segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Câncer e viagem aumentam o risco de embolia pulmonar, dizem médicos



Doença que matou ator e diretor Marcos Paulo surge de repente.
Infectologista considera hipótese de malária 'improvável'.

A embolia pulmonar, doença que matou o ator e diretor Marcos Paulo, “é uma das principais emergências médicas”, segundo médicos ouvidos pelo G1. O artista acumulou dois fatores de risco – o histórico de câncer e uma longa viagem de avião.
Ator e diretor Marcos Paulo (Foto: GUstavo Stephan / Agência O Globo)Ator e diretor Marcos Paulo (Foto: Gustavo Stephan / Agência O Globo)
Embora o nome remeta para os pulmões, a embolia atinge, na verdade, as veias que levam o sangue até o órgão. “Os pulmões são o grande filtro da circulação venosa”, explicou o cirurgião vascular Francisco Osse, diretor do Centro Endovascular de São Paulo.
O sangue que vem das células de todo o corpo passa pelo pulmão para receber oxigênio – transformando-se de sangue venoso para sangue arterial. De lá, ele vai para o coração e é bombeado para todo o corpo novamente.
As veias de várias partes do corpo acumulam coágulos, que é quando plaquetas se acumulam e formam uma estrutura maior. A embolia acontece quando um coágulo entope a veia e obstrui a chegada do sangue ao pulmão – um fenômeno parecido com o que acontece nas artérias do coração, no infarto, ou do cérebro, no acidente vascular cerebral (AVC). É, portanto, um evento que surge de repente e pode ser fulminante.
Segundo Osse, a “esmagadora maioria” dos casos de embolia tem origem em uma trombose nas pernas. “Trombose é a formação de um coágulo dentro de uma veia. É mais comum nas pernas, mas pode ser em qualquer lugar do corpo”, afirmou.
As veias das pernas são mais largas que a dos pulmões. Por isso, o coágulo não provoca um bloqueio com a mesma frequência que isso acontece nos órgãos respiratórios.
Câncer
O câncer pode ser um fator de risco para a formação de coágulos, pois as células cancerosas liberam fragmentos de substâncias na circulação, e eles podem se acumular. Marcos Paulo foi diagnosticado com um tumor no esôfago em maio de 2011 e já tinha passado por tratamento para a doença.
Caso o paciente faça quimioterapia – o que não foi o caso de Marcos Paulo –, o risco cresce, pois o tratamento agressivo aplicado direto nas veias agride a parede dos vasos sanguíneos.
'Trombose do viajante'
Uma origem comum para a formação dos coágulos são as longas viagens de avião, no que constitui a “trombose do viajante”. “Qualquer voo com mais de quatro horas aumenta em cinco vezes o risco de uma trombose em uma pessoa normal”, disse o cirurgião vascular.
Quando uma pessoa passa muito tempo sem andar – ou, principalmente, sem ativar o músculo da panturrilha – a circulação da perna fica comprometida e o sangue tende a coagular. Além disso, o ar seco do ar condicionado faz com que o organismo perca líquido e o sangue fique mais espesso, o que também aumenta a coagulação. O avião reúne essas duas condições. No domingo, Marcos Paulo voou de Manaus para o Rio de Janeiro.
Para evitar o problema, os médicos recomendam que os passageiros sempre procurem fazer caminhadas dentro do avião para exercitar a panturrilha. Contra a desidratação, a dica é beber bastante água e evitar bebidas alcoólicas.
O câncer e a falta de movimentação nas pernas estão entre os principais fatores de risco, mas não são os únicos. “Tudo que facilite a coagulação do sangue aumenta o risco”, apontou Roberto Stirpulov, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e professor da Santa Casa de São Paulo.
Entre os fatores mais comuns, o médico citou o tabagismo e o uso da pílula anticoncepcional.
Tratamento
O pneumologista definiu a doença como “uma situação potencialmente fatal”. “O embolismo [outro termo usado para a embolia] pulmonar é uma das principais emergências médicas. A única coisa a ser feita é ir logo para o hospital”, afirmou.
O principal sintoma é um quadro agudo de falta de ar, geralmente acompanhado de fortes dores no peito. Em algumas ocasiões, o paciente pode ter tosse com sangue no escarro.
No entanto, o tratamento de emergência, feito com medicamentos anticoagulantes, tem sucesso em 95% dos casos, segundo o especialista.
EM VIAGENS DE AVIÃO MAIORES DO QUE 4 HORAS É FUNDAMENTAL QUE SE AUMENTE A HIDRATAÇÃO POR INGESTA DE LÍQUIDOS E SE CAMINHE PELO CORREDOR DO AVIÃO PELO MENOS 5 MINUTOS A CADA HORA. 

domingo, 30 de dezembro de 2012

Reposição hormonal pode ser a solução para obesidade em homens



Segundo estudos, tratamento com reposição de hormônios diminuiu o peso de homens obesos e com baixo nível de testosterona


