, com a quantidade ideal de proteína para ser consumida, sem contar os carboidratos e outros nutrientes. Veja abaixo:
Café da manhã
1 ovo mexido
1 copo de leite
Almoço
100 g (peso cru) de filé mignon grelhado
Lanche
1 fatia de queijo branco
Jantar
80 g (peso cru) de filé de frango grelhado

Dieta vegetariana reduz risco de doenças cardíacas em até um terço


MATÉRIA PUBLICADA EM PORTAL ISAÚDE.NET



Pesquisa realizada no Reino Unido reforça ideia de que a dieta é fundamental para a prevenção de doenças no coração.


O risco de hospitalização ou morte por doença cardíaca é 32% menor em vegetarianos do que as pessoas que comem carne e peixe, de acordo com estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

As descobertas, publicadas na revista American Journal of Clinical Nutrition, sugerem que uma dieta vegetariana pode reduzir significativamente o risco cardíaco das pessoas.

"A maior parte da diferença de risco é provavelmente causada por efeitos sobre o colesterol e pressão arterial, e mostra o importante papel da dieta na prevenção de doenças do coração", explica a autora da pesquisa Francesca Crowe.

Este é o maior estudo já realizado no Reino Unido, comparando as taxas de doenças cardíacas entre vegetarianos e não vegetarianos.

A análise incidiu sobre cerca de 45 mil voluntários da Inglaterra e na Escócia, dos quais 34% eram vegetarianos. Tal representação significativa dos vegetarianos é rara em estudos deste tipo, e permitiu aos pesquisadores fizessem estimativas mais precisas sobre os riscos relativos entre os dois grupos.

O risco de doença cardíaca em vegetarianos é cerca de um terço mais baixo do que entre os não vegetarianos.

Os pesquisadores de Oxford chegaram a uma redução de até 32% no risco de doenças cardíacas em vegetarianos após levarem em conta fatores como idade, tabagismo, consumo de álcool, atividade física, nível de escolaridade e nível socioeconômico.

Os participantes foram recrutados para o estudo ao longo dos anos 1990, e responderam questionários sobre a sua saúde e estilo de vida. Estes incluíram perguntas detalhadas sobre dieta e exercício, bem como outros fatores que afetam a saúde, como fumar e consumo de álcool.

Quase 20 mil participantes também tiveram a pressão arterial aferida, e forneceram amostras de sangue para testes de colesterol.

Os voluntários foram acompanhados até 2009, período durante o qual os pesquisadores identificaram 1.235 casos de doença cardíaca.

Os pesquisadores descobriram que os vegetarianos tinham menor pressão arterial e níveis de colesterol do que os não vegetarianos, o que é pensado para ser o principal fator para sua redução do risco de doença cardíaca.

Os vegetarianos geralmente tiveram menores índices de massa corporal (IMC) e menos casos de diabetes, como resultado de suas dietas, embora estes dados não tenham sido mostrados para afetar significativamente os resultados.

Com os resultados ajustados para excluir os efeitos do IMC, os vegetarianos permaneceram 28% menos prováveis de desenvolver doenças do coração.

Os resultados reforçam a ideia de que a dieta é fundamental para a prevenção de doenças cardíacas.

Matéria publicada em portal iSaúde.net

Vegetarianos têm coração mais saudável, diz estudo


Pessoas que seguem uma dieta vegetariana apresentam menos doenças cardiovasculares e uma taxa de mortalidade menor do que quem come carne

Vegetarianos: Saúde cardiovascular dessas pessoas parece ser melhor do que a de quem comer carne, sugere estudo
Vegetarianos: Saúde cardiovascular dessas pessoas parece ser melhor do que a de quem comer carne, sugere estudo(Thinkstock)
Pessoas que seguem uma dieta vegetariana têm um coração mais saudável do que aquelas que comem carne e peixe. Segundo uma pesquisa britânica, esses indivíduos apresentam um risco menor de sofrer doenças cardíacas e também de serem hospitalizados ou morrerem em decorrência de um evento cardiovascular. O estudo, que estará presente na edição de março do periódico The American Journal of Clinical Nutrition, reforça trabalhos recentes que associaram o consumo de carne vermelha a uma maior taxa de mortalidade.
Para a autora desse estudo, Francesca Crowe, epidemiologista da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, grande parte dessa diferença se deve aos efeitos do colesterol e da pressão sanguínea, que geralmente são mais altos entre os consumidores de carne. “Nossas conclusões ressaltam a importância dos hábitos alimentares para a saúde do coração”, diz.
A pesquisa de Crowe comparou a saúde cardiovascular de vegetarianos e não vegetarianos — ao todo, o estudo avaliou quase 45.000 pessoas entre 50 e 70 anos de idade durante 12 anos. Ao longo desse tempo, os participantes responderam a questionários detalhados sobre sua saúde e seu estilo de vida. 
Melhor saúde — Segundo os resultados, os vegetarianos, de maneira geral, têm pressão arterial e níveis de colesterol no sangue mais baixos do que as pessoas que comem carne. Eles também tendem a apresentar um índice de massa corporal (IMC) menor e um menor risco de diabetes. Além disso, após levarem em consideração fatores como idade, tabagismo, consumo de álcool e prática de atividade física, os pesquisadores concluíram que os vegetarianos têm uma chance 28% menor de desenvolver alguma doença cardiovascular e 32% mais baixa de hospitalização ou de morrer por condições do tipo. O risco de câncer, no entanto, é semelhante entre vegetarianos e não vegetarianos.

