domingo, 19 de maio de 2013

Pesquisa vincula câncer de próstata a sobrepeso


Risco de morrer por causa da doença é duas vezes maior em homens obesos

Células de câncer de próstata em cultura laboratorial
Células de câncer de próstata em cultura laboratorial (Parviz M. Pour/Latinstock)
O risco de morrer por câncer de próstata é quase duas vezes maior em homens com sobrepeso de mais de 20 quilos durante sua vida adulta, assinala uma pesquisa de cientistas australianos divulgada nesta quinta-feira. "Este estudo mostra que a obesidade está relacionada com formas agressivas de câncer fatal", advertiu Dallas English, um dos autores da pesquisa, publicada pela "Revista Internacional do Câncer".

"É preciso manter um peso saudável durante a vida adulta", acrescentou English, diretor de um centro de pesquisa em genética e epidemiologia da Universidade de Melbourne. Para o estudo, foram analisados os casos de 17 mil homens entre 40 e 69 anos de idade, uma geração na qual a obesidade não era um problema generalizado na Austrália.

"As coisas na Austrália mudaram muito", alertou o epidemiologista, ao lembrar que atualmente a taxa de obesidade infantil aumentou dramaticamente no país. Uma pesquisa realizada em 2008 revelou que 42,1% dos homens australianos têm sobrepeso, enquanto 25,6% são obesos, em um país com 22 milhões de habitantes. O mesmo estudo indica que 600 mil meninos entre 5 e 17 anos de idade padecem de sobrepeso ou obesidade, ou seja, 21% da população infantil.

Acúmulo de gordura ajuda a agravar o câncer de próstata


Pesquisadores concluíram que a atividade de genes de homens com sobrepeso ou obesidade sofre alterações que facilitam o crescimento dos tumores

Câncer de próstata
Câncer de próstata: Acúmulo de gordura favorece crescimento de tumores, dizem pesquisadores (Thinkstock)
Pesquisadores encontraram uma forma de explicar como o excesso de peso afeta negativamente a progressão e a gravidade do câncer de próstata. Segundo a equipe, formada por especialistas de vários países, a gordura acumulada em torno da próstata de homens com obesidade ou sobrepeso que têm a doença cria um ambiente favorável para que os tumores cresçam e se espalhem. Isso ocorre, de acordo com os especialistas, pois o tecido adiposo desses pacientes desregula a atividade de determinados genes que, entre outras funções, estão ligados a quadros de inflamação crônica, de expansão da massa de gordura e de reprodução de células cancerígenas.
Essas descobertas fazem parte de um estudo publicado nesta terça-feira no periódico BMC Medicine. A pesquisa também concluiu que, quanto mais avançada é a doença da próstata, mais grave é a desregulação sofrida pelos genes do tecido adiposo que fica em torno do órgão. A equipe chegou a tais conclusões após analisar a gordura da próstata de pacientes que haviam sido submetidos a uma cirurgia no órgão. Os participantes tinham hiperplasia benigna da próstata, câncer localizado ou a doença em fase metastática.
"Em uma população cada vez mais obesa, é importante entender como a gordura, especialmente a localizada ao redor da próstata, pode influenciar o crescimento e a gravidade do câncer. Com isso, será possível desenvolver novas e personalizadas estratégias terapêuticas”, afirma Ricardo Ribeiro, pesquisador do Instituto Português de Oncologia di Porto e coordenador da pesquisa.

"Os genes alterados podem se tornar alvos terapêuticos no combate ao câncer de próstata"

Ricardo Ribeiro
Pesquisador do Grupo de Oncologia Molecular do Instituto Português de Oncologia do Porto e coordenador do estudo

