terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Como a idade faz o nosso cérebro florescer.


A ciência conseguiu identificar a base neurológica da sabedoria. A partir da meia idade as pessoas podem até esquecer nomes, mas tornam-se, acredite, mais inteligentes.

Marcela Buscato, com Bruno Segadilha e Teresa Perosa
Ilustração: Alexandre Lucas


A partir de um certo momento da vida, que, para a grande maioria de nós, começa depois do aniversário de 40 anos, a grande questão neurológica se resume a uma pergunta: aonde diabos foram parar todos os nomes que eu esqueço? No início, desaparece o nome de uma atriz famosa. Depois, some o nome dos filmes que ela fez. Mais adiante, você não consegue achar no mar de neurônios o nome do famoso marido dela, muito menos o do outro ator, manjadíssimo, com quem ela contracenou em seu trabalho mais célebre. A débâcle ocorre no almoço de domingo em que você se percebe, diante da cara divertida de seus filhos, tentando explicar: “Aquele filme, com aquela atriz australiana, casada com aquele outro ator...”.

Essa, você já sabe – ou vai descobrir dentro de algumas décadas –, é a parte chata de um cérebro que bateu na meia-idade. Ela vem junto com muitas piadas e uma dose elevada de ansiedade em relação ao futuro. O que você não sabe, mas vai descobrir nas próximas páginas, é que existe outro lado, inteiramente positivo, das transformações cerebrais trazidas pelo tempo. “Conforme envelhecemos, o cérebro se reorganiza e passa a agir e pensar de maneira diferente. Essa reestruturação nos torna mais inteligentes, calmos e felizes”, diz a americana Barbara Strauch, autora deO melhor cérebro da sua vida. O livro, recém-lançado no Brasil pela editora Zahar, reúne argumentos que fazem a ideia de envelhecer – sobretudo do ponto de vista intelectual – bem menos assustadora do que costuma ser.

Editora de saúde do jornal The New York Times, um dos mais influentes dos Estados Unidos, Barbara resolveu investigar o que estava acontecendo com seu cérebro. Aos 56 anos, estava cansada de passar pela vergonha de encontrar um conhecido, lembrar o que haviam comido na última vez em que jantaram juntos, mas não ter a mínima ideia de como se chamava o cidadão. Queria entender por que se pegava parada em frente a um armário sem saber o que tinha ido buscar. Barbara não entendia como o mesmo cérebro que lhe causava lapsos de memória tão evidentes decidira, nos últimos tempos, presenteá-la com habilidades de raciocínio igualmente surpreendentes. Ela sentia que, simplesmente, “sabia das coisas”, mas, ao mesmo tempo, se exasperava com a quantidade imensa de nomes e referências que pareciam estar sumindo na neblina da memória. Como pode ser?
A capacidade de manter informações enraizadas em nossa 
mente não sofre dano algum com a passagem do tempo

É provável que essa mesma pergunta já tenha passado pela cabeça de muitos que chegaram aos 40 anos rumo às fronteiras da meia-idade, um período cada vez mais dilatado em que podemos passar um tempo enorme de nossa existência. Com o aumento da expectativa de vida, a fase intermediária da vida, entre os 40 e os 68 anos, tornou-se uma espécie de apogeu. Nesses anos é possível aliar o vigor reminiscente da juventude à sabedoria da velhice que se insinua – desde que se saiba identificar, e abraçar, as mudanças que acometem o cérebro maduro. Ele já não é o mesmo que costumava ser. Mas as mudanças o transformaram num instrumento melhor. “Para o ignorante, a velhice é o inverno; para o sábio, é a estação de colheita”, diz o Talmude.

A jornalista Marília Gabriela, considerada a melhor entrevistadora do país, é especialista nas delícias e nos suplícios de um cérebro de meia-idade: “Eu não sei se é a idade ou se é o excesso de informações, mas eu esqueço o que as pessoas me dizem”. Aos 63 anos, Gabi, como é mais conhecida, pode até se esquecer de detalhes de conversas, mas mantém o raciocínio afiado para encurralar políticos e celebridades nos três programas apresentados por ela semanalmente. “Hoje, sou capaz de fazer análises rápidas sobre aspectos que as pessoas nem precisam me explicar”, afirma. “Leio nas entrelinhas, pego pelo olhar.”
Fotos: Victor Affaro/ÉPOCA
A nova ciência do envelhecimento, retratada por Barbara em seu livro, conseguiu decifrar o caráter das mudanças por trás dessas percepções aparentemente contraditórias. Os pesquisadores aproveitaram a popularização das técnicas de ressonância magnética – nos últimos 15 anos, o número de estudos aumentou dez vezes – para flagrar o cérebro em pleno funcionamento. Eles descobriram que, sim, há um desgaste natural das células nervosas como se pensava. Mas ele é localizado e circunscrito, assim como seus prejuízos à mente.

Um estudo feito pela equipe do neurocientista americano John Morrison, da Escola de Medicina Monte Sinai, em Nova York, analisou o que acontece com alguns pequenos botões localizados no corpo dos neurônios. Eles ajudam a captar as informações. Os cientistas descobriram que apenas um tipo desses botões sofre com o envelhecimento. São os menores, envolvidos no processamento de novas informações – onde parei o carro, onde estão as chaves ou como chama a nova namorada do meu amigo? Quase 50% desses receptores perdem a atividade. Mas outro tipo, encarregado de lembrar de grandes acontecimentos e de informações enraizadas em nossa mente, como habilidades profissionais, não sofre dano algum.

Se alguns neurônios podem ser danificados pelo tempo, há outros – até mesmo regiões inteiras do cérebro – que passam a funcionar melhor. “O raciocínio complexo, usado para analisar uma situação e encontrar soluções, é aprimorado”, diz o psiquiatra americano Gary Small, diretor do Centro de Envelhecimento da Universidade da Califórnia em Los Angeles.

Aos 49 anos, o artista plástico Vik Muniz está no auge de sua carreira. O sucesso, claro, é consequência da carreira produtiva iniciada aos 20 anos. Mas as habilidades aprimoradas por seu cérebro ao longo dos anos também têm seu quinhão de influência sobre o sucesso recente. Em 2008, foi o primeiro brasileiro a organizar uma mostra no museu de arte moderna de Nova York, o MoMa. Em 2007, começou o projeto Fotografias do Lixo no Jardim Gramacho, uma comunidade de catadores de lixo no Rio de Janeiro. Muniz recriou os personagens que encontrou e produziu algumas de suas mais belas obras. O processo de trabalho foi filmado e virou o documentário Lixo extraordinário, que concorreu ao Oscar da categoria neste ano. “Agora, sou uma pessoa mais focada e objetiva. Vou diretamente aos assuntos, não tenho tempo a perder”, diz Muniz. “Em poucos minutos de conversa já sei, por exemplo, com quem conseguirei desenvolver uma relação mais íntima.”
Fotos: André Arruda /ÉPOCA
Um casal de pesquisadores comprovou o que Barbara, Gabi e Muniz sentem na prática. Os psicólogos americanos Warner Schaie e Sherry Willis, professores da Universidade de Washington, criaram em 1956 um projeto de pesquisa para acompanhar o desenvolvimento de 6 mil voluntários durante décadas. Esse tipo de estudo é o mais preciso que existe, uma vez que permite aos cientistas avaliar quanto uma pessoa amadureceu emocionalmente e quais habilidades cognitivas aprimorou.