Análise científica sugere restrição ao diclofenaco


De acordo com os autores, a droga, que é um anti-inflamatório não esteroide amplamente utilizado ao redor do mundo, apresenta mais riscos à saúde cardiovascular do que outros remédios do tipo

Depois do infarto: tratamento com analgésicos da classe dos antiinflamatórios não-esteróides podem elevar os riscos cardíacos
Diclofenaco, um analgésico da classe dos antiinflamatórios não-esteróides, eleva risco cardíaco mais do que outras drogas do tipo, diz análise (Thinkstock)
Uma análise publicada nesta quarta-feira no periódico PLoS Medicine sugere que o diclofenaco, um anti-inflamatório não esteroide, deixe de fazer parte das listas nacionais de medicamentos essenciais devido ao seu alto risco cardiovascular. Os autores do trabalho também afirmam que seria importante que as autorizações para o marketing do remédio ao redor do mundo fossem revogadas. "O diclofenaco não oferece maiores vantagens em termos de segurança gastrointestinal. Dada a disponibilidade de alternativas mais seguras, o remédio deveria ser removido da lista de drogas essenciais dos países", escreveram os pesquisadores.

Conheça a pesquisa

ONDE FOI DIVULGADA: periódico PLoS Medicine
QUEM FEZ: Patricia McGettigan e David Henry
INSTITUIÇÃO: Instituto de Pesquisa William Harvey,  Londres, e Instituto para Ciências de Avaliação Clínica, Canadá.
RESULTADO: O diclofenaco não apresenta maior segurança gastrointestinal do que outros anti-inflamatórios não esteroides. No entanto, promove um risco cardiovascular maior do que os outros, e semelhante ao apresentado pelo Vioxx, remédio que saiu de circulação devido ao seu risco ao coração. O diclofenaco é amplamente utilizado ao redor do mundo e chega a ser o anti-inflamatório não esteroide mais usado em alguns países. Por esse motivo, a análise sugere que o medicamento deixe de fazer parte das listas nacionais de drogas essenciais.
Os anti-inflamatórios não esteroides são uma classe de medicamentos prescritos para controlar a dor, a febre e a inflamação. Também fazem parte dessa classe drogas como o ácido acetilsalicílico, o ibuprofeno e o naproxeno. De acordo os autores do trabalho, já é sabido há algum tempo que alguns anti-inflamatórios não esteroides elevam o risco de uma pessoa sofrer algum evento cardiovascular, como ataque cardíaco ou derrame cerebral. E, da mesma forma, os especialistas também sabem que o diclofenaco parece aumentar essa chance mais do que outros remédios do tipo, como o naproxeno, por exemplo. Mesmo assim, em países como Canadá e Inglaterra, o diclofenaco é prescrito até três vezes mais do que o naproxeno. 
Perigo conhecido — Ainda de acordo com o trabalho, o risco cardiovascular do diclofenaco é equivalente ao apresentado pelo Vioxx (rofecoxib), que um dia já foi o anti-inflamatório mais vendido no Brasil e cujavenda foi proibida em 2004 justamente pelo risco que apresentava ao coração. Segundo um estudo feito em 2000 pelo próprio fabricante do Vioxx, o laboratório Merck & Co., o consumo diário de 24 miligramas da droga por mais de 18 meses dobrava as chances de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
A análise publicada nesta terça-feira avaliou os medicamentos utilizados em 15 países de diferentes níveis socioeconômicos e descobriu que o diclofenaco é o anti-inflamatório não esteroide mais utilizado em todos eles. De acordo com a pesquisa, o diclofenaco também faz parte da lista de remédios essenciais de 74 países de baixa, média e alta renda. 
A análise foi feita por especialistas do Instituto de Pesquisa William Harvey, em Londres, e do Instituto para Ciências de Avaliação Clínica, no Canadá. Os autores acreditam que esses dados revelam que os riscos associados ao diclofenaco não estão sendo passados para a população de uma forma clara e eficiente. 

Opinião do especialista

Carlos Alberto Machado
Cardiologista e diretor de de promoção de saúde cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia

"Todo anti-inflamatório não esteroide apresenta um risco para a saúde cardiovascular, mas cada um o faz com intensidades diferentes. Isso porque esses remédios inibem a dilatação dos vasos e, portanto, podem impedir que a artéria permaneça aberta. Além disso, esses medicamentos danificam os rins, especialmente dos idosos, que compõem a maioria dos pacientes que fazem uso dessa droga.
O diclofenaco é um dos anti-inflamatórios não esteroide mais antigos e, portanto, um dos mais receitados. O fato de ele apresentar um risco maior do que os outros não quer dizer que os cuidados com o uso desses remédios devam ser diferentes. Os cuidados são um só.
Assim, e isso vale para todos os anti-inflamatórios não esteroides, o paciente que fizer uso de um medicamento do tipo deve ter um acompanhamento médico e não pode tomar o remédio por um tempo prolongado e de forma indiscriminada. Além disso, o médico deve informar o indivíduo sobre os riscos da droga. Penso que esses medicamentos deveriam ser vendidos somente com a apresentação da receita médica."