obesidade (Foto: SXC)
Homens com baixo nível de testosterona, o hormônio sexual masculino, e que não obtiveram sucesso para o tratamento convencional contra obesidade podem ser beneficiados com a reposição hormonal, segundo estudos recentes do endocrinologista alemão Farid Saad, da área científica do laboratório Bayer HealthCare Pharmaceuticals.
Uma das pesquisas, apresentada em encontro da Sociedade de Endocrinologia, em Houston, acompanhou 115 homens com baixos índices de testosterona durante cinco anos. Com a reposição hormonal - seguida de dieta e exercícios -, a perda média foi de 16 quilos e a circunferência abdominal baixou de 107 para 98 centímetros.
Em outro trabalho, que revisou estudos mundiais sobre o tema e foi publicado no periódico Current Diabetes Reviews, Saad conclui que a reposição "pode ser eficaz porque melhora o humor e reduz a fadiga, o que pode motivar o homem a aderir à dieta e aos exercícios para o combate à obesidade".
"A testosterona não é medicamento antiobesidade e a reposição só deve ser feita por quem tem baixa produção desse hormônio. O que a pesquisa mostra é que a reposição hormonal otimiza a melhora de peso se estiver aliada à dieta e à atividade física", afirma o endocrinologista João Eduardo Salles, professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de Misericórdia.
ReduçãoOs níveis de testosterona começam a cair naturalmente a partir dos 45 anos. A redução acentuada do hormônio é conhecida como andropausa e provoca perda da libido, de massa muscular, disfunção erétil, entre outros sintomas. "O que se sabe hoje é que a obesidade pode causar a redução de testosterona de forma mais rápida, principalmente a obesidade que tem como apresentação o acúmulo de gordura na circunferência abdominal", diz Salles.Esse acúmulo de gordura na cintura pode reduzir a ação da insulina: além de causar predisposição para diabetes e hipertensão, causa redução na produção de testosterona. "A diminuição de testosterona leva à piora da obesidade. E a obesidade também pode levar à diminuição da testosterona. Provoca um ciclo vicioso." 
O grave é que são poucos os homens que sabem sobre a andropausa e testaram os níveis de testosterona. Pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia, com apoio da Bayer, mostrou que 66% não sabem o que é andropausa e 64% nunca fizeram testes para medir o hormônio masculino. Foram ouvidos 5 mil homens, com mais de 40 anos.
"Chama a atenção o fato de grande parte dos homens não cuidar de nada: 59% não fazem dieta, 49% não fazem atividade física, 38% não vão ao médico com frequência. No entanto, 37% usam algum remédio para disfunção erétil. Eles não sabem que a queda da testosterona pode estar ligada a essa disfunção e a reposição pode melhorar a ereção", diz Archimedes Nardozza Junior, diretor do núcleo de pesquisa da SBU e coordenador da pesquisa.
Para Nardozza, a mensagem é que o homem precisa se tratar. "Ao contrário das mulheres, eles não vão ao médico. Esse é o grande mote da campanha da Sociedade Brasileira de Urologia: cuide-se", afirmou o especialista.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Calor forte pode levar corpo ao colapso



  • Hipertermia, o super aquecimento do corpo, leva à confusão mental e pode provocar um AVC
  • Beber bastante água e bebidas isotônicas evita desidratação e problemas musculares



Termômetro digital perto do Maracanã marcou 46 graus; evite que seu organismo entre em colapso com calor forte
Foto: Ivo Gonzalez 26/12/2012 / O Globo
Termômetro digital perto do Maracanã marcou 46 graus; evite que seu organismo entre em colapso com calor forte Ivo Gonzalez 26/12/2012 / O Globo
RIO - Confusão mental, dor de cabeça, cãibras e desidratação. Temperaturas muito altas como as que têm sido registradas no Rio desde o início do verão podem levar o organismo a um colapso. Os mais sensíveis - como crianças, idosos ou cardíacos - devem redobrar os cuidados com a saúde. Como o calor é extremo, nem só a água protege o corpo de efeitos nocivos. Frutas, sucos e bebidas isotônicas também podem evitar problemas. Atividades físicas ao ar livre entre 10h e 15h, nem pensar!
Na última quarta-feira, os termômetros no Rio marcaram 43,2 graus em Santa Cruz, Zona Oeste da capital, a maior temperatura dos últimos 97 anos. Ventos quentes vindos do Norte do país, a falta de chuvas e o ar polar aumentaram excessivamente as temperaturas nesta semana e provocaram sofrimento na população.
Como é uma cidade à beira mar, o Rio tem umidade relativa do ar alta, o que ajuda a elevar a temperatura do organismo. Isso acontece, explicou o médico José Galvão Alves, da câmara técnica de clínica médica do Conselho Regional de Medicina (Cremerj), porque o corpo deixa de transpirar, que é um mecanismo natural de resfriamento. Quando o organismo não consegue se resfriar, pode entrar em hipertermia, como explica o especialista:
— Nosso organismo vive em equilíbrio térmico, entre 35 e 37 graus. Abaixo é hipotermia, e acima, hipertermia. Esta segunda pode ocorrer por causas internas, infecções, ou por causas externas, quando a temperatura está muito alta.
Quando o corpo entra em hipertermia, os sintomas são diversos, explica o médico. O corpo pede líquido, e os vasos se dilatam, o que diminui a pressão do sangue. A queda na pressão arterial, chamada de hipotensão, diminui a circulação também no cérebro, o que causa dor de cabeça e confusão mental, levando à irritabilidade e ao mau humor.
— Em casos mais extremos, como idosos e pessoas com problemas vasculares, pode levar a um AVC (acidente vascular cerebral) .
Essa queda na pressão, também provoca cansaço extremo, “aquela sensação de moleza”, disse Alves. A perda de líquido pelo organismo, quando o dia quente está mais seco, pode levar à desidratação. Como se não bastasse a desidratação, a perda de líquido também pode causar cãibras. Isso acontece, explica o médico, porque o corpo perde potássio e sódio, o que impede a contração muscular. Por isso, Alves recomenda que, além de água, deve-se beber outros líquidos nos dias muito quentes:
—Bebidas isotônicas têm a quantidade ideal de sódio e potássio, além da água de coco, que é perfeita para evitar a perda de eletrólito, que evitam as cãibras.
A hidratação também pode ser feita com frutas, sucos e verduras. Os alimentos gordurosos e ricos em açúcar também devem ser evitados porque geram calor no organismo.
Os cuidados com os cardiopatas devem ser redobrados, recomenda o cardiologista Evandro Tinoco, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj) e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). Idosos cardíacos perdem a capacidade de ingestão maior de líquidos e, com isso, ficam mais expostos à hidratação.
— Qualquer mal estar, fraqueza ou desmaio pode ser sintoma de desidratação, e o médico deve ser procurado, principalmente pelos cardíacos. Pode até ser feita mudança na medicação para evitar a insuficiência cardíaca.
Na hora de dormir, explica Tinoco, deve-se evitar pijamas pesados, e o quarto deve estar bem ventilado, ou mesmo com ar condicionado ligado.
— Temos de evitar o calor excessivo também à noite, para dormir bem.
Alves explica que idosos e crianças são mais suscetíveis aos efeitos danosos do calor.
- As crianças ainda não tem o controle do que acontece com o corpo e os idosos perderam esse controle - diz o clínico.
Praia e suas tentações
É quase impossível resistir a praia nesses dias de calor intenso. Mas, alerta o clínico do Cremerj, é um dos ambientes onde é preciso ter mais cuidado para não sucumbir às tentações da areia e depois passar dias na cama. O ideal, explica o médico, é não comer nada do que é vendido na praia.
— Além de tomar sol, que já é um risco para desidratar, não se deve comer esses alimentos. Com as altas temperaturas os alimentos entram em putrefação rapidamente, as bactérias se multiplicam e aumenta o risco de uma gastroenterite, que leva à diarreia e causa desidratação.
Aquela cervejinha e demais bebidas alcoólicas, típicas de praia, também têm que ser evitados. Tinoco explica que o álcool desidrata o organismo porque inibe a retenção de líquido e aumenta a produção de urina.
- Todo o líquido vai sendo eliminado nas idas ao banheiro - diz o cardiologista.
O clínico do Cremerj também diz que a bebida alcoólica é vasodilatadora, ou seja, provoca a queda de pressão e até desmaios.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Mais de 350 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo



A OMS define a doença como um transtorno mental comum, caracterizado por tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, oscilações entre sentimentos de culpa e baixa autoestima, além de distúrbios do sono ou do apetite

Agência Brasil
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Mais de 350 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A organização alertou nesta terça-feira (9), véspera do Dia Mundial da Saúde Mental, para a necessidade de combater o estigma em torno da doença e incentivar que os governos implementem tratamentos para combater o transtorno. Pelos dados da OMS, pelo menos 5% das pessoas que vivem em comunidade sofrem de depressão.
 
"Temos alguns tratamentos muito eficazes para combater a depressão. Infelizmente só metade das pessoas com depressão recebe os cuidados de que necessitam. De fato, em muitos países, o número é inferior a 10%", disse o diretor do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias, Shekhar Saxena. "É por isso que a OMS está trabalhando com os países na luta contra a estigmatização como ato essencial para aumentar o acesso ao tratamento."
 
A OMS define depressão como um transtorno mental comum, caracterizado por tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, oscilações entre sentimentos de culpa e baixa autoestima, além de distúrbios do sono ou do apetite. Também há a sensação de cansaço e falta de concentração.
 
A depressão pode ser de longa duração ou recorrente. Na sua forma mais grave, pode levar ao suicídio. Casos de depressão leve podem ser tratados sem medicamentos, mas, na forma moderada ou grave, as pessoas precisam de medicação e tratamentos profissionais. A depressão é um distúrbio que pode ser diagnosticado e tratado por não especialistas, segundo a OMS. Mas o atendimento especializado é considerado fundamental. Quanto mais cedo começa o tratamento, melhores são os resultados.
 
Vários fatores podem levar à depressão, como questões sociais, psicológicas e biológicas. Estudos mostram, por exemplo, que uma em cada cinco mulheres que dão à luz acaba sofrendo de depressão pós-parto. Especialistas recomendam que amigos e parentes da pessoas que sofrem de depressão participem do tratamento.
 
Em 1992, a Federação Mundial para Saúde Mental lançou o Dia Mundial de Saúde Mental na tentativa de aumentar a conscientização sobre as questões na área e estimular a discussão sobre os transtornos mentais e a necessidade de ampliar os investimentos na prevenção, na promoção e no tratamento.