A cada sete anos, Warner e Sherry submetiam os voluntários a uma bateria de testes de inteligência. Eles tinham de responder a questões que mediam a habilidade verbal (encontrar sinônimos para uma palavra), a memória verbal (lembrar palavras lidas em uma lista), a orientação espacial (virar símbolos e objetos), a capacidade de resolver problemas (completar sequências lógicas) e a habilidade numérica (problemas de adição e subtração).

Entre os 40 e os 60 anos, as habilidades verbal 
e de resolução de problemas melhoram muito

A compilação de anos de estudo mostrou que os voluntários tiveram melhor desempenho em três habilidades – verbal, espacial e resolução de problemas – entre os 1940 anos e 1960 anos. Após esse período, havia um declínio nítido na pontuação dos voluntários. Mas cada pessoa apresentava um declínio maior em uma ou duas habilidades, nunca em todas as cinco.

No auge da vida
Pesquisadores acompanharam 6 mil voluntários por 50 anos. Descobriram que habilidades associadas à inteligência chegam ao ápice na meia-idade
   Reprodução
Fontes: Schaie, K. W. & Zanjani, F. (2006). Intellectual development across adulthood, In c. Hoare (Ed.), Oxford handbook of adult development and learning. (pp. 99-122) New York: Oxford University Press




































As transformações do cérebro que explicam a melhora das habilidades cognitivas durante a meia-idade estão entre as descobertas mais interessantes da ciência nos últimos tempos. Elas revelam as origens biológicas da sabedoria trazida pela maturidade. Os cientistas descobriram que a facilidade para raciocínios complexos pode ser explicada por mudanças físicas no cérebro. A camada de mielina, um tipo de gordura que reveste as células nervosas e faz com que as informações viagem mais rápido, aumenta progressivamente com o passar dos anos e atinge seu pico por volta dos 50 anos. “No começo da vida, os circuitos motores e os encarregados pela fala recebem a maior parte da mielina”, diz o neurologista George Bartzokis, pesquisador da Universidade da Califórnia, responsável pela descoberta. “À medida que envelhecemos, os circuitos que permitem analisar contextos e que nos fazem ficar mais espertos são os que recebem mais mielina.”

Os pesquisadores também descobriram que, conforme envelhecemos, mudamos o padrão de ativação cerebral. Isso significa que acionamos áreas diferentes das usadas anteriormente para fazer as mesmas tarefas. A região frontal do cérebro, encarregada da racionalidade, passa a concentrar a maior parte das atividades. A área posterior da cabeça, onde estão algumas das estruturas ligadas a nossas respostas emocionais, é acionada com menos frequência. Outra mudança significativa: para realizar a mesma tarefa de adultos jovens (de até 30 anos), os mais velhos usam mais áreas do cérebro. Em vez de usar regiões de apenas uma metade do cérebro, passam a usar as duas. Os cientistas ainda não estão certos sobre o que essas mudanças representam. Há duas possibilidades. A primeira, menos agradável, é que o cérebro esteja ficando velho a ponto de não reconhecer mais as áreas encarregadas de cada atividade. A segunda hipótese é mais reconfortante: o cérebro pode, sim, estar ficando velho. Mas, ao redirecionar funções para áreas diferentes e para mais regiões, dá mostras de que é capaz de se adaptar e manter seu bom funcionamento.

“Não sabemos qual das duas hipóteses é verdadeira”, diz a neurocientista Cheryl Grady, pesquisadora da Universidade de Toronto, no Canadá, e uma das primeiras a notar mudanças no padrão de ativação. “Provavelmente, as duas estão certas. Para algumas tarefas, o cérebro pode perder a precisão. Para outras, pode usar mecanismos compensatórios.”
É irresistível pensar que, talvez, a superativação do cérebro, representada pelo uso simultâneo de várias áreas, possa estar por trás das melhoras de raciocínio relatadas por quem está na meia-idade – e comprovadas pelos pesquisadores. Os cientistas descobriram que um sistema muito especial do cérebro, formado por circuitos localizados em camadas profundas do órgão, está constantemente ativado nos adultos de meia-idade. O sistema, chamado de modo- padrão, é usado nos momentos de reflexão, quando pensamos sobre o que aconteceu recentemente, fazemos balanços e traçamos planos para nós mesmos. Os pesquisadores concluíram que os adultos simplesmente não conseguem desligar o modo-padrão, algo que os jovens fazem quando estão envolvidos em uma tarefa. Os adultos, mesmo quando estão concentrados, continuam o bate-papo interno com eles mesmos.

“O modo-padrão do cérebro ainda é um completo mistério”, diz a neurocientista Patricia Reuter-Lorenz, pesquisadora da Universidade de Michigan. Estar em constante reflexão pode nos tornar distraídos, mas também pode ajudar a ter boas ideias. Isso explicaria por que adultos de meia-idade têm o raciocínio afiado, embora não lembrem onde puseram a carteira.

O cérebro de meia-idade pode ganhar habilidades surpreendentes conforme envelhecemos, mas isso não acontece com todos. Os cientistas perceberam que só os adultos que sempre tiveram hábitos saudáveis e vida intelectual ativa apresentaram a superativação. Há indícios de que a prática frequente de exercícios físicos promove o nascimento de novos neurônios em uma região do cérebro associada à memória. E atividades que desafiam o cérebro, como aprender uma nova língua ou até mesmo exercícios de memória, evitam que áreas do cérebro “enferrugem”. É como se essas atividades criassem uma reserva de neurônios que pode ser usada pelo cérebro quando ele entra em declínio. “Se a pessoa conseguiu criar uma boa reserva, é provável que tenha mais mecanismos para suprir deficiências causadas pelo envelhecimento”, diz o neurologista Ivan Okamoto, pesquisador do Instituto da Memória da Universidade Federal de São Paulo.
Adultos que têm hábitos saudáveis e mente ativa 
mostram cérebro de alto desempenho na meia-idade

Há poucos anos, a meia-idade costumava ser considerada uma fase de crises, desencadeadas pela percepção dos primeiros lapsos de memória. Eles seriam sinal inequívoco da aproximação da velhice e, consequentemente, da morte. A percepção da brevidade da vida despertaria um conjunto de comportamentos chamado pelo psicólogo canadense Elliott Jaques de crise da meia-idade – sim, a famosa. Entre os sintomas descritos por Jaques no artigo de 1965 que deu origem ao termo estão “preocupação doentia com a saúde e a aparência”, “promiscuidade sexual” e “ausência de verdadeiro prazer em viver”. Esse tipo de comportamento pode ser facilmente encontrado entre pessoas de meia-idade, mas o conceito não tem base científica.

Jaques propôs sua teoria ao analisar casos de artistas que teriam mudado o estilo de suas obras após os 40 anos – um grupo pequeno e específico demais. Um dos estudos mais abrangentes a averiguar o nível de bem-estar nessa fase da vida mostrou que a maioria das pessoas se diz mais feliz do que antes. Segundo levantamento com 8 mil americanos da Fundação MacArthur, instituição privada de fomento à pesquisa nos Estados Unidos, apenas 5% dos entrevistados apresentavam reclamações. E, mesmo entre esses, a maioria já enfrentara problemas semelhantes em outras épocas – o que isentaria a culpa da meia-idade.

