sábado, 11 de maio de 2013

Cuidados que todo profissional deve ter com a saúde



  • Médico dá orientações para levar uma vida mais saudável e evitar doenças desencadeadas, muitas vezes, pelo estresse
  • Excesso de peso, ansiedade, dores nas costas e no pescoço e hipertensão são alguns dos males que afetam, principalmente, os executivos, segundo pesquisa recente



Praticar atividades físicas, além de aliviar o estresse, contribui para o controle do peso, para o fortalecimento da musculatura, para a redução da gordura corporal e previne doenças cardiovasculares e o diabetes.
Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Praticar atividades físicas, além de aliviar o estresse, contribui para o controle do peso, para o fortalecimento da musculatura, para a redução da gordura corporal e previne doenças cardiovasculares e o diabetes. Ana Branco / Agência O Globo
RIO - Pesquisa recente apontou que excesso de peso, dores de pescoço e nas costas e ansiedade atingem quase 20% dos executivos brasileiros. Além desses males, outros problemas de saúde, como insônia, rinite, hipertensão, níveis de colesterol e triglicerídeos altos e alergia de pele, são apresentados, não só por profissionais de média e alta gerência, como em todos os níveis. O estresse seria o grande responsável pelo desencadeamento de várias dessas doenças, afirmam os especialistas.
Mas como evitar ou minimizar os sintomas desses males? Ter uma alimentação balanceada, dormir bem, praticar atividades físicas e desenvolver outros interesses que não tenham ligação com o trabalho são algumas das orientações do clínico e cardiologista Antonio Carlos Till, diretor-médico do Vita Check-up Center, para manter a saúde em dia. Confira abaixo os conselhos do médico:
Mantenha uma alimentação saudável - balanceada, rica em verduras, legumes, frutas, fibras e carnes brancas e ingestão de carboidratos em quantidade moderada. Esse hábito auxilia na conservação do peso normal, facilitando um bom sono e evitando doenças como diabetes, infarto e hipertensão arterial.
Faça atividade física e não se esqueça dos alongamentos - O objetivo não é tornar-se um atleta, mas manter uma atividade física aeróbica regular contribui para o controle do peso, para o fortalecimento da musculatura, para a redução da gordura corporal e previne doenças cardiovasculares e o diabetes, além de aumentar a disposição física e colaborar para o controle do estresse emocional.
Não fume - Não ter esse hábito melhora a qualidade de vida, pois previne diversos tipos de câncer, de doença cardiovascular e até mesmo de disfunção erétil.
Modere o consumo de bebidas alcoólicas - O álcool não é um bom companheiro, já que pode influenciar negativamente a qualidade do sono, alterando o comportamento emocional, diminuindo a capacidade física. E, quando em excesso significativo, as bebidas alcoólicas levam à lesão hepática e ao déficit significativo do desempenho intelectual.
Durma bem - O sono influencia o desempenho intelectual e a capacidade de memória e é fundamental para repor as energias. Trate esse item com atenção, procurando reservar sempre um bom intervalo de sono com qualidade. Dessa forma, antes de dormir, evite alguns hábitos como fazer refeições volumosas; consumir álcool em quantidades além das indicadas; trabalhar, principalmente em computador; ver TV, especialmente telejornais; discutir e/ou conversar temas que fomentem ansiedade e/ou preocupação; exercitar-se fisicamente. Criar um ambiente adequado a uma boa noite de sono, com baixa luminosidade, temperatura ideal e pouco ruído também é boa opção para dormir com qualidade.
Cuide de sua aparência - Procure manter uma boa postura corporal, o peso controlado e proteja sua pele. Não se exponha ao sol em excesso e faça exercícios.
Mantenha suas vacinas em dia. Adultos também se vacinam. Muita gente desconhece a importância da prevenção contra tétano, as hepatites e outras doenças evitáveis.
Administre o estresse - Ele é inevitável em nossas vidas, mas pode ser gerenciado, o que minimiza seu impacto. Periodicamente, tenha um momento de lazer com os amigos e curta a família. Namore, passeie, viaje, vá ao cinema e ao teatro, e, porque não, jogue conversa fora com os amigos.
Desenvolva outros interesses - Matricule-se em um curso de fotografia, em um clube de vinhos, faça uma aula de dança. Estude algo que sempre você teve curiosidade. Enfim, ponha sua cabeça e seus sentidos em áreas diferentes do trabalho. Leia sobre assuntos diversos dos profissionais. Um bom romance ou uma boa história faz bem à cabeça, ajuda na qualidade de nosso sono.
Faça check-up de saúde com regularidade - Conhecer o corpo ajuda na precaução de doenças e permite tomar atitudes que podem prolongar e melhorar a qualidade de vida, o que ajuda na relação consigo mesmo e com aqueles que nos amam.