Pesquisa confirma que dieta do Mediterrâneo protege o coração


Em um extenso estudo, pesquisadores espanhóis observaram que esse tipo de alimentação reduz a chance de problemas cardiovasculares

Dieta do mediterrâneo é baseada nos alimentos característicos de alguns dos países banhados pelo mar Mediterrâneo
Dieta do mediterrâneo é baseada nos alimentos característicos de alguns dos países banhados pelo mar Mediterrâneo(Thinkstock)
Um extenso estudo feito ao longo de cinco anos e que envolveu quase 7.500 pessoas confirmou que a dieta do Mediterrâneo, baseada em alimentos como peixes, legumes, frutas, castanhas, grãos integrais e azeite, protege a saúde do coração. De acordo com uma equipe de pesquisadores de universidades e centros médicos da Espanha, esse tipo de alimentação reduz a chance de problemas cardiovasculares, como o derrame cerebral, em pessoas com mais de 55 anos que já apresentam um alto risco cardíaco.

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DIETA DO MEDITERRÂNEO
É baseada nos alimentos característicos de alguns dos países banhados pelo mar Mediterrâneo. É rica em frutas, legumes, peixes, grãos integrais, gordura saudável, como o azeite, e quantidades moderadas de álcool, especialmente de vinho.
A dieta do Mediterrâneo já foi associada por diversos estudos a benefícios a saúde, entre eles a uma maior proteção ao sistema cardiovascular. No entanto, essas pesquisas limitaram-se a evidenciar uma relação estatística entre essa alimentação e menores eventos cardíacos. O novo estudo, que foi publicado nesta segunda-feira no periódicoThe New England Journal of Medicine, submeteu parte dos voluntários à dieta do Mediterrâneo e o restante deles, a uma dieta com baixo teor de gordura. Depois de cinco anos, a saúde de todos foi comparada.
Os 7.447 participantes do estudo tinham de 55 a 80 anos de idade. Nenhum deles sofria de doença cardíaca, mas todos tinham um alto risco do problema, já que apresentavam diabetes, obesidade ou colesterol e pressão altos.
Dieta 'fácil' — Segundo os autores da pesquisa, as dietas às quais os voluntários foram submetidos não eram rígidas e nem limitavam calorias ingeridas, já que o objetivo do trabalho não era promover a perda de peso entre os indivíduos. Talvez por isso, os pesquisadores afirmam, o índice de desistência das dietas foi baixo: apenas 7% dos participantes abandonaram a nova alimentação, sendo que o grupo da dieta com baixo teor de gordura apresentou o dobro de desistência do que as pessoas que seguiram a dieta do Mediterrâneo.
Após cinco anos acompanhando os participantes, os autores observaram que aqueles que seguiram a dieta do Mediterrâneo apresentaram um risco 30% menor de sofrer algum evento cardiovascular em comparação com o restante dos voluntários. "Em conclusão, nesse estudo de prevenção primária, nós observamos que uma dieta do Mediterrâneo sem restrição calórica, com suplementos de azeite extravirgem ou de nozes, resultou em uma redução substancial da chance de eventos cardiovasculares em pessoas com alto risco. Os resultados sustentam os benefícios da dieta mediterrânea para a prevenção primária da doença cardiovascular”, escreveram os autores nas conclusões do estudo.

Estudo encontra relação entre insônia e maior risco de insuficiência cardíaca



Pesquisa avaliou mais de 50.000 pessoas e chegou à conclusão de que a falta de sono pode mais do que triplicar o risco do problema cardíaco

Mulher com insônia
Insônia: Problema aumenta a prevalência de insuficiência cardíaca, diz estudo (Getty Images)
Pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia encontraram uma relação entre sintomas relacionados à insônia, como dificuldades para dormir e manter o sono, e uma maior prevalência de insuficiência cardíaca. Os resultados mostraram que ter insônia pode triplicar o risco de uma pessoa sofrer desse problema cardíaco — e que o quadro pode ser ainda pior caso o indivíduo também apresente ansiedade ou depressão.