Aos 52 anos, o físico Marcelo Gleiser, professor do Dartmouth College, nos Estados Unidos, diz ter encontrado serenidade, e não angústia. “Quando você fica mais velho, torna-se mais calmo e seguro”, afirma. Ele diz ser capaz de escolher desafios com mais critério, para concentrar tempo e energia em problemas que possa resolver. “Conhecer os próprios limites dá paz de espírito.” Os estudos de neurociência sugerem que essa pacificação interior também está relacionada a alterações do cérebro. A equipe da psicóloga Mara Mather, da Universidade do Sul da Califórnia, mostrou imagens tristes e repulsivas a voluntários maduros e a jovens. Concluiu que nos mais velhos a área do cérebro responsável pelas emoções reagia menos às figuras negativas. Concluiu que era um sistema de proteção. O cérebro parecia escolher dar menos atenção ao lado ruim da vida. Há nisso mais inteligência e sabedoria do que um cérebro jovem talvez seja capaz de perceber.
Fotos: André Arruda /ÉPOCA

reprodução/Revista Época

Os hábitos que fazem bem ao cérebro.


O que você pode fazer para manter a habilidade do raciocínio em alta a vida toda

Estudos recentes sugerem que o desempenho do cérebro melhora conforme envelhecemos. Algumas habilidades, como o capacidade de resolver problemas, atingem o seu ápice entre os 40 e 60 anos. A boa nova, porém, vem acompanhada de um aviso: para manter os circuitos em pleno funcionamento com o passar dos anos, é necessário tomar precauções e colocar o corpo e a mente para funcionar.

Atividades físicas
Desde que os pesquisadores descobriram que os neurônios continuam a nascer durante toda a vida, ainda na década de 1980, o foco das pesquisas se voltou para descobrir quais fatores estimulariam a geração dessas novas células. Os cientistas descobriram que quanto mais sangue circular pelo cérebro, maior o número de novas neurônios. E uma ótima maneira de aumentar o fluxo sanguíneo é praticar exercícios.

Os estudos mais recentes sugerem que a atividade física estimula o desenvolvimento de novos neurônios em uma região do cérebro responsável pela memória, o hipocampo. O efeito se dá especificamente em uma pequena área do hipocampo, chamada de giro dentado. Outras regiões cerebrais, ligadas à cognição e ao raciocínio, também se beneficiam com atividades físicas. O neurocientista Art Kramer, da Universidade de Illinois, monitorou um grupo de pessoas com mais de 60 anos que praticou exercícios regularmente durante seis meses. O grupo teve um aumento do volume cerebral em áreas do lobo frontal, região importante para o raciocínio, e do corpo caloso, área que une as duas metades do cérebro. Pesquisas anteriores sugerem que, quando essa região sofre deterioração com o passar dos anos, a velocidade do raciocínio é prejudicada.

Não é preciso se tornar um atleta de triatlo para cuidar do cérebro. Caminhar trinta minutos, três vezes por semana já tem seus efeitos, dizem os especialistas.

Alimentação 
A ciência ainda está começando a desvendar se - e como - a alimentação pode ajudar a manter o bom desempenho do cérebro. O que se sabe até o momento é que certos nutrientes podem chegar, sim, até o cérebro e afetar seu funcionamento, e que doenças crônicas ligadas à obesidade, como o diabetes, podem aumentar o risco de doenças neurodegenerativas, como o Mal de Alzheimer.

Os estudos na área estão direcionados para a ação de agentes anti-inflamatórios e anti-oxidantes (substâncias que impedem o acúmulo de moléculas nas células, que podem causar erros de funcionamento). Um experimento feito em animais pela pesquisadora Barbara Shukitt-Hale, da Universidade de Tufts, nos Estados Unidos, sugere que anti-oxidantes encontrados no morango, uva e derivados, espinafre e, principalmente, no mirtilo, (fruta comum na Europa) adiaram danos à memória e a funções motoras. No estudo, os ratos mais velhos, que já apresentavam declínio cognitivo, foram alimentados com extrato de mirtilo e morango. Os animais tiveram um desempenho melhor nos testes que mediram habilidades cognitivas e motores. E quando os pesquisadores analisaram o cérebro dos animais, perceberam que havia menos moléculas que podem causar erros de funcionamento nas células. “Nosso estudo mostrou que esses agentes antioxidantes têm efeito direto no cérebro, aumentando a produção de neurônios e de ligações entre essas células”, diz Barbara.

Ginástica Cerebral
Até a Nintendo, com o seu Brain Age, entrou no mercado dos games de ginástica cerebral, que prometem deixar a mente mais afiada e retardar os efeitos da idade. Nenhum desses jogos apresentou provas científicas do seu funcionamento, mas o surgimento desse nicho de consumo deixa a dúvida: é possível, por meio de estímulos direcionados, “treinar” nosso cérebro? Sudoku e palavra cruzada ajudam? Podemos exercitar nossa mente para resistir aos efeitos do envelhecimento? É o que os neurocientistas buscam descobrir no momento.

Estímulos à concentração e desvio de foco para treinar o cérebro parecem ter efeitos positivos. Um estudo conduzido na Universidade de Columbia pelo neurocientista Yaakov Stern usou um jogo chamado Fortaleza Espacial, que induz seus jogadores a se concentrar em tarefas distintas. Os resultados iniciais do estudo sugerem que treinar a concentração em uma tarefa, enquanto outras são realizadas ao mesmo tempo, melhora o desempenho em testes cognitivos.

Para Ivan Okamoto, pesquisador do Instituto da Memória da Universidade Federal de São Paulo, devemos apostar em atividades estimulantes em vez de investir em exercícios destinados apenas a melhorar o desempenho cognitivo. “A complexidade da tarefa é que vai fornecer mais dados, mais habilidades, tanto motoras quanto sensoriais e sensitivas”, diz Okamoto. “Melhor do fazer palavras cruzadas, é aprender uma língua estrangeira. Melhor do que jogar xadrez é navegar no computador”. O importante é viver em um ambiente estimulante e procurar sempre adquirir novas habilidades, seja um novo idioma ou aprender a tocar um instrumento. O relacionamento com a família e os amigos é outra maneira de estimular o cérebro. “Isso mantém a atividade intelectual e emocional”, diz Okamoto.

Chega de enrolar



Novos estudos sugerem que deixar tarefas para depois faz parte do instinto humano. Como evitar esse mau hábito e colocar em prática as resoluções de ano novo.
Marcela Buscato
montagem sobre foto getty images
Janeiro é o mês em que as pessoas costumam traçar planos, reavaliar objetivos e pensar nas coisas que gostariam de mudar em sua vida. Assim como Jano, o deus romano de duas faces que dá nome ao mês de janeiro, nesta época olhamos simultaneamente para o passado e para o futuro, animados pela esperança de recomeçar. Há uma vontade genuína de mudança, mas ela costuma esbarrar, para boa parte das pessoas, numa barreira tão sólida quanto invisível: o hábito de adiar tarefas difíceis ou chatas, deixando-as para amanhã. Ao final de um ano de adiamentos, descobre-se que a vida mudou muito pouco.

Ao contrário do que parece, esse não é apenas um problema seu. Ou apenas de seu filho, que não estuda. Ou da nova garota no trabalho que não cumpre prazos. Empurrar com a barriga é uma tendência universal, profundamente enraizada no comportamento humano. É tão antiga que os romanos já tinham um nome para ela: procrastinar, que significa, literalmente, mover alguma coisa de um dia para o próximo.

