quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

PANORAMA BRASILEIRO DA DOENÇA CARDIOVASCULAR



40% DA POPULAÇÃO BRASILEIRA APRESENTA COLESTEROL TOTAL =200MG/DL
O colesterol elevado é um fator de risco que pode ser modificado pela dieta e adoção de hábitos de vida saudáveis. A redução dos níveis de colesterol no sangue pode ajudar a reduzir o risco de DCV: uma diminuição de 10% no colesterol sanguíneo total pode reduzir entre 12% e 20% os riscos de doença arterial coronariana8.
 
Conforme levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, 40% da população brasileira tem colesterol total =200mg/dL e 13% =240mg/dL7. Estudos de Framingham mostram que os níveis do colesterol em população acometida de infarto do miocárdio são em média 225mg/dL5,15. Sabe-se que o risco relativo de eventos cardiovasculares aumenta em populações cujos níveis sanguíneos de colesterol sejam >200mg/dl9. 
 
Stamler et al, demonstraram que há uma relação contínua entre o aumento do colesterol total e o risco de doença arterial coronariana9.

Alimentação e estilo de vida são fatores importantes para a redução do risco de doenças cardiovasculares. Ao mesmo tempo, uma dieta equilibrada deve oferecer também o prazer de uma refeição cuidadosamente selecionada, sendo variada, saborosa, nutritiva, além de proporcionar saúde e bem-estar.
 
Nos países ocidentais desenvolvidos ou em desenvolvimento, as doenças cardiovasculares (DCV) constituem a maior de todas as endemias, sendo que o aumento da incidência de infarto agudo do miocárdio nesses países, inclusive no Brasil7, pode ser considerado uma endemia progressiva1,16.
 
De modo geral, a doença cardiovascular é o conjunto de doenças que afeta o coração e os vasos sanguíneos. A doença arterial coronariana e a doença cerebrovascular são exemplos de doenças cardiovasculares6. Segundo o Ministério da Saúde, em 2004, as DCV foram a principal causa de morte no Brasil (31% do total), tendo sido responsável por mais que o dobro das mortes por câncer2. 
 
Ainda, segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 300 fatores de risco foram associados com a doença arterial coronariana e o acidente vascular cerebral. Fatores de risco bem estabelecidos necessariamente atendem a três critérios: alta prevalência em muitas populações; impacto significativo e independente; o controle e o tratamento resultam em redução do risco. O fumo, álcool, a hipertensão arterial, a obesidade e o colesterol elevado são importantes fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento de DCV5.

O colesterol é um esterol, encontrado nas membranas celulares de todos os tecidos do corpo humano, que é transportado no plasma sanguíneo de todos os animais. Há duas fontes de colesterol para o organismo: colesterol exógeno - fornecido pelo alimento ingerido, e colesterol endógeno, que circula pelo fígado e passa para o intestino delgado junto com a bile. O colesterol endógeno corresponde a dois terços dos níveis de colesterol do intestino13.
 
O colesterol absorvido no intestino é transportado na circulação pelas lipoproteínas que de baixa e alta densidades (LDL e HDL, respectivamente). O LDL transporta o colesterol do fígado para os tecidos (podendo se depositar nas paredes das artérias, resultando em estreitamento num processo chamado de aterosclerose)19. Já o HDL desempenha papel no transporte do excesso de colesterol dos tecidos extra-hepáticos de volta para o fígado, de onde é excretado por meio da bile, contribuindo para diminuir o acúmulo de colesterol nas paredes arteriais4.
 
As gorduras saturadas (SAFAs), trans, monoinsaturadas (MUFAs) e poliinsaturadas (PUFAs) têm diferentes impactos sobre os níveis de colesterol plasmático em relação aos carboidratos10,11,12,17,18. Enquanto as SAFAs produzem aumento do colesterol total e LDL-colesterol, as MUFAs e PUFAs auxiliam na redução do colesterol total e LDL-colesterol As gorduras trans, por outro lado, são consideradas o tipo mais prejudicial,  pois além de ocasionarem o aumento do colesterol total e LDL-colesterol, contribuem ainda para a redução do fração benéfica, HDL-colesterol.
 
