sábado, 25 de agosto de 2012

Nove em dez homens impotentes são sedentários, diz pesquisa em SP.


Fumantes representam 40% dos pacientes com problemas sexuais.
Centro de Referência da Saúde do Homem fez estudo entre 2011 e 2012.

Uma pesquisa realizada entre janeiro de 2011 e maio de 2012 pelo Centro de Referência da Saúde do Homem, em São Paulo, revela que 90% dos pacientes atendidos com queixas de impotência sexual são sedentários.
Além disso, dos 300 homens por mês que procuraram o serviço estadual para tratar a disfunção erétil, 40% eram fumantes. A maioria tem mais de 40 anos e já havia tentado outros tratamentos e remédios orais anteriormente. Cerca de 40 médicos ajudaram no levantamento.
O aumento da gordura corporal pode atingir os vasos sanguíneos, tornando-os mais rígidos e sem dilatação, e também diminuir a testosterona, o hormônio masculino.

"Pelo que se conhece da literatura médica, a relação do sedentarismo com a impotência é indireta. O problema está ligado às consequências da falta de atividade física, como obesidade, diabetes, colesterol alto e hipertensão. Essas são as vias finais que levam ao aparecimento ou à piora da disfunção", explica o urologista responsável pelo centro, Joaquim Claro.
No caso do cigarro, a ligação com a perde do desejo sexual é mais direta: ele obstrui os vasos, que levam menos sangue até os corpos cavernosos do pênis. Segundo Claro, os fumantes com mais de 55 anos geralmente apresentam algum grau de impotência. A atuação do tabaco nas artérias é similar ao de fatores orgânicos como a diabetes, explica.
Impotência (Foto: Arte/G1)
O estresse, a depressão e outros fatores psicológicos ou emocionais também interferem nos sinais cerebrais e podem desencadear a impotência, que atinge até 25 milhões de brasileiros acima dos 18 anos pelo menos uma vez na vida. Na faixa dos 40 anos, mais de 40% não conseguem ter relações com suas parceiras ou parceiros por esse motivo.
Os médicos destacam que o homem precisa reconhecer quando essas falhas são eventuais e quando é o momento de procurar ajuda. A disfunção sexual pode ser tratada com terapia, medicamentos ou com a implantação de uma prótese peniana, mas só um especialista é capaz de fazer o diagnóstico da doença e indicar o melhor tratamento.

Estudo indica que injeções de testosterona podem ajudar homens a perder peso.


Homens com mais de 60 anos que receberam o tratamento perderam 16 quilos, em média, em cinco anos

Obesidade: Entre 2006 e 2009, quatro milhões de brasileiros atingiram o estágio da obersidade mórbida, segundo o Ministério da Saúde
Acima do peso: homens com baixos níveis de testosterona podem emagrecer com reposição hormonal (Creatas Images/ThinkStock)
Homens mais velhos com níveis baixos de testosterona podem perder peso tomando suplementos de hormônio masculino, revelou um estudo apresentado nesta quarta-feira no Congresso Europeu de Obesidade em Lyon, na França. De acordo com a pesquisa, após cinco anos recebendo o hormônio, os indivíduos, que não tinham quantidades suficientes de testosterona no organismo, perderam, em média, 16 quilos.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Restoring testosterone to normal levels in elderly men is efficacious in weight reduction. a follow-up study over 5 year

Onde foi divulgada: Congresso Europeu de Obesidade em Lyon, França

Quem fez: Farid Saad e equipe

Instituição: Bayer Pharma

Dados de amostragem: 115 homens de 61 anos

Resultado: Após cinco anos recebendo injeções de testosterona, os homens perderam, em média, 16 quilos e tiveram uma redução de 107 para 98 centímetros da circunferência abdominal.
"Aumentar a testosterona para níveis normais reduziu o peso corporal, a circunferência abdominal e a pressão sanguínea, além de melhorar os perfis metabólicos", ressaltou um comunicado sobre a pesquisa, chefiada por Farid Saad, da gigante farmacêutica alemã Bayer.
Ao todo, 115 homens de 61 anos de idade e com produção insuficiente de testosterona receberam injeções do hormônio. Após cinco anos, eles perderam, em média, 16 quilos e tiveram uma redução na circunferência abdominal de 107 para 98 centímetros. Segundo os autores do estudo, as melhorias foram progressivas ao longo do período da pesquisa.
Cautela — A testosterona, hormônio esteroide secretado pelos testículos do homem e, em menor quantidade, pelos ovários da mulher, afeta o desenvolvimento cerebral e o comportamento sexual, e tem sido vinculado por alguns pesquisadores ao câncer de próstata e a doenças cardíacas. "Níveis de testosterona aumentados melhoram a energia e a motivação para se fazer exercícios físicos e movimentos em geral; a testosterona também aumenta a massa corporal magra, dando mais energia aos pacientes", escreveram os autores no comunicado sobre o trabalho.

Saiba mais

TERAPIA HORMONAL
Embora pouco utilizada pelo sexo masculino, a injeção hormonal pode ajudar os homens a perder peso, melhorar humor, desempenho sexual e evitar colesterol altos. Porém, é um procedimento indicado somente àqueles com baixos níveis de testosterona, já que o excesso do hormônio pode provocar problemas como trombose. Em relação às mulheres, a reposição hormonal é mais utilizada para aliviar os sintomas da menopausa. No entanto, seu uso ainda gera controvérsia, já que o hormônio feminino está relacionado ao aumento do risco dos cânceres de útero e de mama. Portanto, antes de um médico recomendar a terapia a uma paciente, ele deve levar em consideração fatores de risco como histórico de cânceres na família e tabagismo para avaliar se a injeção do hormônio valerá a pena.
No entanto, alguns especialistas pedem cautela em relação aos resultados. "É bem possível que um medicamento que melhora o humor de pessoas de meia idade ao longo de um período de tempo provavelmente as torne mais ativas e as ajude a perder um pouco de peso, mas a testosterona é uma droga séria e traz sérios efeitos para a saúde", afirmou Sanjay Kinra, especialista em obesidade e pesquisador da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
Para Kinra, há "centenas de coisas lá fora" que poderiam fazer as pessoas perderem peso em curto prazo, mas apenas uma mudança no estilo de vida asseguraria que se mantenham magras. "Como tratamento em massa para a obesidade, ela (a testosterona) não é significativa porque não se trocaria o risco de desenvolver câncer de próstata ou doença cardíaca por um pouco de perda de peso, que não será duradoura de qualquer forma, e só se manterá no período em que se estiver tomando testosterona", diz.

Opinião do especialista

João Eduardo Nunes Salles
Endocrinologista, membro da diretoria da Regional de São Paulo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-SP) e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa

"O estudo confirma a relação entre nível de testosterona e facilidade de ganho de peso. Embora já se saiba que a reposição do hormônio provoca esse benefício, o procedimento é pouco usado e, muitas vezes, feito de maneira errada. A injeção de testosterona deve somente ser utilizada em homens que, de fato, possuem deficiência do hormônio. O excesso de testosterona pode aumentar o risco de problemas como trombose e lesão hepática.
É óbvio que a principal causa da obesidade não é a falta de testosterona no organismo, mas sim o sedentarismo, maus hábitos alimentares e predisposição genética. Porém, obesos que têm deficiência do hormônio podem ter mais dificuldade em emagrecer do que obesos com taxas normais de testosterona.
Isso acontece pois a ação do hormônio aumenta massa magra no corpo do homem. A massa magra, por sua vez, determina a taxa metabólica basal (quantidade de caloria gasta pelo corpo em repouso) de uma pessoa. Portanto, testosterona e uma taxa basal saudável ajudam a evitar ganho de peso.
Esses dados devem incentivar médicos e pacientes com problemas de obesidade a buscarem saber se têm deficiência em testosterona. Pois, se tiverem, e somente nesse caso, podem ter a reposição do hormônio como uma aliada. Além disso, a injeção de testosterona também pode ajudar o homem em outros problemas, por exemplo melhorando a disposição física e o humor, diminuindo quadros depressivos e melhorando colesterol.