Uma pesquisa recente da consultoria Triad PS, de São Paulo, que ouviu mais de 3.500 internautas, sugere que até 70% dos brasileiros postergam a realização de tarefas. Nos Estados Unidos, segundo levantamento do psicólogo americano Joseph Ferrari, pesquisador da Universidade DePaul, pelo menos 20% da população se encaixa na categoria de procrastinadores crônicos - são pessoas que adiam a realização de tarefas compulsivamente, a ponto de atrapalhar a carreira e os relacionamentos pessoais. Mas nem é preciso ir tão longe para esbarrar com as consequências negativas do hábito de deixar tudo para amanhã. Quem nunca perdeu o sono com o acúmulo de coisas atrasadas, que é o resultado invariável da procrastinação? Quem nunca se sentiu culpado depois de uma sessão de quatro horas em frente à TV, quando havia tantas coisas urgentes precisando de atenção? Quem não morreu de raiva de si mesmo por ter adiado, sem justificativa, aquele telefonema importante que, depois, acabou esquecido?

André Valentim/ÉPOCA
A procrastinação deixa de ser apenas mau hábito e se torna um risco quando contamina a vida profissional. Segundo a pesquisa da Triad PS, 64% das pessoas afirmam adiar sistematicamente tarefas no trabalho. Os prejuízos são grandes. O risco mais óbvio é perder o emprego. “Postergar tarefas é típico de gente acomodada, que não busca soluções para os problemas”, diz Sofia Esteves, presidente da consultoria DM RH. “Não há mais espaço nas empresas para profissionais assim.” Outro problema é criar um clima ruim no ambiente de trabalho. “Hoje, os projetos são feitos sobretudo em equipes”, diz Edson Rodriguez, consultor de gestão de pessoas. “Ninguém quer pagar pelos atrasos do colega nem empurrá-lo o tempo todo.” O procrastinador limita seu horizonte profissional. Não aprimora seu trabalho porque faz tudo às pressas e tem medo de enfrentar novos desafios – porque conhece sua limitação. Em um mercado competitivo, vai ficar para trás. “As pessoas que chegam ao topo são as que sabem usar seu tempo”, diz o especialista em gestão de tempo Christian Barbosa, da Triad PS.

A boa notícia para todos nós, que temos alguma dessas manchas no currículo, é que especialistas de áreas tão distintas quanto economia, filosofia e psicologia estão debruçados sobre o tema da procrastinação para nos ajudar a conciliar o pouco tempo de que dispomos com a disposição que em geral nos falta. Uma série de livros recém-lançados ou prestes a chegar às livrarias mostra que é possível dar fim à procrastinação e parar de enrolar (leia o guia abaixo). Sim, existem técnicas para sacudir a preguiça e vencer a tentação de empurrar as tarefas para daqui a pouco. Mas, para conhecê-las, leitor, não deixe a leitura desta reportagem para depois. Esse depois poderá virar nunca!

Fontes: Christian Barbosa e Daniel Burd

Ricardo Jaeger/ÉPOCA
O primeiro passo no processo de vencer a inércia é entender o tamanho do inimigo – que é enorme. O psiquiatra americano George Ainslie, especialista em economia comportamental, trata a procrastinação como o mais básico de todos os impulsos humanos. Ele defende a ideia em um dos capítulos do livro The thief of time (O ladrão do tempo), lançado no ano passado nos Estados Unidos. “Não conseguimos controlar totalmente nossa preferência por adiar esforço e chateação”, afirma Ainslie. O pesquisador da Universidade Temple lembra que não precisamos de qualquer tentação para cair na procrastinação. Outros impulsos – como a fome, as drogas, o apetite sexual, o desejo de comprar – dependem de objetos físicos para que possam ocorrer. Precisam de estímulo. “A procrastinação, não”, diz Ainslie. Ela permeia nossos pensamentos como parte de nossa maneira de pensar. Parece ser uma espécie de software básico: invariavelmente tentamos evitar o que nos dá trabalho. É um instinto. “Sempre parece melhor adiar custos”, afirma Ainslie. Ele diz ser a prova viva do que fala. Apesar de ser um dos maiores especialistas no assunto, não escapa de procrastinar. Para driblar o impulso, se suborna com pequenas recompensas: “Eu me prometi que depois de dar esta entrevista eu posso almoçar.” De recompensa em recompensa, Ainslie tenta entender por que seres humanos adiam tarefas mesmo quando isso os prejudica.
Uma boa explicação para esse paradoxo é que somos muito apegados a nossos hábitos e modos de agir. Organizamos a vida em torno deles, ainda que não sejam práticos ou razoáveis. A historiadora gaúcha Cássia Silveira, de 29 anos, é adepta do “pânico de última hora” para avançar no doutorado. Diz que deixa encaminhados todos os artigos que tem de entregar ou apresentar em congressos. Mas só os finaliza faltando minutos – isso mesmo, minutos – antes do prazo final. “Se eu deixar pronto com antecedência, fico ansiosa. Acho que sempre dá para melhorar”, diz Cássia. Ela garante que a estratégia nunca falhou. “Procrastinar não gera nenhuma consequência negativa para mim, pelo contrário.” Ela conta que durante um congresso ganhou alguns minutos para finalizar sua apresentação no quarto do hotel porque conseguiu que outro palestrante expusesse seu trabalho primeiro. Também garante que conseguiu pegar promoções ao comprar um presente porque deixou para ir ao shopping na última hora. O namorado, sistemático, havia se antecipado nas compras e pagado mais caro.

Procrastinar, para algumas pessoas, torna-se um estilo de vida, quase uma definição de personalidade. É algo que rima com rebeldia, improvisação, desapego. Parece ligado ao mundo dos criativos, em oposição aos chatos e organizados. Mas será mesmo? Quem estuda o assunto de perto constata pouco charme e muita angústia – além de uma série de desvantagens – na vida dos proteladores seriais. A psicóloga canadense Fuschia Sirois, da Universidade de Windsor, constatou que os efeitos de procrastinar se estendem sobre a saúde. Em uma pesquisa com 254 voluntários, aqueles que confessavam procrastinar com maior frequência tinham níveis mais altos de colesterol. Provavelmente porque postergavam as consultas médicas, o início do regime e a ingestão de medicamentos. Exibiam também os maiores níveis de estresse por estarem sempre preocupados com suas pendências. E os prejuízos não param aí. Uma pesquisa do escritório de contabilidade H&RBlock, dos Estados Unidos, concluiu que os americanos recebem multas de US$ 473 milhões ao ano por pagar impostos com atraso – um gasto idiota, que poderia ser evitado. Seria sintoma de burrice, masoquismo ou ambos?

Ainslie, um dos autores de O ladrão do tempo, tem outra explicação. Ele acredita que adiamos tarefas, apesar das consequências negativas, devido à maneira como percebemos o tempo. Parece algo filosófico, mas é uma questão prática. Responda rápido: se alguém lhe oferecer R$ 50 agora ou R$ 100 daqui a dois anos, qual das duas opções você escolheria? Ainslie constatou que a maior parte das pessoas prefere ganhar menos dinheiro, contanto que ele venha rápido. Mas, se a pergunta for escolher entre R$ 50 daqui a quatro anos e R$ 100 dentro de seis anos (exatamente a mesma quantia, mas em um horizonte de tempo diferente), a maioria das pessoas escolhe os R$ 100. Isso sugere que temos dificuldade em avaliar eventos futuros, inclusive nossa capacidade de fazer coisas. Como o compromisso está distante – a prova, a entrega do trabalho, o dia de viajar –, calculamos que vamos fazer lá na frente muito mais do que conseguimos fazer agora. No fundo, acreditamos que teremos – no mês que vem, na semana que vem, amanhã – muito mais energia e disposição do que agora. Porque estaremos mais descansados, teremos mais tempo... Mas o paradoxo embutido nesse tipo de atitude é óbvio: se falta disposição hoje, é pouco provável que ela se materialize amanhã. Afinal, o trabalho continuará igualmente chato e o tempo para realizá-lo terá diminuído. Mas a ansiedade crescerá.

