sábado, 19 de janeiro de 2013

VOCE TEM DOR NAS COSTAS?

Eu tinha dor nas costas. Percebi que no meu caso a dor era originada pela postura ao dormir na cama por muito tempo de barriga para cima. Notei que dormir essa posição por longo período mantinha a coluna arqueada para cima, causando uma tensão na musculatura lombar. Com isso eu passava o dia inteiro com dificuldade para me movimentar e inclinar o corpo para frente. Um dia li um artigo que falava exatamente sobre isso e aconselhava dois simples exercícios para acabar de vez com esse problema. Coloquei em prática naquela época e sigo-os religiosamente até hoje. São dois exercícios e leva uns 45 segundos cada um. Todos os dias, ao acordar, antes mesmo de me levantar da cama faço as duas séries. Vamos ver como é?
1) sentado na borda da cama com os pés no chão, ponho as mãos nos joelhos e flexiono o tronco para frente e volto para cima por 30 vezes.
2) na mesma posição, sentado com os pés no chão, levanto os braços, deixo as duas mãos na altura do peito e giro o tronco para os lados, 30 vezes cada lado. Mantenho a cabeça quase sem mexer para evitar tonteira.
Só isso.
Depois sigo para o dia sem nenhuma dor nas costas.

Adiponectina



Dr. Josivan Lima
O tecido adiposo é extremamente ativo e produz várias citocinas, dentre elas leptina, resistina, visfatin, TNF, IL-6 e adiponectina. A maioria tem ações que são deletérias ao organismo, aumentando pressão arterial, glicemia e levando a dislipidemias e resistência insulínica (por exemplo, fator de necrose tumoral, inteleucina 6 etc.). A adiponectina, ao contrário, tem ações boas, fazendo exatamente o inverso e sendo desejável em níveis elevados, associando-se positivamente com sensibilidade insulínica, utilização da glicose, beta oxidação e proteção cardiovascular. Quando em baixos níveis plasmáticos, contribui para a patogênese da resistência insulínica, do diabetes tipo 2 e de doenças cardiovasculares. Em relação à pressão arterial, estudos clínicos têm mostrado que a hipoadiponectinemia é um fator de risco para hipertensão arterial.
A adiponectina é secretada exclusivamente pelo tecido adiposo e, tanto intra como extracelularmente, apresenta três formas principais: alto peso molecular, baixo peso molecular (hexâmeros) e a forma trimérica. Destas, as de maior peso molecular são as metabolicamente melhores e, infelizmente, as que estão diminuídas em indivíduos obesos. A nível endotelial e agindo também nos macrófagos, a adiponectina apresenta um efeito antiaterogênico, enquanto que, no fígado e músculo, melhora a sensibilidade insulínica. A nível celular, existem dois receptores: AdipR1 – presente principalmente em músculo - e AdipoR2, mais frequente no fígado. Através desses receptores, ativa várias vias moleculares, culminando com a ação metabólica final. A via melhor estudada é a da ativação da AMP kinase, porém, também atua nos receptores PPAR e em outras vias. No endotélio, age estimulando a óxido nítrico sintetase, aumentando a produção de óxido nítrico, um importante vasodilatador.
Enfim, vários estudos evidenciam a importância da hipoadiponectinemia no aparecimento das várias comorbidades pertencentes à Síndrome Metabólica, que culminam com o desenvolvimento de eventos cardiovasculares. Efeitos ditos pleiotrópicos de várias drogas podem estar implicados com ações diretas da adiponectina, mostrando a importância de tal molécula no metabolismo. Dessa forma, o melhor entendimento das várias vias de ação da adiponectina, bem como a descoberta de drogas que possam aumentar seus níveis circulantes ou mimetizar seus efeitos benéficos, poderão, no futuro, beneficiar muitos pacientes, reduzindo o risco cardiovascular e as complicações da Síndrome Metabólica.

“As pessoas vão viver cada vez mais tempo com câncer. E morrer cada vez menos por causa de dele”



