domingo, 23 de setembro de 2012

Homens com pais divorciados têm mais chances de sofrerem AVC.




Possível explicação são as implicações biológicas que alteram o modo como os filhos reagem a futuras situações estressantes.

RIO - Estudo da Universidade de Toronto, no Canadá, sugere que homens que viveram o divórcio dos pais na infância ou antes de completar 18 anos têm significativamente mais chances de sofrerem um derrame do que um homem que não tenha passado pela mesma situação. Para a pesquisa, fatores considerados de alto risco, como idade, raça, renda e educação foram controlados. Após todos os ajustes, a separação mostrou estar associada a um risco três vezes maior nos filhos de algum trauma cardíaco. As mulheres, porém, não apresentaram características parecidas.
— A relação que encontramos entre o divórcio dos pais e o risco de derrame em homens é muito preocupante — afirmou Esme Fuller-Thomson, coordenador do estudo, ao International Journal of Stroke, jornal que publicará a pesquisa com mais detalhes ainda este mês.
A possibilidade de que os homens apresentem problemas no controle de cortisona, hormônio associado ao stress, é alta. Segundo Fuller-Thomson, a elevada taxa de derrames pode estar associada a um processo chamado incorporção biológica.
— É possível que a exposição ao estresse da separação dos pais possa ter implicações biológicas que altera o modo como estes meninos reagem a situações estressantes para o resto de suas vidas — explica.

Dois em cada três idosos têm deficiência de vitamina D



Déficit pode contribuir para o desenvolvimento de câncer, diabetes, aterosclerose e doenças cardíacas.


Por dia seriam necessários dois copos de leite integral para suprir as necessidades de vitamina D
Foto: Reprodução
Por dia seriam necessários dois copos de leite integral para suprir as necessidades de vitamina DREPRODUÇÃO
RIO - Um estudo com 67 pacientes acima de 60 anos do Hospital Pró-Cardíaco, entre julho de 2010 e agosto de 2011, constatou que dois em cada três idosos têm déficit de vitamina D. Na pesquisa, utilizou-se como padrão de normalidade níveis sanguíneos de vitamina D acima de 32 ng/ml (nanogramas por mililitro). Valores entre 15 e 32 ng/ml foram considerados como deficientes e, abaixo de 15 ng/ml, deficiência severa. Apenas 17% dos pacientes avaliados apresentaram níveis adequados de vitamina D e 36,5% mostraram deficiência severa. O grupo com maior concentração tinha 41 ng/ml. Entre os pacientes com deficiência severa foi encontrada uma média de 9,8 ng/mL com um valor mínimo de 3,5 ng/ml.
— É muito difícil suprir a necessidade diária de vitamina D só com alimentação, seriam necessários dois pedaços grandes de salmão, duas colheres de manteiga, três copos de leite integral, grandes quantidades. Mais importante que a alimentação é tomar 15 minutos de sol diariamente, sem filtro solar, nos horários indicados — explica a nutricionista Vanessa Pereira Montera, que usa o trabalho como teses de mestrado na Universidade Federal Fluminense (UFF).
O estilo de vida moderno faz com que as pessoas não se exponham ao sol, mas a falta de vitamina D pode contribuir para o desenvolvimento de câncer e doenças cardiovasculares, como aumento da pressão arterial, aterosclerose, diabetes e hipertrofia cardíaca. A exposição ao sol ativa a produção da pré-vitamina D: a pele tem um precursor, uma molécula que, em contato com o sol, se transforma em pré-vitamina D, que fornecerá vitamina D ativa em quantidades adequadas. Além do sol, a suplementação de 800 unidades internacionais (UI) para idosos e 600 UI para adultos também é indicada e está dentro do limite máximo de duas mil UI recomendadas pelo Ministério da Saúde.

O fantasma por trás da barriga.



Risco de impotência e perda de desejo sexual aumenta junto com a circunferência abdominal