Aumente o poder do cérebro com exercícios



Pesquisas revelam que a atividade física melhora concentração,

memória, aprendizagem e estimula o nascimento de neurônios

Mônica Tarantino e Monique Oliveira 

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Não é segredo que a atividade física produz inúmeros benefícios para o corpo, mas agora a ciência reuniu provas suficientes para adicionar um novo e poderoso efeito à sua lista de ações positivas: o aprimoramento do cérebro. As mais recentes descobertas indicam que a prática regular de exercícios ajuda a pensar com mais clareza, melhora a memória e proporciona um grande ganho na aprendizagem. Novos estudos sugerem que as mudanças podem ser ainda maiores, alterando a própria estrutura do órgão ao incentivar o nascimento e o desenvolvimento de neurônios.
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 Essas conclusões são de uma ampla revisão de pesquisas que acaba de ser divulgada nos Estados Unidos por uma das mais renomadas cientistas no campo da neurogênese, Henriette van Praag (Ph.D), do Laboratório de Neurociências do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. Henriette e seus colaboradores afirmam que há maior produção de neurônios e um aumento das substâncias que atuam na nutrição e desenvolvimento dessas células em animais submetidos a exercícios regulares. O trabalho foi publicado pela revista “Current Topics in Behavioral Neurosciences”. A cientista detectou ainda que o exercício aumenta a capacidade do cérebro de se adaptar e criar novas conexões, a chamada neuroplasticidade. Em estudos com ressonância magnética feitos em indivíduos foi possível também observar que quem se exercita regularmente produz uma intensa atividade no hipocampo. Essa região cerebral está relacionada à memória e à aprendizagem, e lá estão armazenadas as células-tronco que darão origem aos novos neurônios.
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 As relações entre exercícios e cérebro estão no centro das atenções da neurociência por suas implicações imediatas e futuras na vida de milhares de pessoas. Há avanços em diversas frentes. Os cientistas comprovaram, por exemplo, que as vantagens começam com a elevação dos níveis de oxigenação e do fluxo sanguíneo no corpo como um todo. “Por si só essa mudança já melhora o funcionamento da memória e da concentração e previne o acidente vascular cerebral”, explica Gisele Sampaio Silva, gerente-médica do programa integrado de neurologia do Hospital Albert Einstein e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
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 O incremento da circulação também estimula a comunicação mais eficiente entre os neurônios. A atividade física aumenta ainda a produção e a liberação de neurotransmissores. “Esses hormônios fabricados pelos neurônios atuam nas sinapses, a comunicação entre essas células”, explica Ricardo Arida, professor e pesquisador do Departamento de Fisiologia da Unifesp. Esses compostos participam da regulação de funções como memória, aprendizagem, emoções, sede, sono, fome, bem-estar, ansiedade e humor. O resultado é um reequilíbrio das quantidades dessas substâncias no cérebro, compensando déficits ou excessos, o que melhora o desempenho global do órgão.
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 Numerosos estudos estão focados na compreensão dos efeitos do exercício na proteína BDNF, uma espécie de tônico do surgimento, crescimento e especialização das células nervosas. Um trabalho ­coordenado pelo neurofisiologista Arida, da Unifesp, mediu a concentração dessa proteína no sangue de atletas internacionais, de nacionais e de pessoas sedentárias. As conclusões, publicadas na revista “Neuroscience Bulletin”, revelaram que os atletas de mais alto nível tinham quantidades maiores do composto circulando no sangue. Uma das prerrogativas da proteína é melhorar a troca de mensagens entre os neurônios.
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Crianças também podem vir a se beneficiar intelectualmente da atividade física, conforme sugerem dados colhidos pela Unifesp. Os pesquisadores analisaram as respostas de animais à ginástica logo após o desmame. “Nossos achados sugerem que fazer exercícios desde cedo ajuda a construir uma reserva neural que protege, inclusive, contra desordens cerebrais”, afirma Arida. Na Universidade de Darthmouth, em New Hampshire, o grupo do cientista David Bucci detectou diferenças nos resultados de quem começa a se exercitar na infância, na juventude ou mais tarde. “O exercício na fase de desenvolvimento do cérebro favorece a formação de uma rede neuronal mais densa e oferece mais apoio para funções como memória e aprendizagem”, disse o pesquisador à ISTOÉ.
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Nos Estados Unidos, essas informações estão se traduzindo em mudanças no currículo das escolas. Um dos responsáveis por essa transformação é o neuropsiquiatra John Ratey, da Universidade de Harvard. Ele percorre o país para promover a adoção de programas de fitness voltados para o aprendizado. O pesquisador partiu nessa cruzada convencido por suas pesquisas e por casos como o dos alunos da Naperville Central High School, situada em um distrito de Chicago. Ali, os estudantes se reúnem na escola todas as manhãs antes das aulas, colocam seus frequencímetros (relógios que calculam a frequência cardíaca) e saem correndo em uma pista. “A ideia principal é que os jovens consigam praticar atividades como a corrida mantendo uma taxa entre 65% e 80% de sua frequência cardíaca máxima, mantendo-a estável nessa faixa por 20 a 40 minutos três vezes por semana”, disse Ratey à ISTOÉ. Ele registrou essa experiência e outros estudos sobre a relação entre cérebro e exercício no livro “Corpo Ativo, Mente Desperta” (Ed. Objetiva), lançado recentemente no Brasil. No ano passado, o pesquisador ofereceu um programa de apoio com atividades físicas a 24 jovens do Ensino Médio com sérios problemas disciplinares, baixa frequência às aulas e dificuldades de aprendizagem da escola Barrie Central. “Em seis meses a melhora foi notável”, disse o neuropsiquiatra. Em breve Ratey irá à Coreia do Sul a convite do Ministério da Educação para falar sobre os efeitos do exercício no cérebro. Diante dessa nova abordagem da atividade física, escolas brasileiras já estão começando a rever a pauta das suas aulas de ginástica. No Colégio Ítaca, na zona oeste de São Paulo, o currículo de educação física foi reelaborado sob esse prisma. “Além de contribuir em várias áreas do conhecimento, o exercício é uma peça fundamental para a concentração”, diz Elisabete Vecchiato, assessora cultural do colégio.
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Muitos estudos ainda são necessários para determinar, por exemplo, como surgem e por quanto tempo persistem as alterações induzidas pela ginástica. “Os primeiros efeitos podem ser sentidos após uma semana”, diz Arida, da Unifesp. A recomendação é que se façam três sessões de 20 a 30 minutos de exercícios aeróbios por semana, mas duas já produzem algum efeito. O entusiasmado pesquisador Ratey, de Harvard, tem sugerido aos professores de educação física que ofereçam sessões de ginástica duas vezes por dia, uma antes do início das aulas, e outra no final, para produzir dois momentos de pico na produção das substâncias que melhoram o desempenho. “Minha convicção é que o foco no condicionamento físico tem um papel essencial nas realizações acadêmicas dos alunos”, afirma ele.
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Por hora, é consenso que a interrupção da atividade física cessa suas benesses. A avaliação de resultados de longo prazo, porém, está levando os especialistas a considerar a possibilidade de a prática persistente gerar mudanças estruturais no órgão. Pesquisa da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, mostrou um aumento do tamanho do hipocampo (associado a aprendizagem e memória) em adultos saudáveis após um ano de atividade física moderada, levando a um aprimoramento da memória. “Os resultados desse estudo são interessantes porque mostram que exercícios feitos por adultos mais velhos e sedentários, mesmo que em pouca quantidade, podem levar a uma substancial melhora da saúde cerebral”, disse Art Kramer, um dos autores do trabalho realizado em conjunto com outras universidades.
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Buscam-se também explicações para as respostas diferentes que o cérebro dá quando o corpo se exercita. A equipe do professor David B­uc­c­i revelou recentemente a presença de um gene que parece regular a intensidade da reação do órgão. A descoberta pode ser especialmente útil para ajudar a selecionar, no futuro, quem pode lucrar mais ao associar a atividade física ao tratamento de condições como depressão, a ansiedade e o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDHA). Essas aplicações estão sendo estudadas em centros como o Instituto Karolinska, na Suécia. “O exercício não só é eficiente no combate à depressão, como potencializa os efeitos dos medicamentos”, diz a neurocientista Astrid Bjornebekk. Ambos contribuem para a formação de novos neurônios em áreas no cérebro importantes para a memória e a capacidade de aprender e podem ser usados de maneira combinada. Em São Paulo, na Unifesp, o pesquisador Arida concluiu que a ginástica pode ajudar a reduzir pela metade as crises de epilepsia, doença tratada com medicamentos potentes e nem sempre eficazes. À luz dessas descobertas, o sedentarismo torna-se um fator de risco ainda mais perigoso.
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INVESTIGAÇÃO
O pesquisador Ricardo Arida, da Unifesp, estuda o impacto da 
atividade física sobre o cérebro. Um de seus trabalhos 
mostrou que exercícios podem reduzir crises de epilepsia 

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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Retratos do corpo



Novos testes indicam defeitos genéticos e de metabolismo em tempo recorde e identificam sinais precoces de doenças

Monique Oliveira
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Uma nova geração de exames está revolucionando a maneira pela qual é possível descobrir as doenças, de preferência antes que elas se tornem incuráveis. Cada vez mais sofisticados, eles fornecem os resultados rapidamente e com maior precisão. Na semana passada, cientistas apresentaram os dois mais recentes representantes dessa classe de testes. O primeiro é uma técnica capaz de fazer uma análise completa do DNA de crianças recém-nascidas em até 50 horas, muito menos do que as seis semanas necessárias usualmente. O exame, divulgado na última edição da revista científica “Science Translational Medicine”, rastreia 3,5 mil enfermidades genéticas. Os pesquisadores esperam que a ferramenta esteja disponível a partir do próximo ano. Por enquanto, foi avaliada com sucesso em quatro bebês do Children’s Mercy Hospitals and Clinics, dos Estados Unidos. “Cerca de um terço dos bebês admitidos nas unidades de terapia intensiva americanas tem uma doença genética”, afirmou Stephen Kingsmore, diretor do Centro de Medicina Genômica Pediátrica do Children’s Mercy. “Ao obterem o genoma interpretado em cerca de dois dias, os médicos poderão usar os resultados para aplicar tratamentos personalizados e mais eficazes”, completou o especialista.