Pensar em conviver com o câncer para o resto da vida não parece ser a solução ideal para quem está doente.
Ainda muito associada à morte, a doença envolve tratamentos longos, com sintomas desgastantes, além do frequente medo de uma recidiva. Se a cura ainda parece distante, é fato que com a evolução dos medicamentos e da tecnologia, o câncer está se tornando uma doença cada vez mais tratável. Dentro de alguns anos, já será possível pensar nele como uma doença crônica, uma espécie de hipertensão. É isso que pensa Murray Brennan, vice-presidente de programas internacionais do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, um dos maiores centros oncológicos dos Estados Unidos, localizado em Nova York. “Não há uma bala mágica que se dá aos pacientes para curar todos os tipos de câncer. Mas temos várias balas eficazes”, completa. Otimista, o cirurgião dedicou sua vida a estudar o câncer desde a década de 70. Hoje, é referência mundial no tratamento de sarcomas dos tecidos moles e assinou mais de 1.000 artigos científicos durante a sua carreira.
Brennan tem uma relação especial com o Brasil. Em 2007, veio ao país para retirar o tumor abdominal do ex-vice-presidente José Alencar, morto em março deste ano. “Ele foi um homem muito forte e teve a sorte de ter acesso à melhor assistência – no Brasil e duas vezes aqui. O sucesso dele está ligado a disposição em tentar coisas”, diz Brennan, que atualmente coordena parcerias com vários hospitais em São Paulo. “O Brasil não percebe a qualidade dos seus médicos”. Leia a seguir trechos da entrevista:
O senhor operou o ex-vice-presidente José Alencar, enquanto ele lutava contra o câncer. Ainda é comum receber pessoas de outros países? Nós recebemos, mas não são tantos como antigamente. Agora, é muito comum conversar com os médicos e eles dizem: “Estamos fazendo esse tratamento. O que você acha?”. Dez anos atrás, eu diria: “Eu faria uma cirurgia ou alguma coisa diferente”. Agora, digo: “É por esse caminho. Está certo”. Não há necessidade do paciente vir. Vocês têm uma assistência excelente no Brasil.
Como os hospitais brasileiros podem aprender com o Memorial Sloan-Kettering? O Memorial está ativamente envolvido em relações com o Hospital Sírio-Libanês, Hospital das Clínicas e o Instituto do Câncer de São Paulo. Nesse intercâmbio, temos pessoas que vêm estudar conosco e também mandamos pessoas para trabalhar no Brasil. Vocês têm médicos excelentes e maravilhosos pesquisadores. O fato é que o Brasil tem o mesmo problema que nós temos nos Estados Unidos. Apesar de terem ótimos médicos, eles tendem a ficar nas cidades grandes e não costumam estar disponíveis em todo o país. Vocês têm estrutura em São Paulo, mas não no Pantanal – um fato que também ocorre nos EUA. Acho que o Brasil não percebe a qualidade dos seus médicos. Mas é preciso deixá-los ajudar o resto do país.
O câncer agora está no foco das políticas de saúde pública e muitas pesquisas estão sendo feitas para ajudar na luta contra ele. Sabemos ainda que o câncer deixou de ser uma doença de países ricos e que agora está se tornando mais frequente nas nações em desenvolvimento. Como lidar com esse problema e quando será possível que a os países mais pobres desfrutem das novas tecnologias? A Organização Mundial da Saúde (OMS) está reconhecendo o câncer como um problema crescente em países em desenvolvimento. Por um lado, é assustador. Por outro, nós temos a oportunidade de envolver os países que estão com a economia em ascensão para começar a investir em prevenção. Então, temos a oportunidade de não só tratar, mas também de começar a colocar estratégias preventivas – assim como foi feito com as doenças infecciosas. Em segundo lugar, está claro que os países em desenvolvimento não serão capazes de proporcionar os medicamentos de alta tecnologia que utilizamos nos Estados Unidos. Por isso, precisamos identificar o que pode ser feito em um nível prático, em vez de querer que eles tentem chegar aos níveis do que temos na cidade de Nova York, por exemplo. É preciso haver uma transição. Todo país pode ter um equipamento sofisticado de radioterapia. Então, temos que pensar formas menos complicadas de tratar o câncer que poderão ser aplicadas em países em desenvolvimento.
Parar de fumar, controlar o consumo de bebida alcoólica, boa nutrição e a prática de atividade físicas são as fórmulas mais comuns sugeridas para evitar a doença. A mudança de hábitos é a única forma de prevenir o câncer? Nós sabemos que parar de fumar é a melhor forma. Controlar bebidas e ter boa nutrição são atitudes importantes. A moderação na maioria dos hábitos de vida é o ideal. As pessoas que degustam boas comidas ou que tomam uma taça de vinho ou uma caipirinha, ocasionalmente, não terão problemas. O problema é exagerar. A palavra é moderação.