O estudante carioca Bruno Mérola, de 22 anos, se define como uma pessoa de “otimismo exagerado” em relação ao futuro. No começo de cada semestre, ele sempre acha que dará conta de todas as matérias que escolheu na faculdade de engenharia de produção. Na prática, conforme o semestre passa, os trabalhos se acumulam e ele chega a repetir em algumas disciplinas. “Quero fazer tudo ao mesmo tempo”, diz Mérola. Ele conta que senta ao computador para estudar e acaba se perdendo na internet, em pesquisas sobre música e cinema – o mesmo problema de 60% dos entrevistados pela consultoria Triad PS. Mérola diz se incomodar com o próprio comportamento, mas, tipicamente, adia o momento de corrigi-lo. Em outubro de 2008, deixou um recado na comunidade Procrastinadores Crônicos, do Orkut. “Não consigo terminar de ver filmes, ler livros, ir à faculdade, dormir, fazer coisas simples nem coisas importantes”, escreveu. Dois anos depois, ele já procurou ajuda? “Não”, afirma. “É que agora não me incomoda tanto.”

Há outras razões para explicar por que tantas pessoas se comportam como Mérola. Procrastinar pode ser uma maneira de encontrar conforto quando nos deparamos com uma atividade de que não gostamos. Nesses momentos, procuramos algo que nos faça sentir bem, que ofereça satisfação emocional imediata. Nosso cérebro adora esse tipo de gratificação: instantânea, de preferência que não envolva esforço de qualquer espécie. Trata-se de uma coisa profundamente humana, talvez mesmo uma compulsão animal. Os bichos não adiam prazer. Vivem o presente eterno da satisfação dos sentidos. Humanos funcionam de outra forma, mas não inteiramente. “Veja o mecanismo que faz as pessoas engordar”, diz o psicólogo Timothy Pychyl, pesquisador da Universidade Carleton, no Canadá, e autor do blog Don’t Delay (Não Adie). “É bastante óbvio que comer muita gordura e açúcar fará mal. Mas isso é depois”, diz ele. “Na hora, sentir prazer é o que importa.”

Encontrar estratégias que driblem esse mecanismo cerebral é uma forma de escapar da tentação de procrastinar. O segredo parece ser transformar a execução das tarefas mais chatas em algo quase automático, que não demande esforço. “Você tem de entender aquilo de que gosta e usar a seu favor para criar novos hábitos”, diz Pychyl. Ele desfia suas dicas no livro The procrastinator’s digest (Compêndio dos procrastinadores), lançado no ano passado nos Estados Unidos. Ele usa sua paixão por animais para se obrigar a praticar exercícios físicos. “A maneira que encontrei de não desistir das atividades físicas foi ter cães que precisam de passeios diários”, afirma. Quando essa estratégia falha, ele lança mão de um procedimento supostamente mais simples: “se obriga” a fazer aquilo que ameaçou procrastinar. Aliás, “é só começar” resume o mantra dos pesquisadores desse assunto. Eles garantem que, depois de nos engajarmos na tarefa, percebemos que ela não era tão repulsiva quanto pensávamos. Será?

Os procrastinadores crônicos, que são em maior número do que os depressivos, dirão que não é tão simples. Essas pessoas postergam compromissos no trabalho e na vida pessoal sistematicamente. Adotam a procrastinação como modo de vida – com todas as consequências nefastas que isso acarreta. No livro Still procrastinating? (Ainda procrastinando?), lançado em setembro do ano passado, o pesquisador Joseph Ferrari afirma que, para os procrastinadores crônicos, não basta dizer “é só começar”. Seria o mesmo que sugerir para uma pessoa deprimida “alegre-se!”. Primeiro, eles precisam reconhecer que a mania de adiar tarefas e compromissos é um problema, uma vez que muitos camuflam a procrastinação sob o lema “A vida é curta, e eu quero mais é aproveitar”. Um recado de Pychyl para os que pensam assim: “Não há nenhum aspecto positivo no vício de procrastinar. A procrastinação não tem lado bom”.

Como se trata de um comportamento comum, os especialistas têm dificuldade em definir o perfil psicológico dos procrastinadores. Mas já sabem algo sobre os que sofrem da forma mais aguda do problema. Pessoas impulsivas, por exemplo. Elas costumam cair em tentação facilmente e abandonam as tarefas no primeiro contratempo. Aquelas que são perfeccionistas – mas que adotam os padrões de perfeição dos outros e não os seus próprios – também estão entre os procrastinadores frequentes. Elas temem falhar e, para evitar a frustração, preferem adiar a execução da tarefa. É possível que esse comportamento seja reflexo de interação entre aspectos ambientais (como os costumes da família, que servem de modelo) e biológicos. Uma pesquisa realizada no Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos sugere que cada pessoa pode ser programada biologicamente para um nível de procrastinação.

Pedro David/ÉPOCA
Os cientistas desligaram no cérebro de macacos receptores de dopamina, uma substância que entra em ação quando fazemos algo que nos dá prazer. Os animais passaram a cumprir todas as tarefas, sem se importar com que tipo de recompensa recebiam. Mas alguns se esforçavam mais do que os outros – um indício de que, mesmo quando o mecanismo de recompensa está “desligado”, há uma programação que controla a motivação. Ao menos dos macacos.

O que fazer diante dessa aparente conspiração contra o esforço? Organizar-se é um bom começo. Quem acha isso difícil pode usar métodos para aumentar a eficiência pessoal no dia a dia, como o Getting things done – algo como Deixando as coisas prontas. Os iniciados na metodologia o chamam de GTD. O programa foi inventado pelo consultor americano David Allen em 2001 e, desde então, já conseguiu mais de 500 mil seguidores. O princípio do GTD é simples: para não ficar estressado, tire da cabeça as tarefas que você tem de realizar. Crie um diário para reunir seus compromissos, suas contas e pendências. Faça listas de afazeres de acordo com a prioridade. Pode ser num caderno, no computador, no celular. O importante é registrar o compromisso para não ter de pensar nele. “A ideia é não repassar mentalmente, o tempo todo, tudo aquilo que temos para fazer”, diz o consultor paulistano Daniel Burd, certificado para ensinar a metodologia GTD no Brasil. “Aumentamos nossa produtividade quando estamos focados em uma atividade de cada vez.” Uma vez ao dia as informações anotadas no diário têm de ser processadas. É o momento de fazer três perguntas:
1. Posso resolver isso agora? Se a ação for demorar até dois minutos, algo como mandar um e-mail pedindo uma informação, ela deve ser colocada em prática naquele momento. Caso leve mais tempo, vá para a segunda pergunta.
2. Qual é a primeira atitude para dar andamento à tarefa? Se o objetivo é comprar um novo notebook, a primeira ação pode ser fazer uma pesquisa de preços. Definido como começar a cumprir a tarefa, faça a terceira pergunta.
3. Posso incumbir alguém da tarefa? Caso não, confira sua agenda para encontrar um horário para acomodá-la. Uma vez por semana separe alguns minutos para revisar sua lista de pendências e planejar a semana seguinte.
Métodos como o GTD podem ser eficazes, mas exigem disciplina quase militar. Eu mesma, que me considero uma pessoa organizada e já praticava sozinha algumas das técnicas do GTD, sofri para cumprir à risca as diretrizes essenciais do método. O trabalho fluiu maravilhosamente bem. Foi ótimo olhar para minha agenda na tarde de sexta-feira e ver que não havia pendências para a semana seguinte. Mas confesso que me senti pressionada pela lista de afazeres. Provavelmente porque não sou tão disciplinada quanto imagino.