Risco de impotência aumenta em homens com mais de 94 centímetros de circunferência abdominal, principalmente depois dos 40 anos
Foto: Jorge William
Risco de impotência aumenta em homens com mais de 94 centímetros de circunferência abdominal, principalmente depois dos 40 anosJORGE WILLIAM
SÃO PAULO O homem brasileiro está barrigudo, sedentário, acima do peso e, além de tudo, desatento. A maioria não sabe que a famosa barriga de chope pode trazer uma consequência para lá de infeliz: a falta de ereção. Uma pesquisa comportamental feita com cinco mil homens pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) faz um raio-X da saúde masculina e mostra que 51% estão acima ou muito acima do peso, 64% nunca realizaram um exame para medir os níveis de testosterona, 38% não costumam ir ao médico com frequência, 23% relacionam a obesidade ao envelhecimento. E 37% admitem o uso de remédio para ereção — no Rio este percentual chega a 60%.
O risco de impotência aumenta em homens com mais de 94 centímetros de circunferência abdominal, principalmente depois dos 40 anos. Essa gordura chamada visceral gera estrogênio, cortisol e leptina, substâncias que diminuem a produção de testosterona, um dos principais combustíveis sexuais masculinos. Segundo o endocrinologista João Eduardo Salles, professor da Santa Casa de São Paulo, 40% dos obesos têm baixos níveis de testosterona no corpo.
— Uma das principais partes do organismo afetadas pela obesidade é a hipófise, o que acarreta uma menor produção de hormônios que estimulam os testículos a produzirem a testosterona — detalha Salles.
O hormônio em baixa dosagem causa alteração de humor, problemas de ereção e sonolência, aumenta a gordura abdominal e diminui a libido, explica o urologista Archimedes Nardozza Junior, diretor do Núcleo de Pesquisa da SBU e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
— Os homens só batem na porta do médico quando ocorrem problemas na próstata e de questão sexual, muitas vezes levados pelas mulheres. A maioria desconhece a ação da testosterona, que começa a diminuir a partir dos 40 anos, de forma lenta e gradativa, mas com grande impacto no organismo — afirma Nardozza Júnior.
Mais testosterona, menos barriga
Resultados de um estudo do endocrinologista alemão Farid Saad, da área científica do laboratório Bayer na Alemanha, mostram que os homens podem emagrecer e diminuir a circunferência abdominal com a reposição hormonal.
A pesquisa, apresentada durante um encontro da Sociedade de Endocrinologia, nos Estados Unidos, acompanhou por cinco anos 115 homens com baixos índices de testosterona. Com a reposição hormonal, dieta e exercícios, eles perderam, em média, 16kg e a circunferência abdominal reduziu de 107 para 98 centímetros. Outro grupo com 255 homens e idade média de 60 anos colocou os níveis de testosterona em ordem e teve uma melhora no problema da disfunção erétil. Além da perda de peso, em cinco anos eles reduziram 8,8cm na medida de circunferência abdominal.
— É muito difícil comparar todos os estudos, já que são diferentes em muitos aspectos. Mas sabemos que os homens não relacionam o aumento de peso, o tamanho da barriga, a dificuldade em ter ereção e a baixa testosterona. Eles pensam nessas condições como fenômenos independentes. Grandes estudos epidemiológicos têm analisado estas condições juntas — diz o endocrinologista alemão, em entrevista ao GLOBO.
Dados mundiais apontam que cerca de 20% da população masculina têm algum sinal de síndrome metabólica: obesidade, diabetes, pressão alta e colesterol ruim elevado, fatores que também prejudicam a ereção. Isto somado ao tabagismo aumenta ainda mais o risco para doenças coronarianas.
— Cada fator aumenta um pouco o risco. O cigarro eleva em uma vez e meia as chances de doenças coronarianas. O colesterol e a glicemia alterados mais que dobram os riscos — diz Nardozza Júnior.
No Rio, a pesquisa da SBU constatou que 69% dos homens acima de 40 anos não fazem dieta e 52% também não praticam atividade física. Resultado: 47% estão acima ou muito acima do peso ideal. Os principais sinais de envelhecimento apontados pelos entrevistados são pressão alta e cansaço (32% ); perda de libido e de força muscular (26%); perda da força muscular e calvície (16%); obesidade e diabetes (17%). Quanto à vida sexual, 48% dos homens se dizem 100% satisfeitos.
Bom humor e menos cansaço
Uma revisão de tudo o que foi publicado até hoje na literatura médica sobre os efeitos da testosterona na composição corporal, divulgada no periódico “Current Diabetes Reviews”, mostra que os níveis de testosterona em dia contribuem também para a melhora do humor e a redução da fadiga. Mas a reposição hormonal só deve ser feita com indicação e acompanhamento médicos, como exames de controle a cada três meses.
Entre os efeitos colaterais, a reposição pode levar a um aumento de glóbulos vermelhos, além disso, quem ronca por apneia do sono pode ter uma piora no quadro. Daí a importância das consultas e exames de sangue regulares para um eventual ajuste da dose.
— Só recomendamos a reposição quando o indivíduo tem nível inferior a 300ng/dL – nanogramas por decilitro. Hoje, já existe uma dose única, injetável, para três meses. Não é recomendada a reposição para homens que ainda pretendem ter filhos porque inibe a fertilidade. Há jovens que usam o hormônio como anabolizante, o que é um erro — orienta o endocrinologista Farid Saad.