sábado, 3 de novembro de 2012

Consumo moderado de cerveja melhora a saúde de mulheres


Estudo mostra que dois copos ao dia geram ações antioxidantes e anti-inflamatórias, além de ajudar na reposição de estrogênio durante a menopausa.


A ingestão moderada de cerveja é comparada ao consumo de água no processo de hidratação
Foto: Divulgação
A ingestão moderada de cerveja é comparada ao consumo de água no processo de hidrataçãoDIVULGAÇÃO
RIO - O consumo moderado de cerveja beneficia a saúde das mulheres. A tese foi defendida no IV Simpósio Internacional de Cerveja, realizado esta semana em Madri, na Espanha. O estudo foi liderado pelo médico Tirso Perez, chefe de ginecologia do Hospital Puerta de Hierro, e mostra que dois copos ao dia geram ações antioxidantes, anti-inflamatórias na fase adulta, reposição de estrogênio durante a menopausa e até a redução dos riscos de hipertensão na terceira idade. O trabalho também demonstra que a cerveja sem álcool faz bem à saúde das gestantes por conter ácido fólico, nutriente que evita a má formação do tubo neural do embrião.
Já um trabalho apresentado por Lina Badimón, diretora da cadeira de pesquisas cardiovasculares da Universidade Autônoma de Barcelona, mostra que o consumo moderado de cerveja pode reduzir a cicatriz no coração provocada por um infarto agudo do miocárdio em homens e mulheres, além de possibilitar uma melhora no funcionamento do órgão após o ataque cardíaco.
Para a pesquisa, durante 21 dias os pesquisadores submeteram quatro grupos de porcos a uma dieta hipercalórica e, posteriormente, induziram os animais a um infarto. Os estudiosos, então, ofereceram doses de cerveja com álcool para dois deles por 31 dias consecutivos. Depois do procedimento, repararam uma melhora significativa nas condições dos corações dos animais em comparação aos dos outros grupos.
— Nosso objetivo foi investigar se haviam efeitos cardioprotetores proporcionados pelo consumo moderado de cerveja. Utilizamos as mesmas metodologias que são tradicionalmente aplicadas para pesquisas cardiovasculares. A conclusão nos surpreendeu — conta Lina.
Não foram registradas mudanças no peso ou no tamanho do coração durante o processo. Não houve também incremento da massa corporal dos animais que participaram da experiência. O trabalho, porém, mostrou melhora na quantidade e qualidade de colesterol bom, o que confirma estudos anteriores que apontavam conclusões semelhantes.
Quem também tem boas notícias são os esportistas. Apresentado no simpósio, estudo de Manuel Castillo Garzon, doutor em fisiologia médica do esporte pela Universidade de Granada, demonstra que a ingestão moderada da cerveja é comparada ao consumo de água no processo de hidratação. Além destas características, a bebida tem nutrientes que ajudam na recuperação do metabolismo, como sódio e potássio.
Para colaborar com as teorias, a médica Gema Fruhbeck, presidente da Sociedade Europeia para Estudo da Obesidade, defendeu a tese de que o consumo moderado de cerveja pode ser parte de uma dieta saudável graças aos compostos nutritivos. A doutora lembra que o consumo de bebidas fermentadas faz parte da dieta mediterrânea, considerada patrimônio da humanidade pela Unesco.

Musculação vira remédio para idoso combater doenças


Pacientes com osteoporose e artrose, antes orientados pelo médicos a praticar exercícios leves, agora são estimulados a malhar na academia.

Exercícios físicos se tornaram tão importantes quanto os remédios no tratamento de doenças como osteoporose, osteoartrose e artrite reumatoide. Não à toa, estima-se que a frequência de pessoas com mais de 60 anos nas academias de ginástica tenha aumentado cerca de seis vezes nos últimos dez anos.

