sábado, 26 de janeiro de 2013

Estudo brasileiro revela nova forma de prevenir enxaquecas



Pesquisadores descobriram que cápsulas de melatonina, um hormônio produzido pelo cérebro, diminui na mesma proporção a frequência das dores de cabeça e provoca menos efeitos adversos do que o tratamento convencional

Vivian Carrer Elias
Melatonin
Melatonina: Comercializada como vitamina nos Estados Unidos e como medicamento na Argentina, substância não pode ser vendida no Brasil (Divulgação)
Uma pesquisa brasileira mostrou que a melatonina, hormônio produzido no nosso cérebro que atua na regulação do sono e do relógio biológico, é eficaz na prevenção de enxaqueca em pessoas que têm crises com frequência. Segundo o estudo, coordenado por Mario Peres, neurologista do Hospital Albert Einstein e da Escola Paulista de Medicina, pílulas contendo a substância parecem ser melhores para evitar as fortes dores de cabeça do que um dos medicamentos mais utilizados atualmente com essa finalidade, a amitriptilina. O trabalho será apresentado em março no encontro anual da Academia Americana de Neurologia, na cidade americana de San Diego.

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MELATONINAA melatonina, produzida pela glândula pineal, localizada no cérebro, é fundamental para regularizar o nosso relógio biológico e, assim, regular sono, fome e diversas funções no organismo. Em países como os Estados Unidos e os da Europa, ela é amplamente comercializada como uma vitamina e, em lugares como Argentina e Chile, como remédio. 
No Brasil, porém, ela não pode ser comercializada pois não possui registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). De acordo com o órgão, o último pedido para registro da substância foi feito em 2003 e foi indeferido por estar “em desacordo com a legislação vigente”. Não houve um novo pedido desde então. No entanto, também não há uma proibição expressa ao uso da substância, de forma que o paciente que desejar pode importá-la para uso próprio. 
Os benefícios da melatonina já vêm sendo estudados — e comprovados — há algum tempo, inclusive por Peres, que há mais de 10 anos concentra as suas pesquisas para entender de que forma o hormônio pode ajudar pacientes que sofrem de enxaqueca. "A principal função da melatonina é regularizar os ritmos biológicos. Portanto, o hormônio influencia vários sistemas no organismo e interfere positivamente em diversas funções. Nós já sabemos que pessoas que sofrem de enxaqueca apresentam menores níveis de melatonina e que isso aumenta a propensão de crises", disse Peres ao site de VEJA.
O novo estudo de Peres, que também foi assinado por André Leite Gonçalves, neurologista da Faculdade de Medicina do ABC, comparou os efeitos da melatonina aos da amitriptilina, um antidepressivo frequentemente receitado a pacientes com o problema, e aos de placebo. Para isso, os pesquisadores selecionaram 179 pessoas entre 18 e 65 anos de idade que sofriam de crises de enxaqueca, com ou sem aura, de duas a oito vezes por mês.
Comparação — Os participantes foram divididos em três grupos. Durante três meses, cada grupo recebeu doses diárias de um tipo de substância: melatonina (três miligramas ao dia), amitriptilina (25 miligramas ao dia) e placebo. Após esse período, a redução média de dias por mês com crises de enxaqueca foi de 2,7 para as pessoas que receberam melatonina; 2,18 para as que receberam amitriptilina; e 1,18 para quem tomou placebo.
Segundo Mario Peres, a eficácia na prevenção de enxaqueca com o uso de melatonina e amitriptilina foi estatisticamente semelhante. A grande vantagem do hormônio sobre o antidepressivo, então, parece estar em sua maior tolerabilidade. "A amitriptilina é um antidepressivo que pode provocar o aumento do peso, sonolência, boca seca e intestino preso. A melatonina apresentou muito menos efeitos adversos, mas com a mesma eficácia, e foi tão tolerada pelos pacientes quanto o placebo", afirmou Peres.
Hormônio vetado — Apesar de a melatonina ser amplamente difundida em países como os Estados Unidos, onde é comercializada como uma vitamina, e dos diversos estudos que defendem os benefícios do hormônio, os brasileiros não podem comprar a substância por aqui pois ela não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, é possível comprar o produto no exterior e trazer para o Brasil para uso pessoal.
Para Mario Peres, o fato de a melatonina não ser comercializada no mercado brasileiro torna o país atrasado nesse sentido. "Acredito que a substância deveria ser vendida como remédio, como acontece na Argentina ou no Chile, e não vitamina. Assim, haveria um melhor acompanhamento médico. A melatonina é barata e eficaz, e seria uma ótima alternativa para as crises de enxaquecas e também para outros problemas, como a insônia", disse.
O neurologista acredita que os resultados de sua pesquisa têm potencial para tornar possível a aprovação da substância no mercado brasileiro. E não somente isso: "Nosso estudo é um trabalho grande, randomizado e que compara a melatonina a outro remédio e ao placebo. É o primeiro grande estudo que mostra que o hormônio funciona e é seguro na prevenção da enxaqueca. É uma base científica consistente para que os médicos passem a recomendar a substância no tratamento do problema", afirmou Peres.

