quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

DIETA MEDITERRÂNEA: AVALIAÇÃO SOBRE SUA EFICÁCIA



A DIETA MEDITERRÂNEA COMO PARTE INTEGRANTE DE UM ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL
A dieta mediterrânea representa um padrão alimentar caracterísitico de populações do mar Mediterrâneo, sendo considerada um modelo de alimentação saudável, uma vez que pode contribuir para a melhora da qualidade de vida8,10,14 e redução da incidência e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), em especial de doenças cardiovasculares (DCV) 3,7,12.

Esta dieta é composta por abundante quantidade de alimentos de origem vegetal (frutas, vegetais, cereais integrais, azeite, nozes e sementes), incluindo ainda os derivados do leite (queijos e iogurtes) e as carnes brancas (peixes e aves). Enfatiza a ingestão de alimentos fonte de gorduras monoinsaturadas e poliinsaturadas (presentes não só no azeite e peixes, mas também em castanhas, óleos vegetais e em produtos feitos à base destes, como margarinas e maioneses), em detrimento ao consumo de alimentos fonte de gordura saturada (presente em carnes, leite e derivados integrais) e gordura trans (alguns biscoitos, bolos e outros)4,8.

Estudos realizados na década de 80, conduzidos por Keys (1980), começaram a investigar a correlação entre a dieta do mediterrâneo e a baixa incidência de DCV6. Todavia, observa-se que nos últimos anos, o interesse de investigação tem sido focado em estimar a adesão a esta dieta, em  detrimento às análises individuais de cada alimento e seus benefícios sobre o estado de saúde da população2,5,10. Isto se justifica, uma vez que análises individualizadas dos  nutrientes presentes nos alimentos podem ignorar importantes interações entre os seus componentes, além de o consumo não acontecer de forma isolada, mas sim como parte de uma dieta2,9,11.

Diante destas evidências, Sofi et al (2010) realizaram uma meta-análise de estudos prospectivos que avaliou a associação entre a adesão da dieta mediterrânea e o estado de saúde da população. Os resultados demonstraram que a adesão à dieta do mediterrâneo está  associanda a uma redução significativa de mortalidade global (9%), com destacaque às DCV (9%), confirmando os seus benefícios à saúde9.
Estes resultados corroboram com encontrados por Hu (2002) 9, Serra-Majem et al (2006)8, Willett (2006)15 e Sofi et al (2009)11, concluindo que a dieta mediterrânea como um todo, e não a análise isolada dos seus alimentos constituintes, é que pode trazer reais benefícios à saúde.

Bach et al (2006) realizaram um estudo de revisão sobre a aderência da população à dieta mediterrânea, por meio da elaboração de índices de avaliação global da dieta (alimentos consumidos; grupos de alimentos consumidos ou combinação de alimentos e nutrientes consumidos), identificando que esses índices são ferramentas úteis para mensurar as tendências do consumo de alimentos,  identificar os fatores envolvidos, bem como auxiliar na elaboração de recomendações nutricionais à população 2.
Em suma, a dieta mediterrânea constitui-se como um modelo de alimentação saudável, que pode potencialmente reduzir o risco às DCNT, corroborando com as recomendações de órgãos nacionais e internacionais15, que incentivam a sua adesão como fator de proteção em ações de prevenção primária e secundária. Desta forma, os profissionais da área de saúde devem orientar os indivíduos e/ou população para a compreensão de seus benefícios, associados a um estilo de vida saudável.

Referências:
 
1. American Heart Association Nutrition Committee, Lichtenstein AH, Appel LJ, Brands M, Carnethon M, Daniels S, et al. Diet and lifestyle recommendations revision 2006: a scientific statement from the American Heart Association Nutrition Committee. Circulation 2006;114:82-96
2. Bach A, Serra-MajemL, Carrasco JL,Roman B, Ngo J, Bertomeu I, et al. The use of indexes evaluating the adherence to the Mediterranean diet in epidemiological studies: a review. Public Health Nutr 2006; 9:132-46.
3. Esposito K, Marfella R, Ciotola M, Di Palo C, et al. Effect of a mediterranean-style diet on endothelial dysfunction and markers of vascular inflammation in the metabolic syndrome: a randomized trial. JAMA 2004; 292:1440-6.
4. Estruch R, Martinez-Gonzalez MA, Corella D, et al. Effects of a Mediterranean-style diet on cardiovascular risk factors: a randomized trial. Ann Intern Med 2006; 145:1-11.
5. Hu FB. Dietary pattern analysis: a new direction in nutritional epidemiology. Curr Opin Lipidol 2002; 13:3-9.
6. Keys A. Seven countries: a multivariate analysis of death and coronary heart disease. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1980.
7. Martínez-González MA e Sánchez-Villegas A. The emerging role of Mediterranean diets in cardiovascular epidemiology: monounsaturated fats, olive oil, red wine or the whole pattern? European Journal of Epidemiology 2004; 19: 9-13.
8. Serra-Majem L, Roman B, Estruch R. Scientific evidence of interventions using the Mediterranean diet: a systematic review. Nutr Rev. 2006; 64:S27-47.
9. Sofi F, et al. Accruing evidence on benefits of adherence to the Mediterranean diet on health: an updated systematic review and meta-analysis. Am J Clin Nutr. 2010; 92(5): 1189-96.
10. Sofi F et al. Adherence to Mediterranean diet and health status: meta-analysis. BMJ. 2008;337;a1344. Disponível em http://www.centromedicoathenas.com.br/pdf/Mediterranean_Diet_&_Health_Status_9-08.pdf
11. Sofi F et al. Evidences on the relationship between Mediterranean diet and health status. Recenti Prog Med. 2009; 100(3):127-31.
12. Trichopoulos D e Lagiou P. Mediterranean diet and cardiovascular epidemiology. European Journal of Epidemiology 2004; 19: 7-8.
13. WHO Study Group. Diet, nutrition, and the prevention of chronic diseases. Geneva: WHO, 2003:916.
14. Willett WC, Sacks F, Trichopoulou A, Drescher G, Ferro-Luzzi A, Helsing E, et al. Mediterranean diet pyramid: a cultural model for healthy eating. Am J Clin Nutr. 1995; 61:1402-6.
15. Willett WC. The Mediterranean diet: science and practice. Public Health Nutr. 2006; 9(1A):105-10.

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