O senhor pesquisa e trabalha com câncer desde a década de 70. Depois de todo esse tempo, quais foram os avanços mais relevantes até agora? Poderíamos passar horas falando sobre isso. Mas um dos principais avanços é o fato de a cirurgia ter se tornado muito mais segura. Saímos das cirurgias radicais que, em geral, eram muito extensas porque não havia outra opção de tratamento e passamos a fazer operações mais conservadoras, focadas na preservação da função e que evitavam a amputação. Essa tecnologia garantiu resultados melhores, com menos morbidade e menos efeitos colaterais para o paciente. O mesmo ocorreu com a radioterapia e com os medicamentos oncológicos. Antes, tínhamos drogas que matavam todas as células, inclusive as saudáveis. Hoje, temos drogas que estão destinadas diretamente a uma célula específica de câncer. Ou seja, tudo o que nós fizemos até agora tornou o tratamento de câncer mais eficaz, mais preciso, muito mais seguro e com menos efeitos colaterais.
O senhor acredita que é possível dizer que a cura do câncer será encontrada? Sim. Mas a primeira coisa que as pessoas precisam entender é que o câncer não é apenas uma doença – e sim várias doenças. A segunda é que a cura não é uma bala mágica que se dá aos pacientes para curar todos os tipos de câncer. A cura começa desde ações preventivas, como parar de fumar, até tratamentos diferentes para tipos de câncer específicos. Porque nós aprendemos que cada câncer é único. O câncer é uma doença com várias formas e não há uma bala mágica, mas existem várias balas eficazes.
Mas houve avanço no tratamento de algum tipo de câncer? Nós tivemos um progresso incrível em alguns dos tipos raros de câncer. Quando eu comecei como residente, toda criança com leucemia morria. Agora, 80% delas sobrevivem. Então, nós progredimos. Infelizmente, isso ocorreu muito mais nos tipos raros de câncer do que nos comuns. Tivemos também um bom progresso com as doenças como câncer de pulmão.
É comum encontrar pesquisas científicas que mostram resultados positivos em vacinas contra câncer em ratos. O senhor acredita que as vacinas serão promissoras no futuro? Vejo que agora, depois de tantos anos que estivemos tentando desenvolver vacinas, aprendemos que algumas delas funcionam em um grupo muito específico de tumores. Elas funcionam a partir das próprias células dos pacientes, fazendo com que elas fiquem mais ativas, mais capazes de reconhecer o câncer – assim como quando o corpo reconhece uma bactéria. Acho que esse tipo de vacina é mais provável dar certo.
Mas não haverá uma vacina para prevenir o câncer? Durante 30 anos, as vacinas foram muito decepcionantes. Acredito que as chances de elas serem utilizadas como uma única resposta contra o câncer são muito pequenas. Em algumas situações específicas, está claro que as vacinas adicionam a outros tratamentos. Elas podem ser úteis por fazer com que o sistema imunológico dos pacientes fique mais ativo ao mesmo tempo em que eles são tratados com outras drogas. Acho que essa é uma abordagem possível.
As últimas pesquisas estão levando a um tratamento mais individualizado. Ou seja, alguns tipos de droga funcionam para um grupo específico de pacientes. O senhor acredita que este é o caminho certo? Frequentemente, algumas drogas são aprovadas quando os benefícios são muito pequenos. Tenho esperanças que vamos encontrar uma forma de fugir disso. Precisamos parar de buscar uma droga para ser utilizada contra vários tipos de câncer, com um pequeno beneficio, para encontrar drogas individuais, mas que tenham um grande benefício. Obviamente, a indústria farmacêutica gostaria de uma droga que funcionasse para todos. No entanto, não é assim que acontece e não é o jeito certo de fazer as coisas. Infelizmente, o que se vê é que nem sempre usam as melhores drogas para os tratamentos. É o caso do Avastin, que finalmente foi contraindicado para o tratamento de câncer de mama pela (agência reguladora americana) FDA. Muitas pessoas receberam esse medicamento e não tiveram nenhum benefício. Nós precisamos escapar disso.
Quais são os principais desafios na pesquisa do câncer? O desafio, de uma maneira geral, é que nós vamos ver mais pacientes com câncer. As pessoas não estão morrendo por doenças infecciosas ou doenças cardíacas, elas estão morrendo de velhice. Nesse sentido, a incidência de câncer aumenta junto com o maior número de pessoas envelhecendo. Então, a primeira coisa que precisamos reconhecer é que vamos começar a ver mais idosos com câncer. Provavelmente, vamos curar mais pessoas que curamos atualmente, mas teremos mais pessoas vivendo com o câncer. A segunda coisa é que estamos começando a pensar diferente. Pensar no câncer como uma doença crônica, em vez de pensar nele como uma doença fatal. Antes de curarmos o câncer, vamos conseguir controlá-lo. Assim como fazemos com a aids, hipertensão ou qualquer doença crônica. As pessoas vão viver cada vez mais tempo com o câncer. E vão morrer cada vez menos por causa dele.


