quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Retratos do corpo



Novos testes indicam defeitos genéticos e de metabolismo em tempo recorde e identificam sinais precoces de doenças

Monique Oliveira
chamada.jpg
Uma nova geração de exames está revolucionando a maneira pela qual é possível descobrir as doenças, de preferência antes que elas se tornem incuráveis. Cada vez mais sofisticados, eles fornecem os resultados rapidamente e com maior precisão. Na semana passada, cientistas apresentaram os dois mais recentes representantes dessa classe de testes. O primeiro é uma técnica capaz de fazer uma análise completa do DNA de crianças recém-nascidas em até 50 horas, muito menos do que as seis semanas necessárias usualmente. O exame, divulgado na última edição da revista científica “Science Translational Medicine”, rastreia 3,5 mil enfermidades genéticas. Os pesquisadores esperam que a ferramenta esteja disponível a partir do próximo ano. Por enquanto, foi avaliada com sucesso em quatro bebês do Children’s Mercy Hospitals and Clinics, dos Estados Unidos. “Cerca de um terço dos bebês admitidos nas unidades de terapia intensiva americanas tem uma doença genética”, afirmou Stephen Kingsmore, diretor do Centro de Medicina Genômica Pediátrica do Children’s Mercy. “Ao obterem o genoma interpretado em cerca de dois dias, os médicos poderão usar os resultados para aplicar tratamentos personalizados e mais eficazes”, completou o especialista.

A segunda novidade foi divulgada por pesquisadores do Institute of Cancer Research, da Inglaterra. Em um artigo publicado na revista “The Lancet Oncology”, eles descreveram um exame por meio do qual é possível conhecer o grau de agressividade do câncer de próstata após análise de suas características genéticas. Como o teste para os recém-nascidos, o exame criado pelos ingleses também irá auxiliar os médicos a adotar tratamentos mais individualizados, de acordo com o perfil do tumor de cada paciente.
IEpag70a72_Exames-1.jpg
No Brasil, uma das novidades na área do diagnóstico genético é um mapeamento criado pelo laboratório Alta Excelência Diagnóstica, em São Paulo. Ele traça um perfil que responde a questões como de que forma o organismo responde à cafeína até sua capacidade de aproveitar melhor as vitaminas. As respostas ajudam a pautar uma dieta focada nas necessidades individuais, algo bastante útil, por exemplo, para atletas de alto desempenho.

Profundidade semelhante também pode ser obtida por meio do teste criado pelo bioquímico brasileiro Alexandre Cosendey e apresentado no 39º Congresso Brasileiro de Análises Clínicas. O exame faz uma análise do conjunto de reações químicas desencadeadas dentro do organismo. Com uma amostra de sangue, ele aponta o nível de estresse a que as células estão submetidas, indicando o surgimento de possíveis problemas logo mais à frente. “As células estão sob forte demanda o tempo todo”, explica Cosendey. “Em uma situação-limite, suas membranas se rompem e algumas substâncias podem vazar, indicando um desequilíbrio”, completa. O atleta amador Diogo Menegaz, 39 anos, fez a análise. “Sentia-me exausto o tempo todo e não conseguia entender a razão”, diz. “Com o exame, descobri que algumas vitaminas, apesar de estarem em níveis altos, não estavam sendo bem aproveitadas pelas células. Voltei a ganhar disposição”, conta.
IEpag70a72_Exames-2.jpg
No Hospital Nove de Julho, em São Paulo, os médicos estão se valendo da termografia, ou termometria cutânea, para rastrear a origem de dores crônicas e enfermidades como hipotireoidismo (disfunção na glândula tireoide). O teste é feito usando uma câmera que capta o calor emitido pelo corpo. Quanto maior a temperatura em alguma região, mais intensa é a atividade inflamatória no local. Isso é indicativo de que algo vai mal naquele ponto. “Antes de aparecer uma lesão, existe a alteração da circulação local, detectada pelas imagens”, explica o médico Marcos Brioschi, do Nove de Julho. 