O seu estudo concluiu que a gordura em volta da próstata em homens obesos ou com sobrepeso favorece o crescimento de tumores. Isso também pode ocorrer com homens de peso normal?
Não, já que vimos que os genes do tecido adiposo da próstata de homens obesos ou com sobrepeso são alterados em comparação com pacientes de peso normal. Esses homens com excesso de peso apresentam mecanismos de respostas inflamatórias e de produção de moléculas com potencial cancerígeno desregulados. Esses fatores juntos contribuem com o crescimento e a agressividade dos tumores, levando ao aumento do risco de morbidades e mortalidade.
Como esses resultados podem ajudar nos futuros tratamentos contra o câncer de próstata?
Essas conclusões reforçam a associação entre excesso de peso e câncer de próstata agressivo. Portanto, o estudo apoia a implementação de medidas de saúde pública que busquem reduzir a obesidade e a carga de câncer na população, além de contribuir para a conscientização dos médicos quando eles estiverem diante de um paciente diagnosticado com o câncer de próstata e também com obesidade. A redução de peso pode ser oferecida como opções terapêuticas para o câncer.
Alguns dos genes alterados que encontramos em no tecido adiposo da próstata também podem se tornar eventuais alvos terapêuticos, embora muita pesquisa ainda seja necessária para que isso ocorra.

Beber refrigerante todo dia aumenta o risco de câncer de próstata


Estudo descobriu que consumir açúcar de manhã, além de comer muito arroz e massas, também eleva essa chance

Refrigerante: Consumo diário é fator de risco para câncer de próstata, aponta estudo
Refrigerante: Consumo diário é fator de risco para câncer de próstata, aponta estudo (Thinkstock)
Homens que consomem refrigerante ou outra bebida com adição de açúcar todos os dias têm um risco maior de desenvolver câncer de próstata do que aqueles que não ingerem esse tipo de bebida. Essa é a conclusão de um estudo publicado nesta segunda-feira no periódico American Journal of Clinical Nutrition. A pesquisa também concluiu que outros alimentos, como arroz e massa, também elevam essas chances.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Dietary intakes of carbohydrates in relation to prostate cancer risk: a prospective study in the Malmö Diet and Cancer cohort

Onde foi divulgada: revista American Journal of Clinical Nutrition

Quem fez: Isabel Drake, Emily Sonestedt, Bo Gullberg, Peter Wallström e outros

Instituição: Universidade de Lund, Suécia

Dados de amostragem: 8.128 homens de 45 a 73 anos

Resultado: Beber refrigerante e outras bebidas açucaradas todos os dias aumenta o risco de câncer de próstata avançado em 40%. Comer muito arroz e massas, além de consumir açúcar pela manhã, eleva a chance do câncer de próstata benigno
O estudo, desenvolvido na Universidade de Lund, na Suécia, acompanhou mais de 8.000 homens de 45 a 73 anos de idade durante, em média, 15 anos. Nenhum participante tinha câncer de próstata quando a pesquisa começou e todos foram orientados a anotar minuciosamente os alimentos e bebidas que ingeriram ao longo desse tempo. Segundo os resultados, aqueles que consumiam o equivalente a uma lata de 330 mililitros de refrigerante ou outra bebida com açúcar por dia apresentaram um risco 40% maior de desenvolver câncer de próstata avançado do que aqueles que nunca ingeriam a bebida. 
A pesquisa também encontrou uma associação entre o risco da doença e o consumo de açúcar no café da manhã. O hábito, segundo o estudo, eleva em até 38% as chances de um câncer de próstata benigno. Além disso, segundo os resultados, essa chance foi 31% entre aqueles que seguiam uma alimentação rica em arroz e massas.
Para os autores do estudo, pesquisas como essa podem aprofundar os conhecimentos sobre como a dieta é capaz de influenciar no risco de determinadas doenças. Assim, um médico poderia recomendar hábitos alimentares específicos para cada pessoa de acordo com sua predisposição genética a certas doenças.

Dieta rica em fibras previne contra síndrome metabólica


Segundo estudo, focar em alimentos ricos em fibras é mais eficaz do que controlar o consumo de gorduras saturadas