A segunda novidade foi divulgada por pesquisadores do Institute of Cancer Research, da Inglaterra. Em um artigo publicado na revista “The Lancet Oncology”, eles descreveram um exame por meio do qual é possível conhecer o grau de agressividade do câncer de próstata após análise de suas características genéticas. Como o teste para os recém-nascidos, o exame criado pelos ingleses também irá auxiliar os médicos a adotar tratamentos mais individualizados, de acordo com o perfil do tumor de cada paciente.
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No Brasil, uma das novidades na área do diagnóstico genético é um mapeamento criado pelo laboratório Alta Excelência Diagnóstica, em São Paulo. Ele traça um perfil que responde a questões como de que forma o organismo responde à cafeína até sua capacidade de aproveitar melhor as vitaminas. As respostas ajudam a pautar uma dieta focada nas necessidades individuais, algo bastante útil, por exemplo, para atletas de alto desempenho.

Profundidade semelhante também pode ser obtida por meio do teste criado pelo bioquímico brasileiro Alexandre Cosendey e apresentado no 39º Congresso Brasileiro de Análises Clínicas. O exame faz uma análise do conjunto de reações químicas desencadeadas dentro do organismo. Com uma amostra de sangue, ele aponta o nível de estresse a que as células estão submetidas, indicando o surgimento de possíveis problemas logo mais à frente. “As células estão sob forte demanda o tempo todo”, explica Cosendey. “Em uma situação-limite, suas membranas se rompem e algumas substâncias podem vazar, indicando um desequilíbrio”, completa. O atleta amador Diogo Menegaz, 39 anos, fez a análise. “Sentia-me exausto o tempo todo e não conseguia entender a razão”, diz. “Com o exame, descobri que algumas vitaminas, apesar de estarem em níveis altos, não estavam sendo bem aproveitadas pelas células. Voltei a ganhar disposição”, conta.
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No Hospital Nove de Julho, em São Paulo, os médicos estão se valendo da termografia, ou termometria cutânea, para rastrear a origem de dores crônicas e enfermidades como hipotireoidismo (disfunção na glândula tireoide). O teste é feito usando uma câmera que capta o calor emitido pelo corpo. Quanto maior a temperatura em alguma região, mais intensa é a atividade inflamatória no local. Isso é indicativo de que algo vai mal naquele ponto. “Antes de aparecer uma lesão, existe a alteração da circulação local, detectada pelas imagens”, explica o médico Marcos Brioschi, do Nove de Julho. 

Foi por meio do exame que Patrícia Zylbergeld, 30 anos, descobriu que estava no início de um hipotireoidismo. “O exame de sangue tinha identificado uma alteração hormonal pequena”, diz. “Mas a termometria indicou que havia mesmo uma atividade maior na região”, lembra. O exame também pode ser usado no diagnóstico precoce de câncer de mama. Nesse caso, a inflamação indica crescimento de vasos sanguíneos na região, o que sugere a formação de uma rede vascular para alimentar um futuro tumor. “É possível analisar a área antes de qualquer alteração anatômica”, afirma Brioschi.
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A revolução está dando também nova roupagem a exames convencionais. Hoje, já é possível realizar ultrassom em três dimensões do feto com a possibilidade de impressão das formas da criança em um molde de resina, como se fosse um boneco. “O molde ajuda a visualizar melhor qualquer má-formação existente”, explica a hematologista Regina Biasoli.

O objetivo de outras inovações é aumentar o conforto do paciente. Nesta categoria, uma das opções é o Accuvein. Por meio da emissão de luz infravermelha, o exame auxilia na visualização de veias. “O teste facilita a aplicação de medicamentos em crianças e obesos, por exemplo”, diz a enfermeira Célia de Fátima Moraes, de São Paulo, que usa o aparelho.

Para o futuro, uma das promessas é um kit capaz de identificar a probabili­dade de uma pessoa vir a ser hipertensa. Ele está em desenvolvimento pela Sociedade Brasileira de Hipertensão, a partir de um estudo comandado pela nefrologista Dulce Elena Casarini, da Universidade Federal de São Paulo. “Descobrimos a existência de uma enzima que indica a instalação da ­doença precocemente”, explica Dulce.  

Só 20% de grupos de alimentos têm teor de sódio adequado



Queijo ralado e macarrão instantâneo são os com maior quantidade de sal; excesso pode gerar hipertensão e diabetes

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Pesquisa feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) identificou alto teor de sódio em alimentos vendidos no País. O trabalho foi feito com base na análise de 26 tipos de produtos, como bolachas e frios. Dos grupos analisados, apenas cinco apresentaram níveis do ingrediente considerados adequados.
 
O produto campeão em teor de sódio, de acordo com a pesquisa da Anvisa, é o queijo parmesão ralado: uma média de 1.981 miligramas por 100 gramas do produto. Em seguida está o macarrão instantâneo, com 1.798 miligramas por 100 gramas do produto. "O que nos preocupa é que boa parte dos alimentos com alto nível de sal é muito consumido por crianças", diz a gerente-geral de alimentos da Anvisa, Denise de Oliveira Resende.
 
O excesso de sódio na dieta é considerado fator de risco de problemas como hipertensão e diabete. Por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o nutriente seja usado com parcimônia: no máximo 2 gramas diárias de sódio, o equivalente a 5 gramas de sal. Para se ter uma ideia, 100 gramas de parmesão conteria a quantidade. O brasileiro consome 12 gramas de sal por dia, mais do que o dobro do recomendado pela OMS.
 
O macarrão, assim como bolachas e salgados de milho, integram o programa de redução de sódio de produtos processados no País, feito pelo Ministério da Saúde e Associação Brasileira de Indústrias de Alimentação. O acordo, anunciado em 2011, prevê a retirada gradual do sódio de alimentos processados. Até agora foram anunciadas reduções para 13 classes de alimentos. A meta é retirar até 20 mil toneladas de sódio até 2020.
 