Melhora. Antonio Carlos Amabile recorreu à musculação após uma cirurgia do fêmur - Filipe Araújo/AE
Filipe Araújo/AE
Melhora. Antonio Carlos Amabile recorreu à musculação após uma cirurgia do fêmur 
De olho nesse filão, muitos estabelecimentos têm feito parcerias com consultórios médicos e oferecido descontos e atividades específicas para os idosos por eles encaminhados. Surgiram até academias especializadas nesse público, com equipe médica própria e instalações adaptadas a quem tem mobilidade reduzida (mais informações nesta página).
O boom teve início após a comprovação, no início da década passada, de que exercícios com sobrecarga são capazes de impedir o avanço da osteoporose, conta Kleber Pereira, presidente da Associação Brasileira de Academias (Acad). "Os médicos passaram a recomendar a musculação para os idosos, que hoje representam quase 30% de nossos alunos."
Estudos recentes têm demonstrado os benefícios da musculação para outro problema que atinge quase 60% das pessoas com mais de 60 anos: a osteoartrose. Caracterizada pelo desgaste das articulações, a doença causa dor e restringe os movimentos.
Mitos. "Até pouco tempo atrás, pacientes com artrose recebiam a recomendação de praticar apenas atividades leves e evitar carregar peso ou subir escadas", conta Julia Greve, coordenadora do Laboratório de Estudos do Movimento (LEM) da Faculdade de Medicina da USP.
Mas hoje já se sabe que o fortalecimento da musculatura reduz a sobrecarga na articulação, diminui a dor e recupera a amplitude dos movimentos.
Outro mito que vem sendo derrubado por uma pesquisa realizada no LEM é o de que idosos não respondem tão bem aos exercícios quanto pessoas jovens.
A equipe coordenada por Julia acompanhou três grupos de mulheres ao longo de 13 semanas de musculação. O primeiro era composto por idosas com osteoartrose nos dois joelhos que já haviam se submetido a cirurgia para colocação de prótese em um deles. O segundo era de idosas sem problemas articulares e o terceiro, jovens saudáveis.
Quatro quesitos foram avaliados antes e depois das 13 semanas: a distância caminhada durante 6 minutos, a velocidade com que subiam um lance de escada, o tempo gasto para levantar e sentar em uma cadeira e o tempo para levantar da posição deitada. Em todos eles, o grupo de mulheres com problemas articulares foi o que mais evoluiu. Também esse grupo foi o que mais conseguiu aumentar a sobrecarga durante o período avaliado e melhorar o equilíbrio.
A história do aposentado Antonio Carlos Amabile, de 72 anos, é prova de que, independentemente da idade e da condição inicial, sempre é possível melhorar com a prática de atividade física. Em 1999, ele teve de passar por uma cirurgia para retirar a cabeça do fêmur por causa de um abcesso. "Os médicos acharam melhor não colocar prótese por causa da diabete. Ficaram com medo de rejeição", conta. Após dois anos de fisioterapia, ele teve o aval da equipe para praticar musculação.
"No começo, chegava à academia de andador e tinha de fazer os exercícios sem peso. Aos poucos fui recuperando tudo. Hoje subo e desço escadas com facilidade. Sou independente, embora ainda tenha de usar bengala."
Amabile sente-se em casa no meio dos marombeiros e das garotas de coxas grossas. É tão popular entre os colegas que acabou se tornando garoto propaganda da rede de academias Nível A. "A parte social é importantíssima. Deixa a gente estimulado. Sinto falta quando não venho."
Kokichi Takano, de 76 anos, é outro que já incorporou a malhação na rotina. Quatro vezes por semana, ele dedica duas horas para exercício de musculação, alongamento e esteira. Aos fins de semana, vai ao Parque do Ibirapuera caminhar. "Comecei a treinar com regularidade aos 70 anos. Sofria de artrose e tinha muita dor no nervo ciático. Agora não sinto mais nada", garante.
Treino ideal. 
Fabio Jennings, reumatologista e especialista em medicina esportiva da Universidade Federal de São Paulo, diz que o treino ideal para idosos deve incluir exercícios aeróbicos, para ajudar no controle do peso corporal, fortalecimento muscular e alongamento, para melhorar a flexibilidade. "Também é importante acrescentar atividades que trabalhem o equilíbrio. Isso diminui o risco de quedas e, consequentemente, de fraturas."
Nem sempre, porém, pessoas com problemas nas articulações conseguem atingir essa meta logo de início. "Muitas vezes começamos apenas com a musculação e, depois que a dor diminui, entramos com a caminhada e exercícios de alongamento", conta o professor de educação física Emmanuel Gomes Ciolac.
O segredo da atividade física em pacientes com problemas de saúde é saber o que fazer, como fazer, com qual carga e intensidade, diz Julia Greve. "É uma prescrição individualizada. Como a de um medicamento."
SAIBA MAIS
Osteoporose
Exercícios de musculação e de impacto, como corrida, estimulam a formação de massa óssea e impedem a progressão da doença. A dor também diminui porque a atividade física estimula a produção da substância osteoprotegerina, que protege os ossos.
Corrida
Embora benéfica para a massa óssea, é contraindicada para pessoas com osteoartrose de joelhos. A pressão nas articulações causada pelo peso corporal aumenta cerca de cinco vezes durante a corrida.
Musculação
O fortalecimento da musculatura diminui a sobrecarga e estabiliza as articulações, diminuindo a dor e facilitando os movimentos. Os exercícios também estimulam a produção do líquido sinovial, essencial para o bom funcionamento do sistema locomotor.

Equilíbrio
A prática regular de exercícios também melhora o equilíbrio e a coordenação motora, diminuindo o risco de quedas e de fraturas. 


Mulheres com diabetes são mais sexualmente insatisfeitas



Essas pacientes relatam enfrentar problemas relacionados ao sexo com maior frequência do que aquelas que não têm a doença

Mulher faz exame de diabetes
Mulher faz exame de diabetes: doença prejudica vida sexual, diz estudo (Jeffrey Hamilton/Getty Images)
Segundo uma pesquisa feita nos Estados Unidos, mulheres adultas que sofrem de diabetes estão menos satisfeitas com sua vida sexual do que aquelas que não têm a doença. No entanto, segundo os autores do estudo, que foi publicado na edição deste mês do periódico Obstetrics & Gynecology, isso não quer dizer que essas pacientes não se interessam pelo sexo, mas sim que elas enfrentam problemas sexuais com maior frequência.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Diabetes Mellitus and Sexual Function in Middle-Aged and Older Women

Onde foi divulgada: periódico Obstetrics & Gynecology

Quem fez: Kelli Copeland, Jeanette Brown, Assiamira Ferrara, Alison Huang e outros

Instituição: Universidade da Califórnia, San Francisco, Estados Unidos

Dados de amostragem: 2.300 mulheres de 40 a 80 anos de idade

Resultado: 33% das mulheres com diabetes dzem estar moderadamente ou muito insatisfeitas com sua vida sexual. Esse índice é de 25% entre aquelas que não têm a doença. Pacientes com diabetes relatam enfrentar com mais frequencia problemas como dificuldades de orgasmo e lubrificação
O coordenador do trabalho e pesquisador da Universidade da Califórnia, San Francisco, Alison Huang, explica que a relação entre diabetes e vida sexual é mais estudada sob o ponto de vista do homem. Estudos anteriores mostraram que a doença aumenta os riscos de pessoas do sexo masculino enfrentarem problemas sexuais, principalmente a impotência. A influência da síndrome entre as mulheres, especialmente as mais velhas, porém, é pouco conhecida.
Com base em questionários respondidos por aproximadamente 2.300 mulheres de 40 a 80 anos de idade, os pesquisadores descobriram que cerca de uma em cada três pacientes diagnosticadas com diabetes se dizia moderadamente ou muito sexualmente insatisfeita. Por outro lado, apenas uma em cada quatro participantes que não apresentavam a doença afirmou o mesmo. Essa diferença foi semelhante mesmo depois de os autores ajustarem os resultados em relação a outros fatores, como idade, raça, estado civil e peso. Entre os problemas sexuais relatados pelas participantes, os mais prevalentes foram os associados ao orgasmo e à lubrificação.
Para Huang, o fato de viver com uma doença crônica por si só já pode ser um fator que complica a vida sexual da mulher. No entanto, mais pesquisas devem ser feitas para que seja encontrada uma explicação para a associação entre diabetes e insatisfação sexual.