EUA aprovam adesivo corporal para tratar enxaqueca



Produto, que libera um medicamento frequentemente utilizado no combate às dores de cabeça, é uma solução para pessoas que sofrem de enxaquecas acompanhadas de náuseas. Mas o preço pode ser um empecilho: 90 dólares

Vivian Carrer Elias
Zecuity, adesivo corporal desenvolvido pela empresa NuPathe, foi aprovado pelo FDA: Produto libera medicamento que combate os sintomas da enxaqueca e, como não precisa ser absorvido pelo sistema digestivo, é solução para quem sofre do problema acompanhado de náuseas
Zecuity, adesivo corporal desenvolvido pela empresa NuPathe: Produto libera medicamento que combate os sintomas da enxaqueca e, como não precisa ser absorvido pelo sistema digestivo, é solução para quem sofre do problema acompanhado de náuseas (Thinkstock)
Um adesivo corporal (patch) utilizado para o tratamento de enxaquecas acaba de ser aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA), órgão de saúde americano que regula alimentos e medicamentos. O Zecuity, produzido pela empresa NuPathe, funciona com uma bateria e libera no organismo do paciente a substância sumatriptano, um medicamento frequentemente receitado a pacientes que sofrem de fortes dores de cabeça. O adesivo recebeu aval da agência americana em 17 de janeiro e espera-se que ele passe a ser comercializado no país entre outubro e dezembro deste ano.
O sumatriptano foi o primeiro medicamento desenvolvido especificamente para tratar a enxaqueca e até hoje é indicado pelos médicos a pacientes que têm o problema. Ele é eficaz em reduzir sintomas da condição que, além das fortes dores de cabeça, incluem enjoos e sensibilidade à luz ou a sons. Embora a droga em si não seja uma novidade, disponibilizá-la em forma de adesivo elimina a absorção da substância pelo sistema digestivo e, portanto, é uma solução para as pessoas que sofrem de enxaqueca acompanhada de náuseas, um dos sinais mais comuns das crises.
"É normal que, com a enxaqueca, o indivíduo apresente sintomas gástricos. A velocidade do esvaziamento do estômago em direção ao intestino pode diminuir e, com isso, a absorção de medicamentos orais torna-se mais difícil. Além disso, o paciente com esses sintomas eventualmente vomita, o que dificulta ainda mais que esses remédios sejam absorvidos e façam efeito. O adesivo faz com que essa intolerância gástrica seja superada, e esse é o seu principal benefício", disse ao site de VEJA Tarso Adoni, neurologista do Hospital Sírio-Libanês.
Como funciona — De acordo com informações sobre o Zecuity disponibilizadas pelo FDA, o adesivo deve ser colado sobre a perna ou o braço. O paciente, então, precisa apertar um botão para que o medicamento seja fornecido ao organismo — são 6,5 miligramas de sumatriptano liberados ao longo de aproximadamente cinco horas. Uma luz acende quando o adesivo começa a funcionar e se apaga quando a substância chega ao fim.
Apesar de o adesivo fornecer sumatriptano ao organismo do paciente ao longo de cinco horas, o efeito na dor de cabeça é muito mais rápido, segundo Adoni. "Os estudos com o produto mostram que na pele ele leva de 20 a 30 minutos para trazer benefício", disse o neurologista. O produto, portanto, é indicado para eliminar os sintomas da enxaqueca, e não para prevenir o problema ou reduzir a sua frequência.
Comprovação — O FDA aprovou o adesivo a partir dos resultados de um estudo feito com 800 pacientes. Nele, 18% das pessoas que utilizaram o Zecuity não sentiram mais nenhuma dor de cabeça após duas horas e 50% afirmaram que as dores diminuíram — entre os pacientes que usaram um adesivo contendo placebo, essas taxas foram de 9% e 29%, respectivamente. Além disso, o adesivo contendo sumatriptano aliviou as náuseas em 84% dos indivíduos que usaram o produto. A melhora ocorreu em 63% dentre aqueles que receberam placebo.
Os efeitos colaterais mais comuns do Zecuity foram dores, formigamentos e desconforto no local da aplicação. As informações sobre o adesivo ressaltam que pacientes com histórico de doenças cardíacas não devem fazer uso do patch.
Segundo Tarso Adoni, um ponto negativo do adesivo é o seu alto custo. "Os médicos acreditam que ele entrará no mercado americano a um preço de 90 dólares cada". Ou seja, caso o produto chegue no Brasil — o que pode acontecer somente a partir de 2014, segundo o neurologista —, poderá custar quase 200 reais para que apenas uma crise de enxaqueca seja aliviada, já que os adesivos não são reaproveitados.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil possui medicamentos orais à base de sumatriptano, mas ainda não há nenhum pedido de autorização de adesivos contendo a substância.