Hipertensão com início na meia idade eleva risco de infarto.


Hipertensão com início na meia idade eleva risco de infarto

Mudança da pressão arterial na meia-idade prevê com mais precisão as chances de ocorrência de um ataque cardíaco ou de um derrame

Pressão arterial: evitar a hipertensão durante a meia idade - entre 41 e 55 anos - reduz riscos de derrame e ataque cardíaco
Pressão arterial: evitar a hipertensão durante a meia idade - entre 41 e 55 anos - reduz riscos de derrame e ataque cardíaco (Thinkstock)
Uma elevação abrupta da pressão sanguínea na meia idade pode aumentar significativamente os riscos de ataque cardíaco e derrame durante a vida. De acordo com um estudo publicado no periódico Circulation, os riscos para essas doenças cardiovasculares são 30% maiores para aquelas pessoas que viram sua pressão aumentar entre os 41 e os 55 anos.
As estimativas para o risco cardíaco são, costumeiramente, feitas com uma única medição da pressão sanguínea. Quanto mais alto os valores encontrados, maiores os riscos. A nova pesquisa, no entanto, expandiu essa prática. Isso porque ela demonstra que um preditor mais apurado é a mudança dos valores da pressão arterial de quando o paciente tem 41 anos para os 55 anos.
“Descobrimos que quanto mais conseguirmos prevenir a hipertensão, menores serão os riscos de doenças cardiovasculares”, diz Norrina Allen, coordenadora do estudo e professora assistente de medicina preventiva na Universidade de Northwestern. “Mesmo aquelas pessoas com pressão sanguínea normal precisam garantir que ela se mantenha assim, e não comece a se elevar nesse período da meia idade.”
Pesquisa - O estudo analisou dados de 61.585 participantes. As leituras de pressão começaram quando eles tinham 41 anos e foram medidas novamente aos 55 anos. Os voluntários foram, então, acompanhados até a ocorrência do primeiro ataque cardíaco ou derrame, ou em caso de morte ou de completarem 95 anos.
Homens que desenvolveram pressão alta na meia idade ou que sempre a tiveram tinham 70% mais riscos de ataque cardíaco ou derrame, frente a 41% para aqueles que mantiveram os níveis baixos ou que conseguirem reverter um quadro de pressão alta ao longo do tempo. Para as mulheres, os índices eram de 50%, frente a 22%. Homens geralmente têm 55% de risco de doenças cardiovasculares durante a vida; mulheres, 40%.
“Nossa pesquisa sugere que se pode tomar medidas preventivas para manter a pressão sanguínea baixa, assim há uma redução nas chances de um ataque cardíaco ou derrame”, diz Donald M. Lloyd-Jones, coautor do estudo. “Manter uma alimentação saudável, combinada a exercícios e controle de peso, pode ajudar a reduzir a pressão. E, assim, os riscos para doenças cardiovasculares futuras.”

10 dicas para viver mais.


10 dicas para viver mais.


Comer e dormir bem, estar em constante atividade, tomar sol, beber água, consultar o médico regularmente e cultivar a espiritualidade são as dicas dos especialistas.


ALIMENTAÇÃO — A boa alimentação diminui a necessidade de remédios, diz o especialista em envelhecimento Kose Horibe. E, para se alimentar bem, não há mistério, diz a nutricionista Mônica Dalmácio: “Prefira os alimentos frescos, frutas, legumes, verduras, carnes, e evite o que é enlatado, empacotado, embutido, cheio de conservantes, sal e gordura. O problema hoje é que, por falta de tempo, as famílias não comem mais arroz e feijão, e o índice de consumo de frutas, legumes e verduras é baixíssimo. As pessoas preferem comer alimentos industriais, sem pensar no que isso pode acarretar no futuro”. Substâncias industrializadas como embutidos, gorduras e doces podem aumentar a produção de radicais livres

ÁGUA — O mais importante é beber água, para fazer os órgãos funcionarem bem: em média 2,5 litros por dia, segundo o geriatra Márcio Niemeyer. Quem faz atividade física pesada produz mais radicais livres, e deve tomar ainda mais cuidado com a hidratação. Toda ingestão de líquidos entra nesta conta, mas algumas bebidas são melhores que outras: quem toma muita Coca-Cola, exemplifica o médico, deixa de absorver cálcio e fósforo na quantidade ideal. E nada de beber água demais para enganar a fome.

EXAMES PERIÓDICOS — É melhor prevenir do que remediar. Fazer exames na frequência determinada pelos especialistas ou procurar um médico ao perceber que algo não vai bem evitará maiores problemas. O médico Alexandre Kalache lembra que exames preventivos, como a mamografia, para o câncer de mama, e técnicas como o toque retal, no caso do câncer de próstata, podem salvar vidas.

SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS — Só devem ser usados por atletas ou pessoas com problemas para ingerir um determinado nutriente. Quem está bem de saúde pode até se prejudicar se tomá-los: uma pessoa que ingira muita vitamina A, por exemplo, fica mais propensa a sofrer lesões e a ter hepatite. Se a vitamina em excesso no organismo for a E, o risco é ter um distúrbio na coagulação do sangue.

MENOS É MAIS — Comer menos é bom. A partir dos 30 anos, as funções do corpo iniciam uma linha descendente; logo, ele não precisa de tantas calorias para se manter. O correto é comer moderadamente, a cada três horas. Pode-se somar uma média de 20 calorias por quilo para calcular as necessidades diárias, diz Márcio Niemeyer.

EQUILÍBRIO — Além de comer bem, dormir o suficiente, praticar exercícios e evitar vícios, equilibrar o tempo dedicado a trabalho, família e amigos evita o estresse e, portanto, previne males como depressão e ansiedade e proporciona mais qualidade de vida.

ATIVIDADE CONSTANTE — Aqui não se fala apenas em exercício físico. Especialista em antienvelhecimento, o cirurgião plástico Kose Horibe diz que nossa cultura é a de trabalhar e, depois, deixar o corpo repousar, na época da aposentadoria. Mas, comparando nosso corpo a uma máquina, ele diz que é preciso manter-se ativo: afinal, o homem foi “projetado” para tal.

SOL — É praticamente a única fonte de vitamina D, e fundamental para evitar problemas ósseos e dentários, diz Mônica Dalmácio. Outra é o óleo de fígado de bacalhau. A nutricinista recomenda de 15 a 20 minutos de exposição ao sol por dia, nos horários adequados (bem cedo ou no fim da tarde).

ESPIRITUALIDADE — Kose Horibe lembra que até a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que, para ter saúde, é preciso ter equilibrío entre corpo, mente e espírito, no sentido de estar em harmonia com a natureza.

NUNCA É TARDE — Claro que o ideal é cuidar-se desde cedo, mas Alexandre Kalache diz que mesmo quem começa a fazer atividades físicas em idade avançada tem ganhos osteomoleculares, emocionais e na capacidade ventilatória, além de prevenir ou controlar problemas como hipertensão, obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.

Grãos integrais, frutas, legumes, nozes e chocolate fazem parte da dieta da longevidade.