Foi por meio do exame que Patrícia Zylbergeld, 30 anos, descobriu que estava no início de um hipotireoidismo. “O exame de sangue tinha identificado uma alteração hormonal pequena”, diz. “Mas a termometria indicou que havia mesmo uma atividade maior na região”, lembra. O exame também pode ser usado no diagnóstico precoce de câncer de mama. Nesse caso, a inflamação indica crescimento de vasos sanguíneos na região, o que sugere a formação de uma rede vascular para alimentar um futuro tumor. “É possível analisar a área antes de qualquer alteração anatômica”, afirma Brioschi.
IEpag70a72_Exames-3.jpg
A revolução está dando também nova roupagem a exames convencionais. Hoje, já é possível realizar ultrassom em três dimensões do feto com a possibilidade de impressão das formas da criança em um molde de resina, como se fosse um boneco. “O molde ajuda a visualizar melhor qualquer má-formação existente”, explica a hematologista Regina Biasoli.

O objetivo de outras inovações é aumentar o conforto do paciente. Nesta categoria, uma das opções é o Accuvein. Por meio da emissão de luz infravermelha, o exame auxilia na visualização de veias. “O teste facilita a aplicação de medicamentos em crianças e obesos, por exemplo”, diz a enfermeira Célia de Fátima Moraes, de São Paulo, que usa o aparelho.

Para o futuro, uma das promessas é um kit capaz de identificar a probabili­dade de uma pessoa vir a ser hipertensa. Ele está em desenvolvimento pela Sociedade Brasileira de Hipertensão, a partir de um estudo comandado pela nefrologista Dulce Elena Casarini, da Universidade Federal de São Paulo. “Descobrimos a existência de uma enzima que indica a instalação da ­doença precocemente”, explica Dulce.  

Só 20% de grupos de alimentos têm teor de sódio adequado



Queijo ralado e macarrão instantâneo são os com maior quantidade de sal; excesso pode gerar hipertensão e diabetes

AE
206438.jpg
 
Pesquisa feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) identificou alto teor de sódio em alimentos vendidos no País. O trabalho foi feito com base na análise de 26 tipos de produtos, como bolachas e frios. Dos grupos analisados, apenas cinco apresentaram níveis do ingrediente considerados adequados.
 
O produto campeão em teor de sódio, de acordo com a pesquisa da Anvisa, é o queijo parmesão ralado: uma média de 1.981 miligramas por 100 gramas do produto. Em seguida está o macarrão instantâneo, com 1.798 miligramas por 100 gramas do produto. "O que nos preocupa é que boa parte dos alimentos com alto nível de sal é muito consumido por crianças", diz a gerente-geral de alimentos da Anvisa, Denise de Oliveira Resende.
 
O excesso de sódio na dieta é considerado fator de risco de problemas como hipertensão e diabete. Por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o nutriente seja usado com parcimônia: no máximo 2 gramas diárias de sódio, o equivalente a 5 gramas de sal. Para se ter uma ideia, 100 gramas de parmesão conteria a quantidade. O brasileiro consome 12 gramas de sal por dia, mais do que o dobro do recomendado pela OMS.
 
O macarrão, assim como bolachas e salgados de milho, integram o programa de redução de sódio de produtos processados no País, feito pelo Ministério da Saúde e Associação Brasileira de Indústrias de Alimentação. O acordo, anunciado em 2011, prevê a retirada gradual do sódio de alimentos processados. Até agora foram anunciadas reduções para 13 classes de alimentos. A meta é retirar até 20 mil toneladas de sódio até 2020.
 
A redução programada, porém, é considerada tímida por nutricionistas e entidades ligadas ao direito do consumidor. "Mesmo com a mudança, produtos vão continuar com alto teor de sódio. Em outras palavras: o brasileiro continuará consumindo muito mais do que o recomendado", diz o gerente do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Carlos Tadeu de Oliveira. Ele cita como exemplo o macarrão: "A meta é 1.920 miligramas de sódio. Quase a necessidade de um adulto para o dia todo".
 
Denise afirma que uma redução drástica traria problemas para empresas e afastaria o consumidor. "As pessoas poderiam estranhar o sabor. Além disso, há um problema técnico: o sódio é importante para conservar os alimentos." Pelo cronograma, a partir de 2013 alguns produtos já devem ser comercializados com menos sódio em sua composição. "Pelas análises que fizemos, alguns produtos já apresentam uma média menor do que a foi acordada, como a maionese", afirma Denise. A meta é que o produto tenha, no máximo, 1.283 mg/100g. A média encontrada pela Anvisa está em 1.096.
 
