domingo, 30 de setembro de 2012

Cada vez mais presentes no mercado de trabalho, idosos chefiam 25% dos lares no Estado do Rio



Maior participação mostra principalmente que eles estão em melhores condições de saúde.


A professora de artes Elisabeth Correa, de 77 anos, é cercada por seus alunos num colégio em Botafogo
Foto: Simone Marinho
A professora de artes Elisabeth Correa, de 77 anos, é cercada por seus alunos num colégio em BotafogoSIMONE MARINHO
RIO - “Posso realizar desejos bastante bons de viagens e ajudar minhas filhas quando elas precisam”. A explicação da professora de educação artística Elisabeth Correa, moradora de Botafogo, para o fato de continuar trabalhando aos 77 anos é parte da realidade de outros 432 mil idosos da Região Metropolitana do Rio, a mais envelhecida do país. Eles são a parcela de idosos economicamente ativos da região, representando 36% do total de pessoas com mais de 60 anos, segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, realizada em 2011. De 2001 até o ano passado, esse grupo cresceu 78,5%, dando mais peso à participação dos idosos na economia metropolitana.

O GLOBO começa neste domingo, véspera do Dia Nacional do Idoso, a publicar uma série de reportagens sobre o grupo que deu ao estado fluminense a condição de segundo mais velho do Brasil no Censo 2010, com 13% de sua população sendo formada por idosos, perdendo apenas para o Rio Grande do Sul, com 13,6%. Foi nesse estado do Sul do país que nasceu a professora Elisabeth, moradora do Rio desde 1967. Além de dar aulas duas vezes por semana no Colégio Santa Rosa de Lima, em Botafogo, Elisabeth ministra um curso de pintura em seu ateliê três dias por semana. A renda das aulas complementa a aposentadoria recebida do município. E o trabalho é recompensado com viagens frequentes: quase todo fim de semana ela vai com o marido para Itaipuaçu, onde o casal tem uma casa. No ano passado, visitaram Brasília e fizeram um tour pelo Rio Grande do Sul. Em 2009, viajaram por dois meses pela Europa.No mesmo período, a população acima de 60 anos em todo o Estado do Rio que continua no mercado de trabalho — empregada ou à procura de uma vaga — cresceu 58%. O resultado de tanta labuta? Cerca de um quarto dos responsáveis por domicílios, seja no estado (24,6%), na Região Metropolitana (24,9%) ou na cidade do Rio (27%), é de idosos, de acordo com o Censo 2010. No Brasil todo, as pessoas com mais de 60 anos respondem por 21,9% dos domicílios.
— Com esse ganho extra, fico mais folgada para satisfazer meus desejos. Este ano, pudemos reformar a nossa casa em Itaipuaçu — conta ela.
Mais saúde, mais tempo de trabalho
A primeira explicação para a maior participação do idoso na economia é o próprio envelhecimento da população, segundo a economista e demógrafa Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O crescimento do número de idosos ativos no estado (58%) e na Região Metropolitana do Rio (78,5%) entre 2001 e 2011, no entanto, superou o aumento da população de idosos em geral no mesmo período: no estado, o grupo cresceu 41,1% e na Região Metropolitana, 41,3%. Para Ana Amélia, a maior participação deles no mercado de trabalho mostra principalmente que eles estão em melhores condições de saúde. A participação deles também tem sido estimulada por um boom na demanda por mão de obra.
— A gente dizia que quem perdia emprego depois dos 50 anos passava dificuldade por causa do preconceito contra o trabalho dos mais velhos. Agora vemos uma reversão disso, por conta de um apagão de mão de obra, como no ramo da engenharia. Outra questão é que, com as menores taxas de fecundidade, há menos jovens no mercado. Uma das soluções é manter os trabalhadores mais tempo na ativa. Para isso, é preciso capacitar os idosos para lidarem com as mudanças tecnológicas — afirma a especialista em envelhecimento. — A grande proporção de idosos como chefes da casa mostra que há um agrupamento familiar em torno deles. A renda desses idosos é muito importante no orçamento. Isso tem a ver com a falta de rendimento dos filhos adultos.
No Estado do Rio, 69,5% da renda dos domicílios dependem do que é ganho pelos idosos, segundo a Pnad 2011. No Brasil, esse percentual é 64,5%.
Aos 86 anos, o morador de Copacabana José Ricardo dá aulas de inglês, usando música, para alunos com mais de 60 anos, de segunda a sexta-feira. E não tem planos de parar. Casado e pai de três filhos, ele explica que, por ter morado muito tempo fora do Brasil, a aposentadoria não é suficiente — permite pagar apenas condomínio, luz, gás e telefone. José diz que ensinar é, para ele, como um remédio.
— Com o trabalho, me mantenho entusiasmado. Acho fundamental para envelhecer bem — afirma.
Para Ana Amélia, uma grande vantagem do trabalho nessa fase é a possibilidade de integração social. Ela lembra que o encerramento da carreira leva, muitas vezes, à depressão:
— Quando param de trabalhar, os homens ficam mais perdidos que as mulheres, que têm mais facilidade de se integrar, fazendo viagens, saindo e cuidando da família.
A moradora de Botafogo Geísa Guerra Mourão, de 72 anos, viúva há dez, sabia exatamente o que faria quando se aposentasse. Em 1998, ela passou a produzir artesanato, que já chegou a representar 70% do seu orçamento. Hoje, depois de reduzir a atividade extra, o artesanato gera 20% dos seus rendimentos. Esse dinheiro é usado no lazer. E, para divulgar as peças que vende, Geísa usa o Facebook. Morando com um filho, ela é a responsável pelas contas da casa:
— Sempre fui muito independente e agora não está sendo diferente.
A Federação do Comércio do Rio (Fecomércio-RJ) fez uma pesquisa, entre os dias 12 e 14 deste mês, no município do Rio, com 364 pessoas com mais de 55 anos, para traçar o perfil desses consumidores. Eles gastam 50% da renda com alimentação, 22,1% com remédios, 11,7% com aluguel e 8% com plano de saúde.
— É uma população que está se alimentando melhor, vivendo mais, cuidando mais da saúde e trabalhando mais. Para o comércio, é um grupo com alto poder aquisitivo, que começa a ter atendimentos especializados — avalia o economista Christian Travassos, da Fecomércio-RJ.
Já o presidente da Associação Brasileira de Indústria de Hotéis (ABIH-RJ), Alfredo Lopes, estima que o público da terceira idade que deixa a capital para se hospedar no interior represente 20% do total de clientes nos dias úteis. Um movimento que dobrou nos últimos cinco anos.