Intestino preguiçoso, 5 dicas valiosas.


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Por Nina Bellino 

Intestino preguiçoso: 

Conheça cinco maneiras fáceis de fazê-lo funcionar melhor...

Se você sente a maior inveja de quem tem o intestino funcionando como um reloginho, é hora de acertar os seus ponteiros. 

Apontamos cinco maneiras de fazer o seu também trabalhar direito:

O assunto pode até virar tema de piada, mas a verdade é que intestino preguiçoso tira o humor de muita gente. "A prisão de ventre, ou constipação intestinal, é uma das queixas mais frequentes nos consultórios médicos. Atinge 20% da população mundial e é mais comum em mulheres e idosos", conta o gastroenterologista Hélio Rzetelna, mestre em Gastroenterologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor universitário.

"O problema é caracterizado pela dificuldade de evacuar, diminuição do bolo fecal, fezes endurecidas ou número de evacuações inferior a três por semana", esclarece o gastroenterologista Ricardo Henrique Rodrigues, coordenador médico do Ambulatório Geral da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.

-> Parou por quê?

Existem várias causas para o intestino travar, mas a baixa ingestão de água e de fibras é a principal delas, confirmam os especialistas, que apontam outros fatores agravantes. "Na gravidez, o útero pressiona o reto e a porção inferior do cólon, atrapalhando o trânsito. Já no hipotireoidismo, o baixo nível de hormônio tireoidiano prejudica o movimento do intestino grosso. O uso de medicamentos como analgésicos e antidepressivos e até a presença de tumores no intestino grosso podem igualmente provocar a constipação", completa o gastroenterologista José Galvão Alves, chefe da 18ª. Enfermaria do Hospital Geral da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro e professor titular de pós-Graduação em Gastroenterologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

"Problemas neurológicos, como Mal de Parkinson, e psicológicos, como traumas por abuso sexual, também são desencadeantes", finaliza Hélio Rzetelna.

-> Para o trânsito intestinal fluir

Há uma série de medidas que melhoram o funcionamento do intestino, da mudança dos hábitos alimentares à malhação. Mas se os cuidados não derem resultado, é indispensável consultar um clínico geral ou gastro. Pode ser ainda que a pessoa precise ingerir remédios prescritos pelo médico, geralmente laxantes osmóticos (como sulfato de magnésio), à base de fibras vegetais ou de óleo mineral, entre outras substâncias que aumentam a formação do bolo fecal e facilitam a saída das fezes.

Em situações de emergência, a pessoa pode ainda sofrer uma lavagem intestinal, feita com sonda retal, que retira os resíduos fecais. E o que acontece se a pessoa não se tratar? "Além de prejudicar a qualidade de vida, nos últimos anos a constipação aumentou o índice de doença diverticular e de câncer do intestino grosso", responde José Galvão Alves. Portanto, não perca tempo e confira agora como fazer seu intestino trabalhar direito:

1. Acerte o cardápio

Uma dieta pobre em fibras é prejudicial para o intestino. Isso porque elas agem como laxante natural, aumentando o bolo fecal. Conforme os nutricionistas, 30 g são suficientes. Onde encontrá-las? "Verduras com talo e folhas verdes (couve) e cereais integrais (aveia, farelo de trigo) são essenciais", avisa Alex Botsaris, pesquisador de plantas, acupunturista e autor do livro Fórmulas Mágicas (Ed. Nova Era).

Ele lista outros alimentos antiprisão de ventre: "frutas emolientes como ameixa, figo, pêssego, abacate, mamão e tamarindo, e ricas em fibras como manga, laranja (com bagaço), abacaxi e jaca. Já outras que têm pectina (banana e maçã) e tanino (goiaba e caju) devem ser evitadas".

"Iogurte com lactobacilos especiais auxilia no tratamento do intestino preso. Alimentos com psyllium, fibra dietética extraída da semente da Plantago de Ovata, também ajudam mas devem ser consumidos com moderação", sugere a nutricionista Fabiana Case, da Clinica e SPA Harmonya, do Rio de Janeiro.

2. Beba mais água

Sozinhas, as fibras podem até piorar a prisão de ventre. Por isso, além delas a dieta deve conter muito líquido, que amolece o bolo fecal e facilita sua saída. No mínimo, dois litros por dia. Você pode ainda consumir sucos naturais (mamão com laranja é ótimo). Só fique de olho para não extrapolar nas calorias.