Fiscalização
 
A gerente diz que o controle sobre o cumprimento do acordo começará a ser feito a partir de 2013. "Se números revelarem que a adesão está baixa, não está descartada a possibilidade de criar metas obrigatórias." Para Oliveira, no entanto, medidas mais ousadas poderiam ser adotadas rapidamente. "O acordo tentou abrandar as discussões sobre uma regulamentação mais severa. Autorregulamentação pode ser benéfica, mas os padrões têm de ser adequados."
 
Denise destaca que várias amostras de um mesmo produto apresentam teores diferentes de sódio, como o queijo parmesão: a diferença entre produtos chega a ser de 13,7 vezes. "Daí a importância de a população checar nos rótulos a composição." Denise afirmou que foram encontrados produtos com teores de sódio distintos da embalagem. As empresas, diz, foram autuadas. Procurada, a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) afirmou não conhecer os dados, o que a impediria de fazer uma avaliação do trabalho. 

Um a cada cinco homens faz uso indevido de estimulantes sexuais



Médico alerta que os medicamentos podem causar dores de cabeça e musculares, diarreia, alergias, visão dupla e, em casos mais severos, até cegueira

Do Portal Terra
size_380_Pfizer_-_Viagra.jpg
 
O desejo de melhorar o desempenho sexual leva jovens de 20 a 35 anos a utilizarem medicamentos para disfunção erétil de maneira irregular, ou seja, sem indicação de um especialista. É o que aponta o levantamento inédito realizado no ambulatório de sexualidade do Centro de Referência em Saúde do Homem, maior serviço público de urologia do Estado de São Paulo.
 
A unidade atende mais de 300 homens por mês com problemas sexuais e cerca de 20% deste total, afirma já ter feito o uso de estimulantes sexuais, pelo menos uma vez, sem prescrição médica.  Na hora da consulta, as explicações são sempre as mesmas: curiosidade, vontade de aprimorar a performance sexual e, claro, o receio de falhar na “hora H”.
 
No entanto, o médico chefe do serviço de urologia do hospital, Joaquim Claro, explica que os comprimidos não apresentam resultados para grande parte dos homens. “A medicação não é instantânea e muito menos mágica como acreditam os pacientes. Se o indivíduo já é saudável, o pênis dele não vai ficar ainda mais rígido após o consumo. Portanto, não vai haver mudança no desempenho”, afirma.
 
O médico alerta que os estimulantes sexuais podem causar dores de cabeça e musculares, diarreia, alergias, visão dupla e, em casos mais severos, até cegueira. Os pacientes cardiopatas também não podem ingerir este tipo de medicamento, considerado um vasodilatador, principalmente sem supervisão médica. Somente o especialista pode diagnosticar a necessidade de uso e, ainda, o melhor método, conforme critérios como idade, histórico familiar e condição financeira.
 
“Os efeitos colaterais são perigosos, mas há ainda o risco da dependência psicológica. O homem passa a supervalorizar a droga e liga o seu próprio desempenho sexual ao uso do remédio. Esta atitude gera um grau elevado de ansiedade e o paciente fica com medo de não ter mais relações satisfatórias se não contar com a ajuda medicamentosa”, destaca Claro.
 
A prática de atividade física é uma maneira saudável e eficaz de melhorar a atuação na hora do sexo, segundo os médicos. Os exercícios contribuem com o condicionamento físico, melhoram a circulação sanguínea e aumentam resistência trabalhando as regiões do peito, ombros, braços e pernas, além de elevar a autoestima.
 
Conheça outras atitudes importantes para manter  uma vida sexual ativa, segundo especialistas do Hospital do Homem:
 
Proteja o seu corpo: Use camisinha nas relações sexuais, evitando o contato com as doenças sexualmente transmissíveis. Não deixe de visitar o médico pelo menos uma vez ao ano para realização de check-up e dos exames preventivos.
 
Converse sobre sexo: Tenha um bom diálogo com a seu parceira, pois a confiança é importante para que o sexo satisfaça plenamente o casal.
 
Prepare o ambiente: A pressão psicológica e os problemas do dia a dia podem atrapalhar o desempenho. Por isso, é importante escolher o local e o momento ideal propício para a relação.
 
Esqueça os mitos: Segundo estudos, o tempo médio de uma relação é de 15 a 20 minutos. Saber disso é um dos primeiros passos para que o casal consiga diminuir as suas próprias expectativas.