RIO - Quer ter uma vida longa e saudável? Então siga o exemplo de pessoas que vivem em regiões onde passar dos 90 anos é comum. Em Okinawa, no Japão, 50 a cada 100 mil pessoas chegam aos 100 anos de idade, enquanto a média mundial é de 10 para cada 100 mil. O mesmo acontece nas ilhas de San Blas, na costa do Panamá, onde a incidência de doenças coronarianas é dez vezes menor do que a média. O segredo dos longevos está, em parte, na alimentação. Uma dieta rica em frutas, verduras e gorduras boas, e pobre em latícinios e carnes ajuda a prolongar a vida, indicam diversos estudos. 
Coração saudável
Para viver bem, é importante manter o coração saudável. Um dieta pobre em gorduras saturadas, como as encontradas na carne e nos laticínios, pode ajudar a diminuir os níveis de colesterol. As frutas e as verduras, que são ricas em fibras, vitaminas e minerais, nutrem o corpo sem sobrecarregá-lo. Estudos mostram que uma dieta vegetariana pode ajudar a manter o peso ideal e diminui o risco de doenças cardiovasculares.
Já os grãos integrais melhoram o trânsito intestinal e fornecem antioxidantes. No maior estudo feito sobre alimentação, que avaliou a saúde de mais de 160 mil mulheres e ficou conhecido como o Nurse's Health Study, pessoas que mantinham uma dieta rica em frutas, verduras e grãos e pobre em latícinios e carne tinham menos risco de diabetes tipo 2, pressão alta e infartos.
Outra dica é comer diariamente nozes e frutas oleagenosas como castanha do pará e amêndoas. Ricas em gorduras boas elas ajudam a controlar o colesterol, diminuindo o colesterol ruim. O chocolate amargo também pode ser aliado. Ele ajuda a diminuir a pressão e melhora quadros de resistência à insulina. Mas, para trazer benefícios, o doce tem que ter ao menos 70% de cacau. 
Cérebro turbinado
Quer ficar com a memória afiada? Cuide tão bem do seu cérebro como você cuida do seu coração, indicam diversos estudos. Uma dieta rica em frutas, verduras e gorduras boas como o azeite ajudam a proteger a memória. Frutas da família das 'berries', como o morango, a framboesa e o mirtilo retardam os efeitos do envelhecimento. O suco de uva é outro aliado na prevenção de certos tipos de demência. Os peixes ricos em ômega 3, como o atum, o salmão e a sardinha, podem proteger o cérebro após derrames e ajudam a regenerar os neurônios.
Quem não come esta carne deve investir na linhaça, outro alimento rico em gorduras boas do tipo ômega. Se você adora um cafézinho no meio da tarde, não se preocupe. Vários estudos têm demostrado que até cinco xícaras pequenas por podem ter um efeito positivo na saúde. Um estudo finlandês feito com mais de mil pessoas e publicado no "Journal of Alzheimer's Disease" mostrou que pessoas que bebiam de três a cinco xícaras de café por dia tinham um risco até 65% menor de ter a doença.

Exercícios físicos regulares melhoram raciocínio e memória.


Exercícios físicos regulares melhoram raciocínio e memória.


Pilotos que se exercitam regularmente passam por testes que reprovam sedentários.


Exercícios físicos regulares melhoram raciocínio e memória
Foto: Fábio Rossi
Exercícios físicos regulares melhoram raciocínio e memóriaFÁBIO ROSSI
NOVA YORK _ Para saber mais sobre como o exercício afeta o cérebro, os cientistas na Irlanda pediram a um grupo de sedentários, todos estudantes universitários do sexo masculino, para participar de um teste de memória, seguido de exercícios extenuantes.
Primeiro, os jovens assistiram à projeção rápida de fotos, com os rostos e os nomes de pessoas desconhecidas. Após uma pausa, eles tentaram lembrar-se dos nomes que tinham acabado de ler, relacionando-os com as fotos, todos reunidos numa tela de computador.
Depois, metade dos estudantes fez um exercício de bicicleta estacionária, a um ritmo cada vez mais extenuante, até que todos estavam exaustos. Os outros ficaram em silêncio por 30 minutos, descansando numa sala. Em seguida, os dois grupos fizeram mais um teste, outro quebra-cabeças.
Qual o resultado? Os voluntários que fizeram exercícios tiveram desempenho significativamente melhor no segundo teste de memória do que haviam tido em sua primeira tentativa, enquanto os voluntários que tinham descansado não melhoraram sua performance.
Entre um teste e outro foram recolhidas amostras de sangue dos dois grupos e a análise laboratorial das amostras ofereceu explicação biológica para o impulso na memória entre os exercícios. Imediatamente após a atividade extenuante, os ciclistas apresentaram níveis significativamente mais elevados de uma proteína conhecida como fator neurotrófico cerebral derivado, ou BDNF (na sigla em inglês), conhecida por promover a saúde das células nervosas. Os homens que se sentaram em silêncio não mostraram mudança nos níveis de BDNF no sangue.
Os cientistas já sabiam que a BDNF ajuda a explicar porque o funcionamento mental parece melhorar com o exercício físico. Mas não entendiam completamente que partes do cérebro são afetadas ou como os efeitos deste fator influenciam o pensamento. O estudo irlandês sugere que os aumentos de BDNF solicitados pelo exercício pode desempenhar um papel particular na melhoria da memória.
Outros estudos também chegaram a conclusões semelhantes, entre pessoas e animais, jovens e velhos. Em um experimento publicado no mês passado, cientistas brasileiros descobriram que, depois que cobaias de laboratórios foram obrigadas a correr por apenas cinco minutos durante alguns dias da semana e num período de cinco semanas, uma cascata de processos bioquímicos que foi acionada no centro de memória de seus cérebros, culminando no aumento da produção de BDNF moléculas. Animais idosos, depois dos exercícios, tiveram desempenho tão bom em testes de memória quanto os animais mais jovens.
Outro estudo com animais, realizado por pesquisadores do Centro de Pesquisa Brain Injury da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e publicado em setembro na revista “Neuroscience”, mostrou que cobaias adultas autorizadas a exercitar-se à vontade durante uma semana tinham em seu centro de memória cerebral mais moléculas de BDNF do que cobaias que haviam permanecido sedentárias. Nos cérebros daqueles animais que se exercitavam fervilhava uma nova população de moléculas precursoras que, presumivelmente, em breve iria tornar-se moléculas de BDNF em pleno funcionamento.
Mas talvez a mais inspiradora das experiências recentes que envolvem o envelhecimento é um piloto humano. Para o experimento, publicado no mês passado na revista Translational Psychiatry, os cientistas da Escola de Medicina da Stanford University pediram a 144 experientes pilotos de aviação, todos entre 40 e 65 anos, para operar um simulador de cockpit. Os testes foram feitos três vezes, em ocasiões separadas, ao longo de dois anos.
Para todos os pilotos, o desempenho caiu um pouco como o passar dos anos. Isto mostra que uma redução semelhante por causa da idade é comum em todos nós.
_ À medida que envelhecem muitas pessoas acham mais difícil de executar tarefas qualificadas, como dirigir um automóvel, por exemplo _ comenta o Dr. Ahmad Salehi, professor associado de psiquiatria e ciências comportamentais da Universidade de Stanford e principal autor do estudo. _ Mas no caso desta experiência, o declínio foi particularmente notável entre um grupo específico de homens. E como haviam sido feitos testes genéticos em todo o grupo, os cientistas descobriram que havia uma variação genética comum a uma parte dos pilotos, e a esta combinação genética é conhecida por reduzir a atividade das moléculas BDNF no cérebro. Os homens com tendência genética para níveis mais baixos de BDNF tiveram redução em sua capacidade de realizar tarefas complicadas, uma redução medida em quase o dobro daquela apresentada por homens sem a variação genética.
A experiência-piloto não foi um estudo dos efeitos dos exercícios, mas levanta a questão de saber se o exercício extenuante pode retardar as quedas de BNDF, ou pode aumentar os seus níveis no cérebro, e, assim, resgatar a capacidade de realizar tarefas manuais qualificadas para pilotos passados da meia-idade.
_ Muitos estudos têm mostrado que o exercício aumenta os níveis de BDNF no organismo _ avalia o Dr. Salehi
_ O único fator que mostra resposta a mais rápida e mais consistente no desempenho cerebral é BDNF. Esta parece ser a chave para manter não apenas a memória, mas o bom desempenho em tarefas especializadas.
Para o Dr. Salehi, os próximos planos são examinar o histórico de prática de exercício dos pilotos, para ver se aqueles com o gene variante, que é comum entre pessoas de origens européias ou asiáticas, respondem de forma diferente para os treinos de memória e complexidade.
_ Em pessoas que têm a variante genética e apresentam menor atividade BDNF, o exercício é provavelmente ainda mais importante para o bom desempenho profissional _, diz Salehi. _ Mas, para todo o grupo, já existe comprovação muito forte de que a atividade física aumenta os níveis de BDNF e sem dúvida melhora a saúde cognitiva.

