O CÁLCULO É UMA FERRAMENTA EDUCATIVA QUE NÃO SUBSTITUI O ACONSELHAMENTO MÉDICO E NUTRICIONAL
A doença cardiovascular (DCV) aterosclerótica é a principal causa de mortalidade em diversas populações. Dados populacionais norte-americanos mostraram que 58% das mortes em 2002 tiveram a DCV como causa principal ou contribuinte, apesar da tendência de queda observada nas últimas décadas. No Brasil, a mortalidade por DCV é das mais elevadas quando comparada à de outros países4. Nos últimos cinco anos, um tema que tem ganhado cada vez mais importância na literatura é a predição do risco cardiovascular. A avaliação de risco vem sendo um elemento chave em relação aos esforços para definir fatores de risco para DCV, identificar novos marcadores de risco, estabelecer e analisar alvos potenciais para o tratamento e aumentar a implementação de terapias custo-efetivas tanto para a prevenção primária como para a prevenção secundária de DCV3. As estimativas de risco também podem ser utilizadas para conscientizar a população sobre o grande impacto das DCV na morbidade e mortalidade e para comunicar o risco individual e/ou para determinados subgrupos. Outro papel fundamental é o que se refere à motivação para que os pacientes sigam adequadamente as recomendações terapêuticas ou relacionadas a mudanças no estilo de vida3.
Atualmente, existem diversos métodos para estimativa do risco de DCV em cinco ou dez anos, geralmente baseados em equações derivadas das coortes de Framingham. Este estudo, que teve início nos Estados Unidos em 1948, é um dos seguimentos longitudinais mais consagrados no meio científico. As equações para predição de risco de DCV (escore de risco de Framingham) foram derivadas de dados coletados em 2439 homens e 2812 mulheres com idade entre 30 e 74 anos1. Para o cálculo a presença de fatores de risco tradicionais (idade, colesterol total, HDL-colesterol, pressão arterial sistólica, tabagismo) recebe uma determinada pontuação com a finalidade de predizer o risco de doença arterial coronariana (DAC) separadamente para homens e mulheres. O escore de risco calculado é então convertido na probabilidade absoluta de desenvolver DAC dentro daquele período de tempo3. Uma probabilidade menor do que 10% de apresentar DAC em 10 anos é considerada como baixo risco. Entre 10 e 20%, médio risco e acima de 20% é considerada alto risco. Todos os indivíduos com diabetes e aterosclerose, mesmo que apresentem baixo risco, são considerados como alvos de prevenção secundária para DAC5.
Em 2008, foi desenvolvido por D´Agostino e colaboradores um algoritmo que permite, de acordo com o sexo, calcular o risco geral de DCV e de eventos cardiovasculares específicos (coronarianos, cerebrovasculares, doença arterial periférica e insuficiência cardíaca). O desenvolvimento deste algoritmo também se baseou em dados de participantes do estudo de Framingham (n=8491)2. Outra ferramenta interessante relacionada ao escore de risco de Framingham é o cálculo da idade do coração. O resultado indica qual é a idade do coração de um indivíduo comparado à sua verdadeira idade. O próprio indivíduo responde a um questionário (disponível na página da Becel: http://www.becel.com.br) que contém perguntas relacionadas a fatores de risco para DCV (idade, peso, colesterol total, HDL-colesterol, pressão arterial sistólica, história de tabagismo, presença de diabetes, histórico familiar de DCV, dentre outros).
Além do cálculo do risco, também são feitas algumas perguntas relacionadas à dieta e atividade física, sendo fornecidas ao final do teste algumas recomendações para "melhorar" a idade do coração, ou seja, reduzir o risco de DCV. O cálculo da idade do coração, assim como os outros métodos para o cálculo do risco cardiovascular, constitui apenas uma ferramenta educativa e que não substitui de forma alguma o aconselhamento médico e nutricional. É fundamental que a população seja incentivada a realizar check-ups regulares, especialmente antes de iniciar algum programa de dieta e/ou atividade física. Deve ficar claro também que a estimativa do risco é um resultado pontual, e que o resultado atual de baixo risco não quer dizer que um determinado indivíduo jamais apresentará DCV ou que este risco não possa aumentar, pois caso haja piora no perfil lipídico ou início do hábito de fumar, por exemplo, o risco se tornará maior. Portanto, as estratégias de prevenção de DCV, incluindo modificações na dieta e o combate ao sedentarismo, são essenciais para a redução do risco cardiovascular em longo prazo. O foco da mudança no estilo de vida deve ser o controle do peso, da pressão arterial e das concentrações de colesterol, além do abandono do tabagismo e da inatividade física.
Referências:
1. D´Agostino RB, Grundy S, Sullivan LM, Wilson P. Validation of the Framingham Coronary Heart Disease Prediction Scores: Results of a Multiple Ethnic Groups Investigation. JAMA 2001; 286:180-187.
2. D´Agostino RB, Vasan RS, Pencina MJ, Wolf PA, Cobain M, Massaro JM, Kannel WB. General Cardiovascular Risk Profile for Use in Primary Care The Framingham Heart Study. Circulation 2008; 117: 743-753.