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Síndrome metabólica: dieta rica em fibras pode melhorar fatores de risco desse problema, como colesterol alto e acúmulo de gordura abdominal (Reprodução)
Uma dieta rica em fibras, mas não necessariamente com baixo teor de gorduras saturadas ou de colesterol, está associada a um menor risco de doenças cardíacas e diabetes tipo 2 em adolescentes. É o que concluiu um estudo feito na Universidade do Estado de Michigan e publicado neste mês no Journal of the American Dietetic Association.
Segundo os pesquisadores, o maior consumo de alimentos ricos em fibras e em nutrientes é mais eficaz em reduzir fatores de risco para uma síndrome metabólica. Uma pessoa é considerada com essa síndrome quando apresenta três ou mais dos seus cinco fatores de risco. São eles: pressão alta; níveis elevados de açúcar e gordura no sangue; baixos níveis de bom colesterol (HDL); acúmulo de gordura abdominal.
Por isso, segundo o estudo, uma dieta que busque combater esse problema deve focar mais no aumento do consumo de fibras, nutrientes e vegetais do que na exclusão de alimentos com gorduras saturadas. “Isso não significa, entretanto, que os adolescentes têm carta branca para comerem muita gordura saturada, uma vez que, entre outras coisas, ela aumenta o colesterol ruim (LDL)”, diz Joseph Carlson, coordenador do estudo e professor da Universidade do Estado de Michigan.
A pesquisa - O estudo analisou dados coletados de cerca de 2.100 jovens de 12 a 19 anos que passaram pelo Observatório Nacional de Exames em Saúde e Nutrição dos Estados Unidos entre 1999 e 2002. Os pesquisadores observaram a alimentação dos adolescentes e também se tinham três ou mais fatores de risco para a síndrome metabólica. Ao todo, 70% tinham pelo menos um desses fatores, e 6,4% sofriam da síndrome.
Os pesquisadores observaram que o grupo de jovens que consumia a menor quantidade de fibras apresentou três vezes mais incidência de síndrome metabólica do que aqueles que consumiam mais fibras. Por outro lado, não houve relação significativa com ingestão de gorduras saturadas nem de colesterol.
Maus hábitos - Para Carlson, a grande variedade de alimentos deveria incentivar os adolescentes a comer bem. Mas na prática o que se verifica é o contrário: um estudo recente indicou que mais de 30% de tudo o que um jovem come é composto por bebidas e lanches ricos em açúcar.
Embora a recomendação diária de ingestão de fibra seja de 26 gramas para as meninas e 38 gramas para os meninos, hoje os adolescentes consomem em torno de 13 gramas de fibras. Isso se deve ao fato de comerem muito pouco de frutas, vegetais e grãos.
Esse estudo, de acordo com os pesquisadores, deve estimular os especialistas a encontrarem a melhor maneira de impulsionar uma dieta rica em fibras nos jovens. Se uma pessoa comer três frutas ou vegetais, uma porção de feijão e três porções de algum grão, já terá consumido 30 gramas de fibras no dia. “O segredo está em fazer com que as pessoas encontrem alimentos que gostem e também que sejam convenientes para elas”, explica Carlson.
Obesidade no Brasil - Segundo dados do IBGE, no Brasil, 5,9% dos meninos e 4% das meninas entre 10 e 19 anos são obesos. O sobrepeso atinge 21,7% dos garotos e 19,4% das garotas dessa idade.

Alimentos ricos em fibras podem barrar o avanço do câncer de próstata



Pesquisa feita com roedores observou que nutriente é capaz de impedir que tumor obtenha energia necessária para crescer

Barrinha de cereal
Barrinha de cereal é uma dos alimentos que contém fibras: nutriente pode ser aliado no combate ao câncer de próstata(Thinkstock)
Uma dieta rica em fibras, com alto consumo de alimentos integrais, frutas, verduras, legumes e cereais, pode ajudar a barrar o avanço do câncer de próstata em homens que apresentam a doença ainda em estágios mais precoces. Ao menos foi o que constataram pesquisadores da Universidade de Colorado, nos Estados Unidos, em um estudo feito com roedores. Segundo os especialistas, o nutriente parece privar as células cancerígenas da energia necessária para a formação de novos vasos sanguíneos, que são responsáveis por fornecer energia ao tumor. Sem energia suficiente, portanto, o tumor é impossibilitado de crescer. O trabalho foi publicado neste mês no periódico Cancer Prevention Research.
Os autores do estudo chegaram a essa conclusão após realizarem testes com camundongos que foram induzidos a apresentar câncer de próstata. Os pesquisadores alimentaram uma parte desses animais com hexafosfato de inositol (IP6), o principal ingrediente ativo de alimentos ricos em fibras. Depois, com base em exames de ressonância magnética, eles monitoraram a progressão dos tumores tanto dos roedores que receberam IP6 quanto dos que não receberam. 
“Os resultados do estudo foram significativos. Vimos que o volume do tumor dos animais alimentados com IP6 foi drasticamente reduzido”, diz Komal Raina, coordenadora da pesquisa. De acordo com Raina, o IP6 provavelmente está associado à ação de uma proteína conhecida como GLUT4, que é fundamental para o transporte de glicose dentro das células. No entanto, mais estudos são necessários para entender de que forma essa relação ocorre.