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INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Pode acontecer em decorrência de qualquer doença que afete diretamente o coração. Acontece quando o coração bombeia o sangue de maneira ineficaz, não conseguindo satisfazer a necessidade do organismo, reduzindo o fluxo sanguíneo do corpo ou a uma congestão de sangue nas veias e nos pulmões. A insuficiência faz com que os músculos dos braços e das pernas se cansem mais rapidamente, os rins trabalhem menos e a pressão arterial fique baixa. A função do coração é bombear o sangue para o corpo e, depois, tirar o sangue das veias. Quando o coração bombeia menos sangue do que o normal, há uma fração de ejeção reduzida. Quando o coração enfrenta dificuldades em receber o sangue novamente, trata-se de uma fração de ejeção preservada, ou insuficiência cardíaca com dificuldade de enchimento do coração. Embora possa acometer pessoas de todas as idades, é mais comum em idosos. Atinge uma média de uma a cada 100 pessoas.
A pesquisa, publicada nesta terça-feira no periódico European Heart Journal, porém, não encontrou uma explicação para tal relação e nem concluiu se, de fato, trata-se de uma associação causal. Ou seja, esses resultados ainda não são suficientes para afirmar que a insônia causa diretamente insuficiência cardíaca, mas sim mostram que a doença cardíaca foi mais prevalente entre quem apresentava sintomas de insônia do que entre pessoas sem o problema.
Participaram do estudo 54.279 pessoas de 20 a 89 anos de idade. Elas começaram a ser avaliadas entre 1995 e 1997 e, no início da pesquisa, nenhuma delas apresentava insuficiência cardíaca. Os autores acompanharam os participantes até 2008. Ao longo do período do estudo, os pesquisadores observaram se os indivíduos apresentavam três sintomas da insônia: dificuldade para dormir, dificuldade para manter o sono e não ter a sensação de estar descansado após uma noite de sono. Para isso, os participantes respondiam a questionários dizendo se sofriam desses problemas e, se sim, com que frequência. De 1995 a 2008, o estudo registrou 1.412 casos de insuficiência cardíaca.
Soma de sinais — De acordo com a pesquisa, os participantes que relatavam sofrer dos três sintomas simultaneamente e com mais frequência foram aqueles que apresentaram o maior risco de insuficiência cardíaca — uma chance 3,5 maior em comparação com indivíduos que não apresentavam nenhum sinal de insônia. Essas pessoas tinham dificuldades para dormir e manter o sono quase todas as noites, e acordavam sem a sensação de ter descansado mais de uma vez na semana. 
Esses resultados foram obtidos após os autores do estudo levarem em consideração uma série de fatores que podem interferir tanto na insônia quanto no risco de insuficiência cardíaca, como idade, sexo, nível de escolaridade, carga horária de trabalho, pressão arterial, níveis de colesterol no sangue, diabetes, peso, atividade física, tabagismo, álcool, depressão, ansiedade e ataque cardíaco. Quando os pesquisadores resolveram olhar para as pessoas que, além de insônia frequente, também apresentavam depressão e ansiedade, o risco de insuficiência cardíaca foi 4,2 maior em relação às pessoas que não tinham dificuldades para dormir.

Redução de três gramas no consumo diário de sal já seria suficiente para salvar milhares de vidas, diz pesquisa



Segundo estudo britânico, a redução da quantidade de sal nas refeições evitaria problemas cardíacos, derrames e infartos

Exagero no sal: cerca de 69% das mulheres e 88% dos homens brasileiros consomem quantidades diárias de sódio acima das recomendadas
Exagero no sal: cerca de 69% das mulheres e 88% dos homens brasileiros consomem quantidades diárias de sódio acima das recomendadas (Thinkstock)
A redução da quantidade de sal na dieta das pessoas seria capaz de salvar milhões de vidas ao redor do mundo, diminuindo os níveis de doenças cardíacas e derrames. A pesquisa foi publicada no periódico científico British Medical Journal e conduzida pelo professor Francesco Cappuccio, da Warwick Medical School.
De acordo com a pesquisa, uma redução de três gramas de sal na ingestão diária resultaria na prevenção de 8.000 mortes por derrame e de 12.000 óbitos por doença coronariana por ano no Reino Unido.
Uma redução similar nos Estados Unidos resultaria em 120.000 menos casos de doenças cardíacas, 66.000 derrames e 99.000 ataques cardíacos a menos por ano. De acordo com o estudo, com a prevenção seriam economiazados 24 bilhões por ano com assistência médica.
A Organização Mundial da Saúde possui uma missão global para reduzir o consumo de sal para menos de 5 gramas por pessoa até 2025. O consumo de sal em alguns países, porém, supera muito esse número. Estima-se que o brasileiro consome, em média, 12 gramas de sal por dia.
Para Cappuccio, apenas a mudança de comportamento das pessoas não é suficiente para mudar essa realidade porque, segundo ele, grande quantidade do sal é adicionada ao produto antes mesmo de ele ser vendido. “A indústria alimentícia contribui para a epidemia de doenças cardiovasculares. Essa responsabilidade precisa ser reconhecida”, diz Cappuccio.
Em julho deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde lançaram a campanha Menos Sal. Sua Saúde Agradece!, que busca reduzir o consumo de sal do brasileiro. A proposta é conscientizar a população sobre os problemas causados à saúde pela ingestão excessiva de sal.

Estudo revela como alto consumo de sal causa hipertensão


Segundo pesquisa, proteína tem papel ativo no mecanismo que leva à doença

Exagero no sal: cerca de 69% das mulheres e 88% dos homens brasileiros consomem quantidades diárias de sódio acima das recomendadas
Sal: em alta quantidade, ativa proteína que faz o organismo reter líquido e resulta em hipertensão (Thinkstock)
O consumo de sal e a obesidade estão ligados diretamente ao desenvolvimento da hipertensão. Já é sabido que, combinados, os dois fatores podem provocar sérios danos aos rins e ao coração. Pela primeira vez, no entanto, a ciência parece ter desvendado o mecanismo molecular desse processo. Segundo estudo coordenado por Toshiro Fujita, chefe do departamento de nefrologia e endocrinologia da Universidade de Tóquio, o consumo exagerado de sal e a obesidade ativam uma proteína chamada Rac1.