Menopausa não provoca aumento de peso, mas sim de gordura abdominal



Alterações hormonais estão ligadas ao armazenamento de gordura nos quadris e na cintura, e não ao aumento de peso

Mulher pesando balança
Mulheres não podem culpar a menopausa pelo ganho de peso, mas sim pelo maior acúmulo de gordura na cintura(Creatas)
Ao contrário do que muitos acreditam, a menopausa não causa um aumento de peso, mas sim da gordura acumulada em torno da cintura, concluiu um estudo feito por especialistas da Sociedade Internacional da Menopausa (IMS, sigla em inglês). De acordo com a pesquisa, as alterações hormonais que ocorrem com a menopausa, ou seja, a queda dos níveis de estrogênio, alteram a forma como o corpo armazena gordura nos quadris e na cintura.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Understanding weight gain at menopause

Onde foi divulgada: revista Climacteric

Quem fez: Susan Davis, Camil Castelo Branco, P. Chedraui, M. A. Lumsden, R. E. Nappi, D. Shah e P. Villaseca

Instituição: Universidade de Monash, na Austrália

Dados de amostragem: revisão de estudos sobre o tema realizados entre 1966 e 2012

Resultado: a menopausa não causa um aumento de peso, mas sim da gordura acumulada em torno da cintura.
O estudo foi publicado nesta semana no periódico Climacteric em ocasião da proximidade com o Dia Internacional da Menopausa, que ocorre em 18 de outubro. Os resultados do trabalho sugerem que a crença de que a menopausa necessariamente provoca o ganho de peso é falsa.
"Na realidade, isso é apenas uma consequência dos fatores ambientais e do envelhecimento. Mas não há dúvida de que o aumento da massa abdominal do qual muitas mulheres se queixam na menopausa é real", diz Susan Davis, professora da Universidade de Monash, na Austrália, e uma das autoras da pesquisa.
As conclusões da pesquisa são baseadas em uma revisão de estudos sobre o tema realizados entre 1966 e 2012. Segundo esses trabalhos, as mulheres ganham, em média, 0,5 quilo por ano a partir dos 50 anos, mas apresentam um rápido aumento da gordura abdominal no terceiro ano depois da menopausa. As mesmas mudanças são observadas entre as mulheres de diferentes regiões do mundo.
O acúmulo de gordura abdominal, porém, também representa riscos à saúde, como o aumento do risco de diabetes e especialmente de doenças cardiovasculares, principal causa de morte entre as mulheres na pós-menopausa. "As mulheres devem controlar seu peso antes que ele se converta num problema, e se não se preocuparem com isso antes da menopausa, devem fazê-lo quando esse período chegar, ou seja, cuidando da alimentação e praticando atividade física", recomendou o presidente da IMS, Tobie de Villiers.

Duas em três crianças obesas já têm ao menos um fator de risco para doenças do coração



Pesquisa também mostrou que mais da metade desses jovens apresentam pressão alta ou níveis elevados de colesterol 'ruim' no sangue

Durante a consulta, pediatras devem alertar os pais sobre o ganho indevido de peso de seus filhos
Fatores de risco para problemas cardíacos atingem duas em cada três crianças obesas (ThinkStock)
Duas em cada três crianças obesas já apresentam ao menos um fator de risco para doenças cardíacas — como pressão alta e níveis elevados de colesterol no sangue. É o que indicou um novo estudo feito na Universidade de Amsterdã, Holanda, e divulgado no periódico Archives of Disease in Childhood, uma publicação do British Medical Journal (BMJ).
De acordo com os autores, embora a taxa de obesidade infantil esteja crescendo em todo o mundo, foram realizadas poucas pesquisas sobre as doenças associadas ao excesso de peso entre as crianças. Nesse trabalho, os especialistas se basearam em dados da Unidade de Vigilância Pediátrica da Holanda registrados entre 2005 e 2007 e em relatos de médicos do país sobre fatores de risco para problemas cardiovasculares apresentados por pacientes de dois a 18 anos de idade.
Ao todo, 500 jovens com obesidade foram analisados e, desses, 307 tinham obesidade severa — que foi considerada pela pesquisa como um índice de massa corporal (IMC) maior do que 20, 30 e 35 para jovens de dois, 12 e 18 anos de idade, respectivamente (calcule aqui o seu IMC). De acordo com os resultados, 56% dos participantes tinham pressão alta e 54% apresentavam altos níveis de colesterol ‘ruim’ no sangue. Os autores dizem que é urgente a definição de diretrizes sobre diagnóstico precoce da obesidade infantil e das doenças associadas a ela.
 

Cientistas americanos encontram gene que pode relacionar Alzheimer e diabetes



O novo estudo indica que um gene já conhecido e relacionado ao Alzheimer afeta a produção e processamento da insulina

A Alzheimer acontece quando placas da proteína amilóide se depositam no cérebro do indivíduo
A Alzheimer acontece quando placas da proteína amilóide se depositam no cérebro do indivíduo(Photoresearchers/Photoresearcher)
A relação entre Alzheimer e diabetes já é conhecida por médicos e especialistas, mas novas pesquisas tentam explicar de que forma essas doenças estão ligadas. Um estudo desenvolvido por cientistas americanos, publicado na edição de junho na revista Genetics, indica que um gene relacionado ao Alzheimer também afeta o processo de produção e processamento da insulina.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da City College de Nova York, que estudou genes da proteína amiloide em vermes Caenorhabditis elegans. Eles escolheram esse verme porque ele replica perfeitamente a proteína amiloide humana.