3. Eduque o seu intestino

Determine um horário para sentar-se diariamente no vaso sanitário, mesmo sem vontade de evacuar, e permaneça uns 10, 15 minutos. Não desanime se não funcionar nos primeiros dias. Com o tempo, a resposta ao chamado do organismo vira hábito. "O ideal é que esse horário seja logo após uma refeição, para aproveitar a ativação dos movimentos do intestino", recomenda Alex Botsaris.

4. Deixe a vergonha de lado

Nem todo mundo consegue usar banheiro coletivo ou ir ao toilette alheio. Mas ficar segurando só atrapalha. "Deu vontade, vá. A constipação piora muito quando bloqueamos o estímulo evacuatório", explica José Galvão Alves. O desejo pode até passar na hora, mas gera uma distensão gradual do canal anal, retendo mais e mais bolo fecal.

5. Mexa o corpo

Sabia que a ansiedade provoca tensão muscular do intestino, que para de funcionar? Pois a atividade física é uma ótima opção para combater o problema. Exercícios regulares já! Assim, a adrenalina é liberada e estimula as contrações do intestino, facilitando a evacuação. Caminhadas por mais de 30 minutos, natação e ioga estão entre as melhores escolhas.

Açúcar, Sal e Gordura: as engrenagens da 'junk food'



O que colocamos em movimento ao abrir um saquinho de batatas fritas ou um refrigerante? Um livro e um documentário nos ajudam a compreender os métodos da indústria de alimentação e suas consequências nada inocentes