Mulheres que param de fumar antes dos 30 anos reduzem risco de morte prematura em até 97%



Estudo que envolveu mais de 1 milhão de mulheres no Reino Unido também revelou que há uma perda de 11 anos na expectativa de vida para fumantes na casa dos 70 e dos 80 anos

Tabagismo
Abandonar o cigarro até os 30 anos diminui o risco de mortalidade prematura em 97%, aponta estudo britânico(Thinkstock)
As mulheres que abandonam o cigarro antes dos 30 anos de idade tem o risco de morte prematura por doenças causadas pelo cigarro reduzido em 97%. Quanto mais tarde a mulher deixava de fumar, no entanto, menor é a taxa de reversão. Os resultados fazem parte de uma extensa pesquisa realizada por mais de uma década com 1,3 milhão de mulheres no Reino Unido, conhecida por Million Woman Study. Publicado no periódico médico The Lancet, o estudo coincide com o centenário de Richard Doll (1912-2005), um dos primeiros cientistas a identificar a ligação entre câncer de pulmão e o tabagismo.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The 21st century hazards of smoking and benefits of stopping: a prospective study of one million women in the UK

Onde foi divulgada: The Lancet

Quem fez: Kirstin Pirie, Richard Peto, Gillian K Reeves, Jane Green, Valerie Beral

Instituição: Million Woman Study

Dados de amostragem: 1,3 milhão de mulheres que tinham de 50 a 65 anos na época do início do acompanhamento

Resultado: Os resultados da pesquisa mostraram que mulheres que abandonam o cigarro até os 30 anos reduzem o risco de morte prematura em 97%. O estudo mostrou que 2/3 das mortes de mulheres fumantes foram ocasionados por doenças relacionadas ao tabaco.
Entre 1996 e 2001, o Million Woman Study, projeto colaborativo do Cancer Research UK e do Serviço de Saúde Nacional (NHS, na sigla em inglês), reuniu 1,3 milhão de mulheres que tinham entre 50 e 65 anos na época do ingresso no estudo. Inicialmente, 20% das mulheres fumavam, 28% tinham abandonado o cigarro e 52% não eram fumantes. Cada uma foi acompanhada por um período de 12 anos.
Quando um primeiro recenseamento foi realizado, três anos após o início da pesquisa, constatou-se que as fumantes tinham quase três vezes mais chances de morrer nos nove anos seguintes comparadas às não fumantes. Isso significa que dois terços de todas as mortes de mulheres fumantes na casa dos 50 aos 70 anos são ocasionados por males relacionados ao tabagismo, como câncer de pulmão, enfermidades pulmonares crônicas, doenças do coração ou derrame cerebral. Ao longo do levantamento, 66.000 participantes morreram. Nestes casos, o NHS informava os pesquisadores a causa da morte.
Apesar de o risco de morte estar relacionado com a quantidade de cigarros consumidos por cada pessoa, o MiIlion Woman Study mostrou que mesmo as mulheres que fumavam menos de 10 cigarros por dia tiveram uma mortalidade duas vezes mais alta em comparação com as não fumantes.
Efeitos reversivos – Outro resultado do estudo mostrou que há uma perda de 11 anos na expectativa de vida entre as mulheres fumantes na casa dos 70 e dos 80 anos.
Richard Peto, professor da Universidade de Oxford e co-autor da pesquisa, afirmou que as mulheres que abandonam o cigarro ganham, em média, 10 anos a mais de vida. Segundo Peto, o Million Woman Study permitiu que pela primeira vez fossem observados diretamente a relação do tabagismo prolongado com a mortalidade prematura de mulheres. Isso porque "tanto no Reino Unido quanto nos EUA as mulheres que nasceram na década de 40 formaram a primeira geração na qual muitas fumaram um número substancial de cigarros ao longo da vida adulta", disse.