A redução programada, porém, é considerada tímida por nutricionistas e entidades ligadas ao direito do consumidor. "Mesmo com a mudança, produtos vão continuar com alto teor de sódio. Em outras palavras: o brasileiro continuará consumindo muito mais do que o recomendado", diz o gerente do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Carlos Tadeu de Oliveira. Ele cita como exemplo o macarrão: "A meta é 1.920 miligramas de sódio. Quase a necessidade de um adulto para o dia todo".
 
Denise afirma que uma redução drástica traria problemas para empresas e afastaria o consumidor. "As pessoas poderiam estranhar o sabor. Além disso, há um problema técnico: o sódio é importante para conservar os alimentos." Pelo cronograma, a partir de 2013 alguns produtos já devem ser comercializados com menos sódio em sua composição. "Pelas análises que fizemos, alguns produtos já apresentam uma média menor do que a foi acordada, como a maionese", afirma Denise. A meta é que o produto tenha, no máximo, 1.283 mg/100g. A média encontrada pela Anvisa está em 1.096.
 
Fiscalização
 
A gerente diz que o controle sobre o cumprimento do acordo começará a ser feito a partir de 2013. "Se números revelarem que a adesão está baixa, não está descartada a possibilidade de criar metas obrigatórias." Para Oliveira, no entanto, medidas mais ousadas poderiam ser adotadas rapidamente. "O acordo tentou abrandar as discussões sobre uma regulamentação mais severa. Autorregulamentação pode ser benéfica, mas os padrões têm de ser adequados."
 
Denise destaca que várias amostras de um mesmo produto apresentam teores diferentes de sódio, como o queijo parmesão: a diferença entre produtos chega a ser de 13,7 vezes. "Daí a importância de a população checar nos rótulos a composição." Denise afirmou que foram encontrados produtos com teores de sódio distintos da embalagem. As empresas, diz, foram autuadas. Procurada, a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) afirmou não conhecer os dados, o que a impediria de fazer uma avaliação do trabalho. 

Um a cada cinco homens faz uso indevido de estimulantes sexuais



Médico alerta que os medicamentos podem causar dores de cabeça e musculares, diarreia, alergias, visão dupla e, em casos mais severos, até cegueira

Do Portal Terra
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O desejo de melhorar o desempenho sexual leva jovens de 20 a 35 anos a utilizarem medicamentos para disfunção erétil de maneira irregular, ou seja, sem indicação de um especialista. É o que aponta o levantamento inédito realizado no ambulatório de sexualidade do Centro de Referência em Saúde do Homem, maior serviço público de urologia do Estado de São Paulo.
 
A unidade atende mais de 300 homens por mês com problemas sexuais e cerca de 20% deste total, afirma já ter feito o uso de estimulantes sexuais, pelo menos uma vez, sem prescrição médica.  Na hora da consulta, as explicações são sempre as mesmas: curiosidade, vontade de aprimorar a performance sexual e, claro, o receio de falhar na “hora H”.
 
No entanto, o médico chefe do serviço de urologia do hospital, Joaquim Claro, explica que os comprimidos não apresentam resultados para grande parte dos homens. “A medicação não é instantânea e muito menos mágica como acreditam os pacientes. Se o indivíduo já é saudável, o pênis dele não vai ficar ainda mais rígido após o consumo. Portanto, não vai haver mudança no desempenho”, afirma.
 
O médico alerta que os estimulantes sexuais podem causar dores de cabeça e musculares, diarreia, alergias, visão dupla e, em casos mais severos, até cegueira. Os pacientes cardiopatas também não podem ingerir este tipo de medicamento, considerado um vasodilatador, principalmente sem supervisão médica. Somente o especialista pode diagnosticar a necessidade de uso e, ainda, o melhor método, conforme critérios como idade, histórico familiar e condição financeira.
 
“Os efeitos colaterais são perigosos, mas há ainda o risco da dependência psicológica. O homem passa a supervalorizar a droga e liga o seu próprio desempenho sexual ao uso do remédio. Esta atitude gera um grau elevado de ansiedade e o paciente fica com medo de não ter mais relações satisfatórias se não contar com a ajuda medicamentosa”, destaca Claro.
 
A prática de atividade física é uma maneira saudável e eficaz de melhorar a atuação na hora do sexo, segundo os médicos. Os exercícios contribuem com o condicionamento físico, melhoram a circulação sanguínea e aumentam resistência trabalhando as regiões do peito, ombros, braços e pernas, além de elevar a autoestima.
 
Conheça outras atitudes importantes para manter  uma vida sexual ativa, segundo especialistas do Hospital do Homem:
 
Proteja o seu corpo: Use camisinha nas relações sexuais, evitando o contato com as doenças sexualmente transmissíveis. Não deixe de visitar o médico pelo menos uma vez ao ano para realização de check-up e dos exames preventivos.
 
Converse sobre sexo: Tenha um bom diálogo com a seu parceira, pois a confiança é importante para que o sexo satisfaça plenamente o casal.
 
Prepare o ambiente: A pressão psicológica e os problemas do dia a dia podem atrapalhar o desempenho. Por isso, é importante escolher o local e o momento ideal propício para a relação.
 
Esqueça os mitos: Segundo estudos, o tempo médio de uma relação é de 15 a 20 minutos. Saber disso é um dos primeiros passos para que o casal consiga diminuir as suas próprias expectativas.

Erros que ameaçam o controle da diabetes



Médicos e cientistas descobrem que boa parte dos pacientes aplica a insulina de forma incorreta, o que pode levar a sérias complicações causadas pela doença