ELIANE BRUM

Tenho um amigo que tenta me ensinar como é o modo “perfeito” de comer uma determinada batata frita industrializada. “Você coloca sobre a língua, mas virada para cima, e deixa que as papilas gustativas entrem em contato com a batata. Aí pressiona delicadamente, com os dentes, num crac. Ela vai se desmanchar em puro prazer.” É assim mesmo que ele fala e, ao falar, sua vozganha solenidade. Ele fecha os olhos para demonstrar a intensidade da sua fruição. Em seguida, me pergunta: “Você sentiu o crac, seguido pela explosão de sabores”? 
Meu amigo trata a batata como se fosse uma hóstia, e sempre achei graça da sua devoção por algo que vem dentro de um tubo, nos sabores mais bizarros, mas que, sim, desmancha na boca e dá prazer. A junk food (comida e bebida tranqueira, porcaria e que faz muito mais mal do que bem) não é a minha igreja. Embora já tenha lido artigos e livros e assistido a alguns documentários sobre os métodos da indústria da alimentação, que muito se parece com a do tabaco, eu não tinha uma ideia tão precisa de que, ao expressar seu deleite, meu amigo transformava-se não apenas num consumidor, mas num produto. E num produto muito bem acabado de milhares de cientistas, psicólogos e marqueteiros a serviço das corporações de alimentos. Meu amigo, tão inteligente, tornava-se o consumidor perfeito – ou o idiota perfeito.  
Os métodos da indústria de junk food foram dissecados pelo jornalista americano Michael Moss num livro-reportagem que acabou de ser lançado: Salt Sugar Fat: How the Food Giants Hooked Us. Em tradução livre: “Sal, Açúcar, Gordura: Como os Gigantes da Comida nos Escravizam”. Moss é um repórter investigativo que ganhou o Pulitzer de 2010, o prêmio mais prestigioso dos Estados Unidos, pelo seu trabalho sobre a indústria da carne. Em 20 de fevereiro, ele escreveu uma reportagem no The New York Times, abordando alguns dos principais tópicos do livro, que pode ser lida aqui. Para escrever sobre a indústria de junk food, o jornalista afirma ter entrevistado mais de 300 pessoas, entre cientistas, marqueteiros e CEOs das grandes corporações. Segundo ele, alguns estavam ansiosos para extravasar o que estava preso na garganta. Outros só falaram, com muita relutância, depois de serem confrontados com algumas das milhares de páginas de relatórios secretos obtidos de dentro da indústria. Entre os relatos escabrosos, aparece inclusive o Brasil: um alto executivo de uma companhia de refrigerantes (demitido quando quis mudar os métodos) conta como peregrinou pelas favelas brasileiras, para expandir o mercado a partir da estratégia de convencer pobres a consumir o que não precisam.    
Ao final da investigação, o jornalista compôs um retrato sombrio sobre os métodos da indústria para manter os consumidores cativos, apesar da epidemia de obesidade que atinge não só os Estados Unidos, mas parte do mundo. Michael Moss chega a uma conclusão que, não fosse a qualidade da apuração jornalística, soaria como teoria conspiratória: a intensidade, tanto da fórmula química quanto das campanhas de venda, torna as pessoas extremamente vulneráveis, sendo quase impossível resistir. Para Michael Moss, a junk food parece ser uma espécie de droga sintetizada a partir de três ingredientes: sal, açúcar e gordura. Em seu trabalho, ele prova que CEOs, marqueteiros e cientistas sabem que estão produzindo não apenas salgadinhos, doces e refrigerantes, mas adultos e crianças com problemas cardíacos, hipertensos, diabéticos e com uma série de doenças relacionadas, que terão a vida encurtada no final e limitada no meio. Mas o que vale são os lucros – e eles são cada vez mais superlativos. 
Entre as muitas declarações colhidas pelo jornalista, há algumas que se destacam pelo cinismo. “Eu otimizo sopas. Eu otimizo pizzas. Eu otimizo molhos para saladas. Nesta área, eu sou aquele que vira o jogo”, diz Howard Moskowitz, uma lenda da indústria, que há décadas vem “otimizando” produtos em baixa e transformando-os em armadilhas letais para homens, mulheres e crianças, usando para isso muito dinheiro, equipes de primeira linha e pesquisa de ponta. O cientista assim afirma sua total falta de conflito por produzir morte: “Não existe questão moral para mim. Eu fiz a melhor ciência que pude. Precisava sobreviver e não podia me dar ao luxo de ser uma criatura moral. Como pesquisador, sempre estive à frente do meu tempo”. Moskowitz estudou matemática e tem Ph.D em psicologia experimental em Harvard. 
A reportagem mostra como vários produtos, de diferentes corporações, foram “otimizados” para dar ao público algo do qual ele não conseguiria escapar: o “bliss point” – que pode ser traduzido como o “ponto da felicidade”. Para atingi-lo, é necessário não apenas encontrar o sabor, a textura e a quantidade precisa dos ingredientes, a maioria deles nocivo à saúde, mas também investigar em profundidade os pontos de fragilidade de homens, mulheres e crianças. Identificar as barreiras – e quebrá-las uma a uma. As mães prefeririam dar comida saudável para seus filhos? Ok, mas sua principal queixa é a de que não têm tempo. Logo, é o tempo o flanco descoberto a ser atacado. Como alcançar as crianças diante da TV? Ora, com truques psicológicos como um slogan como este, de um produto que embala desejos de autonomia frente aos pais: “Todo dia você faz o que eles dizem. Mas na hora do lanche é você quem manda”.  
Até hoje a indústria trabalha com a lista de “sete medos e resistências” à batata frita de saquinho, identificada ainda em 1957 pelo psicólogo Ernest Dichter: 1) você não consegue parar de comê-las; 2) elas engordam; 3) elas não fazem bem para você; 4) elas são gordurosas e fazem sujeira; 5) elas são muito caras; 6) suas sobras são difíceis de guardar; 7) fazem mal para as crianças. A partir desta descoberta, o psicólogo sugeriu à indústria mudanças como: em vez de usar a palavra “frito”, usariam “assado” ou “tostado”; para não dar a ideia de excesso, os salgadinhos passariam a ser vendidos em embalagens menores. Em outras palavras: o caminho era – e continua sendo – ajudar o consumidor a não ter culpa de comer o que faz mal para ele.
