sábado, 6 de julho de 2013

Exercícios ajudam o cérebro a ser mais resistente ao estresse


  • Testes com camundongos mostraram que quando eles mantinham atividade física e experienciavam algo estressante a região do cérebro que regula a ansiedade era estimulada.





Atividade física ajuda o cérebro a controlar o estresse
Foto: Márcia Foletto
Atividade física ajuda o cérebro a controlar o estresse Márcia Foletto
A atividade física reorganiza o cérebro de forma a se tornar mais resistente ao estresse, de acordo com uma pesquisa da Universidade de Princeton, nos EUA, publicada no “Journal of Neuroscience”.
Testes com camundongos mostraram que quando eles mantinham atividade física regular e experienciavam algo estressante - como exposição à água fria - o cérebro deles apresentava um aumento da atividade dos neurônios que cortava a emoção no hipocampo ventral, região do cérebro que regula a ansiedade. Para a experiência, um grupo de camundongos corria na roda enquanto que outros eram sedentários. Eles corriam em média quatro quilômetros por turno e depois de seis semanas eram expostos a água fria por um curto período de tempo.
Estas descobertas mostram que os exercícios reduzem a ansiedade enquanto também promovem o crescimento de novos neurônios no hipocampo ventral. Como estes novos neurônios são potencialmente mais excitáveis do que seus homólogos mais velhos, o exercício deveria resultar em mais ansiedade e não menos. Mas os pesquisadores de Princeton descobriram que o exercício também fortalece os mecanismos que previnem a perda das células cerebrais.
O impacto da atividade física no hipocampo ventral não tinha sido explorada profundamente, afirmou a autora Elizabeth Gould, professora de Psicologia da universidade. Ao fazer isto, a equipe apontou células cerebrais e regiões importantes para a regulação de ansiedade que podem ajudar cientistas e compreender melhor o tratamento de transtornos de ansiedade, segundo a pesquisadora.
“Entender como o cérebro regula o comportamento ansioso nos dá pistas que podem ajudar pessoas com transtorno de ansiedade. Isto também nos mostra como o cérebro se modifica para responder ao meio ambiente”, disse a professora em nota.

Quem faz sexo regularmente parece ser mais jovem.


  • Vida sexual ativa traz vantagens para saúde, que são ainda maiores na terceira idade, revela pesquisador britânico.



Casal na cama: pesquisa indica que sexo regular faz bem para saúde
Foto: Divulgação
Casal na cama: pesquisa indica que sexo regular faz bem para saúde Divulgação
RIO - Ter uma vida sexual saudável é um dos segredos para manter uma aparência mais jovem, diz David Weeks, ex-chefe de psicologia da terceira idade do Royal Edinburgh Hospital, no Reino Unido. De acordo com ele, fazer sexo causa uma série de benefícios para saúde, que são ainda mais importantes para os que estão em idade mais avançada, como a redução do risco de morte prematura.
Em palestra na Sociedade Britânica de Psicologia nesta sexta-feira, Weeks vai mostrar os resultados de sua pesquisa. Analisando voluntários com idade entre 40 e 50 anos, os que pareciam ser mais jovens disseram ter uma vida sexual ativa: praticavam sexo três vezes por semana.
Além de deixar as pessoas com aparência entre cinco e sete anos mais nova, fazer sexo provoca a liberação de endorfina, que causa uma sensação de prazer, age como um analgésico natural, reduz a ansiedade e melhora o sono. A atividade sexual aumenta a circulação, fazendo bem para o coração, e estimula a produção de hormônios que deixam a pele mais elástica.
Para o especialista, a satisfação sexual está entre os maiores fatores para a qualidade de vida. Por causa de tantos benefícios, Weeks afirma que praticar sexo é bom e deveria ser mais incentivado. “A sexualidade não deve ser vista como prerrogativa de jovens”, afirmou ao jornal britânco “Telegraph”.

Os 15 anos da pílula azul


  • Descoberto por acaso, o Viagra, primeira droga eficaz contra a impotência, revolucionou o sexo na terceira idade.