Erros que ameaçam o controle da diabetes



Médicos e cientistas descobrem que boa parte dos pacientes aplica a insulina de forma incorreta, o que pode levar a sérias complicações causadas pela doença

Mônica Tarantino
Chamada.jpg
RODÍZIO
Luana não sabia que a insulina pode ser aplicada 
também em braços e pernas. Antes, usava só na barriga
O modo de se autoaplicar insulina tem grande impacto no controle da diabetes - doença que matou 50 mil brasileiros em 2010, quatro vezes mais do que a Aids (12 mil óbitos) e que superou o total de mortes causadas pelo trânsito (42 mil óbitos), conforme dados divulgados na semana passada pelo Ministério da Saúde. A insulina é essencial para levar a glicose (o combustível do organismo) para dentro das células. Uma pesquisa inédita da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) feita com 120 diabéticos revelou as falhas mais comuns no uso do remédio. O levantamento foi patrocinado pela Becton, Dickinson and Company, empresa de tecnologia médica.
2.jpg
A primeira falha ocorre na retirada da insulina do frasco, com a seringa. “Metade dos adultos e 60% das pessoas abaixo de 18 anos aplicam doses incorretas”, diz Augusto Pimazoni Netto, coordenador do grupo de educação e controle do diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão da Unifesp e principal autor do estudo. “Há 20% mais erros com as seringas de 100U”, diz. Cada marca dessas seringas vale duas unidades, enquanto as seringas de 30U e 50U são graduadas com marcas que valem uma unidade.
3.jpg
Por falta de informação, 10% dos diabéticos aplicam a insulina sempre no mesmo local. Outros 57% fazem o rodízio dos pontos de forma incorreta. Foi o que aconteceu com a analista de mídia Luana Damaceno, 29 anos. Um mês após o diagnóstico, tinha manchas roxas e caroços na barriga. Ela decidiu ir à Associação de Diabetes Juvenil (ADJ). “Quando comecei a usar insulina, não fui orientada para alternar os locais de aplicação. Aprendi que posso aplicar nos braços, pernas e nádegas”, diz. “A orientação é essencial no controle da doença”, define a enfermeira Cláudia Almeida, instrutora da ADJ.
4.jpg
A ausência desse revezamento causa problemas mais sérios. Um exemplo é a história de uma garota de 6 anos com diabetes que perdia peso e apresentava taxas de glicemia muito altas, apesar das doses elevadas de insulina. Durante uma visita, uma das instrutoras do Programa Sanofi Diabetes – que orienta pacientes – pediu à criança para contar como tomava o remédio. Viu de imediato um endurecimento importante no braço, pois a mãe não fazia o rodízio para aplicação. O erro diminuía a absorção da insulina.  Corrigido o problema, a garota se recuperou. Em suas constantes visitas aos lares de diabéticos, a instrutora Lara Bauerlein, do mesmo projeto, viu erros no armazenamento da insulina. “Depois de aberta, a insulina não precisa ficar na geladeira. Pode ficar em temperatura ambiente de até 30 graus”, garante Lara.
5.jpg
Outro aspecto revelado pelo estudo da Unifesp é a dificuldade dos pacientes de fazerem as dobras de pele para prevenir que a injeção atinja o tecido intramuscular. O risco é a rápida absorção da insulina, que não age pelo tempo esperado. A pesquisa mostrou ainda que há perda de insulina quando as pessoas retiram rapidamente a agulha da pele depois da aplicação. “Deve-se esperar entre cinco e dez segundos para evitar que isso aconteça”, ensina Pimazoni.
6.jpg

Por que o peso volta?



Uma nova série de pesquisas explica por que a maior parte das pessoas volta a engordar depois de fazer dieta. Os quilos extras provocam danos no organismo que parecem irreversíveis