Esse não é o caso do empresário mineiro Bernardo Lobato Fernandes, de 36 anos. Ele prima pela organização e pela eficiência. Já estudou vários métodos de produtividade por conta própria e, agora, está se iniciando no GTD. Fernandes quer aprimorar sua capacidade de resolver as tarefas diárias sem deixar nada passar. Agora está testando integrar o celular ao programa de e-mails e calendário. “Tenho certeza de que a disciplina e a organização me fizeram progredir nos negócios”, diz Fernandes. Aos 18 anos, ele abriu uma agência dos Correios. Aos 23, fundou uma fábrica de matéria-prima para sorvete. Hoje, é o presidente fundador da Globalbev, empresa de produção e distribuição de bebidas com 450 funcionários.

O caso dele ilustra o que já se sabe: disciplina e bom aproveitamento do tempo são elementos essenciais ao sucesso profissional. O problema é que ser tão organizado parece tolher aquilo que há de bom na vida, como tomar um chope com os amigos durante a semana, reservar uma noite ao ócio, dormir até mais tarde na sexta-feira. Quem já tentou sabe que manter a agenda em dia exige sacrifícios. A boa notícia: quem se acostuma com essa rotina garante que sobra tempo para viver. “Quando você tem segurança de que está tudo sob controle, consegue aproveitar o tempo livre sem preocupações”, diz Fernandes. Ele conta que sai no máximo uma noite durante a semana, mas compensa no fim de semana com programação de lazer intensa: “Eu acho que chata é a pessoa que vive estressada por não conseguir cumprir seus prazos”.

O segredo, como em tudo, é encontrar o equilíbrio. A publicitária paulistana Thais Godinho, de 29 anos, era uma organizadora obsessiva. Há três anos, chegou a um ponto crítico. Thais tinha tantas pastas para arquivar listas de afazeres, projetos e contas que não sabia mais consultá-las. As compras de Natal ela fazia em julho. Cobrava-se tanto que vivia estressada. “Quando o planejamento vira perfeccionismo absurdo, a pessoa acaba sem flexibilidade para viver”, diz Christian Barbosa, da Triad PS. “Planejar além da conta pode ser um tiro no pé.” Hoje, Thais diz estar convencida de que a melhor maneira para cumprir suas tarefas é simplificar. Ela mantém uma agenda em que anota seus afazeres. Em preto, estão as tarefas profissionais. Em azul, trabalhos extras. Em verde, compromissos pessoais. As compras de Natal foram postergadas – para outubro. Os parâmetros de Thais ainda são elevados para a maioria das pessoas. Mas é o que funciona para ela.

A conclusão mais reconfortante dos estudos sobre procrastinação vem do universo cristão. Um grupo de pesquisadores liderados por Michael Wohl, da Universidade Carleton, no Canadá, constatou que o melhor método antiprocrastinação é se perdoar. Wohl acompanhou 134 universitários durante duas etapas de provas. Aqueles que se perdoaram por ter adiado os estudos antes do primeiro teste procrastinaram menos antes da segunda prova. Eles estudaram mais e tiveram um desempenho melhor do que os alunos que só ficaram se lamentando. Isso acontece, segundo os cientistas, porque o perdão implica admissão do problema. Por trás dele existe a disposição inconsciente de mudar as próprias atitudes. Ainda não está claro se funciona para todos, mas parece um começo promissor.


Atividade física na terceira idade pode prevenir encolhimento do cérebro



Cérebro / SPL
Atividade física na terceira idade pode ajudar a reduzir o encolhimento do cérebro
A atividade física regular na terceira idade pode ajudar a evitar o encolhimento do cérebro e outros sinais associados à demência, revela um novo estudo.
A pesquisa foi feita pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, e analisou dados de 638 pessoas com 70 anos que foram submetidas a exames cerebrais.

Por outro lado, os que realizavam atividades de estimulação mental e intelectual, como fazer palavras cruzadas, ler um livro ou socializar com os amigos, não tiveram efeitos benéficos em relação ao tamanho do cérebro, constatou o estudo, publicado na revista Neurology. Os resultados mostraram que aqueles que eram fisicamente mais ativos tiveram menor retração do cérebro do que os que não se exercitavam.

Deterioração

A ciência já provou que a estrutura e funcionamento do cérebro se deterioram com o passar dos anos.
Também são inúmeros os registros na literatura médica de que o cérebro tende a encolher com o envelhecimento.
Tal encolhimento está ligado a uma perda de memória e das capacidades cerebrais, dizem as pesquisas.
Os estudos têm mostrado que as atividades sociais, físicas e mentais podem contribuir para a prevenção desta deterioração.
No entanto, até agora não tinham sido realizados amplas pesquisas com imagens cerebrais para observar essas mudanças na estrutura do cérebro e seu volume.
Segundo o estudo, que levou três anos para ser concluído, o médico Alan Gow e sua equipe pediram aos participantes que levassem um registro de suas atividades diárias.
No final desse período, quando completaram 73 anos, os participantes passaram por scanners de ressonância magnética para analisar as mudanças no cérebro.
Depois de levar em conta fatores como idade, sexo, saúde e inteligência, os resultados mostraram que a atividade física estava "significativamente associada" com a menor atrofia do tecido cerebral.
"As pessoas de 70 anos que fizeram mais exercício físico, incluindo uma caminhada, várias vezes por semana, apresentaram uma retração menor do cérebro e outros sinais de envelhecimento da massa cerebral do que aqueles que eram menos ativos fisicamente", exlicou Grow.
"Além disso, nosso estudo não mostrou nenhum benefício real no tamanho do cérebro com a participação em atividades mental e socialmente estimulantes, como observado por imagens em scanners de ressonância magnética durante os três anos de estudo", acrescentou.
Segundo o pesquisador, a atividade física foi também associada a um aumento no volume de massa cinzenta.
Esta é a parte do cérebro onde se originam as emoções e percepções. Em estudos anteriores, essa região está relacionada à melhora da memória de curto prazo.
Quando os cientistas analisaram o volume de substância branca, responsáveis pela transmissão de mensagens no cérebro, descobriram que as pessoas fisicamente ativas tinham menos lesões nessa área do que as que se exercitavam menos.

Causas

Embora estudos anteriores já tenham mostrado os benefícios do exercício para prevenir ou retardar a demência, ainda não está claro os motivos por que isso acontece.
Os pesquisadores acreditam que as vantagens da atividade esportiva podem estar ligadas ao aumento do fluxo de oxigênio no sangue e de nutrientes para o cérebro.
Mas uma outra teoria é que, como o cérebro das pessoas encolhe com a idade, elas tendem a se exercitar menos e, assim, acabam tendo menos benefícios.
"Embora nós não possamos dizer que a atividade física é o fator causal deste estudo, nós sabemos que o exercício na meia idade pode reduzir o risco de demência futura "
Simon Ridley
Seja qual for a explicação, dizem os especialistas, os resultados servem para comprovar que o exercício físico é benéficio para a saúde.
"Este estudo relaciona a atividade física à redução dos sinais de envelhecimento do cérebro, sugerindo que o esporte é uma forma de proteger a nossa saúde cognitiva", disse Simon Ridley, da entidade Alzheimer's Research no Reino Unido.
"Embora não possamos dizer que a atividade física é o fator causal deste estudo, nós sabemos que o exercício na meia idade pode reduzir o risco de demência futura", acrescentou.
"Vai ser importante acompanhar tais voluntários para ver se essas características estruturais estão associadas com maior declínio cognitivo nos próximos anos", disse.
"Também será necessário mais pesquisas para saber detalhadamente sobre por que a atividade física está tendo esse efeito benéfico", afirmou.
Já o professor James Goodwin, da organização Age UK, que financiou a pesquisa, disse: "Este estudo destaca novamente que nunca é tarde para se beneficiar dos exercícios, seja uma simples caminhada para fazer compras ou um passeio no jardim", concluiu.
"É crucial que, se o fizermos, permanecer ativo à medida que envelhecem", acrescenta.