Foto: Arte de André Mello
Arte de André Mello
RIO - Como que respondendo aos anseios da sociedade por mudanças comportamentais, a pílula anticoncepcional foi lançada em 1960, quando o movimento feminista ganhava força no mundo todo e a liberdade sexual era uma de suas bandeiras. Quase 40 anos depois, uma outra pílula viria novamente responder às demandas de uma população que se tornava cada vez mais longeva e buscava formas de viver esses anos extras em plenitude. Se o contraceptivo abriu as portas para o sexo por prazer, é possível dizer que o Viagra garantiu a possibilidade de que esse prazer se estendesse por muito mais tempo. Os fundadores do amor livre respiraram aliviados.
- A pílula traz uma mudança de paradigma: a mulher passa a poder decidir entre fazer sexo para reproduzir ou para ter prazer, de forma mais segura, eficaz e prática. O surgimento do Viagra veio para marcar um prolongamento da vida sexual para idades mais avançadas - afirma a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora de estudos em sexualidade da USP.
A pílula azul em formato de diamante foi descoberta por acaso. Químicos da Pfizer trabalhavam num remédio para problemas cardiovasculares quando começaram a registrar efeitos colaterais que faziam a alegria dos voluntários do estudo, todos eles com mais de 50 anos. A ação do remédio é simples: ele produz um relaxamento da musculatura dos corpos cavernosos do pênis, permitindo o influxo de sangue e, assim, a ereção.
- Havia poucas alternativas para o tratamento da disfunção erétil, e elas envolviam injeções intrapenianas e, em casos mais extremos, próteses - afirma o diretor médico da Pfizer no Brasil, Eurico Correa.
Um remédio de uso oral, praticamente sem contraindicações, que solucionava com eficácia o problema era bom demais pra ser verdade. Não tinha como falhar.
Um ano consagrado ao sexo
A nova droga foi lançada com pompa, circunstância e muita publicidade em 1998 — declarado pelo jornal inglês “Independent”, como “o ano do sexo”. Foi naquele ano que a série “Sex and the City” chegou à TV nos EUA, tornando-se imediatamente um grande sucesso, e pelo menos dois homens ganharam as manchetes com grande estardalhaço por suas indiscrições sexuais (George Michael, num banheiro em Los Angeles; e Bill Clinton, no Salão Oval da Casa Branca). Além disso, claro, o início da comercialização do novo remédio colocava fim ao maior pesadelo de todo homem: a impotência.
O mais amplo estudo sobre o problema já realizado no Brasil, pelo grupo de Carmita, apontou que 45% da população masculina acima dos 40 anos não está satisfeita com a qualidade de sua ereção — um percentual muito alto e bastante semelhante aos aferidos internacionalmente. As queixas pioram conforme a idade avança. Ou seja, a nova droga tinha um potencial de mercado gigantesco.
Rapidamente tornou-se um dos medicamentos mais vendidos no mundo e alterou por completo o sexo na terceira idade. Homens de até 70, 80 anos, que já tinham desistido da vida sexual há muito tempo voltaram à ativa, num movimento que também teve um impacto direto em suas parceiras. Casamentos renasceram, mas muitos também afundaram de vez diante das novas demandas.
- Eu tinha perdido o apetite, digamos assim - conta o analista de sistemas que se identificou apenas como Antônio, de 69 anos, usuário do remédio há dez anos. - Só falei para minha mulher depois de ter tomado pela primeira vez. Ela gostou, lógico, mas ameaçou processar o laboratório quando eu disse de brincadeira que queria morrer como um garanhão.
Relacionamentos ruins, explicam os especialistas, jamais poderiam ser salvos pelo novo remédio — que garante a ereção, sim, mas somente mediante desejo pela parceira, não se trata de algo puramente mecânico.
Na esteira do Viagra, diversas novas drogas com efeitos similares chegaram ao mercado, como Cialis e Levitra. No ano passado, a patente do Viagra expirou no Brasil, abrindo caminho para a produção de genéricos, o que baixou consideravelmente o preço do medicamento. Hoje, um comprimido custa cerca de R$ 7. A Pfizer, por sua vez, também baixou o preço de seu medicamento de marca para fazer frente à nova concorrência.
- Calculamos um aumento de 60% no número de usuários dos remédios - diz o chefe do Departamento de Sexualidade Humana da Sociedade Brasileira de Urologia, Geraldo Eduardo de Faria.
Diferentemente do que ocorre na Europa e nos EUA, os remédios para disfunção erétil no Brasil não são vendidos sob retenção da receita. A facilidade do acesso fez crescer muito o que eles chamam de “uso recreacional” dos comprimidos. Pessoas que não têm problemas de disfunção usam as pílulas para “melhorar a performance sexual”, algo que nenhum estudo científico comprova.
- Resolvi usar porque, com a idade, não é que diminua a libido, mas o desempenho cai. É difícil ter três relações numa mesma noite com facilidade. Em determinados dias, em que você está muito cansado ou chateado, só consegue transar uma vez. Então, o remédio é um facilitador. Sinto mais segurança e posso proporcionar um prazer maior - conta Paulo, um engenheiro de 46 anos que começou a usar a droga depois que se separou.
Há também homens muito mais jovens, de 20 anos ou menos, usando os remédios e mesmo misturando-o a álcool e outras drogas. Além disso, alertam os médicos, a disfunção erétil é consequência de algum problema de saúde que precisa ser tratado, além de ser um marcador precoce para problemas cardiovasculares.
- Ninguém sabe qual será a consequência do uso por essa geração tão nova, que ainda não envelheceu - pondera o urologista Valter Javaroni, consultor da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro. - E como os remédios são vendidos sem receita, perdemos a oportunidade de identifica o hipertenso, o diabético, o cara que tem o colesterol alto, o obeso sedentário.
CRONOLOGIA
1960 - As primeiras pílulas anticoncepcionais começam a ser comercializadas nos EUA, libertando as mulheres do pavor da gravidez indesejadas, abrindo caminho para o sexo por prazer e fundando a geração do amor livre.
1998 - O Viagra é lançado pela Pfizer, com estardalhaço. Trata-se de uma pílula praticamente sem contra-indicação e que soluciona com bastante eficácia a disfunção erétil. Até então, os tratamentos para a impotência eram raros, caros e pouco eficazes, envolvendo injeções e até próteses.
2003 - Outros remédios para tratar a disfunção erétil chegam ao mercado, como o Cialis e o Levitra. Embora com princípios ativos diferentes, os medicamentos atuam de forma similar ao Viagra (relaxando a musculatura dos corpos cavernosos do pênis e permitindo o
influxo de sangue) e com igual eficácia.
2008 - A pesquisa Mosaico Brasil, realizada pelo Projeto Sexualidade da USP, é lançada. Trata-se da maior pesquisa sobre sexualidade já feita no Brasil, envolvendo 8 mil pessoas em todo o país. Os números mostraram que 45% dos homens acima dos 40 anos não estavam satisfeitos com a qualidade de sua ereção e que esse percentual aumentava conforme a idade avançava.
2012 - Cai a patente do Viagra no Brasil e diversos medicamentos genéricos são lançados no mercado, baixando o preço das pílulas e ampliando em 60%, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, o número de usuários.