Cigarro pode triplicar o risco de morte súbita cardíaca entre mulheres



A boa notícia é que abandonar o hábito pode reduzir de forma significativa ou até eliminar essa probabilidade

Saúde feminina: Deixar de fumar pode reduzir de forma significativa o risco de morte súbita cardíaca
Saúde feminina: Deixar de fumar pode reduzir de forma significativa o risco de morte súbita cardíaca (Thinkstock)
Fumar pode triplicar o risco de uma mulher sofrer uma morte súbita cardíaca — e quanto mais tempo dura o vício e mais cigarros são consumidos ao dia, maiores são essas chances, concluiu um novo estudo da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. A pesquisa, por outro lado, também mostrou que abandonar o hábito pode reduzir de forma significativa ou até eliminar essa probabilidade.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Smoking, Smoking Cessation and Risk of Sudden Cardiac Death in Women

Onde foi divulgada: revista Circulation: Arrhythmia and Electrophysiology

Quem fez: Roopinder Sandhu, Monik Jimenez, Stephanie Chiuve, Kathryn Fitzgerald, Stacey Kenfield, Usha Tedrow e Christine Albert

Instituição: Universidade Harvard, Estados Unidos

Dados de amostragem: 101.018 mulheres

Resultado: Cada cinco anos de tabagismo aumenta o risco de morte súbita cardíaca em 8%. Mulheres que fumam há mais de 35 anos têm uma chance 2,5 maior de ter o problema e aquelas que consomem mais do que 25 cigarros ao dia, um risco três vezes maior.
A morte súbita cardíaca ocorre de maneira repentina, geralmente em decorrência de uma arritmia cardíaca, que é uma sequência de batimentos irregulares, ou muito rápidos, ou muito lentos. O problema pode levar a um fraco desempenho do coração e, consequentemente, a uma fraca circulação sanguínea, falta de sangue no cérebro e perda de consciência.
O trabalho, publicado nesta terça-feira no periódico Circulation: Arrhythmia and Electrophysiology, da Associação Americana do Coração, acompanhou 101.018 mulheres ao longo de trinta anos. Durante esse período, 351 participantes sofreram morte súbita cardíaca. De acordo com os resultados, cada cinco anos de tabagismo eleva em 8% o risco de uma mulher sofrer uma morte súbita cardíaca — aquelas que fumavam há mais de 35 anos foram, no geral, 2,5 vezes mais propensas a apresentar o problema do que as participantes que não fumavam. 
Além disso, mostrou o estudo, as fumantes que consumiam ao menos 25 cigarros por dia tiveram uma chance três vezes maior de ter o problema em relação às não fumantes. Mesmo as mulheres que fumavam menos — até 14 cigarros por dia — também apresentaram um risco duas vezes maior de morte súbita cardíaca.
Doença determinante — A pesquisa ainda mostrou que parar de fumar tem um efeito significativo e imediato na redução desse risco entre mulheres que ainda têm o coração saudável. Abandonar o vício também beneficia aquelas que já sofrem alguma doença cardíaca, mas o efeito positivo leva mais tempo para ocorrer. A mesma redução do risco que ocorre entre mulheres saudáveis cinco anos após abandonarem o cigarro, por exemplo, leva entre 15 e 20 anos para ser observada entre aquelas que já tinham o coração prejudicado quando deixaram o vício.
Para Roopinder Sandhu, pesquisadora do Hospital Brigham and Women, da Universidade Harvard, e coordenadora do estudo, uma possível explicação para isso está no fato de que a nicotina surte efeitos tanto a longo quanto a curto prazo sobre o coração. A substância, por exemplo, age de forma imediata sobre a desregulação dos batimentos cardíacos, mas também prejudica o tecido cardíaco aos poucos, quadro que persiste por muito mais tempo. "O tabagismo é um importante fator de risco modificável para morte súbita cardíaca para mulheres com e sem doença cardíaca. Por isso, as fumantes não devem esperar até o desenvolvimento dessa condição para abandonar o vício”, diz Sandhu.