O fantasma por trás da barriga




Risco de impotência e perda de desejo sexual aumenta junto com a circunferência abdominal.


Risco de impotência aumenta em homens com mais de 94 centímetros de circunferência abdominal, principalmente depois dos 40 anos
Foto: Jorge William
Risco de impotência aumenta em homens com mais de 94 centímetros de circunferência abdominal, principalmente depois dos 40 anosJORGE WILLIAM
SÃO PAULO - O homem brasileiro está barrigudo, sedentário, acima do peso e, além de tudo, desatento. A maioria não sabe que a famosa barriga de chope pode trazer uma consequência para lá de infeliz: a falta de ereção. Uma pesquisa comportamental feita com cinco mil homens pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) faz um raio-X da saúde masculina e mostra que 51% estão acima ou muito acima do peso, 64% nunca realizaram um exame para medir os níveis de testosterona, 38% não costumam ir ao médico com frequência, 23% relacionam a obesidade ao envelhecimento. E 37% admitem o uso de remédio para ereção — no Rio este percentual chega a 60%
— Uma das principais partes do organismo afetadas pela obesidade é a hipófise, o que acarreta uma menor produção de hormônios que estimulam os testículos a produzirem a testosterona — detalha Salles.O risco de impotência aumenta em homens com mais de 94 centímetros de circunferência abdominal, principalmente depois dos 40 anos. Essa gordura chamada visceral gera estrogênio, cortisol e leptina, substâncias que diminuem a produção de testosterona, um dos principais combustíveis sexuais masculinos. Segundo o endocrinologista João Eduardo Salles, professor da Santa Casa de São Paulo, 40% dos obesos têm baixos níveis de testosterona no corpo.
O hormônio em baixa dosagem causa alteração de humor, problemas de ereção e sonolência, aumenta a gordura abdominal e diminui a libido, explica o urologista Archimedes Nardozza Junior, diretor do Núcleo de Pesquisa da SBU e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
— Os homens só batem na porta do médico quando ocorrem problemas na próstata e de questão sexual, muitas vezes levados pelas mulheres. A maioria desconhece a ação da testosterona, que começa a diminuir a partir dos 40 anos, de forma lenta e gradativa, mas com grande impacto no organismo — afirma Nardozza Júnior.
Mais testosterona, menos barriga
Resultados de um estudo do endocrinologista alemão Farid Saad, da área científica do laboratório Bayer na Alemanha, mostram que os homens podem emagrecer e diminuir a circunferência abdominal com a reposição hormonal.
A pesquisa, apresentada durante um encontro da Sociedade de Endocrinologia, nos Estados Unidos, acompanhou por cinco anos 115 homens com baixos índices de testosterona. Com a reposição hormonal, dieta e exercícios, eles perderam, em média, 16kg e a circunferência abdominal reduziu de 107 para 98 centímetros. Outro grupo com 255 homens e idade média de 60 anos colocou os níveis de testosterona em ordem e teve uma melhora no problema da disfunção erétil. Além da perda de peso, em cinco anos eles reduziram 8,8cm na medida de circunferência abdominal.
— É muito difícil comparar todos os estudos, já que são diferentes em muitos aspectos. Mas sabemos que os homens não relacionam o aumento de peso, o tamanho da barriga, a dificuldade em ter ereção e a baixa testosterona. Eles pensam nessas condições como fenômenos independentes. Grandes estudos epidemiológicos têm analisado estas condições juntas — diz o endocrinologista alemão, em entrevista ao GLOBO.
Dados mundiais apontam que cerca de 20% da população masculina têm algum sinal de síndrome metabólica: obesidade, diabetes, pressão alta e colesterol ruim elevado, fatores que também prejudicam a ereção. Isto somado ao tabagismo aumenta ainda mais o risco para doenças coronarianas.
— Cada fator aumenta um pouco o risco. O cigarro eleva em uma vez e meia as chances de doenças coronarianas. O colesterol e a glicemia alterados mais que dobram os riscos — diz Nardozza Júnior.
No Rio, a pesquisa da SBU constatou que 69% dos homens acima de 40 anos não fazem dieta e 52% também não praticam atividade física. Resultado: 47% estão acima ou muito acima do peso ideal. Os principais sinais de envelhecimento apontados pelos entrevistados são pressão alta e cansaço (32% ); perda de libido e de força muscular (26%); perda da força muscular e calvície (16%); obesidade e diabetes (17%). Quanto à vida sexual, 48% dos homens se dizem 100% satisfeitos.
Bom humor e menos cansaço
Uma revisão de tudo o que foi publicado até hoje na literatura médica sobre os efeitos da testosterona na composição corporal, divulgada no periódico “Current Diabetes Reviews”, mostra que os níveis de testosterona em dia contribuem também para a melhora do humor e a redução da fadiga. Mas a reposição hormonal só deve ser feita com indicação e acompanhamento médicos, como exames de controle a cada três meses.
Entre os efeitos colaterais, a reposição pode levar a um aumento de glóbulos vermelhos, além disso, quem ronca por apneia do sono pode ter uma piora no quadro. Daí a importância das consultas e exames de sangue regulares para um eventual ajuste da dose.
— Só recomendamos a reposição quando o indivíduo tem nível inferior a 300ng/dL – nanogramas por decilitro. Hoje, já existe uma dose única, injetável, para três meses. Não é recomendada a reposição para homens que ainda pretendem ter filhos porque inibe a fertilidade. Há jovens que usam o hormônio como anabolizante, o que é um erro — orienta o endocrinologista Farid Saad.



Peso normal, mas barriga saliente, aumenta risco de doença cardiovascular



Pessoas com muito acúmulo de gordura na região da barriga correm um risco até 2,75 vezes maior de morrer por problemas cardiovasculares do que pessoas obesas