Brasileiros desenvolvem técnica de exame de próstata menos invasiva



Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma tecnologia que permite detectar o câncer de próstata de uma forma menos invasiva, mais eficaz. A prevenção, claro, é muito importante, mas por causa do medo e do preconceito, só 32% fazem o exame preventivo. A descoberta dos pesquisadores de São José dos Campos pode ajudar a combater esse tipo de câncer, que é o que mais atinge os brasileiros.
Há quatro anos, Manoel recebeu a notícia que ninguém quer ouvir: tinha câncer de próstata. Hoje está curado e sabe que isso só foi possível graças ao diagnóstico precoce. “Se detectado no início, tem chance de cura. Sugiro a todos os homens que, como eu, têm medo, que façam, pois é importante “, indica o engenheiro civil Manoel Antônio da Silva.
Pesquisadores de São José dos Campos desenvolveram uma nova tecnologia que vai permitir o diagnóstico da doença com um exame menos invasivo. Através de raio laser, será possível descobrir se as células localizadas na próstata são cancerígenas ou não. Basta uma pequena amostra de sangue ou de esperma.
A vantagem do exame é que, além de indicar se o paciente tem câncer, ele vai mostrar em que estágio está a doença. O resultado sai na hora. Atualmente isso só é possível com uma biopsia. “O que nós estamos tentando fazer é caracterizar o tecido de uma maneira não invasiva, quer dizer, o paciente teria na hora, em tempo real, o que está acontecendo com a sua próstata e isso permitirá um tratamento muito mais eficaz”, explica o pesquisador Marcos Tadeu Tavares.
Dentro de um ano, o método poderá ser usado por médicos e laboratórios. Mas até que essa tecnologia chegue ao mercado, os exames disponíveis atualmente continuam sendo a melhor forma de prevenção. “Tudo evolui. Não sou contra a evolução, mas a coisa tem de ser cientificamente comprovada para poder parar e largar os parâmetros que temos hoje e que são uma grande arma pra salvar vidas”, lembra o médico urologista Wanderley Fernandes.
Segundo o Ministério da Saúde, só em 2010 foram registrados 52 mil novos casos da doença no Brasil. Depois dos 50 anos, um a cada seis pode ter a doença.