Fumantes morrem dez anos antes do que o restante da população



Novos estudos mostram ainda que o risco de morte associada ao cigarro, antes maior entre os homens, agora é igual para ambos os sexos

Homem bate cinzas de cigarro em um cinzeiro lotado
Cigarro: Quem fuma vive, em média, uma década a menos do que as outras pessoas, diz estudo (Srdjan Zivulovic/Reuters)
Dois grandes estudos publicados nesta quinta-feira mostraram que homens e mulheres que fumam morrem, em média, dez anos mais cedo do que o restante da população. Além disso, segundo essas pesquisas, a probabilidade de fumantes falecerem por câncer de pulmão ou outras doenças relacionadas ao tabagismo, que antes era maior entre os homens, agora é equivalente para ambos os sexos. Esses trabalhos, feitos por especialistas americanos e canadenses, estão presentes na edição desta semana da revista The New England Journal of Medicine.
Uma dessas pesquisas, coordenada por Prabhat Jha, pesquisador do Centro para Pesquisa em Saúde Global de Toronto, no Canadá, analisou o histórico de 113.752 mulheres e 88.496 homens fumantes ou ex-fumantes que tinham mais do que 25 anos. Foram levados em consideração os registros dos participantes de 1997 a 2004.  Segundo o estudo, o tabagismo tira dez anos de vida de um fumante adulto. No entanto, parte desses anos pode ser recuperada caso o indivíduo abandone o vício: a pesquisa revelou que parar de fumar entre 30 e 40 anos pode devolver até nove anos de vida um fumante. Caso o vício seja abandonado entre 40 e 50 anos de idade, são até seis anos de vida recuperados e, depois dos 65 anos, quatro anos de vida. 
"Parar de fumar antes dos 40 pode devolver todos os anos perdidos com o cigarro. Mas isso não quer dizer que é seguro que uma pessoa fume até essa idade e depois abandone o vício, já que o risco de morte continua sendo maior do que o da população em geral", diz Jha. Os resultados ainda mostraram que fumantes de 25 a 79 anos de idade têm o triplo de chance de morrer do que pessoas da mesma feixa-etária que as suas. Além disso, pessoas que nunca fumaram apresentam o dobro de chance de chegar aos 80 anos de idade do que fumantes.
Igualdade entre sexos — A outra pesquisa divulgada no periódico britânico foi feita pela Sociedade Americana de Câncer. Os pesquisadores avaliaram 2,2 milhões de adultos com mais de 55 anos de idade e também o registro de mortes associadas ao cigarro em três períodos nos últimos 50 anos (de 1959 a 1965; de 1982 a 1988; e de 2000 a 2010). Eles descobriram que, se antes o risco de mortes por doenças associadas ao cigarro era maior entre homens, ele passou a ser igual entre ambos os sexos.
"A partir do momento em que as mulheres passam a fumar como os homens, o risco de morte também se torna igual", diz Michael Thun, coordenador do estudo. De acordo com o pesquisador, o risco de morte por câncer de pulmão entre mulheres fumantes aumentou 23 vezes de 1960 para cá. "É preciso que se passe ao menos 50 anos para que uma epidemia realmente inicie, e nós estamos começando a observar o impacto do aumento do tabagismo no número de doenças e mortes entre mulheres apenas agora", diz o autor.