Barriga
Gordura acumulada na região do abdome pode significar alto risco cardíaco a pacientes com IMC considerado normal(Thinkstock)
Pessoas com peso considerado normal, mas com acúmulo de gordura na barriga, têm mais riscos de morrer do que pessoas obesas. De acordo com estudo conduzido pela Clínica Mayo, nos Estados Unidos, os riscos de morrer por problemas cardiovasculares são 2,75 vezes mais altos e, por problemas em geral, 2,08 vezes mais elevados, em pessoas com índice de massa corporal (IMC - calcule aqui o seu) normal, mas com acúmulo de peso na região abdominal. O estudo foi apresentado durante o Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia.
"Estudos anteriores já haviam apontado que uma obesidade na região central do corpo é ruim. A novidade da pesquisa é que a distribuição da gordura é muito importante até em pessoas com um peso normal", diz Francisco Lopez-Jimenez, autor sênior do estudo e cardiologista da Clínica Mayo. "Esse grupo de pessoas tem os índices de morte mais altos — mais altos até que aqueles considerados obesos. De uma perspectiva de saúde pública, essa é uma descoberta significativa."
Pesquisa — Participaram 12.785 indivíduos com 18 anos ou mais, analisados no Terceiro Levantamento Nacional de Exame de Saúde e Nutrição, que fornece uma amostra representativa da população dos Estados Unidos. Foram registradas medidas corporais como peso, altura, circunferência da cintura e do quadril, assim como condição socioeconômica e comorbidades (doenças relacionadas). A idade média dos participantes era de 44 anos e 47,4% eram homens. O tempo de acompanhamento médio foi de 14,3 anos.
Os voluntários foram divididos em três categorias de IMC: normal (18,5 – 24,9), sobrepeso (25 – 29,9) e obeso (acima de 30). E em duas categorias de circunferência de cintura-quadril: normal (menor que 0,85 para mulheres e que 0,9 para homens) e alta (maior ou igual a 0,85 para mulheres, e que 0,9 para homens). As análises foram ajustadas por idade, sexo, fumantes, hipertensão, diabetes e IMC. Pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica e com câncer foram excluídas. Foram registradas 2.562 mortes, das quais 1.138 estavam relacionadas com condições cardiovasculares.
Os indivíduos com IMC normal, mas com obesidade central (definida por um índice de circunferência quadril-cintura elevado) tinham os riscos mais elevados de morrer de todas as causas. O risco de morte cardiovascular era 2,75 vezes mais alto e o de morte por todas as causas era 2,08 vezes maior em pessoas com IMC normal, mas com peso central — comparado com pessoas com IMC e circunferência quadril-cintura normais.
"Esse é o primeiro estudo que avalia estimativas nacionais de morte em obesidade central, mesmo na ausência de obesidade por IMC", diz Karine Sahakyan, cardiologista e pesquisadora da Clínica Mayo. "O alto risco de morte pode estar relacionado com um maior acúmulo de gordura visceral nesse grupo, o que está associado com resistência à insulina e outros fatores de risco."
Segundo Lopez-Jimenez, muita gente hoje tem conhecido do seu IMC. "Mas ter, por si só, um IMC normal não assegura que o risco para doença cardíaca é baixo. Como sua gordura está distribuída pelo corpo pode significar muito, e isso pode ser determinado facilmente, mesmo que seu peso esteja considerado dentro da normalidade."

Diabetes pode alterar a testosterona



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O homem adulto, normal, produz hormônio masculino (testosterona) em tipo especial de células nos testículos (células de Leydig). Outras células do testículo são chamada germinativas, pois evoluem para se tornarem espermatozóides (ou gametas masculinos), que irão fecundar o óvulo, possibilitando a formação do embrião. Portanto, nas gônadas (testículos) existem duas “fábricas” diferentes: uma que sintetiza e libera na circulação a testosterona (hormônio masculino) e a outra que é responsável pela fertilidade, representada pelos espermatozóides.