Como quando nos deparamos nos supermercados e lanchonetes com aquelas embalagens dizendo, em letras grandes: “Não tem gordura trans”. Em alguns casos, o produto nunca teve gordura trans, mas, ao dizer o óbvio, ajuda-nos a eliminar a culpa, ao alimentar de fato a nossa auto-ilusão de que podemos comer uma porcaria sem causar danos à saúde. É claro que o restante dos excessos, como a quantidade alarmante de sódio e/ou de açúcar etc, figura em letras bem menores. Como disse um dos entrevistados na reportagem: “O que precisamos fazer é remover as barreiras, dando aos consumidores permissão para beliscar”. Dito de outra maneira: “ótimo sabor, máximo prazer e mínima culpa com relação à saúde”.  Um dos casos esmiuçados na reportagem mostra como uma empresa diminuiu a quantidade de sódio de um determinado produto, marcando três gols ao mesmo tempo: fez bonito para o público, ao aparecer como uma companhia preocupada com a saúde; economizou milhões de dólares em sal, um insumo importante; e vendeu muito mais, porque os consumidores se autorizaram a comprar o produto por conta da redução de sódio e da mudança de imagem da empresa. Na prática, em grande escala era uma economia considerável para o fabricante, mas a redução, para o consumidor individual, era tão pequena que em nada diminuía o impacto nefasto sobre a saúde. É este o truque para nos fazer engolir, contentes e confortavelmente iludidos, aquelas embalagens que anunciam: “Agora com menos sódio”. A máxima das indústria de junk food é conhecida: sal, açúcar e gordura – tira um, aumenta os outros dois e estampa no rótulo aquele que diminuiu. Baseado em depoimentos e documentos internos, Michael Moss pôde afirmar: “A intenção das companhias é usar a ciência não para responder às questões de saúde, mas sim para evitá-las”.    
Descobri que meu amigo tem poucas chances de resistir ao “crac” da batatinha lendo a seguinte descrição sobre o fabuloso complexo de pesquisa de um dos fabricantes: “Perto de 500 químicos, psicólogos e técnicos realizaram pesquisas que chegaram a custar até 30 milhões de dólares ao ano. A equipe de cientistas concentrou a maior parte dos recursos em questões como a crocância, a sensação tátil na boca e o sabor de cada um dos itens. Suas ferramentas incluíam um equipamento de 40 mil dólares que simulava uma boca mastigando, apenas para testar e aperfeiçoar o produto”. Com todo esse arsenal humano, científico e tecnológico, alcançaram a Lua: o ponto perfeito de quebra do salgadinho diante da pressão média de uma mordida humana.  
Enquanto tudo isso acontece, lá na ponta há alguém – na realidade centenas de milhões de alguéns – como o meu amigo, extasiado com a hóstia de uma indústria que, diante do relato de Michael Moss, poderia encarnar uma versão contemporânea do Mefistófeles. De fato, o poder desse personagem em nosso tempo seria bem vulgar, prosaico como tem sido nossos desejos. Steven Whiterly, um cientista da área de alimentos que escreveu um guia citado por Moss e intitulado Why Humans Like Junk Food (“Por que Humanos Gostam de Junk Food”), assim explica a epifania da batatinha frita de saquinho: “É a chamada ‘densidade calórica evanescente’. Se algo dissolve rapidamente (na boca), nosso cérebro entende que não há calorias ali... E que podemos continuar comendo aquilo para sempre”.
No Brasil, o relato mais impressionante sobre a indústria de junk food e a epidemia de obesidade em crianças está no documentário “Muito além do peso”, de Estela Renner. O filme foi lançado em novembro e está disponível na internet. Se você ainda não assistiu, reúna a família ou os amigos e clique aqui. É quase obrigatório. Ao peregrinar pelo Brasil, a diretora busca responder à pergunta: por que 33,5% das crianças brasileiras estão acima do peso. Ou algo ainda mais alarmante: por que, pela primeira vez na história, há um número crescente de crianças com problemas de adultos – de coração, de respiração e diabetes do tipo 2 –, relacionados à obesidade. “Eu abro a felicidade”, diz uma criança, ao falar sobre o que sentia ao abrir um de seus produtos preferidos, demonstrando a relação íntima entre consumo e propaganda. 
Em “Muito Além do Peso”, testemunhamos meninos e meninas que adoram batatas em saquinhos, mas não reconhecem uma batata ao natural – ou que confundem um abacate com um pimentão. Em um dos depoimentos, uma médica conta como uma das crianças que frequentam seu consultório precisa se esconder no banheiro da escola para comer uma fruta no recreio, com medo de ser hostilizada pelos colegas. Não é engraçado, é só triste. Entre os muitos achados de um filme feito para informar, provocar reflexão e promover mudança está a possibilidade de visualizar a quantidade de açúcar contida em alimentos presentes no cotidiano de quase todos. É um susto quando enxergamos o açúcar correspondente a uma lata de refrigerante, por exemplo, ou a gordura que há num saco de salgadinhos. Crianças com dor nas pernas para caminhar e que já não podem jogar futebol ou brincar, meninos e meninas ofegantes, com problemas cardíacos, contam e se contam na tela como vítimas de uma epidemia que já lhes rouba a vida. Como a garota que já teve trombose, ou o guri pequeno e já obeso que esperneia diante de pais impotentes até ganhar salgadinho.