Quando fazer reposição hormonal masculina.


Quando fazer reposição hormonal masculina.


RIO - Desânimo, tristeza e perda de desejo sexual podem ser sinais de redução dos níveis de hormônio testosterona no homem. Na língua dos médicos, esse problema é chamado de deficiência androgênica do envelhecimento masculino (DAEM), que começa na quarta década de vida. Só nos Estados Unidos o Massachusetts Male Aging Study estima que ocorrem 480 mil novos casos em americanos na faixa etária de 40 anos a 70 anos. E o tema foi o escolhido pelos leitores para a coluna desta semana. O endocrinologista Maurício Bungerd Forneiro, autor de "Vida e prazer após os 50, o impacto da reposição hormonal masculina sobre a sua qualidade de vida" (editora Batel), explica quando se deve fazer o tratamento e as suas contra-indicações.
Quando se deve indicar o tratamento de reposição hormonal em homens? Existe uma idade mínima para começar?
MAURÍCIO FORNEIRO: A testosterona é o mais importante hormônio masculino, e o homem adulto produz cerca de 7mg todos os dias. A partir dos 40 anos, em média, ele começa a perder cerca de 1% de testosterona livre ao ano. A total permanece estável até por volta dos 50 anos, quando também começa a cair, a uma taxa de 0,5% a 0,8% ao ano. Indica-se o tratamento quando há sinais e sintomas associados com os níveis sanguíneos reduzidos desse hormônio. Os mais comuns são sonolência, desânimo, tristeza, melancolia, diminuição da concentração para o trabalho, déficit de memória, diminuição da libido e das ereções matinais espontâneas, dificuldade de ter ou manter a ereção, e de fazer longas caminhadas, entre outros. Assim como a mulher, após os 40 anos o homem tem maior tendência a engordar e, com a DAEM, isso piora. E simultaneamente há uma perda maior de massa muscular.
Quais são os exames necessários no diagnóstico?
FORNEIRO: Há exames laboratoriais para avaliar o eixo hipotalâmico hipofisário gonadal, com a dosagem sanguínea da testosterona total, livre, biodisponível; prolactina, hormônio folículo estimulante e luteinizante. Devemos sempre investigar a proteína que liga os hormônios sexuais, os níveis da hemoglobina, dos lipídios (as gorduras no sangue), do antígeno prostático específico (PSA), assim como realizar uma avaliação cardiológica antes do tratamento. As contra-indicações incluem a presença de câncer de próstata ou na glândula mamária do homem, pois a reposição nesses casos pode acelerar o crescimento desses tumores; embora esteja claro que não existe uma correlação entre a reposição de testosterona com o aumento da incidência desses tumores. Os pacientes que sofrem de cardiopatias e que apresentem algum grau de limitação ao exercício físico também não devem receber esse tratamento, porque existem evidências de aumento do risco cardiovascular nesse grupo específico de homens.
Quais são os hormônios usados no tratamento?
FORNEIRO: A reposição hormonal para a deficiência androgênica do envelhecimento masculino, antes chamada de andropausa, deve ser feita apenas com o hormônio testosterona. As formas de administração mais receitadas são a injeção intramuscular e aplicação do hormônio na forma de gel na pele. A injeção de undecilato de testosterona é aplicada a cada 12 semanas ou 90 dias. O início de ação não é imediato, porém é constante, com alívio da sonolência, do desânimo e recuperação da capacidade de ereção do pênis. O tratamento, em geral, deve ser mantido por toda a vida. Daí a importância de um controle rigoroso, com acompanhamento dos sintomas, do exame clínico, de exames laboratoriais, de ultrassonografia e de densitometria para avaliação de perda óssea.
O que acontece quando o homem deixa de fazer a reposição?
FORNEIRO: Em geral, ocorre reaparecimento dos sintomas, assim como a diminuição dos níveis séricos de testosterona ou alteração nos níveis da proteína que liga os hormônios sexuais. É importante ressaltar que a reposição hormonal masculina não é para quem quer fazer e sim para quem necessita e tem a indicação exata. Assim podemos obter os benefícios com uma boa margem de segurança.
Há alguma forma de retardar a reposição hormonal, sem usar medicamentos? Alimentação e hábitos de vida podem acelerar ou atrasar a necessidade de tratamento?
FORNEIRO: Um estilo de vida saudável, conquistado com uma dieta equilibrada, a prática de exercícios físicos de forma regular, uma boa qualidade do sono e não fumar, são exemplos de recomendações que podem retardar o aparecimento da deficiência de testosterona.

Novos estudos revelam como exercícios físicos na terceira idade atenuam problemas do idoso.


Novos estudos revelam como exercícios físicos na terceira idade atenuam problemas do idoso.


RIO - Quanto mais cedo se começa a praticar exercícios, melhor. Mas mesmo quem toma essa decisão tardiamente, depois dos 60, só tem a ganhar; não só em força como em capacidade cardiovascular. É o que confirmam dois novos estudos. Um deles foi realizado na Clínica de Medicina do Exercício (Clinimex), no Rio, e avaliou por quase dois anos os efeitos da musculação em 175 pessoas (130 homens) acima de 63 anos. O outro é um trabalho americano com sedentários acima de 65 anos. Os resultados de ambos são evidentes: a atividade física faz bem em qualquer idade e mesmo quem começa tarde é beneficiado.
No estudo da Clinimex - apresentado na 7ª Conferência Mundial em Treinamento de Força, na Eslováquia - o objetivo foi saber se a musculação com ênfase em velocidade rápida no movimento atenuaria ou reverteria a perda natural de força com o envelhecimento. Segundo o professor de educação física Roberto Macedo Cascon, coautor, os participantes tiveram um ganho de força de até 7% ao ano.
- Considerando que a média anual de perda de força com o envelhecimento é de 2%, a musculação a longo prazo atenua ou até reverte esse processo - diz. - Esse ganho não é cumulativo, explica Macedo, sendo maior nos primeiros meses do programa.
Os voluntários fizeram exercícios de musculação convencional (incluindo supino, extensora e puxada), em l 2 séries de cinco a oito repetições. A diferença é a ênfase na velocidade rápida no movimento do exercício, diz o fisiologista.
- A força e a potência dão autonomia, melhorando a qualidade de vida. Além disso, o idoso fica menos vulnerável a quedas - afirma.
Para essa faixa etária, Macedo recomenda, de duas a três vezes por semana, uma média de 8 a 12 exercícios que envolvam os braços e as pernas; em duas a três séries, de cinco a oito repetições com carga de 60% a 80% da máxima. E enfatizando a alta velocidade de execução, com orientação de professor.
Já o estudo americano - publicado na revista "Circulation" - avaliou os benefícios cardiovasculares de um ano de treino intenso e progressivo em sedentários acima de 65 anos. Os autores observaram que os idosos apresentaram melhora da função ventricular. Isso significa que o coração deles se tornou mais apto a responder as exigências durante o esforço e com menor sobrecarga, explica o professor de educação física Marcelo Cabral:
- Isso é um importante indicador de saúde cardiovascular.
Cabral alerta que esse foi um estudo controlado, no qual todos tiveram seu estado de saúde bem avaliado para assegurar que eram saudáveis e que o risco na execução do exercício seria baixo na pesquisa.
- Ninguém nessa idade pode fazer esforço intenso antes de uma avaliação cardiológica - reforça.
Outros estudos, lembra Cabral, comprovam os benefícios da prática de exercícios na capacidade de relaxamento e dilatação dos vasos para ajustarem o fluxo sanguíneo. Além disso, a atividade física diminui a quantidade de triglicerídeos e aumenta o nível de colesterol HDL, a fração boa. Ele cita pesquisa na "British Medical Journal", mostrando que indivíduos que só começaram a se exercitar depois dos 50 anos tiveram redução na taxa de mortalidade semelhantes ao grupo que se exercitava há mais tempo.
Portanto, vale muito a pena começar a se exercitar em qualquer fase da vida, insiste Cabral. Ele recomenda, para quem tem mais de 60 anos - e depois da liberação do médico -, a prática de atividade aeróbica, como caminhar e andar de bicicleta. Esses exercícios podem ser iniciados por idosos saudáveis, de duas a três vezes por semana com duração de 20 a 30 minutos, em intensidade leve e progredindo para cinco a sete dias na semana, com duração de 30 a 60 minutos cada dia. Depois, sempre com orientação de profissional, pode-se elevar a intensidade em alguns dias da semana, por pelo menos mais alguns minutos.