Assim, para manter níveis adequados de colesterol sanguíneo e prevenir o desenvolvimento de doenças cardiovasculares é fundamental a adoção de hábitos de vida saudáveis, que incluem atividade física regular e uma alimentação rica em fibras, antioxidantes, além de controlada em gorduras, dando preferência às insaturadas e evitando as saturadas e trans.
 

 























Referências:

1. American Heart Association. Heart disease and stroke statistics. 2005. Update. Dallas, Texas: American Heart Association; 2005
2. Brasil, Ministério da Saúde. Disponível em:http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=24421. Acessado em junho de 2007
3. Castelli WP. The new pathophysiology of coronary artery disease. Am J Cardiol 1998; 82:60T-65T
4. Chen et al. The diet, lifestyle and mortality characteristics of 65 rural pulation in the People´s Republic of China. Oxford University Press, Oxford 1987
5. Kannel, WB. The Framingham study:Its 50 years legacy and future promise. J Atheroscler Thromb 2000; 6:60-6
6. Mackay and Mensah, The atlas of heart disease and stroke, WHO 2004 6. Katan MB et al. Efficacy and Safety of Plant Stanols and Sterols in the Management of Blood Cholesterol Levels. Mayo Clin Proc. 2003;78:965-978
7. Mansur AP, Favarato D, Souza MFM, Avakian SD, Aldrighi JM, Cesar LAM, et al. Tendências do risco de morte por doenças circulatórias no Brasil de 1979 a 1996. Arq Bras Cardiol. 2001;76 (6):497-503
8. Martinez TLR, et al. Campanha Nacional de alerta sobre o colesterol elevado. Determinação do nível de colesterol de 81.262 brasileiros. Arq Bras Cardiol. 2003; 80 (6): 631-4
9. National Heart, Lung, and Blood Institute, National Institutes of Health, US Department of Health and Human Services. Third report of the National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III). Bethesda (MD): U.S. Department of Health and Human Services, Public Health Service, National Institutes of Health, National Heart, Lung and Blood Institute; 2001.
10. Peterson DW. Effect of soybean sterols in the diet on plasma and liver cholesterol in chicks. Proc. Soc. For Experimental Biology and Medicine 1951; 78, 143-147.
11. Pollak OJ, Kritchevsky D. Sitoesterol. Monographs on atherosclerosis. Basel: S.Karger, 1981
12. Pollak OJ. Reduction of blood cholesterol in man. Circulation 1953; 7: 702-706
13. Schiavo M; Lunardelli A; Oliveira JR. Influência da dieta na concentração sérica de triglicerídeos. J. Bras. Patol. Med. Lab. vol.39 no.4 Rio de Janeiro 2003
14. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Consenso Brasileiro Sobre Dislipidemias Detecção - Avaliação - Tratamento. Arq Bras Cardiol, 1996; 67.
15. Stamler J, Wentworth D, Neaton JD. Is the relationship between serum cholesterol and risk of premature death from coronary heart disease continuos and graded.Journal of the American Medical Association 1986; 256:2823-2828.
16. Strong K, Mathers C, Leeder S, Beaglehole R. Preventing chronic diseases: how many lives we can save? Lancet. 2005; 366(9496): 1578-82.
17. Tolonen H, Keil U, Ferrario M, Evans A. Prevalence, awareness and treatment of hypercholesterolaemia in 32 populations: results from the WHO MONICA Project. Int J Epidemiol 2005; 34(1):181-192.
18. Trautwein EA, Duchateau GSMJE, Lin Y. Proposed mechanisms of cholesterol-lowering action of plants sterol. Eur J Lipid Sci Technol 2003; 105:171-185.
19. Wyngaarden JB & Smith LH. Cecil Tratado de Medicina Interna. 18 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1990.

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