Na fase inicial, câncer de próstata tem 98% de chance de ser curado





“O homem é mais negligente com a saúde do que a mulher”, a afirmação é do urologista Ricardo Tuma, do departamento de Uru Oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia, que está em Teresina participando do Congresso Norte/Nordeste de Urologia, que acontece até sábado(09) no Blue Tre Rio Poty.
Segundo o médico, os homens vivem de 8 a 9 anos a menos que a mulher, por não dá atenção devida à sua saúde. Entre as atenções básicas que o homem deve ter é com: o envelhecimento, o câncer de próstata e as disfunções sexuais. “As mulheres têm o ginecologista que é visitado regularmente. O homem já não usa o urologista como seu médico”,  alertou.
Ele orienta que os homens que possuem casos de câncer de próstata na família, devem procurar o urologista um pouco mais cedo do que o normal, entre os 40 e 45 anos. Mas, caso não haja, o exame de próstata deve começar a ser feito a partir dos 45 anos.
“descobrindo na fase inicial, a chance de cura pode de 90 a 98%. Mas, na fase mais avançada as medidas serão apenas paliativas, por isso é importante fazer o exame, que tem enfrentado menos preconceito”, afirmou o urologista.


Câncer de próstata é o segundo mais comum entre brasileiros





O câncer de próstata é considerado uma doença com alta incidência na terceira idade, pois cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos, sendo o segundo tipo de câncer mais comum em homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a previsão esperada para 2012 é de mais de 60 mil novos casos no Brasil. Para se ter uma ideia sobre a evolução da doença, em 2010 o número estimado foi de 52.350 novos casos.
O aumento nas taxas de incidência no Brasil é parcialmente justificado pela melhora dos métodos diagnósticos e pela ampliação na expectativa de vida. Em alguns casos, há o registro de um crescimento rápido espalhando-se para outros órgãos (metástase), podendo levar a morte. No entanto, na maioria dos registros, o câncer cresce de forma lenta e não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde do indivíduo.
A próstata é uma glândula localizada na parte baixa do abdômen masculino e se situa abaixo da bexiga, à frente do reto. Ela envolve a parte inicial da uretra, canal pelo qual a urina acumulada na bexiga é eliminada e produz parte do sêmen. O câncer de próstata não apresenta sintomas nas fases iniciais e com o passar do tempo, o paciente pode sentir dificuldade ao urinar, o jato urinário fraco ou aumento do número de micções.
De acordo com o especialista em cancerologia clínica Paulo Vernaglia, “estes sintomas são comuns quando o crescimento é benigno de modo que a presença deles não indica obrigatoriamente a existência de câncer, exigindo sempre uma avaliação médica para diagnosticar de forma assertiva”.
O paciente com câncer de próstata fará um determinado tipo de tratamento dependendo do tamanho, classificação do tumor e idade. Os tratamentos existentes são: prostatectomia radical (remoção cirúrgica da próstata), radioterapia, hormonioterapia e quimioterapia. Para os pacientes idosos e com tumor de evolução mais lenta, a literatura reserva acompanhamento clínico com tratamentos menos invasivos como opção.
Para o paciente diagnosticado precocemente (estágio inicial) o tratamento tem intuito curativo e se faz com cirurgia e radioterapia. Nos casos mais avançados(doença localmente avançada e doença metastática),onde já houve invasão capsular da próstata ou a doença já disseminou para outros órgãos, o paciente é normalmente aconselhado a seguir com tratamento clínico paliativo a base de medicações injetáveis ou na forma de comprimidos, já existentes no mercado e que podem ampliar a sobrevida do paciente em até sete meses, sem haver progressão da doença e com qualidade de vida.
A forma mais conhecida e importante de prevenção ao câncer de próstata é o exame de toque digital. Quando a próstata apresenta um crescimento irregular, a glândula torna-se endurecida, e devido a essa alteração de consistência, ao efetuar o toque, o profissional consegue identificar a anormalidade apresentada.
Outros dois exames são utilizados para constatar o câncer: dosagens do antígeno prostático específico no sangue (PSA) e o exame de ultrassom. O PSA é uma proteína gerada exclusivamente pela próstata, e nos casos de câncer, essa substância se eleva de maneira significativa, o que ocorre também quando o paciente está com infecção ou com crescimento benigno exagerado da glândula. “Considerando a relação custo/benefício, a melhor forma de avaliar o câncer da próstata é a combinação de toque digital e dosagem do PSA. O exame de toque pode apresentar falhas em 30% a 40% dos casos, e as medidas de PSA em 20%, mas a execução conjunta dos dois exames reduz essa porcentagem para menos de 5% dos pacientes”, complementa o Venaglia.
Pesquisas sobre o crescimento tumoral indicam que as formas agressivas do câncer da próstata, quando não tratadas, levam de dois a oito anos para se ramificar pelo organismo, tornando a doença difícil de controlar. Sendo assim a melhor forma de cuidar da saúde, e prevenir o câncer de próstata é a realização anual do exame de toque, que sempre identificará o tumor ainda na próstata e potencialmente curável. Os homens sem casos do câncer na família devem realizar os exames preventivos a partir dos 50 anos.


Estudo na Austrália usa testosterona para combater Alzheimer




Sidney (Austrália) – Cientistas australianos implantaram hormônios de testosterona em uma paciente com Mal de Alzheimer como parte de um teste clínico que, ainda em fase inicial, parece apresentar bons resultados, informa a imprensa local.
O pesquisador Ralph Martins, da Universidade Edith Cowan, no estado da Austrália Ocidental, disse que a paciente, de 33 anos, apresentou sinais de estabilização da memória e chegou a registrar melhoras desde o início dos testes, há 12 meses.
Martins declarou à rádio “ABC” que o avanço da doença na paciente “basicamente foi atrasado”.
Ele também comentou que a testosterona poderia ser mais efetiva e rápida que outros tratamentos utilizados para deter o mal de Alzheimer, que provoca perda da memória.
O pesquisador australiano explicou que o hormônio ajuda a reduzir a produção da proteína beta-amiloide, que contém tecido cerebral e está relacionada à doença.
Os cientistas disseram que vão prosseguir com os testes clínicos em pacientes com Alzheimer em outras partes do país.