Exame de telômeros que revela expectativa de vida abre polêmica sobre divulgação de dados.


Exame de telômeros que revela expectativa de vida abre polêmica sobre divulgação de dados.


RIO - Um exame de sangue capaz de revelar o quão rápido se está envelhecendo - e oferece a perturbadora possibilidade de estimar o quanto de vida resta - está previsto para ser posto à venda para o público em geral no Reino Unido no fim do ano que vem, informa reportagem do jornal "Independent". O controverso teste mede estruturas vitais na ponta dos cromossomos, conhecidas como telômeros, que os cientistas acreditam ser um dos mais importantes e acurados indicadores da velocidade do envelhecimento.
Os pesquisadores por trás do exame de 435 libras (cerca de R$ 1.150) dizem que será possível dizer se a "idade biológica" da pessoa, medida pelo comprimento de seus telômeros, é maior ou menor do que sua idade cronológica em anos. Embora os cientistas não acreditem que possam prever com exatidão o exato número de meses e anos que a pessoa ainda poderá viver, diversos estudos já mostraram que indivíduos com telômeros mais curtos que o normal tendem a morrer mais jovens do que os que têm telômeros mais longos.
Autoridades de saúde acreditam que os testes de telômeros se tornarão generalizados dentro de cinco a dez anos, mas já há cientistas que questionam seu valor e a necessidade de se estabelecer controles éticos mais estritos para seu uso. Além da preocupação sobre a reação das pessoas ao saberem o quão "velhas" estão, alguns pesquisadores temem que os exames de telômeros sejam usados por organizações inescrupulosas para vender remédios antienvelhecimento e outros elixires da juventude não comprovados cientificamente.
Os resultados dos testes também podem despertar o interesse de empresas que oferecem seguros de vida ou assistência médica, cujas coberturas dependem do risco de uma pessoa ficar seriamente doente ou morrer prematuramente. Já há crescente consenso científico de que o comprimento dos telômeros de uma pessoa pode ajudar a prever o risco de ela sofrer de males relacionados à idade que vão desde doenças cardiovasculares a Alzheimer e câncer.
- Sabemos que pessoas que nascem com telômeros menores que o normal têm uma expectativa de vida menor - diz Maria Blasco, do Centro Nacional de Pesquisa de Câncer da Espanha e inventora do novo teste comercial de telômeros. - Mas não sabemos ainda se telômeros mais longos se traduzem em uma expectativa de vida maior. Isso ainda não está comprovado em humanos. A novidade deste teste é que ele é muito preciso. Podemos detectar pequenas diferenças no comprimento dos telômeros com uma técnica muito simples e rápida que permite que muitas amostras sejam analisadas simultaneamente. E, o que é mais importante, podemos determinar a presença de telômeros perigosos, aqueles que são muito curtos.
A empresa de Blasco, chamada Life Length ("Duração da Vida", em tradução livre), está em negociações com empresas de diagnósticos médicos por toda Europa para vender o teste e coletar o sangue para análise em seu laboratório na Espanha. Um acordo com uma empresa no Reino Unido deve ser fechado dentro de um ano, acredita a médica.
- Precisamos que uma empresa de análises clínicas nos envie as amostras de sangue. Estamos em contato com diversos grupos interessados- conta Blasco.
A Life Length espera receber centenas de pedidos de pessoas interessadas em testarem seus telômeros e acredita que a demanda chegará a milhares depois de a companhia conseguir reduzir os custos dos exames com os ganhos de escala. Embora não seja a única empresa que esteja vendendo testes de telômeros, somente a Life Length está se preparando para vendas diretas ao público e tem um exame acurado o suficiente para ser de uso prático, destaca o professor Jerry Shay, do centro médico da Universidade do Sudoeste do Texas, em Dallas.
- O teste criado por Blasco é tão acurado que deverá fornecer mais informações úteis do que muitos dos outros exames atualmente no mercado - considera Shay, que também é consultor científico da Life Length. - O que importa no envelhecimento são os telômeros menores, que são os responsáveis por interromper o crescimento das células, e não o comprimento médio dos telômeros, que é o que os outros exames buscam. Todo mundo fala da sua idade cronológica, mas também existe a idade biológica e o comprimento dos telômeros é uma boa representação dela. Os telômeros são importantes e não há dúvidas quanto a isso.
Questionado sobre o interesse do público em geral em fazer o exame, Shay disse acreditar que "todos são curiosos quanto à própria mortalidade".
- Se você perguntar para as pessoas qual a sua maior preocupação, a maioria vai dizer que é morrer. Elas podem dizer: "se vou morrer em 10 anos, vou gastar todo meu dinheiro agora", ou "se vou viver mais 40 anos, terei um estilo de vida mais conservador". O preocupante é que, se essa informação se torna verosímil, as companhias de seguros vão passar a exigí-la. Se você fuma ou é obeso, o prêmio de seu seguro é mais alto, e se você tiver telômeros mais curtos, ele também será.
As pesquisas sobre telômeros passaram a ser consideradas uma das áreas mais excitantes das ciências biomédicas atualmente. No ano passado, o Prêmio Nobel de Medicina foi dividido entre três cientistas pioneiros no campo. É interessante notar que uma das ganhadoras do Nobel, Elizabeth Blackburn, da Universidade da Califórnia em São Francisco, é uma entusiasta dos exames dos telômeros, enquanto uma outra, Carol Greider, da Escola de Medicina de Harvard, tem dúvidas quanto a seus benefícios.
- Você realmente acha útil ter um monte de empresas oferecendo exames do comprimento dos telômeros para que as pessoas saibam o quão velhas são? Acredito que não - disse ela em recente entrevista à revista "Science".
Blasco, ex-aluna de pós-doutorado no laboratório de Greider, no entanto, está mais certa dos benefícios:
- Será útil saber sua idade biológica e talvez mudar seus hábitos de vida se descobrir ter telômeros curtos.

Expectativa de vida dependeria de alimentação mais leve.


Expectativa de vida dependeria de alimentação mais leve.