Saiba mais

DEMÊNCIA
A demência é causada por uma variedade de doenças no cérebro que afetam a memória, o pensamento, o comportamento e a habilidade de realizar atividades cotidianas. O Alzheimer é a causa mais comum de demência e corresponde a cerca de 70% dos casos. Os sintomas mais comuns são: perda de memória, confusão, irritabilidade e agressividade, alterações de humor e falhas de linguagem.
DIABETES 2
Enquanto a diabetes tipo 1 ocorre pela falta da produção de insulina, na do tipo 2 a insulina continua a ser produzida normalmente, mas o organismo desenvolve resistência ao hormônio. É causada por uma mistura de fatores genéticos e pelo estilo de vida: 80% a 90% das pessoas que têm o tipo 2 da diabetes são obesas.
O Alzheimer é a causa mais comum de demência. Existem medicamentos que podem desacelerar o processo da doença, mas nenhum que possa interromper completamente seu progresso. Já se sabia que o gene relacionado à proteína amiloide tem alguma relação com Alzheimer: a descoberta de placas dessa proteína no cérebro após a morte, é um indicativo da doença. A novidade agora é a relação desses genes com o caminho da insulina, eles afetam seu processo de produção e processamento.
A relação entre diabetes tipo 2 e Alzheimer foi percebida há sete anos. Nesse tipo de diabetes, comum em idosos e obesos, o organismo se torna resistente à insulina, ou seja, as células não conseguem responder ao hormônio. Evidências clínicas indicam que pacientes com Alzheimer têm neurônios mais resistentes à insulina e que pessoas com diabetes tipo 2 são mais propensas a desenvolver o Alzheimer. Os autores reforçam que são necessários estudos adicionais com humanos para se compreender melhor a relação entre as duas doenças.

Substância encontrada na casca da maçã pode ajudar a combater obesidade, diz estudo



Camundongos que receberam suplementos do composto ganharam menos peso e apresentaram menos problemas associados ao excesso de peso

Pessoas na sessão de frutas de um supermercado na China
Maçã: Casca da fruta pode ser aliada no combate às doenças relacionadas à obesidade (ChinaFotoPress/Getty Images)
Uma substância encontrada em grandes quantidades na casca da maçã pode ter um efeito protetor contra a obesidade e os problemas de saúde que a síndrome provoca, como diabetes e hipertensão. Em testes realizados com camundongos, pesquisadores da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, observaram que o composto, chamado ácido ursólico, reduz o ganho de peso e evita o surgimento de doenças hepáticas. O estudo foi publicado nesta quarta-feira no periódico PLoS One.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Ursolic Acid Increases Skeletal Muscle and Brown Fat and Decreases Diet-Induced Obesity, Glucose Intolerance and Fatty Liver Disease

Onde foi divulgada: periódico PLoS One

Quem fez: Steven Kunkel, Christopher Elmore, Kale Bongers, Scott Ebert, Daniel Fox, Michael Dyle, Steven Bullard e Christopher Adams

Instituição: Universidade de Iowa, Estados Unidos

Resultado: Camundongos que seguiram uma dieta calórica e que receberam suplementos de ácido ursólico, substância encontrada na casca da maçã, ganharam menos peso do que animais que não receberam o suplemento. Eles também apresentaram níveis normais de açúcar no sangue e não desenvolveram doença hepática gordurosa
Segundo os autores do estudo, o ácido ursólico aumentou a massa muscular e a quantidade de gordura marrom dos camundongos — dois tecidos conhecidos por ajudar na queima de calorias. O nosso tecido adiposo é constituído por dois tipos de gordura: a branca e a marrom — esta última, por liberar energia excedente do corpo, e não acumulá-la, é considerada uma possível aliada contra obesidade e outras doenças relacionadas ao problema.
Nesse estudo, os camundongos seguiram uma dieta altamente calórica e rica em gordura ao longo de oito semanas, sendo que metade dos animais também recebeu suplementos de ácido ursólico. Os pesquisadores observaram, ao final da pesquisa, que esses camundongos apresentaram um peso menor do que os outros, níveis normais de açúcar na corrente sanguínea e não desenvolveram doença hepática gordurosa, uma condição comum associada à obesidade.
Segundo Cristopher Adams, que coordenou a pesquisa, os próximos estudos de sua equipe deverão observar a quantidade exata de gordura marrom que o ácido ursólico é capaz de aumentar e se esse benefício também pode ser obtido por camundongos quem não têm sobrepeso. “E, mais importante, queremos descobrir se o tratamento com ácido ursólico pode ajudar pacientes humanos”, diz.

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GORDURA MARROM
O tecido adiposo marrom, também chamado de gordura "boa", é abundante em recém-nascidos e em crianças até a puberdade. Sua principal função é manter a temperatura do corpo. Ao transformar a gordura corporal em calor, esse tecido libera a energia excedente, em vez de acumulá-la.

Pesquisas buscam novas armas contra o Alzheimer

Fundação americana que já financiou dois vencedores do Nobel de Medicina investe 3,6 milhões de dólares em 22 estudos da doença

Elida Oliveira
Alzheimer
Fundação libera recursos em pesquisas que identifiquem mecanismos de impedir desenvolvimento da doença ou tratá-la. Sistema que inclui imagem de ressonância magnética é uma das apostas (Thinkstock)
Uma fundação americana anunciou neste mês que vai subsidiar 22 novas pesquisas sobre a doença de Alzheimer. A Ahaf (fundação americana de assistência à saúde, na sigla em inglês) vai liberar 3,6 milhões de dólares para os pesquisadores investigarem meios de fazer o diagnóstico precoce do Alzheimer, novos medicamentos para prevenir ou retardar a doença e ainda novos alvos para as drogas já existentes. Cada pesquisa contemplada vai receber entre 150 mil a 300 mil dólares.
O Alzheimer é uma doença silenciosa, que ainda está longe de ter uma cura. Por isso, é alvo constante de novas pesquisas. O maior desafio contra o Alzheimer é a própria dinâmica da doença, que ocorre de maneira muito lenta.
“Isso significa que, para testar novas drogas, é necessário implantar testes clínicos muito longos, envolvendo muitas pessoas. Isso demanda grandes investimentos para as empresas farmacêuticas e elas não vão colocar os milhões de dólares necessários em um estudo se não puderem recuperar o investimento”, diz Stacy Pagos Haller, presidente da fundação, que já financiou os estudos de dois ganhadores do Nobel de Medicina, Stanley Prusiner (1997) e Paul Greengard (2000). “Por isso precisamos desenvolver, com a máxima precisão, novas tecnologias de diagnóstico e monitoramento. Isso pode diminuir o período necessário para os testes clínicos, tornando-os mais rápidos e baratos. Nosso objetivo é fomentar a maior quantidade possível de pesquisas para chegarmos lá.”
Um dos projetos que acabou de receber financiamento da Ahaf vai tentar encontrar meios de diagnosticar a doença ainda nos primeiros sintomas. Outro vai examinar o dano que as proteínas tau causam no neurônio ao se espalharem pelas células – uma alteração nessa proteína foi recentemente associada à ocorrência de Alzheimer.
Outro estudo pretende testar uma droga, usada contra a diabetes, para ver se ela apresenta resultado no tratamento de Alzheimer. Pesquisas anteriores já associaram o desenvolvimento da diabetes à perda da capacidade cognitiva. Caso esta linha de estudo tenha sucesso, a aplicação prática será bem mais rápida se comparado ao tempo que seria preciso se ele tivesse que ser desenvolvido desde o início.
Conheça abaixo algumas das pesquisas que serão financiadas pela fundação:

Legumes ajudam diabéticos a controlar glicose no sangue



Estudo mostra que, aliado a uma alimentação com baixa carga glicêmica, esses alimentos também reduzem a pressão arterial e diminuem o risco de doença coronariana

Legumes, como vagem, ervilhas, feijão e grão-de-bico, podem ser aliados dos diabéticos
Legumes, como vagem, ervilhas, feijão e grão-de-bico, podem ser aliados dos diabéticos (Thinkstock)
dieta de baixa carga glicêmica — que evita o consumo de alimentos que aumentam rapidamente os níveis de açúcar no sangue, como carboidratos processados, batatas e pão branco — é frequentemente recomendada a pacientes que sofrem de diabetes tipo 2 como forma de ajudá-los a controlar a taxa de glicose no sangue. Um novo estudo da Universidade de Toronto, no Canadá, mostrou que aumentar o consumo de legumes pode promover um benefício ainda maior em relação ao controle do açúcar no sangue e também na redução do risco de doença coronariana.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Effect of Legumes as Part of a Low Glycemic Index Diet on Glycemic Control and Cardiovascular Risk Factors in Type 2 Diabetes Mellitus

Onde foi divulgada: revista Archieves of Internal Medicine

Quem fez: David Jenkins, Cyril Kendall, Livia Augustin, Sandra Mitchell, Sandhya Sahye-Pudaruth, Sonia Blanco Mejia e outros

Instituição: Universidade de Toronto, Canadá

Dados de amostragem: 121 pacientes com diabetes tipo 2

Resultado: Dieta com baixa carga glicêmica e alto consumo de legumes é melhor para controlar glicose no sangue e reduzir a pressão arterial do que a mesma dieta, mas com alto consumo de fibras
Essas conclusões, publicadas nesta terça-feira na revista Archieves of Internal Medicine, basearam-se nos dados de 121 pacientes com diabetes tipo 2. Parte deles seguiu uma alimentação com baixa carga glicêmica e com um alto consumo de legumes — os participantes foram orientados a ingerir ao menos 190 gramas, ou uma xícara de chá, desses alimentos ao dia. O restante dos pacientes também seguiu uma dieta com baixa carga glicêmica, mas eles foram incentivados a aumentar a ingestão diária de fibras por meio de ingredientes integrais.
Durante três meses, a equipe de pesquisadores observou que, em comparação com o grupo dos alimentos ricos em fibra, os pacientes que ingeriram mais legumes apresentaram um melhor controle da glicose no sangue e uma maior redução da pressão arterial, embora todos os participantes tenham demonstrado uma melhora nesses quadros.
“Em conclusão, a dieta com baixa carga glicêmica aliada a um maior consumo de legumes é melhor para reduzir fatores de risco que podem levar a uma doença coronariana”, escreveram os autores no artigo. Para os pesquisadores, esses resultados podem incentivar autoridades de saúde a promover campanhas que mostrem os benefícios do consumo de legumes. 

Saiba mais

DIETA COM BAIXA CARGA GLICÊMICA
Evita alimentos que aumentam rapidamente as taxas de açúcar no sangue, como carboidratos processados, açúcar branco, frutas em calda enlatadas, farinha branca, batatas e pães, por exemplo. Dá preferência a alimentos integrais, ricos em fibras. As calorias totais são distribuídas da seguinte forma: 40% de carboidratos; 40% de gordura; e 20% de proteína.
DIABETES TIPO 2
Enquanto a diabetes tipo 1 ocorre pela falta da produção de insulina, na do tipo 2 a insulina continua a ser produzida normalmente, mas o organismo desenvolve resistência ao hormônio. É causada por uma mistura de fatores genéticos e pelo estilo de vida: 80% a 90% das pessoas que têm o tipo 2 da diabetes são obesas.
DOENÇA CORONARIANA
Também chamada de coronariopatia, é uma frequente doença cardiovascular na qual o transporte que leva o sangue ao músculo cardíaco está bloqueado parcial ou completamente. É provocada pelo depósito de colesterol e outras gorduras nas paredes das artérias coronárias. Embora atinja os dois sexos, acomete os homens em geral dez anos mais cedo e, geralmente, acomete as mulheres após a menopausa. Idade avançada, pertencer ao sexo masculino, e ter histórico familiar na doença na família são alguns dos fatores de risco do problema, que também envolvem hábitos de vida, como tabagismo, má alimentação, sedentarismo e obesidade.

Pré-diabete também deve ser tratada



Por Felipe Oda
São Paulo - O risco de apresentar diabete do tipo 2 cai pela metade para indivíduos tratados ainda na fase pré-diabética, em que estão mais propensos a desenvolver a doença. Essa é a conclusão de um estudo divulgado pela revista científica The Lancet e apresentado no 72º Encontro Científico da Associação Americana de Diabete, nos EUA, que termina nesta terça-feira.

"Esse resultado reforça uma mudança no padrão de atendimento para o tratamento precoce e agressivo de redução de glicose em pacientes com risco de diabete", disse uma das autoras do estudo, a médica Leigh Perreault, da Universidade do Colorado, nos EUA. Os especialistas brasileiros concordam: o pré-diabete deveria ser tratado com mais rigor.