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Rac1
Esta proteína ativa um receptor nas células do rim que faz com que haja uma reabsorção do sal, levando ao acúmulo de líquido no organismo. Normalmente, a Rac1 atua regulando uma série de processos nas células, como o crescimento, a diferenciação epitelial e a adesão entre as células.
Quando essa proteína é ativada inicia-se uma reação em cadeia no organismo que leva ao acúmulo de líquido, resultando em hipertensão. Quando funciona normalmente, a Rac1 regula uma série de processos, como o crescimento das células.
Em testes de laboratório com ratos, Fujita e sua equipe descobriram que remédios que inibiam a ação da Rac1 obtiveram sucesso em reduzir a hipertensão. De acordo com o cientista japonês, a descoberta pode levar a novos tratamentos para a hipertensão. Atualmente, há uma série de medicamentos para tratar a hipertensão que atuam de maneiras diferentes, desde de diuréticos que eliminam o excesso de líquidos e sódio do organismo, até bloqueadores de enzimas que relaxam os vasos sanguíneos e vasodilatadores, que possuem o objetivo comum de baixar a pressão.

Comer mais potássio e menos sal protege o coração


Novos estudos concluem que o potássio, encontrado em vegetais frescos, ajuda a reduzir a pressão alta e o risco de AVC. E, para especialistas, redução do consumo de sal deve ser ainda maior do que a proposta pela OMS

Vegetais frescos: Comer mais alimentos como esses - e menos sal - pode ser o segredo para um coração saudável
Vegetais frescos: Comer mais alimentos como esses - e menos sal - pode ser o segredo para um coração saudável(Thinkstock)
Uma série de estudos publicados nesta quinta-feira no site da revista British Medical Journal(BMJ) reforçou que reduzir o consumo de sódio ajuda a evitar problemas cardíacos — e ainda revelou que ingerir maiores quantidades de potássio, encontrado principalmente em frutas, verduras e legumes frescos, também propicia esse benefício. De acordo com as conclusões de um deles, uma alta ingestão de potássio pode diminuir em até 24% o risco de uma pessoa sofrer um acidente vascular cerebral (AVC).
Uma das pesquisas divulgadas pela revista, que se concentrou em avaliar os efeitos do potássio sobre a saúde, foi feita por especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e é uma revisão de 33 trabalhos sobre o assunto. Os resultados do estudo mostraram que consumir de três a quatro gramas de potássio por dia já é o suficiente para reduzir a pressão arterial e pode diminuir o risco de um derrame cerebral.
De acordo com o artigo, o potássio é fundamental para o funcionamento das células. Cada vez mais, as pessoas deixam de consumir o nutriente em quantidades adequadas, já que os alimentos industrializados reduzem os níveis de potássio na comida. Por isso, quanto mais alimentos frescos forem consumidos, maiores níveis do nutriente uma pessoa vai ingerir.  Fontes ricas em potássio incluem alimentos como feijão, ervilhas, couve, espinafre, banana e mamão.
Outra pesquisa publicada pelo BMJ reforçou as recomendações da OMS de que reduzir o consumo diário de sódio é fundamental para proteger a saúde do coração, mas indicou que essa diminuição deva ser ainda maior do que a proposta pelo órgão de saúde.
Segundo a OMS, a população mundial consome, em média, de 9 a 12 gramas de sal por dia, o equivalente a entre 3,6 e 4,8 gramas de sódio. Para o órgão, o ideal é que sejam ingeridos não mais do que cinco gramas de sal diariamente. Porém, de acordo com esse estudo, que foi feito na Universidade de Londres Queen Mary, embora a redução proposta pela OMS ajude a controlar a pressão arterial das pessoas, esse benefício pode ser ainda maior se as pessoas passarem a consumir, no máximo, três gramas de sal ao dia. Essa pesquisa foi feita com base na revisão de 34 estudos realizados anteriormente.
Assunto em evidência — A OMS elegeu a hipertensão como tema do Dia Mundial da Saúde deste ano, que acontece em 7 de abril. Segundo o órgão, a doença causa 9,4 milhões de mortes todos os anos no mundo e é responsável por 45% de todas as mortes por ataque cardíaco e 51% dar mortes por AVC registradas globalmente. Um estudo publicado em 2012 na revista The Lancet revelou que a pressão alta é o principal fator de risco à saúde da população mundial — há 20 anos, a doença ocupava o quarto lugar nesse quesito, ficando atrás do baixo peso infantil, da poluição dentro de casa e do tabagismo.

Caminhar faz tão bem à saúde quanto correr


Segundo nova pesquisa, ambos os exercícios, embora sejam de intensidades diferentes, ajudam a controlar a pressão alta e o colesterol no sangue, além de reduzir o risco de doença coronariana e diabetes

Caminhada é ótima atividade física
Atividade física: Para a saúde do coração, benefícios são os mesmos tanto com a prática de corrida quanto de caminhada (Thinkstock)
Qual atividade física, entre a caminhada e a corrida, é melhor para o coração? Apesar de possuírem intensidades diferentes, os dois exercícios proporcionam os mesmos benefícios à saúde. Foi o que concluiu um novo estudo americano feito com mais de 45.000 pessoas. A pesquisa revelou que andar, assim como correr, é eficaz em diminuir o risco de hipertensão, diabetes e doença coronariana. Esse trabalho foi publicado nesta quinta-feira no periódicoArteriosclerosis, Thrombosis and Vascular Biology, que pertence à Associação Americana do Coração.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Walking Versus Running for Hypertension, Cholesterol, and Diabetes Mellitus Risk Reduction