RIO - Coma menos, bem menos, e viva mais. A fonte da juventude parece, definitivamente, estar numa dieta de restrição calórica, como indicam estudos feitos nos mais diversos organismos, entre eles o ser humano. De roedores a homens, todos aumentam sua expectativa de vida sob uma dieta rigorosa. A questão é saber se, num mundo tomado pela epidemia da obesidade, a busca pela longevidade suplantará a tentação de comer chocolate, hambúrguer e pizza.
Numa revisão de estudos publicada na "Science", especialistas em nutrição e longevidade confirmam que a restrição calórica tem uma influência direta nos mecanismos moleculares relacionados ao envelhecimento em todos os animais estudados. Não se trata apenas de ter uma dieta mais saudável e, com isso, retardar o surgimento de problemas tipicamente relacionados à má alimentação e à idade, como as doenças cardiovasculares e a diabetes. Mas de um real efeito de retardar o envelhecimento celular.
- A restrição calórica é boa para a nossa saúde por duas razões básicas - resume o especialista em envelhecimento Valter Longo, do Departamento de Bioquímica da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), um dos autores da revisão. - Ela ajuda a prevenir ou adiar alguns problemas de saúde que normalmente ocorrem quando envelhecemos e também direciona a energia antes empregada na reprodução e outras funções para uma ação anti-envelhecimento. Na verdade, ela aumenta a proteção do organismo.
Mais saúde na terceira idade
Cientes dos significativos resultados encontrados em animais, com reduções do total de calorias ingeridas por dia de 10% a 50%, algumas pessoas optaram pelo meio termo e vêm seguindo uma restrição de 25% do total diário na esperança de chegar aos 100 anos e até mais. Mas o principal autor da revisão, Luigi Fontana, do Centro de Nutrição Humana da Escola de Medicina da Universidade de Washington, diz que o seu principal interesse no estudo da restrição calórica não é necessariamente prolongar a expectativa de vida, mas sim garantir uma vida mais saudável aos idosos.
- O foco da minha pesquisa não é exatamente estender a expectativa de vida até 120 ou 130 anos - afirma Fontana. - Hoje, a expectativa de vida média nos países desenvolvidos é de cerca de 80 anos, mas muitas pessoas são saudáveis somente até os 50. Queremos usar essas descobertas sobre restrição calórica e outras relacionadas à genética e a intervenções farmacológicas para reduzir essa lacuna de 30 anos entre a expectativa de vida e a qualidade de vida.
No entanto, diz o especialista, ao aumentar a qualidade de vida, a longevidade deve ser uma consequência imediata. No caso do homem, a expectativa de vida chegaria facilmente aos 100 anos.
O trabalho dos especialistas revela que a redução de até 50% da ingestão calórica diária reduz a atividade de mecanismos envolvendo glicose, fatores de crescimento e proteínas que regulam o crescimento, a multiplicação e a morte celular, elevando a expectativa de vida dos animais. Mutações genéticas envolvidas nesses mesmos mecanismos apresentam um efeito similar. Ou seja, os animais apresentam menos doenças relacionadas à idade, como câncer e problemas cardiovasculares e cognitivos.
- A restrição calórica reduz o acúmulo de mutações no DNA típicas do envelhecimento - diz Fontana. - Ao reduzir a atividade de mecanismos de alguns importantes nutrientes, ela reduz o ritmo do envelhecimento e previne muitas das doenças crônicas da velhice.
Cerca de 30% dos animais submetidos a uma dieta de restrição calórica morreram numa idade avançada e sem apresentar nenhuma das doenças normalmente relacionadas ao envelhecimento. Neste mesmo grupo, até 50% dos animais apresentaram uma expectativa de vida coincidente com a qualidade de vida.
- Eles acabaram morrendo, claro, mas não ficaram doentes - conta Fontana.
No grupo de animais que seguiu uma dieta padrão, a grande maioria (94%) desenvolveu e morreu de alguma doença crônica como câncer e problemas cardíacos. Os seres humanos não foram estudados dessa forma, claro, mas o acompanhamento de grupos que seguem uma dieta saudável e, portanto, bem menos calórica, revela um ganho similar.
Entretanto, alertam os especialistas, entre as pessoas que seguem uma restrição muito rígida, abaixo de mil calorias por dia, registraram-se efeitos colaterais como redução de libido (em razão da diminuição dos níveis de testosterona) e a ocorrência mais frequente de resfriados. Os especialistas frisam que ninguém deve se submeter a nenhuma dieta radical sem o acompanhamento médico, e que a ingestão de alimentos mais saudáveis é sempre recomendável.
- Uma redução moderada na ingestão de alimentos pode ter um efeito tremendo - afirma Longo. - Na verdade, dá para comer normalmente, só precisamos ingerir muitos legumes, verduras, grãos, frutas, peixe e pouquíssima carne vermelha e de frango.
Com a obesidade já transformada em epidemia na grande maioria dos países desenvolvidos e em muitos emergentes - caso do Brasil -, parece difícil acreditar que pessoas que não seguem uma alimentação normal conseguiriam fazer uma restrição calórica ainda maior.
Um dos próximos passos da pesquisa é, justamente, testar os efeitos da redução calórica de acordo com grupos de alimentos, como proteínas e determinados aminoácidos. A ideia é determinar se a restrição de um tipo específico de alimento produziria o mesmo efeito. Há indícios fortes de que a redução da ingestão de carne vermelha poderia ter um resultado similar.
Testes criarão novas terapias
Outro caminho importante é tentar identificar quais são os mecanismos envolvidos na geração da boa saúde e longevidade induzidos pela restrição calórica e tentar reproduzi-los artificialmente, como desenvolvimento de drogas e terapias.
De qualquer forma, pregam os especialistas, é saudável que as pessoas adotem uma alimentação mais equilibrada e, por isso, bem menos calórica.
- Acho isso possível, embora difícil - afirma Fontana. - Nossos governos deveriam promover o consumo de alimentos ricos em nutrientes e desencorajar o daqueles repletos de calorias vazias, que são obesogênicos.Aprenda a fazer a salada da longevidade.

Óleo de peixe previne envelhecimento precoce e protege pacientes depois do infarto.


Óleo de peixe previne envelhecimento precoce e protege pacientes depois do infarto.


CHICAGO - Uma dieta rica em ácido graxos ômega-3 parece ser a nova fonte da juventude. A hipótese foi levantada por cientistas americanos da Universidade da Califórnia, ao descobrirem que esse nutriente ajuda a proteger o DNA de pacientes cardíacos. Este efeito talvez explique porque o óleo de peixes como salmão, atum e sardinha é tão benéfico.

Estudos anteriores já demonstraram que esse nutriente é bom para o coração e o cérebro, prevenindo inúmeras doenças, até mesmo alguns tipos de cânceres. No estudo coordenado por Ramin Farzaneh-Far, publicado na revista da Associação Médica Americana, os autores concluíram que pacientes que sofrem infarto e consomem óleo de peixe rico em ômega 3 diminuem seu risco para um novo ataque cardíaco e outros problemas cardiovasculares.
- Ainda não está claro por que o óleo de peixe é bom para o coração. Para tentar saber isso, decidimos analisar um novo mecanismo pelo qual os ácidos graxos ômega-3 funcionam - disse Farzaneh-Far.
Os cientistas resolveram se concentrar no comprimento dos telômeros (espécie de marcadores da idade biológica) dos cromossomos. Quando as pontas dos telômeros se desgastam ou são reduzidas, pode ocorrer envelhecimento prematuro ou câncer. Farzaneh-Far e seus colegas mediram o comprimento dos telômeros nas células do sangue em 608 pacientes que tiveram um infarto, para saber se havia alguma relação entre os níveis de ácidos graxos ômega-3 e alteração no comprimento dos telômeros.
- Encontramos uma associação clara de que aumentar os níveis de ômega-3 diminui a taxa de envelhecimento biológico - disse Farzaneh-Far. - Os pacientes com os maiores níveis de ácidos graxos ômega-3 apresentaram telômeros maiores.
Uma explicação é que os ácidos graxos ômega-3 combatem o estresse oxidativo, uma reação química que ataca as células e os telômeros. Outra hipótese é que o ômega-3 aumente a produção da telomerase, uma enzima que prolonga e repara os telômeros danificados.
Nenhum dos pacientes tomou suplementos de óleo de peixe e não ficou clara qual foi a quantidade necessária para produzir o efeito protetor. O óleo de peixes de água profunda e fria é a principal fonte de ômega-3, mas esse tipo gordura também é encontrada na semente de linhaça e em algumas verduras.