Queda da testosterona está ligada à recorrência do câncer de próstata



Pesquisadores descobrem que tumor tem maior chance de voltar em homens que apresentam diminuição nos níveis do hormônio após a radioterapia

Exame de câncer de próstata
Câncer de próstata: o aumento nos níveis de PSA no sangue são um dos indicadores de que o tumor ainda está presente no órgão (ThinkStock)
Os homens que apresentam uma queda nos níveis de testosterona após passar por radioterapia para tratar o câncer de próstata têm maiores chances de apresentar mudanças nos níveis de PSA, um dos indicadores que sinalizam a recorrência do tumor. A descoberta foi apresentada nesta segunda-feira no Encontro Anual da Sociedade Americana para Radiação Oncológica.

Saiba mais

TESTOSTERONA
É um hormônio masculino responsável pelo desenvolvimento e manutenção de características típicas dos homens, como voz grossa e pelos por todo o corpo. Está ligada também à libido e à agressividade. É produzida nos testículos. Mulheres também o produzem, nos ovários, mas em quantidades até 30 vezes menores do que os homens.
PSA
PSA é a sigla em inglês para antígeno prostático específico, uma proteína produzida pelas células da próstata e considerada um importante marcador biológico para determinar quais homens precisam de biópsia e quais deles têm menor risco de desenvolver o câncer de próstata. O exame de PSA sozinho, no entanto, não é capaz de fornecer informações suficientes para determinar se o paciente tem ou não a doença.
Os pesquisadores decidiram realizar o estudo porque não havia grandes informações sobre o que acontecia com os níveis de testosterona depois da radioterapia. Eles analisaram os relatórios médicos de 260 homens que receberam o tratamento para o câncer de próstata de 2002 a 2008. Esses pacientes haviam passado tanto pela radioterapia externa, na qual um raio de radiação externo é dirigido à próstata, quanto pela braquiterapia, na qual os médicos inserem fontes de radiação no órgão.
Os cientistas descobriram que os níveis de testosterona tendem a diminuir após ambas as formas de radioterapia. Além disso, os pacientes que experimentaram as maiores quedas no hormônio foram os que tiveram maiores chances de ver um aumento no seu PSA. Mesmo assim, o crescimento do PSA foi relativamente raro entre os pacientes. "Somente 4% dos homens com câncer de próstata de pequeno risco tiveram o aumento do PSA nos cinco anos seguintes ao estudo", disse Jeffrey Martin, médico do Centro Fox Chase de Câncer e autor do estudo.
Em teoria, no futuro os médicos poderão usar os níveis de testosterona para tomar decisões referentes ao tratamento dos pacientes. "Para homens que tiveram uma queda nos níveis da testosterona, os médicos podem decidir intervir antes com outras medicações, ou acompanhar seus testes de PSA mais de perto para perceber a recorrência num momento anterior", afirma Martin.
Segundo os pesquisadores, a descoberta é surpreendente uma vez que se acreditava que a testosterona era capaz de ajudar no crescimento do câncer de próstata. Em alguns casos mais avançados da doença, os pacientes recebem uma terapia hormonal que tenta diminuir a testosterona no sangue.
Segundo Martin, o estudo é muito pequeno e ainda precisa ser validado em grupos maiores de homens antes que os médicos comecem a basear os tratamentos em seus resultados. "Ainda não sabemos o que isso significa. A relação entre os níveis de testosterona após a radioterapia e o prognóstico da doença precisa ser mais estudada. Até lá, é prematuro dizer que os pacientes devem consultar os médicos sobre o assunto”, afirma o pesquisador.