Sexo na terceira idade é bom, mas não precisa se tornar obrigatório


  • Especialistas alertam para pressão social sobre desempenho sexual do idoso.



Atividade sexual na terceira idade traz benefícios, mas não pode ocorrer só por pressão social
Foto: Marcelo Franco/06-10-2009
Atividade sexual na terceira idade traz benefícios, mas não pode ocorrer só por pressão social Marcelo Franco/06-10-2009
O avanço da medicina e a maior liberação sexual vêm ajudando a quebrar tabus sobre a sexualidade de idosos. Mas o que especialistas alertam é que o padrão sexual da juventude não precisa ser imitado na velhice.
— Às vezes recebo casais no meu consultório constrangidos porque não praticam sexo e querem saber se tem algo de errado com eles. Eu explico que não — garante o urologista Celso Gromatzky, do Núcleo Avançado de Urologia do Hospital Sírio-Libanês. — A sociedade aprendeu, equivocadamente, a associar sexo à qualidade de vida, e a ausência de sexo a uma disfunção.
A atividade sexual naturalmente diminui com o envelhecimento. O estudo Mosaico Brasil, realizado pelo Projeto Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP), mostra que, na faixa entre 18 e 25 anos, 90,4% dos homens e 83,3% têm vida sexual ativa. Este índice diminui progressivamente com o passar do tempo, e para aqueles acima dos 61 anos, o número é de 87,1% dos homens e 51,2% das mulheres.
Isto, segundo Gromatzky, tem, sem dúvida, relação com o estado de saúde e o comportamento do idoso. Mas o urologista acredita que não é raro que o sexo deixe de se tornar prioritário:
— A medicina avançou o suficiente para ajudar casais que querem manter a atividade sexual na velhice. Mas há aqueles que vivem bem, felizes, sem isso. Geralmente porque estabeleceram outras prioridades, como cuidar do neto, ler, etc. Cabe ao médico perceber se isto é realmente um desejo do casal, se não há nada por trás, como um problema físico ou psicológico. E assim sendo, respeitar essa decisão.
Uma pesquisa da Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUC-RS mostra que o interesse por sexo é modesto na velhice. Com base em entrevistas realizadas com 1.078 idosos, o sexo foi considerado “muito importante” por apenas 16,6% dos homens e 7% das mulheres; e “pouco importante” por 30,3% dos homens e 47,9% das mulheres. Além disso, 41,9% dos idosos manifestaram preferência por carinhos e toques como uma forma de demonstração da sexualidade.
— O que está bastante documentado na literatura médica é a importância do afeto nas relações. Pessoas solitárias vivem menos, mas isto não significa ter que praticar o ato sexual. Há uma série de outras formas de expressar a sexualidade e o amor pelo parceiro — complementa Gromatzky.
A disfunção erétil é uma das principais dificuldades da vida sexual do homem idoso. Quanto às mulheres, a menopausa traz redução da libido, secura vaginal e mudanças no aspecto físico, como aumento da flacidez e deposição de gordura, as quais podem afetar a autoestima. A reposição hormonal e uso de cremes vaginais para diminuir o desconforto durante a relação, no caso da mulher, e o de medicamentos, no do homem, são alguns dos conselhos.