Estudo diz que senso de humor está ligado a testosterona.

Estudo diz que senso de humor está ligado a testosterona
 
homem rindo
Homens fazem mais piadas do que mulheres
Uma experiência inusitada feita por um pesquisador britânico e relatada peloBritish Medical Journalaponta que homens são mais 'cômicos' do que mulheres por causa do hormônio masculino testosterona.
Na avaliação do professor Sam Shuster, do Hospital Universitário de Norfolk e Norwich, os homens costumam contar mais piadas do que as mulheres e normalmente suas chacotas são mais intensas e 'abusadas'.
Para confirmar sua tese, Shuster foi passear pelas ruas da cidade de Newcastle Upon Tyne num monociclo antigo e observou a reação de cerca de 400 homens e mulheres ao passarem por ele.
Ele observou que quase metade das pessoas, mais homens do que mulheres, reagiram verbalmente. Poucas mulheres fizeram comentários cômicos ou depreciativos, enquanto 75% dos homens arriscaram uma piada, como por exemplo: “E aí, cara, perdeu a roda?”.
Shuster observou ainda que geralmente os comentários masculinos foram mais debochados e humilhantes. Os mais jovens que passavam de carro eram particularmente agressivos, chegando a baixar a janela para gritar comentários abusivos.
Em contrapartida, as mulheres fizeram mais comentários de incentivo ou elogios.
Idade
“A idéia de que andar numa monocicleta pela rua é algo intrinsecamente engraçado não explica os resultados”, afirmou o professor.
Segundo ele, a simples explicação seria a presença de hormônios masculinos, como a testosterona, que provoca um comportamento mais agressivo nos homens.
De acordo com a pesquisa, essa postura mais agressiva seria resultado de uma exposição ao hormônio no útero materno. E o humor, por sua vez, seria derivado da agressão.
Shuster ainda observou que o comportamento agressivo entre os homens diminuía conforme a idade. Ao cruzarem com ele pela rua, os mais velhos fizeram comentários mais encorajadores, mais parecidos com os das mulheres.

Estudo liga depressão em idosos à níveis baixos de testosterona.

Estudo liga depressão em idosos à níveis baixos de testosterona
 
homem deprimido
Níveis do hormônio masculino diminuem com a idade
Baixos níveis do hormônio testosterona podem estar ligados à depressão em homens de idade avançada, apontou um estudo realizado por pesquisadores australianos.
A equipe, da University of Western Austrália, avaliou cerca de 4 mil homens, com idade entre 71 e 89 anos.
Durante o estudo, os especialistas colheram amostras de sangue - para avaliar a quantidade do hormônio - e aplicaram um questionário para investigar o estilo de vida e tendência para depressão entre os voluntários.
Os pesquisadores concluíram que 203 participantes (5,1% do total) apresentaram baixos níveis de testosterona no sangue e acusaram um quadro de depressão.
Na avaliação dos especialistas, esses voluntários apresentaram três vezes mais chances de desenvolver depressão do que os que tinham o hormônio em níveis mais elevados.
Suplemento
Segundo o estudo, publicado na revista especializada Archives of General Psychiatry, mulheres têm mais chances de ter depressão do que os homens até os 65 anos, idade a partir da qual a diferença entre os gêneros “quase desaparece por completo” nesse aspecto.
Os pesquisadores disseram que os níveis de testosterona diminuem com a idade mas não souberam explicar a ligação entre os baixos níveis do hormônio e a depressão em 5,1% dos participantes.
Eles acreditam, no entanto, que a baixa produção do hormônio altera os níveis de neurotransmissores ou hormônios no cérebro.
“Agora são necessários novos testes para determinar se a aplicação de um suplemento de testosterona em homens mais velhos será capaz de combater os sinais de depressão”, afirmou Osvaldo P. Almeida, coordenador do estudo.
A testosterona é um hormônio é responsável pelo desenvolvimento e manutenção das características masculinas normais, sendo também importante para a função sexual normal e o desempenho sexual.
Apesar de ser encontrado em ambos os sexos, a testosterona é produzida em grandes quantidades pelos homens.

Pesquisa revela segredo da longevidade no Japão.


Pesquisa revela segredo da longevidade no Japão.

Estudo afirma que razões envolvem acesso à saúde pública, dieta equilibrada e educação

18 de junho de 2012 
TÓQUIO - O Japão tem a maior média de expectativa de vida do mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e das Nações Unidas (ONU), e o segredo não é somente a alimentação, como se pensava.
Expectativa de vida do Japão de mais de 80 anos tanto para homens quanto para mulheres - BBC
BBC
Expectativa de vida do Japão de mais de 80 anos tanto para homens quanto para mulheres
Segundo Kenji Shibuya, professor do departamento de política global de saúde da Universidade de Tóquio, as razões da longevidade japonesa têm tanto a ver com o acesso a medidas de saúde pública quanto a uma dieta equilibrada, educação, cultura e também atitudes de higiene no dia-a-dia.
O especialista e uma equipe de pesquisadores estudaram vários aspectos da cultura, da política e da economia japonesa que influenciam na forma de viver da população e publicaram o estudo no jornal médico The Lancet.
''A expectativa de vida do japonês aumentou rapidamente entre os anos 50 e 60, primeiramente, por causa da queda da taxa de mortalidade infantil'', explicou à BBC Brasil o professor Shibuya.
Depois, as autoridades concentraram esforços para combater a mortalidade adulta. O resultado positivo foi, em grande parte, consequência dessa política de saúde adotada pelo país.
Histórico de sucesso 
Hoje, um bebê quando nasce no Japão pode esperar viver até 86 anos se for uma menina, e quase 80 se for menino.
Mas segundo o estudo conduzido pelo professor Shibuya, os japoneses nem sempre tiveram a perspectiva de viver por tanto tempo.
Em comparação com dados de 1947, houve um salto de mais de 30 anos na expectativa de vida de uma pessoa. Esse crescimento começou no final da década de 50, quando o país passou a experimentar um desenvolvimento econômico acelerado.
No pós-guerra, o governo começou a investir em ações de saúde pública, introduzindo o seguro nacional de saúde em 1961, tratamento grátis para tuberculose e infecções intestinais e respiratórias, além de campanhas de vacinação.
Uma das principais ações foi a redução das mortes por acidente vascular cerebral (AVC). ''Isso foi um dos principais impulsionadores do aumento sustentado da longevidade japonesa depois de meados dos anos 1960'', contou o estudioso.
''O controle da pressão arterial melhorou através de campanhas, como a de redução do consumo de sal, e uma maior utilização de tecnologias de custo-benefício para a saúde, como medicamentos anti-hipertensivos com cobertura universal do seguro de saúde.''
Educação e cultura
Porém Shibuya lembra que o crédito dessa conquista não é só do governo. ''Em 1975, muitas doenças não transmissíveis já estavam em níveis extremamente baixos em comparação com outras nações de alta renda, devido em grande parte a uma herança cultural de cuidados com a alimentação e prática de atividades físicas'', sugere.
Além disto, segundo o estudo, os japoneses dão uma atenção à higiene em vários aspectos da vida diária. "Essa atitude pode, em parte, ser atribuída a uma complexa interação de cultura, educação, clima (por exemplo, temperatura e umidade), ambiente (por exemplo, ter água em abundância e ser um país consumidor de arroz) e a velha tradição xintoísta de purificar o corpo e a mente antes de se encontrar com outras pessoas", diz o estudo.
''Eles também são conscientes em relação à saúde. No Japão, check-ups regulares são normais e oferecidos em larga escala em escolas e no trabalho, a todos, pelo governo'', afirma ainda o estudo. ''Em terceiro, a comida japonesa tem benefícios nutricionais balanceados e a dieta da população tem melhorado de acordo com o desenvolvimento econômico ao longo das décadas.''
Para o cantor de rua japonês Yu Rikiya, de 68 anos, o segredo é o fato de haver muitas atividades voltadas para pessoas de idade mais avançada. "Essas pessoas têm um motivo toda semana para continuar vivendo. Fazem o que gostam, se divertem e não se estressam", sugere ele.
Além de produzir e vender os próprios CDs, Yu Rikiya canta na noite e diz que nunca se preocupou com o avanço da idade. ''Temos acesso a médicos, tratamentos e remédios. Ganho o suficiente para comer e sustentar a família. Saio com amigos para beber e curtir a vida. Então, para que se preocupar?'', questiona, sorrindo.
''Quero viver muito ainda, produzir mais música e, quem sabe, ainda ser famoso um dia'', planeja.
Envelhecimento 
O lado negativo do sucesso do Japão em conseguir manter a população saudável é o desequilíbrio populacional. Até agora, cerca de 24% da população tem mais de 65 anos.
Mas cálculos do governo apontam que, em 2060, a porcentagem de idosos será de 40%, numa população que se reduzirá dos atuais 127 milhões para 87 milhões.
Segundo o estudo, a expectativa de vida deve aumentar ainda mais, chegando a 84 anos para homens e 90 para as mulheres.
''O rápido envelhecimento da população japonesa é um desafio para o sistema de saúde do Japão em termos de financiamento e qualidade dos cuidados'', aponta Shibuya.
''Simplesmente aumentar a expectativa de vida não faz mais sentido. Devemos focar mais em maximizar de forma saudável essa expectativa de vida'', sugere.
Outros desafios que o Japão enfrenta são altos índices de alcoolismo, tabagismo e suicídio, problemas gerados em parte por causa do aumento do desemprego e do prolongamento da crise econômica.