Não é fácil ser pai e mãe diante de um assédio tão poderoso e tão insidioso como o da indústria de junk food. Mas é preciso ser pai e mãe. Segundo pesquisas apresentadas em “Muito Além do Peso”, crianças com sobrepeso aumentam o consumo de alimentos com alto teor de gordura, sal e açúcar em 134% quando expostas à publicidade. A média diária de permanência diante da televisão é de cinco horas. Como disse um dos entrevistados no documentário, referindo-se à publicidade na TV: “Você deixaria um vendedor formado em Harvard sozinho com o seu filho, dentro da sua casa, por tanto tempo”?
Documentários como o de Estela Renner e livros como o de Michael Moss são oportunidades para pensar e entender o que está acontecendo, enquanto somos tonteados por apelos de consumo dentro e fora de casa. São também estímulos para romper a passividade e tomar posição. No Brasil, as lutas vêm sendo travadas em vários palcos: dentro de casa e das escolas, na Justiça e no Legislativo. E as derrotas se acumulam. No final de janeiro, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), vetou a lei que restringia a publicidade de produtos alimentícios para crianças. Pelo texto, aprovado pela Assembleia Legislativa em dezembro, se tornaria proibido veicular anúncios de alimentos e bebidas pobres em nutrientes e com alto teor de açúcar, gorduras saturadas ou sódio, entre as 6h e as 21h, no rádio e na TV. Também seria vetado o uso de celebridades ou personagens infantis na venda de alimentos, assim como o uso de brindes promocionais, como os vendidos com sanduíches em redes de fast food (leia aqui). Em 22 de fevereiro, outra derrota. Desembargadores do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª. Região confirmaram a suspensão da Resolução 24 (RDC 24), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na resolução, a Anvisa (leia aqui) obrigava os fabricantes a colocar nos produtos o alerta de que o consumo em excesso poderia causar problemas de saúde como diabetes, hipertensão e obesidade. Desde que a resolução foi aprovada, em 2010, a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (ABIA) luta para derrubá-la – e tem conseguido, alegando que a propaganda é “uma forma de liberdade de expressão”, que só pode ser alterada por lei do Congresso Nacional. No Congresso, o projeto de lei que trata da regulação da publicidade dirigida a crianças se arrasta há 11 anos (leia aqui). Em 2013, como tem alertado o Instituto Alana (veja aqui), um dos mais combativos nesta luta, ao completar 12 anos terminará a infância do projeto – uma infância passada engatinhando de comissão em comissão. E mais uma geração de brasileiros terá deixado de ser protegida.
As sucessivas derrotas e procrastinações dão uma ideia do tamanho do lobby da indústria dejunk food, assim como do marketing e da publicidade. Mas não acho que somos apenas vítimas do poder das grandes corporações. Esta posição, a de vítima – e agora falo de adultos, não de crianças – tem uma boa quantidade de verdade, mas não é toda a verdade. Se isso tudo dá tão certo é também porque até mesmo o lugar de vítima pode ser confortável, afinal ele nos coloca na posição de quem sofre a ação, mas não pode fazer nada para impedi-la. Mas neste caso podemos, sim, como mostra muita gente que tem lutado no espaço público para isso – e muitos que têm mudado sua relação com o consumo, com a publicidade e com a comida, botando limites dentro de casa e indo para as escolas debater. Em um texto sobre o documentário (leia aqui), chamado “Muito além do peso (na consciência)”, Viviane Zandonadi, jornalista especializada em gastronomia, diz: “Afinal, se somos o que comemos e não sabemos o que comemos, o que é que somos”?
O que nos falta, talvez, seja nos reapropriarmos do nosso próprio poder – inclusive o do voto. E compreender que escolher é um ato humano profundo, que determina não só o que pegamos na prateleira, mas quem somos na vida. Vale a pena perceber que, se tivéssemos qualquer limite para o nosso prazer imediato, a junk food jamais se tornaria o problema que é. Se tanto valorizamos o indivíduo e a individualidade, é preciso não empurrar para o outro quando nossas más escolhas se revelam um desastre. As responsabilidades são múltiplas e com diferentes proporções – e a indústria tem que responder pelo que fez e faz, especialmente no que se refere à manipulação ou à omissão da informação. Mas, neste embate, também desempenhamos um papel ativo – e ele é mais profundo do que engolir mais ou menos porcaria. Se a junk food pode ser considerada uma droga de comida, o que nos leva até ela é muito mais complexo – e por isso, mais difícil de mudar.
Em sua análise, Michael Moss afirma: “Se os americanos beliscassem (junk food) apenas ocasionalmente e em poucas quantidades, não teríamos hoje o enorme problemas que temos. Mas por causa do tanto de dinheiro e de esforços investidos por décadas aperfeiçoando esses produtos, e então os vendendo incansavelmente, os efeitos já são praticamente impossíveis de reverter”. Concordo que lá ou aqui a mudança é difícil, bem difícil até, mas ainda assim temos escolha. Se é importante desnudar a racionalidade perversa da indústria de junk food e seus métodos inescrupulosos, também é importante desvelar nossos próprios mecanismos, do contrário nos livramos de uma armadilha para cair em outra. No fundo dessa história sórdida, desse emaranhado de lobbies e de bilhões de dólares, o que também é um participante ativo desse jogo é a nossa relação com a vida. É de uma relação de consumo e do imperativo do gozo – tão imediato quanto fugaz – que se trata.
Para mim, a melhor cena de “Muito Além do Peso”, a mais reveladora e profunda, é a de uma menina de olhos muito tristes contando que sua família sempre reza para agradecer pela comida, pedindo que não falte nada em sua mesa. Perguntam a ela, então: “Falta alguma coisa na sua vida”? E a menina de olhos muito tristes responde, alcançando muito além do peso, dos métodos e das estatísticas:
- Falta sentido. 