Ambas as “fábricas” são controladas por hormônios que vêm da hipófise: o LH e o FSH. Como estas duas “linhas de produção” são independentes é possível que se tenha um paciente cuja produção de gametas masculinas (espermatozóides) esteja sustada ou prejudicada, mas a “fábrica” de testosterona continue a sintetizar o hormônio masculino sem o menor problema. Neste exemplo o homem teria “falta de esperma” e seria infértil, mas a presença de testosterona normal lhe asseguraria uma vida sexual normal. A falta de hormônio masculino (chamado de hipogonadismo) atrapalha a correta maturação dos gametas masculinos (espermatozóides) e pode comprometer a fertilidade.
A testosterona é transportada na circulação
Após ser sintetizada nos testículos a testosterona é lançada na circulação. Neste ponto existe, no sangue, um “ônibus”, isto é, uma proteína que transporta a testosterona no seu trajeto circulatório até o ponto (ou locais) em que se faz atuar a testosterona. Este “ônibus” chama-se SHBG e carrega a testosterona chamada 'total'. Nos locais em que é necessária ação do hormônio masculino, uma pequena parte é liberada do “ônibus SHBG”. Esta fração de testosterona que emerge do “ônibus SHBG” é chamada de testosterona livre, considerada um importante índice de boa ação hormonal masculina.
A testosterona livre age em nosso cérebro masculino, facultando as qualidades inerentes ao homem (desejo, libido, agressividade, impetuosidade, combatividade, etc). No couro cabeludo a testosterona torna a pele oleosa e estimula secreção sebácea, provocando as clássicas “entradas” no couro cabeludo. A calvície é uma das conseqüências da ação da testosterona no couro cabeludo.
A ação da testosterona livre na área genital, na próstata e em todo o aparelho genital masculino é muito importante. É obvio que o nível de testosterona deve estar normal para que haja um desempenho sexual adequado. O hormônio masculino em dosagem correta e normal resulta em boa atividade sexual. O exagero deste hormônio, no entanto, não implica em melhor desempenho.
A função testicular do diabético
Recentemente um estudo realizado na Austrália focalizou os níveis de testosterona total e livre em pacientes diabéticos. Os pesquisadores estudaram 580 homens com diabetes tipo 2 (não usam insulina, tomam comprimidos, são geralmente obesos) e 69 homens com diabetes tipo 1 (os quais controlam a glicemia com doses diárias de insulina). Notaram que apenas 7% dos diabéticos tipo 1 tinham níveis baixos de testosterona enquanto 43% dos diabéticos tipo 2 exibiam concentrações baixas de testosterona na circulação. As mensurações foram realizadas tanto para testosterona total (aquela que está no “ônibus SHBG”) como para os níveis de testosterona livre. Os níveis de hormônio masculino no grupo de diabéticos tipo 2 eram mais baixos nos mais idosos e, também, menores nos diabéticos mais gordos.
A causa da baixa concentração de testosterona
Os resultados indicados levaram os cientistas australianos a buscar uma explicação de por que pacientes com diabetes tipo 2 têm baixo nível de testosterona. Concluíram que estes pacientes geralmente obesos, com barriga proeminente, muita gordura visceral, e gordura no fígado apresentam o que se denomina resistência à ação da insulina. Trocando em miúdos, a insulina é secretada pelo pâncreas e estimula a entrada da glicose nos tecidos.
Com a presença de gordura abdominal e gordura visceral inicia-se um processo do corpo de recusar a aceitar a ação da insulina, que se eleva na circulação. A insulina elevada atua junto ao testículo com menor síntese da testosterona. Por sua vez a gordura visceral da barriga promove a transformação da testosterona em outros tipos de hormônios, contribuindo para baixar os níveis deste importantíssimo hormônio masculino. Recomendam os australianos que os diabéticos tipo 2 devem fazer exames periódicos para dosar testosterona total e livre. Devem perder peso, deixar o sedentarismo de lado, praticar exercícios aeróbicos e perder a gordura visceral, abdominal. É considerado, igualmente, o tratamento hormonal com testosterona em casos selecionados desde que não haja contra indicações para terapia hormonal.