Gordura do bem: nutriente é indispensável para ganhar energia e melhorar rendimento.


Gordura do bem: nutriente é indispensável para ganhar energia e melhorar rendimento.



Gorduras têm reputação ruim, mas nem todas na família desse nutriente fazem mal à saúde. Pelo contrário, algumas são essenciais às células, especialmente de quem se exercita com frequência. Sem elas, é difícil absorver certas vitaminas e produzir os hormônios sexuais, a testosterona e o estrogênio. Então o segredo é saber separar as boas das más, e, segundo pesquisadores reunidos na 12ª edição da Rio Sports Show e Sports Nutrition Convention, no Pier Mauá, no Rio, para não errar, é melhor optar pelas monoinsaturadas, como azeite e girassol, e poli-insaturadas, como salmão. Com elas, o corpo ganha mais energia.
Comer gorduras é tão importante quanto ingerir carboidratos e proteínas, destacam os nutricionistas. Elas têm funções importantes quando, por exemplo, alguém realiza atividade física, explica a nutricionista Renata Silvério, do Laboratório de Lípides do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, e que falou sobre o tema no Rio. Quanto mais gordura boa na dieta, maior a liberação do hormônio anabólico testosterona, que normalmente já acontece na prática de musculação, e isso favorece o ganho de massa muscular.
E as gorduras boas também atuam como protetoras do corpo. É fácil entender. O exercício físico estimula a produção de radicais livres (essas moléculas em excesso oxidam as células, acelerando o envelhecimento) e os lipídios são fonte de dois importantes antioxidantes: as vitaminas A e E. Outra ação benéfica de gorduras, como a do tipo ômega-3 (comum em peixes como salmão) é reduzir a inflamação decorrente da prática de exercício de alta intensidade, auxiliando a recuperação.
Renata explica que dietas muito pobres em gordura podem prejudicar o desempenho no dia a dia ou mesmo no treino físico, porque essa carência favorece à oxidação de carboidratos (glicose, glicogênio, reserva energética e presente, principalmente, no fígado e nos músculos), levando à exaustão precoce. E ainda os exercícios prolongados, de alta intensidade interferem no sistema imune, e os ácidos graxos ômega-3 nos protegem desse efeito.
Deficiência pode alterar o ciclo menstrual
Uma outra consequência da falta de gorduras na dieta é a deficiência das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). Nas mulheres, pode ocorrer redução na concentração de hormônio estradiol, o que alteraria o ciclo menstrual. Então só falta saber quais são as gorduras boas. Tanto faz se a pessoa pratica ou não exercícios, a escolha é a mesma: as poli-insaturadas (dos tipos ômega-6 e ômega-3, encontradas em alimentos como nozes, castanhas, amêndoas, salmão, atum, linhaça dourada e óleos vegetais) e as monoinsaturadas (azeite de oliva, girassol, canola e abacate, por exemplo). Elas aumentam o bom colesterol (a fração HDL), reduzem o ruim (o LDL) e os triglicerídeos.
- Gorduras saturadas de alimentos de origem animal, como carnes, leite e derivados podem até ser consumidas, porém em pequenas quantidades - ensina Renata. - A recomendação de consumo diário de gorduras é de 20% a 30% do valor calórico total da dieta, e as saturadas devem constituir menos de 10%.
Mas as gorduras sozinhas não resolvem, e elas precisam estar acompanhadas de proteínas e carboidratos. E quem se exercita deve estar ainda mais atento a esta combinação, diz a nutricionista Cibele Crispim, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia e especialista em nutrição esportiva.
- Comer depois do treino é mais importante porque é a hora da recuperação, mas não se pode malhar em jejum, nem esquecer de comer algo em atividades acima de uma hora - explica Cibele.
Esse alerta é importante porque há quem acredite, erradamente, que malhar de estômago vazio queima gordura. Na verdade, esse hábito termina gastando mais músculo como fonte de energia. O certo é ingerir algo não pesado antes do treino:
- Quem gosta de treinar no final da tarde, por volta de 17h30m, pode comer um lanche com cereal, aveia, iogurte, queijo, duas horas antes. Se preferir comer 20 minutos antes, opte por alguma fonte de carboidrato, o nutriente que será usado como fonte de energia. Pode ser uma fruta, e banana é uma boa, barra de cereais, fatia de pão com geleia.
Açúcar deve ser evitado no treino
Para as pessoas que malham mais de uma hora, intercalando musculação e exercícios aeróbios, Cibele sugere durante o esforço uma bebida esportiva, do tipo isotônico, que fornece cerca de 30g de carboidratos e outros minerais, ou comer uma banana ou barrinha de cereais. Outra dica são os sachês de carboidratos em gel, mas não se pode esquecer de beber água, caso contrário forma-se um bolo no estômago.
- Chocolate não vale porque pode ter muito açúcar. No treino, o organismo está mais receptivo à glicose. Se o açúcar entra rapidamente na circulação, há o risco de hipoglicemia. Então tudo que for doce demais não interessa na hora do exercício - diz.
Depois da malhação, a refeição deve ser mais consistente, com fontes de carboidratos, proteínas e gorduras. É a janela de oportunidade para o músculo se recuperar. Aí vale usar arroz, frango, salada.
- Shakes proteicos e outros suplementos como creatina, só para pessoas que praticam atividade física em alta intensidade, e mesmo assim com orientação de nutricionista especializado em nutrição esportiva - alerta.