Frutas e verduras melhoram também a saúde mental



A quantidade que demonstrou o melhor impacto no bem-estar emocional dos participantes foi sete porções diárias

Frutas e verduras
Frutas e verduras: Além de contribuírem para a saúde do organismo, elas estão relacionadas ao bem-estar mental(Thinkstock)
Uma pesquisa da Universidade de Warwick, na Inglaterra, relacionou o consumo de frutas e verduras ao bem-estar e à saúde mental. Os resultados sugerem que a quantidade recomendada desse tipo de alimento é de sete porções por dia para que o benefício seja alcançado. O artigo será publicado no periódico Social Indicators Research.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Is Psychological Well-being Linked to the Consumption of Fruit and Vegetables?

Publicação: periódico Social Indicators Research

Quem fez: David G. Blanchflower, Andrew J. Oswald, and Sarah Stewart-Brown

Instituição: Universidade de Warwick

Dados de amostragem: 80 mil pessoas 

Resultado: Foi encontrada uma relação entre o consumo de frutas e verduras e a saúde mental e o bem-estar das pessoas. A quantidade que mostrou o melhor resultado foi de sete porções diárias,que provocou um aumento de 0,25 a 0,33 pontos na escada usada para medir o bem-estar. Em comparação, o fato de estar desempregado, reduz em 0,90 pontos na mesma escada.
Participaram do estudo cerca de 80 mil britânicos, que responderam questões sobre seus hábitos alimentares e como se sentiam. Sarah Stewart-Brown, integrante do grupo de pesquisadores, explicou que o artigo reúne diversos estudos realizados, e todos tornaram possível a mesma conclusão: a quantidade de frutas e verduras que uma pessoa ingere tem impacto em sua saúde mental, além dos efeitos já conhecidos sobre bem-estar físico. O ápice do bem-estar foi encontrado em torno das sete porções diárias. 
“Atualmente se recomenda na Grã-Bretanha o consumo de cinco porções diárias, que é a quantidade adequada para prevenir doenças cardíacas ou câncer, por exemplo, mas poucas pessoas têm pesquisado os efeitos de quantidades maiores”, disse Stewart-Brown ao site de VEJA.
A porção, para fins do estudo, é definida como uma quantidade de 80 gramas. Não foram estudados os efeitos individuais de algum tipo de fruta ou verdura, nem os períodos do dia em que o consumo é mais indicado. Sarah Stewart-Brown ressalta que esse tipo de pesquisa ainda não é realizada com frequência e que seria interessante desenvolvê-la em outros países. “Se você puder dizer às pessoas que além de fazer bem para a saúde, frutas e verduras farão com que elas se sintam melhor, é um incentivo a mais para que elas tenham hábitos saudáveis”, afirma  a pesquisadora.

Comer frutas e legumes deixa jovens mais calmos e felizes



Nova pesquisa descobriu que as pessoas relatam um humor melhor do que o normal quando consomem maiores quantidades desse tipo de alimento

Frutas e verduras
Frutas e verduras: Alimentação saudável pode ser chave para o bom humor (Thinkstock)
Um novo estudo da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, mostrou que uma boa alimentação pode melhorar o humor de uma pessoa e fazer com que ela tenha mais sentimentos bons do que ruins. Segundo a pesquisa, os dias em que os jovens consomem mais frutas e legumes são aqueles em que eles parecem estar mais calmos, felizes e dispostos do que normalmente são. Essas conclusões serão publicadas nesta quinta-feira no periódico British Journal of Health Psychology.
A pesquisa, coordenada por Tamlin Conner, do Departamento de Psicologia da universidade neozelandesa, foi feita a partir dos dados de 281 pessoas com uma idade média de 20 anos que responderam a um questionário com seus dados pessoais. Os participantes também mantiveram, durante 21 dias consecutivos, uma agenda na qual escreviam tudo o que comiam no dia. Além disso, relataram como estava o seu humor a cada dia — para isso, eles listavam nove adjetivos positivos e nove negativos que tivessem relação com o que eles estavam sentindo no momento.
Mais energia - Os autores do estudo encontraram uma forte relação entre um maior consumo de frutas e legumes e relatos mais positivos sobre o humor naquele dia. A mesma associação não foi identificada com outros tipos de alimento. “Os jovens afirmavam estar mais calmos, felizes e com mais energia do que o normal quando comiam mais frutas e legumes”, diz Conner. A pesquisadora também concluiu que o consumo desses alimentos em um dia aumenta a chance de uma pessoa estar bem humorada no dia seguinte.
De acordo com Conner, uma pessoa precisa ingerir de sete a oito porções de frutas e legumes ao dia para que um efeito positivo significativo no humor ocorra. “Uma porção é uma quantidade equivalente ao que cabe na palma de sua mão. Uma sugestão para alcançar essa quantidade de sete porções é fazendo com que os legumes ocupem metade do seu prato e também optar por frutas na hora dos lanches entre as refeições”, diz.