Onde foi divulgada:periódico Arteriosclerosis, Thrombosis and Vascular Biology

Quem fez: Paul Williams e Paul Thompson

Instituição: Universidade da Califórnia, EUA

Dados de amostragem: 48.105 adultos que praticavam caminhada e corrida

Resultado: Caminhar pode ser tão benéfico à saúde quanto correr, no que diz respeito à diminuição dos níveis de colesterol no sangue, ao controle da pressão arterial e à redução do risco de diabetes e doença coronaria. 
"Comparar a caminhada e a corrida é ideal para testar os benefícios de atividades de intensidade moderada e alta, por esses dois exercícios envolvem os mesmos grupos musculares", diz Paul Williams, pesquisador do Laboratório Nacional de Berkeley da Universidade da Califórnia que coordenou o estudo. Para fazer essa comparação, ele levou em consideração os dados de 33.060 pessoas que praticavam corrida e de outras 15.045 que tinham a caminhada como principal atividade física. Esses participantes, a maioria na faixa dos 40 anos, foram acompanhados por seis anos, e os pesquisadores avaliaram a saúde deles em relação a níveis de colesterol no sangue, pressão arterial, diabetes e doença coronariana.
A comparação feita pela equipe foi estabelecida de acordo com a distância em que as pessoas caminhavam ou corriam — e, segundo a pesquisa, quanto maior a distância percorrida durante uma dessas atividades, maiores são os benefícios à saúde. Ou seja, o estudo sugere que o que importa não é o tipo de atividade física, mas o quanto se anda ou corre. "Além disso, quando uma pessoa, durante a caminhada, gasta a mesma quantidade de calorias que um indivíduo durante a corrida, os efeitos à saúde obtidos por ambos são comparáveis", diz Williams.
Bom para o coração — Os resultados do estudo também mostraram que, em comparação com ser sedentário, correr diminui o risco de hipertensão em 4,2%, enquanto caminhar diminui essa chance em 7,2%. Além disso, o risco de uma pessoa apresentar colesterol alto diminui em 4,3% se ela passar a correr e em 7% se ela começar caminhar. Ainda de acordo com a pesquisa, correr diminui o risco de diabetes e doença coronariana em 12,1% e 4,5%, respectivamente — caminhar, por outro lado, reduz essas chances em 12,3% e 9,3%.
Porém, os autores do estudo perceberam que as pessoas que praticam corrida, em média, percorrem o dobro da distância do que as que caminham, apresentando um nível de atividade física muito maior.
Segundo Williams, esses resultados são positivos pois, para muitos indivíduos, a caminhada é uma opção mais viável de atividade física. "As pessoas estão sempre procurando alguma desculpa para não se exercitar, mas agora elas sabem que precisam apenas fazer uma escolha simples para que protejam a saúde, que é entre correr ou caminhar", diz o autor.
Recomendações — Autoridades de saúde, como as americanas, por exemplo, recomendam que adultos de 18 a 64 anos pratiquem ao menos 150 minutos de alguma atividade aeróbica moderada ou intensa por semana. Fora isso, o órgão indica que os adultos também devem fazer musculação duas vezes por semana ou mais.

Calvície pode estar relacionada a problemas cardíacos


Pesquisa feita no Japão concluiu que o risco de doença cardíaca é aumentado especialmente com a perda de cabelo no topo da cabeça

Perda de cabelo no topo da cabeça, formando a chamada 'coroa',pode estar relacionada a um risco maior de doença coronariana, diz estudo
Perda de cabelo no topo da cabeça, formando a chamada 'coroa',pode estar relacionada a um risco maior de doença coronariana, diz estudo (Thinkstock)
Um time de pesquisadores japoneses revisou diversos estudos sobre a relação entre calvície e problemas no coração e concluiu que, de fato, a queda de cabelo, especialmente quando ocorre no topo da cabeça (a 'coroa'), aumenta o risco de doenças cardíacas entre os homens. O trabalho, feito na Faculdade de Medicina da Universidade de Tóquio, no Japão, foi publicado nesta quinta-feira no periódico BMJ Open.