Um indivíduo é considerado pré-diabético no Brasil quando sua taxa de glicose no sangue está ligeiramente alta, entre 100 e 125 mg/dl, mas ainda não se encontra tão elevada quanto no caso dos diabéticos. A taxa ideal é de até 90 mg/dl. "A alta incidência nacional do pré-diabete reforça a necessidade de controle da glicemia", afirmou o endocrinologista Balduino Tschiedel, presidente da SBD. Ele lembra que todo paciente com diabete do tipo 2 passou pelo quadro de pré-diabete.

Na pesquisa norte-americana, os 1.990 pré-diabéticos analisados foram divididos em três grupos: o primeiro recebeu remédios, o segundo ingeriu placebo e o terceiro alterou hábitos alimentares e passou a se exercitar - foi a equipe 3, que promoveu mudanças comportamentais, a que obteve os melhores resultados no controle da glicemia. Esses participantes tiveram uma redução de 56% na taxa de açúcar no sangue, e com isso, diminuíram o risco de desenvolver diabete nos sete anos seguintes.

Histórico familiar, excesso de peso, sedentarismo e pressão alta são alguns indícios de que o organismo pode estar com dificuldades "para quebrar as moléculas de glicose", lembrou Tschiedel. "O perigo é que o pré-diabete já é um fator de risco para doenças cardiovasculares."

Controle nutricional e 30 minutos diários de exercícios ajudam a controlar o nível de açúcar no sangue. "Como o pré-diabete é um 'alerta' do organismo, a pessoa deve alterar o estilo de vida. É simples e eficaz", disse Tschiedel. 

Remédio contra diabetes é nova arma contra Alzheimer



Pesquisa brasileira revela que o exenatida, medicamento recentemente aprovado contra o diabetes tipo 2, é capaz de combater os sintomas do Alzheimer em cultura de laboratório e camundongos

Placas amiloides bloqueiam e matam neurônios do cérebro em pacientes com Alzheimer.
O Alzheimer é uma doença degenerativa que ataca os neurônios de pacientes. Pesquisadores brasileiros perceberam semelhanças entre o diabetes e o Alzheimer e descobriram que um medicamento usado para tratar o diabetes combate alguns sintomas do Alzheimer em culturas de laboratório e camundongos (Thinkstock)
Cientistas brasileiros descobriram que o exenatida, um medicamento recentemente aprovado para combater o diabetes tipo 2, poderá ser usado para tratar sintomas de Alzheimer. A substância foi capaz de prevenir o desenvolvimento da doença em neurônios cultivados em laboratório e proteger o cérebro de camundongos. O trabalho, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi publicado nesta segunda-feira no periódico americano The Journal of Clinical Investigation.

Na pesquisa, o grupo de bioquímica da UFRJ mostrou que o aumento da resistência à insulina nos tecidos muscular e adiposo em diabéticos também se manifesta no cérebro de pacientes com Alzheimer. É por isso que um remédio usado para combater o diabetes tipo 2 se mostrou promissor para o tratamento de sintomas da doença degenerativa.

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OLIGÔMEROO cérebro humano produz uma pequena proteína, chamada peptídio beta-amiloide. Em um paciente com Alzheimer, por razões ainda não claras, os níveis dessa proteína são elevados. Por causa disso, ela sofre uma reação de aglomeração formando pequenas bolinhas, chamadas oligômeros. Os oligômeros atacam as sinapses, os pontos de contato entre os neurônios, causando a perda de memória, por exemplo.
Resistência — A relação entre diabetes tipo 2 e Alzheimer foi percebida há sete anos. Nesse tipo de diabetes, comum em idosos e obesos, o organismo se torna resistente à insulina, ou seja, as células não conseguem responder ao hormônio. Evidências clínicas indicam que pacientes com Alzheimer têm neurônios mais resistentes à insulina e que pessoas com diabetes tipo 2 são mais propensas a desenvolver o Alzheimer.

Isso acontece porque a doença cerebral causa um tipo diferente de diabetes que afeta especificamente os neurônios. Como no cérebro a insulina tem papel importante na formação das lembranças, a resistência à insulina prejudica a memória. O quadro é causado pela ação de substâncias tóxicas no cérebro, chamadas de oligômeros. Elas aumentam em quantidade com a idade do paciente e provocam a perda de funções neurais.

Substância tóxica — Os pesquisadores brasileiros realizaram um extenso estudo mostrando o aumento da resistência à insulina em culturas de neurônios que foram expostas aos oligômeros. O mesmo processo foi aplicado em camundongos geneticamente modificados para exibirem características semelhantes às do Alzheimer e em um novo modelo, desenvolvido pelo próprio grupo, baseado em experimentos com primatas não humanos.

Depois, ao tratar as culturas de neurônios e os camundongos geneticamente modificados com a droga exenatida (medicamento que estimula a ação da insulina nas células), os pesquisadores descobriram que o efeito tóxico dos oligômeros foi bloqueado. A droga usada para diabetes conseguiu também reverter os danos à memória nos camundongos testados.

"O efeito protetor das drogas no cérebro é muito importante, pois esses camundongos modificados desenvolvem sintomas parecidos com os do Alzheimer", disse Sérgio Ferreira, coautor do estudo. "A medicação foi capaz não apenas de prevenir, mas também reverter os danos numa etapa mais avançada da doença nas cobaias” disse.

Diabetes contribui para piora da capacidade cognitiva em idosos, aponta estudo



Pesquisadores observaram que declínio de memória e raciocínio é mais rápido entre pessoas com a doença

Função cognitiva: mulhers que vivem em vizinhanças mais pobres têm habilidades como memória, atenção e percepção diminuídas
Função cognitiva: ter diabetes pode contribuir para que piora da cognição seja maior (Thinkstock)
O comprometimento da cognição, ou seja, a piora da memória, do raciocínio, da percepção e de outros processos mentais, que ocorre naturalmente conforme a idade avança, pode ser maior se um idoso sofrer de diabetes. Essa é a conclusão de um novo estudo publicado na edição deste mês do periódico Archives of Neurology e desenvolvido na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