LUCIANA VICÁRin
As pesquisas mostram que três de cada dez pessoas que fazem regime pela internet já tentaram perder peso antes, usando outro método, e voltaram a engordar. O problema é velho conhecido de gordinhos, médicos e nutricionistas – e é investigado por cientistas do mundo todo. Com a perda de peso, o corpo engendra reações para recuperar a gordura que ele acha necessário manter. “A explicação mais lógica é que pressões evolucionárias selecionaram genes que fazem nosso corpo lutar para manter a gordura”, afirma o endocrinologista americano Michael Rosenbaum, pesquisador da Universidade Colúmbia. “Isso nos tornou mais resistentes a períodos de escassez e aumentou nossas chances de sobrevivência.” Estudos recentes sugerem que o fenômeno pode ser resultado também de transformações causadas pela obesidade.
A obesidade parece deixar cicatrizes no hipotálamo, região cerebral que controla o consumo e gasto de calorias 
A descoberta mais recente foi anunciada na edição deste mês do The Journal of Clinical Investigation. Dois grupos de pesquisadores concluíram que a obe-sidade modifica uma região do cérebro chamada hipotálamo. Entre outras funções, ela é fundamental no controle do consumo e gasto de calorias. Os pesqui-sadores da Universidade de Washington e do Beth Israel Deaconess Medical Center, ambos nos Estados Unidos, descobriram que áreas específicas do hipotá-lamo ficam inflamadas depois que pessoas e animais são submetidos a uma dieta rica em gordura. A capacidade de gerar novas células nessa região também é afetada. Isso provoca problemas no funcionamento desse circuito cerebral. Esses danos podem explicar por que os quilos a mais continuam a voltar depois da dieta. “É possível que se forme uma espécie de cicatriz no hipotálamo, que tornaria as transformações no metabolismo irreversíveis”, diz o endocrinologista americano Michael Schwartz, autor de uma das pesquisas.

Em outubro, o médico australiano Joseph Proietto publicou um estudo mostrando que, depois da dieta, os níveis dos hormônios que regulam a fome e a saciedade haviam mudado para pior em 50 pacientes que tinham emagrecido. A substância que estimula a fome aumentara no organismo, enquanto a dos hormônios da saciedade tinha diminuído. O organismo dos ex-gordinhos os estimulava a comer mais do que antes de começar a dieta. “Essas pessoas precisam aprender a não se sentir culpadas por ganhar os quilos extras novamente“, diz Proietto.

Os novos estudos sugerem que quem já foi obeso precisará lutar mais contra a balança. Médicos que acompanham um grupo de 10 mil ex-gordinhos americanos que conseguiram manter o novo peso descobriram que o segredo deles é simplesmente comer menos que as outras pessoas – entre 50 e 300 calorias diárias a menos. Os pesquisadores Rudolph Leibel e Michael Rosenbaum, da Universidade Colúmbia, chegaram a uma conclusão semelhante. Pacientes que perderam peso e mantiveram a silhueta esbelta tinham de comer, diariamente, entre 250 e 400 calorias a menos que pessoas que nunca foram gordas. A dose de exercício também precisa ser maior. Estudos sugerem que os músculos de quem já foi obeso se contraem mais devagar e gastam menos energia. Isso significa que as atividades físicas consomem até 50% menos calorias.

As pesquisas parecem desanimadoras, mas trazem um conhecimento importante para terminar com o vaivém constante dos quilos extras, chama-do de efeito sanfona. O recado é que manter-se magro exigirá esforço extra e duradouro. A internet, com ferramentas de emagrecimento ao alcance de um clique, pode ser uma arma valiosa nessa batalha.

Obesos podem ser tão saudáveis quanto os magros, diz estudo



Se levarem um estilo de vida saudável, pessoas acima do peso podem ter a mesma expectativa de vida que as de peso normal.


Pesquisa conclui que obesos podem ser saudáveis, mas tem que comer bem e se exercitar (Foto: Getty Images)
Pessoas acima do peso, até mesmo os obesos, podem ser tão saudáveis quanto pessoas magras, desde que levem uma vida saudável. Pelo menos é o que mostra um estudo da Medical University of South Carolina, nos Estados Unidos, que acompanhou durante 14 anos o hábito de quase 12 mil pessoas. Os resultados foram publicados no periódico Journal of the American Board of Family Medicine.
Os médicos descobriram que pessoas obesas que realizavam atividades consideradas saudáveis – como comer cinco ou mais frutas e vegetais por dia, fazer exercícios regularmente, consumir álcool com moderação e não fumar – apresentaram a mesma expectativa de vida de pessoas magras que levam a mesma vida. Já os participantes da pesquisa que estavam acima do peso e não adotavam um estilo de vida saudável estavam expostos a um risco maior de morrer jovens.
A pesquisa analisou os hábitos de vida e o risco de mortalidade de 11.761 homens e mulheres americanas, de peso normal a obesos. O Índice de Massa Corporal (IMC), que é a razão entre o peso e o quadrado da altura, dessas pessoas também foi verificado durante os 14 anos de estudo e comparado com o estilo de vida de cada participante.