Envelhecimento do tecido do pênis leva à disfunção erétil, aponta estudo



Um grupo de cientistas da Faculdade de Medicina do Porto (FMUP) descobriu que a redução dos níveis de androgénios nos homens provoca alterações no tecido do pénis semelhantes às que ocorrem durante o envelhecimento, podendo originar disfunção eréctil.
Os androgénios são as hormonas responsáveis pelo desenvolvimento do sistema reprodutor masculino, caracteres sexuais secundários (mudança na voz, desenvolvimento corporal por aumento da massa muscular, aumento do tamanho do pénis e dos testículos e aparecimento de pelos) e manutenção da libido no homem.
Os investigadores chegaram a esta conclusão depois de compararem o tecido do pénis de três grupos de homens: jovens e idosos saudáveis (sem disfunção eréctil nem factores de risco), e jovens saudáveis, mas com níveis reduzidos de androgénios.
Depois de realizados os estudos laboratoriais, os investigadores concluíram que «o tecido peniano neste último grupo de homens apresentava maior semelhança estrutural com o tecido dos indivíduos idosos do que com o dos outros jovens: o tecido era desorganizado, tinha menos células do músculo liso (cuja integridade e função são essenciais para a ereção) e mais células do tecido conjuntivo».
De acordo com Inês Tomada, responsável pelo estudo, «a partir destas conclusões, podemos admitir que qualquer redução da produção de androgénios deve ser tratada logo que possível».
«Após uma detalhada história clínica e avaliação bioquímica, o diagnóstico de hipogonadismo (resultante da carência de androgénios) pode ser facilmente estabelecido pelo médico especialista e, se necessário, este poderá prescrever fármacos para repor estas hormonas (em concreto, a testosterona), uma vez que os efeitos resultantes de um longo período de carência de androgénios poderão ser irreversíveis e, por si só, induzir o desenvolvimento de disfunção eréctil», explicou a investigadora.
O trabalho, a que a Lusa teve acesso, foi publicado na revista científica internacional «Age – American Aging Association».


Deficiência de vitaminas na idade adulta pode levar a doenças na velhice



A falta de ingestão de vitaminas e minerais essenciais não é algo muito comum, sendo que a maioria das pessoas não precisa suplementar sua dieta. Entretanto, uma pequena deficiência nesses níveis de vitaminas – como o selênio e a vitamina K – pode se acumular levando a diversas doenças com o avanço da idade, diz uma pesquisa publicada no periódico FASEB, publicação da Federação Americana para Biologia Experimental.
“Entender como medir de maneira mais efetiva e definir diretrizes para uma melhor nutrição pode levar ao desenvolvimento de tecnologias que possam personalizar as necessidades de cada indivíduo de uma forma mais realista do que é feito atualmente”, diz Joyce McCan, pesquisadora do Hospital Infantil e Instituto de Pesquisa Oakland, nos EUA, e principal autora da pesquisa. “Se os princípios da hipótese que demonstramos com a vitamina K e selênio – encontrada em frutos do mar, carnes, alguns grãos e derivados do leite – forem verdade para outras vitaminas e minerais, isso pode trazer novas formas de pensar a adequação suplementar.”
A equipe liderada por McCan chegou às conclusões apresentadas na sua pesquisa a partir de uma metanálise feita por pesquisas anteriores. Além disso, os pesquisadores fizeram testes que comprovaram que as proteínas dependentes de selênio para serem metabolizadas no organismo são mais resistentes à deficiência do mineral do que outras proteínas e processos no corpo humano. Isso quer dizer que essas proteínas, quando há baixa do composto, podem limitar a absorção do selênio em outros processos no organismo.
Esse redirecionamento e consequente deficiência do mineral podem levar a pequenas alterações nas proteínas dependentes do selênio e resultar em futuras condições de saúde relacionadas com o envelhecimento, como o câncer, doenças do coração e diminuição na imunidade ou nas funções cerebrais. Essas conclusões devem levar ao desenvolvimento de mecanismos para que se possa localizar deficiências de vitaminas e minerais e a um melhor tratamento dessas deficiências.
“Talvez a ingestão de um multivitamínico possa diminuir essas deficiências e prevenir algumas condições, a partir das conclusões sugeridas nesse artigo”, finaliza Gerald Weissman, responsável pela aprovação do estudo na FASEB.