Mônica Tarantino
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RODÍZIO
Luana não sabia que a insulina pode ser aplicada 
também em braços e pernas. Antes, usava só na barriga
O modo de se autoaplicar insulina tem grande impacto no controle da diabetes - doença que matou 50 mil brasileiros em 2010, quatro vezes mais do que a Aids (12 mil óbitos) e que superou o total de mortes causadas pelo trânsito (42 mil óbitos), conforme dados divulgados na semana passada pelo Ministério da Saúde. A insulina é essencial para levar a glicose (o combustível do organismo) para dentro das células. Uma pesquisa inédita da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) feita com 120 diabéticos revelou as falhas mais comuns no uso do remédio. O levantamento foi patrocinado pela Becton, Dickinson and Company, empresa de tecnologia médica.
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A primeira falha ocorre na retirada da insulina do frasco, com a seringa. “Metade dos adultos e 60% das pessoas abaixo de 18 anos aplicam doses incorretas”, diz Augusto Pimazoni Netto, coordenador do grupo de educação e controle do diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão da Unifesp e principal autor do estudo. “Há 20% mais erros com as seringas de 100U”, diz. Cada marca dessas seringas vale duas unidades, enquanto as seringas de 30U e 50U são graduadas com marcas que valem uma unidade.
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Por falta de informação, 10% dos diabéticos aplicam a insulina sempre no mesmo local. Outros 57% fazem o rodízio dos pontos de forma incorreta. Foi o que aconteceu com a analista de mídia Luana Damaceno, 29 anos. Um mês após o diagnóstico, tinha manchas roxas e caroços na barriga. Ela decidiu ir à Associação de Diabetes Juvenil (ADJ). “Quando comecei a usar insulina, não fui orientada para alternar os locais de aplicação. Aprendi que posso aplicar nos braços, pernas e nádegas”, diz. “A orientação é essencial no controle da doença”, define a enfermeira Cláudia Almeida, instrutora da ADJ.
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A ausência desse revezamento causa problemas mais sérios. Um exemplo é a história de uma garota de 6 anos com diabetes que perdia peso e apresentava taxas de glicemia muito altas, apesar das doses elevadas de insulina. Durante uma visita, uma das instrutoras do Programa Sanofi Diabetes – que orienta pacientes – pediu à criança para contar como tomava o remédio. Viu de imediato um endurecimento importante no braço, pois a mãe não fazia o rodízio para aplicação. O erro diminuía a absorção da insulina.  Corrigido o problema, a garota se recuperou. Em suas constantes visitas aos lares de diabéticos, a instrutora Lara Bauerlein, do mesmo projeto, viu erros no armazenamento da insulina. “Depois de aberta, a insulina não precisa ficar na geladeira. Pode ficar em temperatura ambiente de até 30 graus”, garante Lara.
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Outro aspecto revelado pelo estudo da Unifesp é a dificuldade dos pacientes de fazerem as dobras de pele para prevenir que a injeção atinja o tecido intramuscular. O risco é a rápida absorção da insulina, que não age pelo tempo esperado. A pesquisa mostrou ainda que há perda de insulina quando as pessoas retiram rapidamente a agulha da pele depois da aplicação. “Deve-se esperar entre cinco e dez segundos para evitar que isso aconteça”, ensina Pimazoni.
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Por que o peso volta?



Uma nova série de pesquisas explica por que a maior parte das pessoas volta a engordar depois de fazer dieta. Os quilos extras provocam danos no organismo que parecem irreversíveis

LUCIANA VICÁRin
As pesquisas mostram que três de cada dez pessoas que fazem regime pela internet já tentaram perder peso antes, usando outro método, e voltaram a engordar. O problema é velho conhecido de gordinhos, médicos e nutricionistas – e é investigado por cientistas do mundo todo. Com a perda de peso, o corpo engendra reações para recuperar a gordura que ele acha necessário manter. “A explicação mais lógica é que pressões evolucionárias selecionaram genes que fazem nosso corpo lutar para manter a gordura”, afirma o endocrinologista americano Michael Rosenbaum, pesquisador da Universidade Colúmbia. “Isso nos tornou mais resistentes a períodos de escassez e aumentou nossas chances de sobrevivência.” Estudos recentes sugerem que o fenômeno pode ser resultado também de transformações causadas pela obesidade.
A obesidade parece deixar cicatrizes no hipotálamo, região cerebral que controla o consumo e gasto de calorias 
A descoberta mais recente foi anunciada na edição deste mês do The Journal of Clinical Investigation. Dois grupos de pesquisadores concluíram que a obe-sidade modifica uma região do cérebro chamada hipotálamo. Entre outras funções, ela é fundamental no controle do consumo e gasto de calorias. Os pesqui-sadores da Universidade de Washington e do Beth Israel Deaconess Medical Center, ambos nos Estados Unidos, descobriram que áreas específicas do hipotá-lamo ficam inflamadas depois que pessoas e animais são submetidos a uma dieta rica em gordura. A capacidade de gerar novas células nessa região também é afetada. Isso provoca problemas no funcionamento desse circuito cerebral. Esses danos podem explicar por que os quilos a mais continuam a voltar depois da dieta. “É possível que se forme uma espécie de cicatriz no hipotálamo, que tornaria as transformações no metabolismo irreversíveis”, diz o endocrinologista americano Michael Schwartz, autor de uma das pesquisas.

Em outubro, o médico australiano Joseph Proietto publicou um estudo mostrando que, depois da dieta, os níveis dos hormônios que regulam a fome e a saciedade haviam mudado para pior em 50 pacientes que tinham emagrecido. A substância que estimula a fome aumentara no organismo, enquanto a dos hormônios da saciedade tinha diminuído. O organismo dos ex-gordinhos os estimulava a comer mais do que antes de começar a dieta. “Essas pessoas precisam aprender a não se sentir culpadas por ganhar os quilos extras novamente“, diz Proietto.

Os novos estudos sugerem que quem já foi obeso precisará lutar mais contra a balança. Médicos que acompanham um grupo de 10 mil ex-gordinhos americanos que conseguiram manter o novo peso descobriram que o segredo deles é simplesmente comer menos que as outras pessoas – entre 50 e 300 calorias diárias a menos. Os pesquisadores Rudolph Leibel e Michael Rosenbaum, da Universidade Colúmbia, chegaram a uma conclusão semelhante. Pacientes que perderam peso e mantiveram a silhueta esbelta tinham de comer, diariamente, entre 250 e 400 calorias a menos que pessoas que nunca foram gordas. A dose de exercício também precisa ser maior. Estudos sugerem que os músculos de quem já foi obeso se contraem mais devagar e gastam menos energia. Isso significa que as atividades físicas consomem até 50% menos calorias.

As pesquisas parecem desanimadoras, mas trazem um conhecimento importante para terminar com o vaivém constante dos quilos extras, chama-do de efeito sanfona. O recado é que manter-se magro exigirá esforço extra e duradouro. A internet, com ferramentas de emagrecimento ao alcance de um clique, pode ser uma arma valiosa nessa batalha.

Obesos podem ser tão saudáveis quanto os magros, diz estudo



Se levarem um estilo de vida saudável, pessoas acima do peso podem ter a mesma expectativa de vida que as de peso normal.