Governo britânico pede que revistas evitem 'dietas milagrosas' pós-Natal



Salada (arquivo/Reuters)
Após excessos no Natal, muitos querem iniciar dietas logo após período de festas
Uma representante do governo britânico escreveu uma carta para editores de revistas de comportamento em que pede a eles que não promovam dietas milagrosas nas semanas posteriores ao Natal porque elas representam um "risco à saúde".
Em carta aberta, a secretária-adjunta da Igualdade, Jo Swinson, pediu às revistas que "eliminem as dietas da moda e os mitos da boa forma" das edições de janeiro.

Swinson é uma das fundadoras da Campaign for Body Confidence, campanha que tenta incentivar as pessoas a se sentirem confortáveis e seguras em relação ao próprio corpo.No lugar desse tipo de artigo, a britânica sugere que as publicações deveriam "celebrar a beleza da diversidade de formatos de corpos, cores, tamanhos e idades".
A carta foi enviada a revistas femininas e masculinas, assim como publicações ligadas a saúde e celebridades.

Consequências negativas

Após os excessos gastronômicos do Natal, muitas pessoas usam a chegada do Ano Novo como desculpa ou motivação para fazer regimes, perder peso e ficar em forma.
"Tenho certeza de que vocês querem promover um estilo de vida saudável entre seus leitores, mas, particularmente nesse período do ano, muitas revistas tendem a colocar seu foco em soluções irresponsáveis, de curto prazo, encorajando leitores a entrar na onda das dietas da moda", diz a carta de Jo Swinson.
"Como editores, vocês devem mais aos seus leitores do que a promoção descuidada de soluções pouco saudáveis para a perda de peso", acrescenta.
"Se seu objetivo é dar conselhos práticos e sensatos sobre como perder peso - e não sobre como perder seis quilos em cinco dias - vocês deveriam promover expectativas razoáveis, em vez das perigosas, aliadas a exercícios e alimentação saudável."
Em entrevista à BBC após a divulgação da carta, a ministra disse ser contrária "a qualquer dieta que encoraje você a perder peso em velocidade milagrosa, ou seja, em velocidade pouco saudável, ou a cortar grupos de alimentos (carboidratos, proteínas ou gorduras) ou pular refeições".
"Essas dietas da moda podem na verdade ter consequências negativas para a saúde e, de qualquer forma, a maioria das dietas não funciona", afirma Swinson.
Especialistas em dietas ouvidos pela BBC dizem que, de fato, cortar grupos de alimentos gera desequilíbrios nutricionais que podem prejudicar o organismo.
E, quando uma pessoa perde peso muito rapidamente, a tendência é que ela recupere os quilos que perdeu - também com rapidez, segundo os pesquisadores.

Conselho confiável

Ao comentar a carta da representante do governo britânico, Jane Johnson, ex-editora das revistas Closer e Fabulous, disse à BBC que as publicações se preocupam com seus leitores e são bastante cuidadosas em relação aos conselhos que publicam.
Segundo Johnson, a maioria das revistas hoje é influenciada por filosofias de bem-estar "holístico" (ou seja, que abordam o organismo humano como um sistema completo, em vez de separá-lo em partes).
Para a jornalista, hoje o pensamento mudou e as revistas buscam a confiança e a lealdade dos leitores.
Por isso, avalia Johnson, artigos que propõe dietas da moda são vistos como "irresponsáveis".

Fumar causa danos genéticos minutos após inalação, diz estudo



Cigarro
Cientistas dizem que resultados servem de alerta
Um estudo realizado por cientistas americanos concluiu que a fumaça do cigarro começa a provocar danos genéticos minutos - e não anos - após chegar aos pulmões.
Os pesquisadores envolvidos no estudo de pequeno porte descreveram os resultados como um alerta para pessoas tentadas a começar a fumar.
A pesquisa é a primeira feita em humanos detalhando a forma como certas substâncias presentes no tabaco provocam danos ao DNA associados ao câncer e foi publicada na revista científica Chemical Research in Toxicology.
A publicação, cujos artigos são aprovados por cientistas, é uma entre 38 revistas publicadas pela American Chemical Society.
Danos ao DNA
O cientista Stephen S. Hecht e sua equipe comentam no artigo que o câncer de pulmão mata três mil pessoas por dia, a grande maioria delas, em consequência do fumo.
O fumo também está associado a pelo menos 18 outros tipos de câncer.
Há evidências de que substâncias nocivas presentes na fumaça do cigarro, chamadas hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (ou HPAs), seriam responsáveis pelo câncer de pulmão.
Até hoje, no entanto, os cientistas não tinham informações sobre a forma específica como os HPAs presentes na fumaça do cigarro danificavam o DNA humano.
Como parte do estudo, financiado pelo Instituto Nacional do Câncer, os cientistas adicionaram um HPA específico, o fenantreno, a cigarros, e depois monitoraram o progresso da substância nos organismos de 12 voluntários que fumaram os cigarros.
Substâncias tóxicas
Os cientistas dizem ter verificado que o fenantreno rapidamente formou substâncias tóxicas no sangue dos voluntários, provocando mutações que podem causar câncer.
Os fumantes desenvolveram níveis máximos da substância em um intervalo de tempo que surpreendeu os próprios pesquisadores: entre 15 e 30 minutos após os voluntários terminarem de fumar.
Os pesquisadores disseram que o efeito foi tão rápido que foi equivalente a injetar a substância diretamente na corrente sanguínea.
"Este estudo é único", escreveu Hecht, um renomado especialista em substâncias causadoras do câncer encontradas na fumaça do cigarro e no tabaco sem fumaça.
"Ele é o primeiro a investigar o metabolismo humano de um HPA adquirido por meio de inalação de fumaça de cigarro, sem interferência de outras fontes de exposição como a poluição do ar ou a dieta.
"Os resultados relatados aqui devem servir como um aviso aos que consideram começar a fumar."