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DOENÇA CORONARIANA
Também chamada de coronariopatia, é uma frequente doença cardiovascular na qual o transporte que leva o sangue ao músculo cardíaco está bloqueado parcial ou completamente. É provocada pelo depósito de colesterol e outras gorduras nas paredes das artérias coronárias. Embora atinja os dois sexos, atinge os homens em geral dez anos mais cedo que as mulheres, que costumam desenvolver a doença após a menopausa. Idade avançada, pertencer ao sexo masculino, e ter histórico familiar na doença na família são alguns dos fatores de risco do problema, que também envolvem hábitos de vida, como tabagismo, má alimentação, sedentarismo e obesidade.
A pesquisa japonesa levou em consideração seis estudos feitos entre 1993 e 2008 que, ao todo, envolveram mais de 40.000 homens. Três desses trabalhos acompanharam voluntários por mais de dez anos. Segundo suas conclusões, os homens que, ao longo desse período, perderam a maior parte de seus fios de cabelo, em comparação com os que os mantiveram, apresentaram um risco cerca de 30% maior de ter uma doença coronariana. Essa condição ocorre quando o transporte que leva o sangue ao músculo cardíaco está bloqueado parcial ou completamente em consequência do depósito de colesterol e outras gorduras nas artérias.
Região específica — A revisão também concluiu que o risco de uma doença coronariana é mais elevado conforme a gravidade da calvície. Porém, segundo os autores, essa relação somente é válida se a queda de cabelo começa no topo da cabeça. Um homem com calvície grave no topo da cabeça pode ser quase 50% mais propenso a sofrer de uma doença coronariana do que um indivíduo que não sofre com a perda dos fios, por exemplo. Por outro lado, essa chance é 18% maior entre homens com calvície menos grave nessa região da cabeça.
Além disso, segundo o estudo, o risco de doença coronariana aumenta ainda mais caso o homem tenha calvície tanto na parte da frente, ou nas 'entradas', quanto no topo da cabeça — indivíduos com essas características são quase 70% mais propensos a desenvolver a condição do que homens sem calvície. 
As outras três pesquisas analisadas pelo time da Universidade de Tóquio observaram a saúde cardíaca de homens que já estavam carecas, ou então que caminhavam para isso, e a compararam com os resultados de saúde de homens que não haviam perdido seus fios de cabelo. De acordo como esses estudos, o primeiro grupo foi 70% mais propenso a apresentar alguma doença cardíaca em comparação com o restante dos homens. Esse risco foi maior entre os participantes mais novos, que apresentaram uma probabilidade 84% maior de ter problemas de saúde no coração.
Para os autores da revisão, é possível que a calvície masculina seja um indicador de resistência à insulina, um percursor do diabetes, um estado de inflamação crônica ou então que esteja associada a um aumento da sensibilidade à testosterona. Todos esses fatores estão direta ou indiretamente associados ao surgimento de doenças cardiovasculares.

Opinião do especialista

Luiz Antonio Machado César
Cardiologista e diretor da Unidade Clínica de Coronariopatia Crônica do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP (Incor)

"Há centenas de fatores que estão associados à doença coronariana. Essa relação que o estudo encontrou entre calvície e o problema cardíaco é relevante, mas não substitui os outros fatores de risco. Ou seja, o fato de um homem ser ou não calvo não faz com que um médico deixe de considerar outros fatores, como tabagismo, sedentarismo, obesidade e hipertensão, na hora de avaliar se o paciente tem risco de uma doença coronariana.
O estudo tem um problema que é o fato de ele não ter levado em consideração esses outros fatores de risco para doenças cardíacas. Então não é possível dizer quem um homem calvo necessariamente terá uma doença coronariana ou então que um indivíduo sem calvície esteja livre do problema.
É possível que, além do fator genético, problemas como obesidade, diabetes, altos níveis de glicose no sangue e sedentarismo favoreçam a calvície. Por isso, uma forma de interpretar esses resultados é pensar que homens calvos, especialmente os mais jovens, com menos de 50 anos, já são propensos a ter doenças cardíacas.
O estudo é relevante, mas ele pode dar um peso para a calvície que, em relação ao risco de doença cardíaca, não é real na prática."

A fórmula de longevidade das freiras



David Agus, um dos oncologistas que tratou Steve Jobs, diz que rotina de religiosas é inspiração para estilo de vida saudável

Roberta Jansen

RIO - Freiras católicas vivem, em média, 86 anos - mais do que brasileiros (74 anos) e americanos (77 anos). E a explicação para isso está em seu dia a dia. O oncologista David Agus, um dos que tratou de Steve Jobs, conta no livro "A vida sem doenças" (Ed. Intrínseca), como a rotina, a alimentação saudável e a prática de exercícios são importantes para a prevenção das doenças e a longevidade.

Entre 1950 e 2007 a taxa de mortalidade por câncer manteve-se estável, enquanto as de outras enfermidades, como doenças cardíacas e derrames, caíram consideravelmente. Por que estamos perdendo a luta contra o câncer?

Cometemos um erro. Focamos muito na célula cancerosa, mas não no sistema, que é o corpo. Câncer, como eu costumo dizer, é um verbo: deveríamos dizer "estamos cancerizando". Mas estamos muito focados em uma célula em vez de olharmos para todo o resto.

Por quê?

Tivemos dificuldade de passar da teoria dos germes para a teoria das doenças. De acordo com essa teoria, se você descobrir a espécie de germe que o infectou, seu problema está resolvido, porque isso indica como a doença deve ser tratada. Isso se tornou o paradigma geral da medicina. No caso do câncer, médicos tratam-no como um invasor e tentam extirpá-lo ou envenená-lo. Ele é autogerado, no sentido de que as nossas próprias células que se descontrolam. É um problema sistêmico.

Nosso estilo de vida ocidental provoca câncer?

Sempre houve câncer. Ele vem sendo documentado desde a antiguidade. Há múmias do antigo Egito que apresentam tumores. Mas, claro, há fatores no nosso estilo de vida que aumentam o risco, como fumo, vida sedentária, alimentação, obesidade.

Estudos mostram que as vitaminas não trazem nenhum benefício quando usadas pela população em geral. Em alguns casos, poderiam até contribuir para o câncer. Por que tanta gente usa?