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COGNIÇÃO
Conjunto de processos mentais usados no pensamento, na percepção, na classificação, no reconhecimento, na memória, no juízo, na imaginação e na linguagem. O comprometimento cognitivo é uma das características mais importantes da demência, como na doença de Alzheimer
Essa pesquisa acompanhou, durante dez anos, 3.069 idosos com idade média de 74 anos. Ao longo do estudo, eles responderam a questionários e realizaram testes que avaliaram a capacidade cognitiva de cada um. Os pesquisadores observaram que os indivíduos que já sofriam de diabetes no início do trabalho foram aqueles que tiveram os piores resultados nas avaliações de memória, raciocínio e outros aspectos da cognição. Além disso, esses participantes demonstraram as maiores taxas de declínio da capacidade cognitiva ao longo da pesquisa.
Segundo os autores do estudo, embora algumas pesquisas já tenham apontado para a relação entre diabetes, declínio cognitivo e risco de demências, como a doença de Alzheimer, pouco se sabe sobre as consequências da doença entre idosos. “Esse trabalho suporta a ideia de que idosos com diabetes têm reduzida sua capacidade cognitiva de maneira mais intensa, e que a falta de controle da glicose na corrente sanguínea contribui para esse quadro”, afirmam os pesquisadores no artigo.

Comer muito rápido aumenta risco de diabetes tipo 2 em até 2,5 vezes



Segundo estudo, o hábito também está relacionado a um maior IMC e menor nível de escolaridade

Homem comendo hamburguer
Comer rápido demais aumenta chances obesidade e também de diabetes tipo 2 (Getty Images)
Comer rápido pode aumentar em até 2,5 vezes o risco de uma pessoa desenvolver diabetes tipo 2, segundo pesquisa apresentada nesta segunda-feira no Congresso Internacional de Endocrinologia, em Florença, Itália. A velocidade com que uma pessoa ingere os alimentos já foi associada a outros problemas de saúde, como a obesidade, mas essa é a primeira vez  que esse fator aparece diretamente relacionado ao desenvolvimento de uma doença.

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DIABETES TIPO 2
Enquanto a diabetes tipo 1 ocorre pela falta da produção de insulina, na do tipo 2 a insulina continua a ser produzida normalmente, mas o organismo desenvolve resistência ao hormônio. É causada por uma mistura de fatores genéticos e pelo estilo de vida: 80% a 90% das pessoas que têm o tipo 2 da diabetes são obesas.
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade Lituânia de Ciências da Saúde compararam 234 pessoas que haviam sido diagnosticadas recentemente com diabetes tipo 2 com outros 468 indivíduos que não tinham a doença. Todos os participantes responderam a um questionário sobre fatores de risco para diabetes, hábitos alimentares e peso e medidas do corpo. A velocidade com que eles comiam também foi avaliada, e classificada em lenta, normal ou rápida.
Após ajustarem os resultados para outros fatores relacionados à diabetes, como histórico familiar, atividade física e tabagismo, os autores concluíram que aqueles que comiam mais rapidamente apresentaram 2,5 vezes mais chance terem diabetes tipo 2 do que as pessoas que demoravam mais para se alimentar. Os pesquisadores também entenderam que o hábito de comer mais rápido está associado a um maior índice de massa corporal (IMC) e a um menor nível de escolaridade.
“A prevalência de diabetes tipo 2 está aumentando globalmente e pode se tornar uma pandemia mundial. A doença parece envolver uma interação entre fatores genéticos e ambientais. É importante identificar quais são os fatores de risco modificáveis”, diz Lina Radzeviciene, uma das autoras do estudo. De acordo com a pesquisadora, sua equipe pretende realizar mais estudos que ajudem a compreender como outros hábitos alimentares e estilo de vida contribuem para a diabetes.

Na quantidade certa, queijo e iogurte reduzem o risco de diabetes tipo 2



Consumir o equivalente a 55 gramas de cada alimento pode evitar o surgimento da doença. Outros laticínios, porém, não surtem o mesmo efeito protetor

Queijo
Queijo: alimento, assim como iogurte, pode reduzir risco de diabetes (Creatas Images/Thinkstock)
Segundo um time de pesquisadores europeus, comer queijo e beber iogurte pode reduzir o risco de uma pessoa ter diabetes tipo 2. No entanto, o restante dos laticínios não oferece o mesmo benefício, embora não aumente o risco da doença. Essas conclusões fazem parte de um estudo publicado na edição deste mês do periódico The American Journal of Clinical Nutrition.
Os pesquisadores levaram em consideração dados de mais de 16.000 adultos saudáveis e cerca de 12.000 pessoas com diabetes tipo 2, que responderam a questionários sobre hábitos alimentares e estilo de vida. Ao analisar os efeitos dos laticínios sobre o risco da doença, a equipe concluiu que indivíduos que consomem duas fatias de queijo ou meio pote de iogurte ao dia — ou 55 gramas de cada alimento —, em comparação com aqueles que ingerem menos que isso, têm um risco até 12% menor de terem diabetes. A pesquisa não especificou quais tipos de queijo são melhores para a diminuição desse risco.
De acordo com os autores do estudo, que fazem parte de instituições como a Universidade de Utrecht, na Holanda, embora o queijo tenha gorduras saturadas, ele também contém gorduras que fazem bem à saúde. Por isso, é ideal que não seja consumido em quantidades exageradas. Além disso, os iogurtes possuem bactérias probióticas, microorganismos ‘do bem’ que ajudam no bom funcionamento do organismo e que estão associados a um menor risco de problemas cardiovasculares, o que pode ajudar a compreender o efeito protetor observado pela pesquisa.
Tempero saudável — Outro estudo publicado neste mês também estabeleceu uma relação entre alimentos e um menor risco de diabetes tipo 2. Dessa vez, pesquisadores tailandeses, após acompanharem 240 adultos com predisposição à doença, concluíram que a curcumina, um composto presente no tempero curry, pode evitar o surgimento de diabetes em um indivíduo com alto risco do problema. O trabalho foi divulgado no periódico Diabetes Care.