Pesquisa conclui que obesos podem ser saudáveis, mas tem que comer bem e se exercitar (Foto: Getty Images)
Pessoas acima do peso, até mesmo os obesos, podem ser tão saudáveis quanto pessoas magras, desde que levem uma vida saudável. Pelo menos é o que mostra um estudo da Medical University of South Carolina, nos Estados Unidos, que acompanhou durante 14 anos o hábito de quase 12 mil pessoas. Os resultados foram publicados no periódico Journal of the American Board of Family Medicine.
Os médicos descobriram que pessoas obesas que realizavam atividades consideradas saudáveis – como comer cinco ou mais frutas e vegetais por dia, fazer exercícios regularmente, consumir álcool com moderação e não fumar – apresentaram a mesma expectativa de vida de pessoas magras que levam a mesma vida. Já os participantes da pesquisa que estavam acima do peso e não adotavam um estilo de vida saudável estavam expostos a um risco maior de morrer jovens.
A pesquisa analisou os hábitos de vida e o risco de mortalidade de 11.761 homens e mulheres americanas, de peso normal a obesos. O Índice de Massa Corporal (IMC), que é a razão entre o peso e o quadrado da altura, dessas pessoas também foi verificado durante os 14 anos de estudo e comparado com o estilo de vida de cada participante.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Cinco quilos a mais, meia hora a menos



Estar pouco acima do peso ideal rouba 30 minutos de vida diária. O conceito de microvida e o impacto de nossas escolhas.

Não conheço uma só pessoa que tenha sido convencida a adotar uma vida mais saudável graças a mensagens impositivas e moralistas do tipo: “Faça isso, não faça aquilo”; “Seja assim, não seja assado”. O tom adotado para propagar grande parte dos conselhos de saúde é inadequado e ineficaz. Em vez de promover mudança, cria rejeição.
Está certo quem diz que os maus hábitos de hoje vão roubar qualidade e anos de vida no futuro, mas esse discurso não faz o sedentário sair do sofá nem o glutão parar no primeiro hambúrguer.
A mudança só acontece se a pessoa tomar consciência genuína dos riscos que corre ou se tiver alguma outra grande motivação. Um susto provocado por uma doença grave, um comentário marcante feito por uma pessoa querida, o desconforto cotidiano provocado por um hábito que se tornou estorvo.
A transformação nasce de um processo individual, silencioso e, muitas vezes, sem explicação fácil. Pergunte a um ex-fumante ou a um ex-gordinho por que ele resolveu mudar de vida e, possivelmente, ouvirá algo assim: “De repente, caiu a ficha”.
Caiu a ficha de que ele gostaria de viver bem hoje, agora mesmo. O futuro, essa coisa intangível, complica a equação. Dizer para uma pessoa “se economizar” para ter um futuro melhor é, quase sempre, pregar no deserto.
 Incomodado com essa constatação, um professor da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, resolveu criar uma forma de demonstrar o impacto dos maus hábitos sobre a vida diária. Em vez de falar sobre o futuro, fala sobre o presente.
David Spiegelhalter é bioestatístico. Ele reuniu os estudos populacionais mais confiáveis sobre o impacto dos hábitos diários sobre a expectativa de vida. Fumar encurta a vida em quantos anos? E estar acima do peso? E beber? E ser sedentário?
A partir desses dados, o professor estimou o impacto dos danos sobre cada dia de vida. O trabalho foi publicado nesta semana no British Medical Journal. Os cálculos se basearam nas escolhas de homens e mulheres de 35 anos que continuassem com os mesmos hábitos ao longo do resto da vida.
Para expressar os resultados, ele criou uma unidade, chamada de microvida. Cada microvida indica a perda ou ganho de 30 minutos diários de vida. Alguns exemplos: 
Perda de vida diária
• Estar cinco quilos acima do peso: menos 30 minutos
• Fumar dois cigarros por dia: menos 30 minutos
• Beber três doses de bebida alcoólica: menos 30 minutos
• Comer carne vermelha todos os dias: menos 30 minutos
• Passar duas horas diárias no sofá: menos 30 minutos
Ganho diário de vida
• Fazer pelo menos 20 minutos de atividade física diariamente: ganho de 60 minutos
• Comer frutas frescas e vegetais diariamente: ganho de 120 minutos
• Beber duas ou três xícaras de café por dia: ganho de 30 minutos
• Controlar o colesterol com remédios, quando isso é necessário: ganho de 30 minutos 
O professor também usou a unidade microvida para expressar o resultado de determinados dados demográficos sobre as condições de saúde. Na comparação com os homens, as mulheres têm uma vantagem de 120 minutos diários de vida. Um homem que nasce e vive na Suécia tem uma vantagem de 630 horas diárias em relação a um russo. Viver em 2010 representa um ganho de 450 horas diárias em relação às condições sanitárias, sociais e econômicas de 1910.
O conceito de microvida exige alguma abstração. OK, os dias têm apenas 24 horas, mas pensar na velocidade do envelhecimento como Spiegelhalter propõe é estimulante. Fica mais fácil entender que quanto mais uma pessoa acumula maus hábitos, mais rapidamente ela “queima” seu estoque de horas de vida a cada dia que passa.
“Quem fuma 20 cigarros diariamente corre em direção à morte 29 horas por dia, em vez de 24”, diz Spiegelhalter.
A nova ferramenta é interessante, mas têm limitações. Os cálculos são baseados em hábitos adotados ao longo de uma vida inteira. Não é possível usá-los para apontar, por exemplo, os malefícios de poucos cigarros tragados em um momento específico da vida.
Além disso, as perdas e ganhos de vida são médias calculadas de acordo com os dados obtidos em estudos populacionais. Esses dados ignoram a variabilidade existente entre as pessoas e a forma como o organismo de cada um reage a estímulos benéficos ou maléficos.
Bons hábitos prolongam a vida. Ajudam a viver mais e melhor. As boas escolhas ajudam a explicar porque alguns idosos chegam saudáveis e bem dispostos aos 80 anos, enquanto a maioria envelhece mal. O estilo de vida saudável, no entanto, não é suficiente para explicar a existência de superidosos como o arquiteto Oscar Niemeyer, morto recentemente aos 104 anos.
Só uma genética rara e caprichosa é capaz de fazer alguém chegar a essa idade, apesar de ter fumado, bebido e comido muita carne vermelha ao longo de toda a vida. 
Como ninguém sabe se terá a sorte de ser um Niemeyer, só nos resta assumir que o presente e o futuro decorrem de nossas escolhas. Neste Natal e em 2013, cuide-se bem. Um pouquinho por dia, com convicção e prazer.