Excesso de gordura abdominal pode provocar disfunções sexuais e urinárias em homens


Pesquisa mostrou que circunferência da cintura pode prever risco de complicações como disfunção erétil, incontinência urinária e ejaculação precoce.


Tratamento diabetes: pacientes com índice corporal abaixo do considerado obeso são candidatos à cirúrgia
Excesso de peso: quilos a mais podem vir junto com problemas de ordem sexual e urinária (Creatas Images/Thinkstock)
O ganho de peso, especialmente em função da gordura que fica acumulada no abdome, pode não só desencadear doenças cardíacas e problemas metabólicos, mas também aumentar as chances de um homem sofrer disfunções sexuais e urinárias. Estudo realizado pelo Hospital Presbiteriano de Nova York, nos Estados Unidos sugere, pela primeira vez, que emagrecer pode ajudar a evitar complicações como micção frequente e disfunção erétil. De acordo com os resultados, publicados na edição do mês de agosto do periódico British Journal of Urology International (BJUI), reduzir a medida da circunferência abdominal em seis centímetros já melhora de maneira significativa a incidência desses problemas entre o sexo masculino.
A pesquisa se baseou em dados de 409 homens de 40 a 91 anos de idade que haviam apresentado algum sintoma no trato urinário inferior (STUI) — por exemplo, dificuldade em urinar e incontinência urinária, que são problemas comuns entre homens mais velhos. De acordo com os autores, uma maior circunferência abdominal foi associada a um maior número de vezes em que um individuo urina no dia: 39% dos homens com as maiores medidas do abdome urinavam oito vezes em um período de 24 horas e 44% precisavam ir ao banheiro ao menos duas vezes durante a noite. Esses índices foram de 16% e 15%, respectivamente, entre aqueles com as menores circunferências abdominais.
Problemas no sexo — Em relação a complicações de ordem sexual, 75% dos homens do grupo com as maiores medidas do abdome apresentavam disfunção erétil e 65% sofriam problemas de ejaculação precoce. Já entre os participantes com as menores cinturas, essas porcentagens foram de 32% e 21%, respectivamente.
"Os resultados demonstram que a obesidade entre homens afeta o bem-estar deles de maneira profunda", diz Steven Kaplan, coordenador do estudo. De acordo com o pesquisador, não é possível afirmar que a obesidade provoca diretamente problemas de ordem sexual e urinária, mas sim que as alterações hormonais e de fluxo sanguíneo provocadas pelo excesso de peso contribuem para essas complicações. "Essas evidências contribuem para a recomendação de que os homens devem manter um peso saudável para garantir uma boa saúde em geral."