'A perda de peso isolada não controla o diabetes'



Ricardo Cohen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, afirma que a cirurgia ajuda no controle da doença e não deve ser recomendada somente a pacientes obesos

Vivian Carrer Elias
Diabetes: Cirurgia bariátrica ajuda a manter a doença sobre controle, apontam pesquisas
Diabetes: Cirurgia bariátrica ajuda a manter a doença sobre controle, apontam pesquisas (Thinkstock)
Atualmente, no Brasil, a cirurgia bariátrica é recomendada apenas a pacientes obesos que tenham um índice de massa corporal (IMC) maior do que 35. Além de ser eficaz para ajudar um paciente a emagrecer, esse procedimento pode ter efeitos positivos sobre o diabetes tipo 2, segundo indicaram alguns estudos, inclusive um brasileiro. Por esse motivo, médicos de todo o mundo discutem e defendem que o peso de um paciente diabético não deve determinar se ele pode ser operado. Em vez disso, os profissionais deveriam avaliar se esse indivíduo se enquadra em outros critérios, como resistência à insulina e histórico na família de casos graves e mortais da doença.
Ricardo Cohen, médico cirurgião do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), endossa essa nova visão. Coordenador da pesquisa brasileira que apontou para os benefícios da cirurgia bariátrica sobre o diabetes, seu estudo mostrou que pacientes com um IMC de 30 a 35 passaram a ter diabetes sob controle após serem submetidos à cirurgia bariátrica — dado que justificaria que o limite do procedimento, em casos da doença, fosse reduzido.
No entanto, para Cohen, mesmo que essa diminuição ocorresse, o peso não deveria ser o fator decisivo na hora de um médico recomendar a cirurgia bariátrica a um portador de diabetes. "Se um paciente diabético tivesse apenas sobrepeso (IMC entre 25 e 30), mas se enquadrasse nos critérios que indicam a necessidade da operação, ele poderia passar pelo procedimento, na minha opinião. Já há evidências suficientes para afirmar isso", disse o médico em entrevista ao site de VEJA.
A afirmação de Cohen vai ao encontro de uma pesquisa recentemente divulgada pelo The New England Journal of Medicine (NEJM). Os pesquisadores selecionaram pacientes obesos livres de diabetes e concluíram que a cirurgia bariátrica reduz em até quatro vezes o risco de a doença aparecer ao longo de 15 anos. Esse estudo também indicou que medir os níveis de açúcar no sangue de um indivíduo antes de ele realizar a cirurgia bariátrica é a melhor maneira de prever se ele apresentará risco de desenvolver diabetes, e que olhar para o seu IMC, por outro lado, não é eficaz nesse sentido. 
Segundo Cohen, uma das coisas que os médicos que pensam como ele vêm tentando comprovar é que a cirurgia bariátrica em si - e não somente o fato de o paciente emagrecer após o procedimento - é que promove os efeitos positivos sobre o diabetes. Uma prova disso foi o que aconteceu com o The look AHEAD: Action for health in diabetes, estudo do Instituto Nacional de Saúde (NIH, sigla em inglês) dos Estados Unidos. A pesquisa, uma das maiores e mais caras feitas sobre a doença, selecionou mais de 5.000 pessoas diabéticas para avaliar se uma dieta com restrição calórica aliada a atividade física é capaz de manter o problema sob controle. Os pacientes emagreceram, mas não obtiveram melhora alguma em relação à doença, segundo informou o próprio NIH em uma nota divulgada em 19 de outubro deste ano. Por isso, a pesquisa foi interrompida alguns anos antes do que o previsto.
A cirurgia bariátrica é a única forma de controlar o diabetes? Não. Ela pode ser a mais eficaz, mas não é a única, uma vez que os medicamentos estão cada vez melhores e capazes de reduzir a mortalidade por causas associadas à doença. Ela é, contudo, a única forma de redução de peso que altera a evolução do diabetes. Ou seja, não é somente a perda de peso que é importante, mas sim a ação direta da própria cirurgia. Antes suspeitávamos disso, mas agora, com o caso do estudo do NHI, temos certeza: a perda de peso isolada não traz vantagem contra o diabetes.
Por que a perda de peso não é fundamental para tratar o diabetes? Emagrecer é um efeito secundário, ou colateral, da cirurgia bariátrica. Acreditamos que, com essa operação, uma série de alterações ocorra no organismo e leve ao controle da doença. Por exemplo, o desvio do intestino faz com que a resistência à insulina diminua de forma imediata, antes mesmo de dar tempo de o paciente perder peso. O procedimento também aumenta a sensibilidade à insulina. Isso está provado em estudos com animais, não é somente uma constatação clínica.
Na opinião do senhor, quando um paciente diabético deveria ser submetido à cirurgia bariátrica? Hoje em dia, a indicação é a pessoas com IMC maior do que 35 e que não tenham respondido ao tratamento clínico, com remédios. Porém, queremos mostrar que o IMC não deve ser o ponto fundamental para essa indicação, já que ele não reflete prognóstico e gravidade do diabetes. Portanto, uma pessoa diabética, para receber a cirurgia, deveria se enquadrar em critérios como quantidade de gordura dentro do abdome, gravidade da resistência à insulina, quantidade da própria insulina, presença de doenças cardiovasculares ou de fatores de risco, como triglicérides e colesterol altos, casos na família de pessoas que tiveram diabetes grave ou que morreram em decorrência da doença e resposta a tratamentos clínicos.
Então mesmo um indivíduo apenas com sobrepeso, caso se enquadre nesses critérios, também poderia ser operado? Sim, já há evidências suficientes para afirmarmos isso. No caso das pessoas com peso normal é diferente, pois é muito raro que elas se encaixem nesses critérios. Mas é importante lembrar que tirar o IMC do centro dos critérios para cirurgia bariátrica não significa que queremos operar todo mundo, muito pelo contrário. Os critérios devem ser muito rigorosos se, um dia, passarem a ser aplicados na prática.
Os riscos de uma cirurgia valem a pena na hora de tratar diabetes? Sim, pois o diabetes representa muito mais riscos do que a operação. Estimamos que um diabético tem 50 vezes mais chances de morrer do que um paciente submetido à cirurgia. As doenças cardiovasculares relacionadas ao diabetes são as causas de 40% das mortes que ocorrem todos os anos. Por outro lado, o risco de alguém morrer em uma cirurgia bariátrica é de 0,15% — o mesmo do que em uma operação de vesícula.