Alimentação tem relação com doenças na velhice, aponta estudo



Pesquisa coordenada pelo professor doutor Marcus Vinicius de Matos Gomes, do laboratório de Genética da Universidade Norte do Paraná (Unopar), identificou uma relação direta entre dieta alimentar, o envelhecimento e suas doenças características, como o câncer.
O projeto foi premiado, juntamente com outros quatro trabalhos, no 58º Congresso Brasileiro de Genética, realizado mês passado em Foz do Iguaçu.
Segundo Gomes, no início, em 2009, a pesquisa era despretensiosa – apenas estudar o idoso em Londrina. Aleatoriamente, foram escolhidas 126 pessoas entre 60 e 88 anos. “Como já ia ter uma quantidade de pacientes envolvidos, resolvi fazer um estudo não sobre a população idosa, mas sobre o mecanismo do envelhecimento, uma vez que já estavam sendo feitas várias análises nos idosos”, explica o professor.
A partir das amostras do sangue dos idosos, aprofundaram-se os estudos no DNA de cada um deles para descobrir o que há de diferente entre idosos e jovens e qual seria a influência do ambiente nisso. Feita a comparação dos dados obtidos pelo professor com os dados da equipe de nutrição pôde-se perceber que certos alimentos, como carboidratos, lipídios, vitamina B6 e magnésio estão relacionados a algumas alterações ocorridas nas moléculas de DNA, que indicam envelhecimento.
Para o coordenador, essa constatação é uma novidade. “Foi o primeiro relato de que essa alteração relacionada com envelhecimento sofre influência da dieta. Esse foi o grande impacto.” Já havia relatos epidemiológicos dessa relação, porém, o projeto de pesquisa coordenado por Gomes foi o primeiro a provar laboratorialmente o paralelo entre dieta e envelhecimento.
A partir de agora, a idéia é aprofundar ainda mais a pesquisa, que segundo Gomes abre um leque de muitas opções. “O que observamos é uma pontinha do iceberg. Precisamos entrar nesse DNA para ver quais são os genes que realmente estão alterados. Quando a gente muda a dieta, o que realmente acontece dentro da célula? Destrinchar ainda mais esse mecanismo é o nosso fruto de estudo.”
A sequência do estudo mostrará quão úteis os conhecimentos obtidos poderão ser à população. “Vai gerar uma grande discussão. Se a dieta alimentar tem todo esse poder sobre o nosso mecanismo molecular, como controlar isso? Será que se eu restringir calorias da minha dieta, por exemplo, vou retardar o envelhecimento? Ou as doenças relacionadas ao envelhecimento, como o câncer?”, indaga o professor.
O projeto conta com a participação de alunos de Iniciação Científica do curso de Biomedicina. Leandro Toffoli entrou apenas por curiosidade, quando ainda estava no segundo semestre de faculdade. “Entrei sem saber direito do que se tratava. E eu tinha pouca bagagem. É fundamental pra complementar o curso e também um diferencial.”
Douglas Wilton Arruda, também aluno de Iniciação Científica exalta a importância do projeto para o futuro de sua carreira profissional. “Muita gente fica perdida quando sai do curso, não tem uma linha pra seguir. E esse projeto nos dá um direcionamento para continuar”, diz.


QUANDO O CÂNCER PODE SER UM PRÊMIO.



Primeiro depoimento de Gianecchini sugere uma reflexão sobre o papel da religiosidade no tratamento da doença

CRISTIANE SEGATTO

Se você ainda não assistiu ao depoimento do ator Reynaldo Gianecchini sobre o câncer que ele enfrenta, vídeo divulgado em primeira mão por ÉPOCA, recomendo que faça isso agora. Antes mesmo de terminar de ler esse texto. 
As palavras de Gianecchini são tocantes. O ator gravou esse vídeo no dia 6 de outubro para uma associação de pacientes, a Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia). O valor do vídeo é a sinceridade que ele transmite. 
Sentado diante da câmera, sem nenhuma super produção, Gianecchini abre o coração. E, por isso mesmo, toca o coração de quem o escuta. São cinco minutos que fazem a gente ganhar o dia.
Em um dos trechos, ele diz: “Acredito que (o câncer) pode ser uma dádiva. Eu e minha família, ao longo do processo, fomos nos iluminando. Buscando uma força que a gente não sabia que tinha. Além disso, recebi do público um amor tão tocante.”
Não é a primeira nem a segunda vez que ouço um paciente de câncer dizer que a doença pode ser uma dádiva. É uma afirmação que sempre me causa estranhamento. Admiro os sentimentos e a fé de quem pensa assim. No entanto, cá com meus botões, penso que se a doença é um presente, prefiro ficar sem essa dádiva.
Não há nada de sobrenatural na gênese do câncer. Ele é decorrente do crescimento descontrolado de uma única célula. A divisão celular permite que nós possamos crescer, nos adaptar, recuperar os tecidos lesados, viver.
O mesmo processo, quando escapa ao controle, permite que as células de câncer cresçam, floresçam, se adaptem. Permite que o câncer viva ao custo de nossa vida. O oncologista Siddhartha Mukherjee resume isso muito bem no livro O imperador de todos os males: uma biografia do câncer (Companhia das Letras): “Se buscamos a imortalidade, a célula de câncer também busca”.
“A célula de câncer é a mais perfeita versão de nós mesmos”, diz o americano Harold Varmus. A descoberta de que o câncer é causado por mutações genéticas ocorridas nas células normais rendeu a ele e a J. Michael Bishop o Nobel de Medicina em 1989.
Para vencer o câncer, portanto, é preciso encontrar formas de prevenir essas mutações. Por que elas ocorrem? Em primeiro lugar, estatisticamente, por causa do cigarro. Ele causa as alterações genéticas responsáveis por 35% de todos os casos de câncer. Outros 15% são provocados pelo álcool. Depois vêm os vírus, a poluição e outros fatores. Apenas 5% são provocados por alterações genéticas hereditárias.
Como se vê, todos estamos sujeitos ao câncer. Acontece com os velhos, com os moços, com os bebês. Com os ricos e com os pobres. Com os altos e magros e com os baixinhos e gordinhos. Com os sedentários e também com os atletas (ainda que em menor proporção). Com os feios e com os bonitos.É um processo puramente biológico. Pode acontecer comigo e com você, como aconteceu com Giane. Ele menciona, no vídeo, que jamais imaginou que pudesse passar por isso porque é uma pessoa alegre, que não guarda mágoas.
Pois é, Giane, o aparecimento do câncer também não é determinado pelo psiquismo. Não da forma como se acreditava no passado. É doença que afeta os magoados, os pérfidos, os maus, os bons, os otimistas, os cativantes.
Estamos todos no mesmo barco. Quem ainda não teve um caso de câncer na família provavelmente terá um dia. Por isso é útil saber o que pode ajudar a amenizar o sofrimento do paciente e das pessoas queridas que, de certa maneira, adoecem junto com ele.
A regra número 1 é que não existe regra. A religiosidade de Gianecchini parece representar um porto seguro para ele. Mas a fé só faz sentido para quem tem. Não pode ser imposta. O doente que acredita em Deus ou em qualquer outra força superior merece tanto respeito quanto os pacientes que não acreditam.
Não é raro ver um doente receber uma visita no hospital e ser obrigado a ouvir do visitante que uma outra pessoa foi curada de câncer porque Deus a achou merecedora. É triste, para quem ouve, testemunhar a essa divisão drástica do mundo: de um lado, os merecedores. Do outro, os que não merecem. Desse lado, os que têm valor. Do outro, os que não valem nada.
Isso não pode ajudar ninguém. O que ajuda é o respeito. Por tudo aquilo que a pessoa é e por tudo o que ela pensa e sente.
A religiosidade de Giane faz todo sentido para ele. A beleza da mensagem do ator é a positividade da essência. Uma beleza que transcende o fato de que ele tem fé religiosa. É o tipo de beleza que serve para quem acredita no sobrenatural e para quem não acredita.
“Recebi gente de todas as religiões: do rabino ao evangélico, ao espírita”, diz ele. “Deixei que todos rezassem por mim”, afirma.
E completa: “Cheguei à conclusão de que religião é isso. É essa força que resvala no amor. De compartilhar, buscar a caridade. Isso é a busca da cura. Acho que cada um tem seu caminho”.
Por tudo isso, muitos médicos já se convenceram (graças a pesquisas científicas sérias) de que é fundamental conhecer a história espiritual do paciente que vão tratar. Existem questionários bem estruturados para que o trabalho seja feito adequadamente. O médico Franklin Santana Santos trata desse tema, entre outros de extrema relevância, no livro Cuidados Paliativos: Discutindo a Vida, a Morte e o Morrer (Editora Atheneu).
O médico responsável pelo paciente que enfrenta uma doença grave deve perguntar sobre as crenças que ele tem. O objetivo é entendê-las e perceber de que forma elas podem ajudar o doente na recuperação. O médico não pode, no entanto, fazer julgamentos ou tentar modificar a existência ou a falta delas.
Essa informação deve ser documentada no prontuário do paciente para que outros profissionais tenham acesso a ela. Se necessidades espirituais forem identificadas, o líder religioso precisa ser avisado. Se nenhuma necessidade espiritual for identificada, o paciente precisa de algo muito simples: respeito.
Com seu depoimento do fundo do coração, Giane deu uma bela lição. Aos que têm fé e aos que não têm.