3. Lloyd-Jones DM. Cardiovascular Risk Prediction: Basic Concepts, Current Status, and Future Directions. Circulation 2010; 121;1768-1777.
4. Siqueira AFA, Almeida-Pititto B de, Ferreira SRG. Doença cardiovascular no diabetes mellitus: análise dos fatores de risco clássicos e não-clássicos. Arq Bras Endocrinol Metab 2007;51/2:257-267.
5. Sociedade Brasileira de Cardiologia. IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arquivos Brasileiros de Cardiologia 2007; 88(S1): S2-S19
Atualmente, existem diversos métodos para estimativa do risco de DCV em cinco ou dez anos, geralmente baseados em equações derivadas das coortes de Framingham. Este estudo, que teve início nos Estados Unidos em 1948, é um dos seguimentos longitudinais mais consagrados no meio científico. As equações para predição de risco de DCV (escore de risco de Framingham) foram derivadas de dados coletados em 2439 homens e 2812 mulheres com idade entre 30 e 74 anos1. Para o cálculo a presença de fatores de risco tradicionais (idade, colesterol total, HDL-colesterol, pressão arterial sistólica, tabagismo) recebe uma determinada pontuação com a finalidade de predizer o risco de doença arterial coronariana (DAC) separadamente para homens e mulheres. O escore de risco calculado é então convertido na probabilidade absoluta de desenvolver DAC dentro daquele período de tempo3. Uma probabilidade menor do que 10% de apresentar DAC em 10 anos é considerada como baixo risco. Entre 10 e 20%, médio risco e acima de 20% é considerada alto risco. Todos os indivíduos com diabetes e aterosclerose, mesmo que apresentem baixo risco, são considerados como alvos de prevenção secundária para DAC5.
Em 2008, foi desenvolvido por D´Agostino e colaboradores um algoritmo que permite, de acordo com o sexo, calcular o risco geral de DCV e de eventos cardiovasculares específicos (coronarianos, cerebrovasculares, doença arterial periférica e insuficiência cardíaca). O desenvolvimento deste algoritmo também se baseou em dados de participantes do estudo de Framingham (n=8491)2. Outra ferramenta interessante relacionada ao escore de risco de Framingham é o cálculo da idade do coração. O resultado indica qual é a idade do coração de um indivíduo comparado à sua verdadeira idade. O próprio indivíduo responde a um questionário (disponível na página da Becel: http://www.becel.com.br) que contém perguntas relacionadas a fatores de risco para DCV (idade, peso, colesterol total, HDL-colesterol, pressão arterial sistólica, história de tabagismo, presença de diabetes, histórico familiar de DCV, dentre outros).
Além do cálculo do risco, também são feitas algumas perguntas relacionadas à dieta e atividade física, sendo fornecidas ao final do teste algumas recomendações para "melhorar" a idade do coração, ou seja, reduzir o risco de DCV. O cálculo da idade do coração, assim como os outros métodos para o cálculo do risco cardiovascular, constitui apenas uma ferramenta educativa e que não substitui de forma alguma o aconselhamento médico e nutricional. É fundamental que a população seja incentivada a realizar check-ups regulares, especialmente antes de iniciar algum programa de dieta e/ou atividade física. Deve ficar claro também que a estimativa do risco é um resultado pontual, e que o resultado atual de baixo risco não quer dizer que um determinado indivíduo jamais apresentará DCV ou que este risco não possa aumentar, pois caso haja piora no perfil lipídico ou início do hábito de fumar, por exemplo, o risco se tornará maior. Portanto, as estratégias de prevenção de DCV, incluindo modificações na dieta e o combate ao sedentarismo, são essenciais para a redução do risco cardiovascular em longo prazo. O foco da mudança no estilo de vida deve ser o controle do peso, da pressão arterial e das concentrações de colesterol, além do abandono do tabagismo e da inatividade física.
Referências:
1. D´Agostino RB, Grundy S, Sullivan LM, Wilson P. Validation of the Framingham Coronary Heart Disease Prediction Scores: Results of a Multiple Ethnic Groups Investigation. JAMA 2001; 286:180-187.
2. D´Agostino RB, Vasan RS, Pencina MJ, Wolf PA, Cobain M, Massaro JM, Kannel WB. General Cardiovascular Risk Profile for Use in Primary Care The Framingham Heart Study. Circulation 2008; 117: 743-753.
3. Lloyd-Jones DM. Cardiovascular Risk Prediction: Basic Concepts, Current Status, and Future Directions. Circulation 2010; 121;1768-1777.
4. Siqueira AFA, Almeida-Pititto B de, Ferreira SRG. Doença cardiovascular no diabetes mellitus: análise dos fatores de risco clássicos e não-clássicos. Arq Bras Endocrinol Metab 2007;51/2:257-267.
5. Sociedade Brasileira de Cardiologia. IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arquivos Brasileiros de Cardiologia 2007; 88(S1): S2-S19
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