Carne vermelha aumenta risco de doenças cardíacas, diz pesquisa



Cientistas americanos descobriram que, junto à gordura e o colesterol, o metabolismo do intestino humano também faz carne elevar o risco de doenças cardiovasculares


Além da gordura e do colesterol, cientistas descobriram mais uma razão por que o consumo de carne vermelha aumenta o risco de doenças cardiovasculares. Segundo pesquisa americana publicada no periódico Nature Medicine, o metabolismo da substância L-carnitina por bactérias no intestino humano produz uma substância que favorece o acúmulo de gordura nas paredes arteriais, podendo desencadear um processo de aterosclerose. 
A L-carnitina, também presente em bebidas energéticas e consumida como suplemento alimentar, é um nutriente natural da carne vermelha, cuja promessa é ajudar a queimar gordura e emagrecer mais rápido. Os resultados da pesquisa, porém, mostraram que um consumo excessivo da substância pode ser prejudicial à saúde. Não por conta da L-carnitina diretamente, mas de uma substância derivada dela, chamada TMAO.Em uma série de experimentos comparativos, os cientistas demonstram que há uma relação direta entre a produção de TMAO e risco elevado de doenças cardiovasculares. Um risco que ainda não está totalmente quantificado, mas que "parece ser bastante significativo", segundo o autor principal do estudo, Stanley Hazen, do Departamento de Medicina Celular e Molecular da Cleveland Clinic, em Ohio, Estados Unidos.
"Há tempos já se sabe que há um fator de risco para doenças cardiovasculares associado ao consumo de carne vermelha; mas as gorduras saturadas e o colesterol não são suficientes para explicar isso. O que estamos mostrando nesse estudo é um novo mecanismo que ajuda a explicar por que esse risco existe", disse Hazen. "Agora temos mais um fator para prestar atenção, e mais um mecanismo no qual podemos intervir na busca de tratamentos."
As análises foram realizadas com camundongos e seres humanos, incluindo comparações entre veganos, vegetarianos e onívoros. Os resultados indicam fortemente que, quanto maior o nível de TMAO no organismo, maior o risco de desenvolver aterosclerose – doença crônica que estreita os vasos sanguíneos – e outras doenças cardiovasculares.
Isso porque o TMAO altera a maneira como o colesterol e os esteroides são metabolizados e inibe um processo chamado "transporte reverso de colesterol", que resulta num aumento do acúmulo de gordura nas paredes internas das artérias - mesmo que os níveis de colesterol circulante no sangue continuem normais, afirma Hazen. "Talvez isso explique porque algumas pessoas desenvolvem aterosclerose mesmo sem ter colesterol alto."

Viver bem e viver muito.