PÍLULA E CIGARRO, A COMBINAÇÃO FATAL.



Anticoncepcionais que contêm o hormônio drospirenona são suspeitos de matar jovens por trombose. Como se proteger

CRISTIANE SEGATTO

Remédio bom é remédio antigo. Essa é uma das lições mais importantes que o jornalismo de saúde me ensinou. Medicamento seguro e eficaz é aquele que está no mercado há muito tempo e foi consumido e aprovado por milhões de pessoas ao redor do mundo. 
Pouca gente se dá conta disso. A maioria acha que o novo é automaticamente melhor que o velho. A novidade seria sinal de inovação, de evolução, de qualidade. Isso pode valer para um telefone celular, um carro ou um par de tênis. Com remédio não é assim.
Nos Estados Unidos, onde a propaganda de medicamentos é liberada em todos os meios de comunicação (TV, revistas, jornais, painéis em ônibus etc), as novas drogas são lançadas com investimentos gigantescos em publicidade. Os anúncios influenciam o consumidor diretamente. Ele chega ao consultório médico com a marca na ponta da língua.
As americanas se lembram bem dos comerciais das pílulas anticoncepcionais Yasmin e YAS, fabricadas pela Bayer Schering e também vendidas no Brasil. Esses produtos foram lançados com um apelo irresistível: evitar a gravidez e, ao mesmo tempo, amenizar sintomas da TPM. O anúncio de TV veiculado nos EUA apresenta os remédios como uma solução para sintomas clássicos e indesejáveis como irritabilidade, inchaço, fadiga, dores de cabeça etc. Também prometia reduzir a oleosidade da pele e dos cabelos.
Diante de anúncios bem feitos como esse, o consumidor se convence de que está diante de um produto muito melhor que os anteriores. É uma mera inferência. O fato inegável é que o fabricante do novo produto decidiu investir mais dinheiro em propaganda que os concorrentes.
Nos últimos dias, a Yasmin e a YAS estiveram no centro de um debate promovido pela FDA (a agência americana que regula fármacos e alimentos). Os benefícios foram eclipsados pela discussão em torno dos riscos dessas pílulas. Diferentemente das concorrentes, elas contêm o hormônio drospirenona. Alguns estudos recentes sugerem que ele piora a circulação do sangue e aumenta em até duas ou três vezes o risco de trombose (formação de coágulos no interior de um vaso sanguíneo).
A agência ouviu depoimentos de supostas vítimas. Joon Cummins relatou a morte da filha, a estudante Michelle Pfileger, de 18 anos, ocorrida em 2010. Ela sofreu um tromboembolismo pulmonar, quatro meses depois de começar a tomar a pílula YAS. Segundo a mãe, o ginecologista não alertou a filha sobre os riscos, relata a repórter especial Claudia Collucci, da Folha de S. Paulo, que acompanhou a reunião em Maryland.
“Em um dia, minha filha era linda, inteligente e com uma vida pela frente. No outro dia, estava morta. Vocês (FDA) estão aqui para proteger nossas vidas e não os interesses da indústria farmacêutica”, disse a mãe.
Segundo a FDA, ao menos 190 mulheres morreram após tomar pílulas à base de drospirerona.
Vamos à questão central: a análise mais recente feita pela FDA estima que, a cada ano, dez em cada 10 mil mulheres podem ter um coágulo provocado por essas drogas. Quem toma as pílulas mais antigas também está sujeita ao problema, mas o risco é inferior. Ocorre em seis mulheres a cada 10 mil consumidoras.
Estudos conduzidos pela empresa fabricante não revelaram aumento do risco de formação de coágulos. Apontar esse tipo de risco é especialmente difícil porque eles também podem ser decorrência de fatores ligados à história familiar ou ao estilo de vida -- como o tabagismo e a obesidade.
Segundo os cientistas da agência, nenhum dos estudos existentes é capaz de dar uma resposta definitiva sobre o risco dessas pílulas. Novos estudos precisam ser realizados. A agência decidiu manter essas pílulas no mercado, mas os consultores consideraram que as atuais informações dadas aos consumidores não refletem os reais riscos. Mais alertas devem ser incluídos na bula enquanto novas pesquisas são realizadas.
Você, leitora que toma anticoncepcional, deve estar perguntando: “E agora? Como eu fico?”. O papel das autoridades é monitorar os riscos provocados pelos medicamentos, exigir mais estudos e retirar do mercado aqueles que apresentam riscos inaceitáveis.  Enquanto as autoridades não chegam a uma decisão, cabe a cada uma de nós zelar pela própria saúde. Com informação de qualidade e cuidados que estão ao nosso alcance. O que está ao nosso alcance é não se expor a riscos desnecessários. 
O cuidado número 1 é evitar o uso de pílula anticoncepcional (seja ela qual for) caso você seja fumante. Pílula e cigarro não combinam. Essa mistura aumenta o risco de trombose e, consequentemente, de acidente vascular cerebral (AVC). Se você quiser fazer um bem às mulheres, espalhe essa mensagem. Cabe num tweet: pílula e cigarro não combinam. 
Em 2010, ÉPOCA publicou uma reportagem sobre mulheres jovens que sofreram um derrame. Ela pode ser lida na íntegra aqui. Ela traz informações úteis sobre a relação entre pílula, cigarro, trombose e AVC. Recomendo, também, o vídeo com os depoimentos das moças que passaram pelo problema. É impressionante e está disponível no mesmo link.
A explicação médica que nos interessa neste momento é a seguinte: na maioria das mulheres, a pílula é segura. Se não fosse assim, todos nós conheceríamos alguma moça que teve um AVC depois de tomar anticoncepcional. Mas as que usam esse tipo de contracepção precisam saber que os hormônios aumentam a capacidade de coagulação do sangue.
O mesmo pode ocorrer quando a mulher faz reposição hormonal na menopausa. Quem toma pílula ou faz reposição hormonal está mais sujeita a sofrer de trombose. E a trombose pode levar ao AVC.
A combinação de pílula e cigarro eleva em oito vezes o risco de AVC. O sangue dos fumantes torna-se mais propenso à formação de coágulos e a nicotina também enrijece as artérias que irrigam o cérebro. Logo, mulheres que fumam não devem tomar pílula. Quantas sabem disso?
“Muitas fumam e não contam ao ginecologista”, diz a neurofisiologista Maristela Costa, do Hospital do Coração (Hcor), em São Paulo. O inverso também é verdadeiro. Muitos médicos receitam pílula e não perguntam se a mulher fuma.
A gerente de produto Amanda De Tommaso Oliveira, de 31 anos, teve uma péssima experiência. Fumava desde os 15. Aos 27 anos, consumia um maço por dia e não tomava pílula. Para tentar reduzir um cisto no ovário, o ginecologista receitou-lhe um anticoncepcional. Após dez dias de uso, Amanda teve um AVC. Estava em casa, assistindo à TV, quando o braço esquerdo começou a ficar pesado. O desespero aumentou quando ela tentou pedir ajuda à irmã Isabela. Os pensamentos fluíam, mas ela era incapaz de pronunciar qualquer palavra.
Amanda sofreu um AVC pequeno na região frontal do cérebro, no lado direito. Passou três dias no hospital. Logo nas primeiras horas, a fala e os movimentos foram voltando. Desde o derrame, nunca mais colocou um cigarro na boca. Hoje leva vida absolutamente normal. Mas a experiência deixou marcas profundas. “O AVC não estava no meu script, mas me ensinou a valorizar cada instante”, diz Amanda. Em vez de pensar naquilo que quer ter, pensa no que já tem. “Tenho casa, família, amigos e pernas que me levam aonde eu quero. Já tenho tudo.”
Amanda tornou-se um exemplo de disposição e alto-astral. A americana Michelle não teve a mesma sorte. Ambas têm histórias que não devem ser ignoradas. Conte às amigas, comente, reproduza, passe a informação adiante. É o que cada uma de nós pode fazer enquanto as autoridades não tomam uma atitude.