Nunca houve um estudo dizendo isso (que as vitaminas são boas na prevenção do câncer e outras doenças). E há muitos trabalhos dizendo o contrário. Por exemplo, quem é fumante e toma betacaroteno tem o risco de câncer aumentado. Um outro exemplo foi um estudo para relacionar o uso da vitamina E e o câncer de próstata. O trabalho foi interrompido antes do tempo, em apenas três anos, porque foi constatado um aumento significativo na incidência da doença. Mas quando eu falo isso para os meus pacientes, eles ficam tristes, irritados, porque tomam vitaminas há anos. Mas temos que prestar atenção nos dados. Porque eu não aguento mais olhar nos olhos das pessoas e ter que dizer: "eu não tenho mais drogas para tratar o seu câncer".

Qual a importância da comida na prevenção de doenças?

A comida tem um papel fundamental na prevenção do câncer e de problemas do coração e do cérebro. Comer comida de verdade é importante. Busque os alimentos frescos ou os frescos congelados - são melhores do que os que estão há dias no mercado e já perderam o valor nutricional. Evite usar o liquidificador e a centrífuga, o valor nutricional também se perde. E procure comer sempre nos mesmos horários. Quando alteramos isso, estressamos o organismo, que fica esperando um alimento que não vem.

Se movimentar constantemente é melhor do que se exercitar?

Se você corre uma hora por dia, isso é ótimo. O exercício é o único segredo provado pela ciência para manter a juventude. Mas, se depois disso, passa o resto do dia sentado, é como se tivesse fumado um maço de cigarro. O corpo humano foi feito para se mover. A cada vinte minutos é preciso se levantar e dar uma andada . Subir escada em vez de usar elevador.

Nessa abordagem sistêmica, o sono também é importante? Temos que dormir um determinado número de horas ou isso é um mito?

É um mito. O importante é manter uma rotina. Ir dormir mais ou menos no mesmo horário e dormir o mesmo número de horas. Ruim é acordar todo dia muito cedo, por exemplo, e, no sábado, só se levantar bem tarde.

Por que é importante fazer as coisas sempre nas mesmas horas?

O organismo é regulado por hormônios, que têm altos e baixos. Quando alteramos horários de sono e alimentação, eles se alteram e há um estresse no organismo. O estresse é uma das principais causas da inflamação (que gera doenças).

Por que as freiras vivem mais?

Porque elas têm uma vida regulada, caminham, comem comida de verdade. Não há dúvida que comendo nas horas certas, de forma saudável, e praticando exercícios podemos prevenir doenças.

A receita de saúde do nobel de medicina


O americano Louis Ignarro, conhecido como pai do Viagra e ganhador do prêmio em 1998 tem vida regrada e disciplina de monge

Mariana Timóteo

SÃO PAULO - O americano Louis Ignarro, 71 anos, sabe bem o que faz bem para o coração. Ele é autor de uma série de estudos sobre o óxido nítrico, molécula vasodilatadora, que lhe renderam tanto o Nobel de Medicina em 1998 quanto o apelido de "Pai do Viagra", já que as ações da molécula foram fundamentais no desenvolvimento do medicamento. Em visita a São Paulo na semana passada, Ignarro disse que 90% das doenças cardíacas ocorrem devido a maus hábitos e 10% à má genética. Ou seja, é preciso agir, o que basicamente consiste em comer bem e praticar exercícios físicos.

- Viajo o mundo todo, quando não tenho tempo de me exercitar em horários normais, acordo às 4h, por que não? As pessoas têm que pensar: se eu não me colocar em primeiro lugar, quem vai colocar?

Até três anos atrás, ele era corredor de maratona (42 km), "até meus joelhos dizerem: não mais". Para manter o gasto de energia que tinha com as corridas, Ignarro escolheu o ciclismo. A meta é pedalar 200 km por semana, seja ao ar livre, na academia, ou nas aulas de spinning. Além disso, ele faz 45 minutos de musculação de terça a sexta, e 30 minutos de alongamento diariamente. Menos às segundas,"dia de descanso".

Além dos exercícios, Ignarro dorme de seis a sete horas por dia e é fã de produtos naturais; ele é, inclusive, garoto-propaganda da Herbalife. O café da manhã, aliás, é um shake de proteína da marca, ao qual ele adiciona um monte de frutas, leite de soja e gelo.

- Tomo dois copos de manhã, cada um tem só 80 calorias, e isso me deixa saciado até a hora do almoço - garante.

Como boa parte dos americanos, principalmente moradores da Califórnia, como ele, Ignarro não faz do almoço a principal refeição do dia, lugar ocupado pelo jantar. No almoço, iogurte e frutas; às vezes, ovos. O lanche é uma ou duas fatias de pão integral com manteiga ou geleia. No jantar, salada ou legumes cozidos (temperados com azeite de oliva ou trufado, "porque o azeite é um óleo bom"), uma carne ("peixe ao menos duas vezes por semana, faço questão do meu salmão") e massa integral, "porque, afinal, sou descendente de italianos". Ignarro toma dois copos de vinho tinto por dia, por causa da propriedade antioxidante "mais do que comprovada".

- Se eu fosse magrinho, acrescentaria ainda uma xícara de oleaginosas (nozes, amêndoas, castanha-do-pará, avelã, macadâmia) à minha dieta diária. Porque, é impressionante, uma xícara aumenta em minutos a quantidade de óxido nítrico no sangue. O problema é que as oleaginosas são muito calóricas. Quando tenho vontade de doce, opto pelo chocolate com 70% ou mais de cacau.