Como a obesidade arranha o otimismo e a capacidade brasileira de gerar riqueza

CRISTIANE SEGATTO

“O Brasil só irá pra frente se investir em educação”. Quantas vezes você já ouviu ou repetiu essa frase? Ninguém discorda que melhorar o nível educacional da população é uma providência urgente e estratégica. Essa é uma unanimidade nacional -- ainda que, em certa medida, não passe de recurso retórico. 
A mesma consciência não existe em relação à saúde. Todos nós queremos viver bem e, de preferência, viver bastante. Por isso, defendemos que o governo melhore a saúde pública, os planos de saúde funcionem direito e os médicos e hospitais atuem com ética e eficiência. O alcance da reflexão termina aí. Agimos com o imediatismo das crianças de três anos.  
A sociedade brasileira ainda não percebeu que melhorar as condições de saúde da população é um movimento estratégico para o crescimento social e econômico do país. Não entendeu que a questão envolve (e ameaça) a capacidade brasileira de gerar riqueza e renda.  
Muitos especialistas sabem disso e, de vez em quando, escrevem artigos esclarecedores destinados ao grande público. Jornalistas como eu e uma meia dúzia de colegas insistimos nessa tecla não por falta de assunto, mas por perceber o tamanho do buraco em que o país está se metendo.  
É um trabalho de formiguinha. Espero que, de alguma forma, ele ajude a fomentar a consciência de que o desenvolvimento de um país depende da saúde tanto quanto depende da educação. Essa consciência já existe aqui e ali, mas precisa ser geral, homogênea, cristalizada.  
Uma forma de construí-la é destacar não apenas as necessidades de bem-estar individual, mas apontar as dores em uma das partes mais sensíveis do corpo humano e das instituições: o bolso.  
Poucos exemplos são tão eloquentes quanto o da obesidade. Ela é hoje o maior desafio de saúde que o Brasil enfrenta. Pelas perdas de qualidade de vida e de dinheiro que provoca e, principalmente, pelas que ainda vai provocar. O SUS gasta R$ 488 milhões por ano para tratar a doença e 26 males decorrentes dela, como câncer, males cardiovasculares e diabetes. A obesidade e suas complicações provocam absenteísmo nas empresas, reduzem a renda das famílias, causam sofrimento, morte, perdas emocionais e econômicas. 
Segundo projeções realizadas nos Estados Unidos, a atual geração de crianças pode ser a primeira na história a viver menos que os pais. O Brasil segue o mesmo caminho. 
Quase metade da população brasileira pesa mais do que deveria (48%). O histórico médico das crianças já é comparável (ou pior !!!) que o dos avós: colesterol alto, diabetes, desgaste nas articulações.  
Frear a epidemia é responsabilidade de todos (escola, governos, indústria), mas um fato não pode ser subestimado: a obesidade é construída dentro de casa. Ela é transmitida de geração em geração -- e não apenas pelos genes.  
Queria ver, de perto, como e por que isso ocorre. Nas últimas semanas, acompanhei a história de três gerações de duas famílias marcadas pela obesidade. Acompanhei os hábitos e tomei contato com as emoções que contribuem para o excesso de peso. Foi uma experiência ímpar.  
Com essas famílias, entendi muito mais sobre a complicada transição nutricional sofrida pelo Brasil do que seria capaz de apreender apenas pela leitura de livros e artigos científicos consultados para a construção desta reportagem. O resultado ganhou a capa da edição impressa desta semana. Produzimos também conteúdos complementares para o site e para os tablets.
A obesidade sempre esteve e continuará estando no nosso radar. Desta vez, nos concentramos nos ingredientes familiares que contribuem para o espantoso fenômeno que o Brasil vive. É uma nova abordagem sobre um tema tratado pelos mais variados aspectos em nossas páginas e nesta coluna. Olhar para ele e para os desafios de saúde que o país enfrenta é o nosso compromisso. A causa é boa e esta formiguinha tem disposição.

Quanto maior a ingestão de gordura, maior a sonolência durante o dia, conclui estudo


Já o carboidrato, segundo pesquisa, aumenta nível de alerta do corpo; proteína não faz diferença

Tipo de alimento consumido influencia no nível de sonolência durante o dia, conclui estudoCustódio Coimbra / Agência O Globo
HERSEY, EUA - Um novo estudo sugere que o seu nível de sonolência ou estado de alerta durante o dia pode estar relacionado com o tipo de alimento que você come. Os resultados mostram que o consumo mais elevado de gordura foi associado com o aumento da sonolência diurna, enquanto a maior ingestão de carboidratos foi associada ao aumento da agilidade.
Não houve relação entre o consumo de proteína e sonolência ou estado de alerta. Estes resultados independem de sexo, idade e índice de massa corporal, bem como a quantidade total de sono que osvoluntários tinham e sua ingestão calórica total.
- O aumento do consumo de gordura tem um efeito adverso agudo sobre o estado de alerta de adultos saudáveis​​, não obesos - disse líder da pesquisa, Alexandros Vgontzas, professor de psiquiatria da Escola de Medicina de Penn State, na Pensilvânia.
O resumo pesquisa foi publicado em um suplemento on-line da revista “Sleep”. O grupo de estudo foi composto por 31 voluntários saudáveis, não obesos e sem apneia do sono, na faixa etária entre 18 e 65 anos, que passou quatro noites consecutivas em um laboratório de sono. No quarto dia, sonolência foi medida por meio de uma avaliação chamada de “teste de latência múltipla do sono”. Cada voluntário recebeu cinco refeições diárias de tipos variados.
- A sonolência diurna excessiva e fadiga são muito prevalentes no mundo moderno e em ascensão - disse Vgontzas. - Parece que umadieta rica em gordura diminui agudamente o nível de alerta, e isso pode ter um impacto sobre a capacidade de um indivíduo em realizar tarefas.