Óleo de peixe pode prevenir esquizofrenia, indica estudo



cápsulas deóleo de peixe (SPL)
As cápsulas de óleo de peixe são ricas em Omega-3.
Tomar diariamente uma cápsula de óleo de peixe pode impedir o desenvolvimento de síndromes em pessoas com propensão a doenças mentais como esquizofrenia, aponta um estudo de três meses realizado por uma equipe internacional formada por pesquisadores da Áustria, Austrália e Suíça.
De acordo com a pesquisa, o suplemento parece ser tão eficaz quanto o uso de remédios.
"A descoberta de que o tratamento com uma substância natural pode prevenir, ou ao menos retardar, a aparição de comportamento psicótico nos dá esperança de que pode haver uma alternativa a drogas anti-psicóticas", afirma o autor do estudo.
Os pesquisadores acreditam que a substância Ômega 3 - presente no óleo de peixe e que já é conhecida por promover corações mais saudáveis - é que produz os efeitos benéficos no cérebro.
Um remédio "natural" seria muito bem-vindo, sustenta a revista especializada Archives of General Psychiatry, já que a medicação convencional anti-psicótica é muito forte e pode apresentar graves efeitos colaterais.
O óleo de peixe, por sua vez, é geralmente bem tolerado pelo organismo e fácil de tomar.
Tratamento
Os pesquisadores testaram o tratamento em 81 pessoas avaliadas com alto risco de desenvolver psicose.
O alto risco apresentado pelos pacientes estava relacionado ou a um forte histórico familiar de esquizofrenia e doenças similares ou eram pessoas que já apresentavam leves sintomas da doença.
Para que o teste fosse realizado, metade do grupo tomou o suplemento com óleo de peixe ao longo de 12 semanas, enquanto a outra metade tomou placebo. Nenhum deles sabia qual tratamento estava recebendo.
Os pesquisadores acompanharam o grupo por um ano para saber quantos desenvolveriam a doença.
Duas pessoas do grupo que tomava a cápsula de óleo de peixe desenvolveram comportamento psicótico, comparado a 11 pacientes do grupo que recebia placebo.
O time acredita que o Omega 3 altera o processo de transmissão de sinais no cérebro.

Testes podem detectar esquizofrenia no ‘olhar’, indica estudo




Exame genérico de olhos (Corbis)
Movimento dos olhos pode ajuda a diagnosticar a doença com mais facilidade
Testes de movimento dos olhos ajudam a detectar a esquizofrenia, um distúrbio psicótico caracterizado por perda de afetividade e da personalidade, alucinações e delírios de perseguição.
Segundo estudo divulgado na última quarta-feira e publicado pela Biological Psychiatry, um modelo de testes de olhar teve 98% de precisão em distinguir pessoas com e sem esquizofrenia.

O estudo foi liderado pelos professores Philip Benson e David St Clair, que explicam que pesquisas prévias já indicavam a relação entre esquizofrenia e alterações no movimento dos olhos.A descoberta, dizem os pesquisadores, pode agilizar o diagnóstico da doença. Os autores do estudo, que pertencem à Universidade de Aberdeen (Grã-Bretanha), agora investigam se isso pode servir para que, identificado o mal, o tratamento dos sintomas seja feito com mais rapidez.
A pesquisa da Universidade de Aberdeen usou diversos testes de olhar, nos quais era pedido que voluntários acompanhassem com os olhos objetos que se moviam lentamente; que observassem uma variedade de cenas do dia a dia; e que mantivessem um olhar fixo sobre um alvo parado.
"As pessoas com esquizofrenia têm déficits já bem documentados na habilidade de acompanhar com os olhos objetos em movimento lento", explica Benson, em comunicado da universidade. "Seu movimento dos olhos tende a não acompanhar o objeto a princípio, e depois fazê-lo usando movimentos rápidos dos olhos."
O teste de cenas do dia a dia mostrou que "portadores de esquizofrenia têm um padrão anormal (de observação)", diz ele. No último teste, de fixar-se em um objeto parado, esses portadores "têm dificuldades em manter um olhar fixo".
A equipe de Benson e St Clair realizou seu estudo com 88 pacientes diagnosticados com esquizofrenia e 88 pessoas em um grupo de controle.

Diagnóstico clínico

Para Benson, "sabe-se há mais de cem anos que indivíduos com doenças psicóticas têm diversas anormalidades no movimento dos olhos. Mas, até a realização do nosso estudo, usando uma nova bateria de testes, ninguém pensou que essas anormalidades eram sensíveis o bastante para serem usadas como forma de diagnóstico clínico".
Seu colega St Clair explica à BBC Brasil que, atualmente, o diagnóstico da esquizofrenia é feito "apenas com (a análise) de sintomas e de comportamento", na ausência de exames de sangue ou de tomografias para isso.
"Se você tem sintomas de distúrbios, o diagnóstico é fácil. Mas há muitos pacientes (cujo diagnóstico) não é tão simples", agrega. "É (um procedimento) caro, que consome tempo e requer indivíduos altamente treinados. Em comparação, esses testes de olhar são simples, baratos e podem ser feitos em questão de minutos."
Segundo ele, isso significa que um modelo semelhante ao usado no estudo poderia ser aplicado em hospitais e clínicas. "O próximo passo é descobrir quando essas anormalidades são passíveis de serem detectadas pela primeira vez e se isso podem ser usado como pontos de referência para estudos de como intervir na doença".
Associações ligadas ao tratamento de esquizofrenia no Brasil dizem que a doença atinge 0,7% da população, o que pode equivaler a 1,2 milhão de pessoas.
Texto da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia (Abre) publicado no site do Programa de Esquizofrenia da Unifesp explica que a doença é causada "por alterações no funcionamento do cérebro e que traz grandes dificuldades sociais para a pessoa e sua família", por causar crises agudas que levam a delírios e alucinações.

Lojas da Inglaterra são obrigadas a tirar cigarros das prateleiras



PA
Medida do governo britânico pretende reduzir tabagismo entre jovens
Lojas e supermercados da Inglaterra são proibidos de expor cigarros e outros produtos derivados do tabaco em prateleiras e vitrines a partir do ano que vem.
A medida tem como objetivo reduzir o tabagismo entre adolescentes e jovens. O banimento começou a valer em abril de 2012 para lojas de grande porte e supermercados. A restrição será estendida a todos os estabelecimentos comerciais em 2015.
De acordo com a lei, as lojas poderão mostrar apenas algumas informações específicas sobre os produtos, como preços. Uma consulta pública deverá ser realizada para decidir sobre a possível adoção de embalagens sem rótulos, texto ou ilustrações para os cigarros.
A nova legislação, que foi elaborada pelo governo trabalhista, que deixou o poder em maio de 2010, foi adotada depois de vários anos de debates. Países como Canadá, Irlanda, Islândia e Finlândia já adotaram restrições semelhantes.
De acordo com a repórter de saúde da BBC Jane Dreaper, autoridades da Escócia já anunciaram que pretendem seguir o cronograma inglês. Também é esperado que País de Gales e Irlanda do Norte adotem as medidas.
Estima-se que um em cada cinco ingleses seja fumante. Segundo o repórter de saúde da BBC News Nick Triggle, esta proporção tem se mantido estável nos últimos anos, depois de uma queda drástica no número de fumantes nas décadas anteriores.
O ministro da Saúde britânico, Andrew Lansley, diz que as restrições fazem parte de uma nova estratégia para tentar impor um ritmo de queda no número de fumantes nos próximos anos.
Elogios e críticas
As novas medidas foram saudadas por entidades ligadas à saúde. Para o grupo antitabagista Ash, há fortes evidências de que tirar os cigarros das prateleiras evitam a formação de novos fumantes - além de proteger ex-dependentes.
"Toda manhã, quando um ex-fumante vai a uma loja comprar um jornal, as empresas de tabaco estão esperando por ele, colocando a sua marca em frente a ele", disse à BBC Martin Dockrell, porta-voz do grupo.
Já os fabricantes de cigarros afirmam que a medida é meramente simbólica. Para eles, a legislação somente vai causar estorvos aos lojistas, sem trazer muitos efeitos práticos.
"Fumantes não compram produtos de tabaco por impulso, eles compram porque já são fumantes", disse à BBC o executivo-chefe da Associação dos Produtores de Tabaco do Reino Unido, Chris Ogden.