Obesos correm maior risco de vida em acidentes de carro



Estudo mostrou que pessoas obesas podem ter até 80% mais chances de morrer em colisões de veículos

Obesidade
Obesidade: estudo mostra que motoristas obesos têm chances maiores sofrer acidentes de trânsito fatais (Thinkstock)
Pessoas obesas podem apresentar mais riscos de se ferir fatalmente em acidentes de carro, em comparação com pessoas com índice de massa corporal (IMC) considerado normal. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada nas universidades americanas da Califórnia e da Virgínia Ocidental e publicada nesta segunda-feira no periódico Emergency Medicine Journal.

Conheça a pesquisa

ONDE FOI DIVULGADA: periódico Emergency Medicine Journal
QUEM FEZ: Thomas M Rice e Motao Zhu
INSTITUIÇÃO: Universidades da Califórnia e da Virgínia Ocidental, nos EUA
RESULTADO: Motoristas no nível I de obesidade (IMC de 30 a 34,9) apresentam um risco 21% maior de morrer em acidentes de trânsito do que pessoas com peso normal. No nível II (IMC de 35 a 39,9), o risco aumentou em 51% e, no nível III (IMC igual ou maior do que 40), aumentou 80%.
Os pesquisadores utilizaram dados de um sistema denominado US Fatality Analysis Reporting System (em português, Sistema de Análise de Fatalidades dos EUA) da National Highway Traffic Safety Administration (Administração Nacional de Segurança de Trânsito em Estradas), que registra as mortes ocorridas até 30 dias após acidentes de trânsito.
No estudo, foram empregados dados de 1996 até 2008. Foram consideradas colisões entre dois veículos de porte semelhante (carros, minivans, pick-ups ou utilitários esportivos), nos quais o impacto resultou na morte de um ou ambos os motoristas.
A amostra selecionada era composta de 3.403 pares de motoristas. Entre eles, um em três estava acima do peso, e quase um em cinco (18%) eram obesos.
Resultados – Os resultados mostraram que o risco de morte em acidentes de carro aumenta quanto maior o nível de obesidade do motorista, de acordo com a classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que divide a obesidade em três níveis.
Assim, motoristas no nível I de obesidade (IMC de 30 a 34,9) apresentam um risco 21% maior de morrer em acidentes de trânsito do que pessoas com peso normal. No nível II (IMC de 35 a 39,9), o risco aumentou em 51% e, no nível III (IMC igual ou maior do que 40), aumentou 80%.
Mulheres em risco – Na divisão por gênero, as mulheres apresentaram um risco maior do que os homens de ter um acidente fatal. No nível I de obesidade, elas apresentaram um risco 34% maior. No nível II, 120% e no III, 95%.
A pesquisa também mostrou que homens abaixo do peso ideal também tinham mais chances de morrer em colisões, em comparação àqueles de peso considerado normal.
Em relação às causas que levam à conclusão apresentada, os autores citam outra pesquisa, publicado no periódico Obesity em 2009. Ela mostra que a metade inferior do corpo de motoristas obesos se projetava mais para frente, para longe do assento, em caso de acidentes, do que a de pessoas com peso normal, mesmo com o cinto de segurança. Isso ocorreria devido ao fato de a camada de gordura, um tecido 'macio', impedir que o cinto fique ajustado próximo à pélvis.
Para os autores, é importante que os carros comecem a ser projetados pensando também na segurança de pessoas obesas. "Muitos países desenvolvidos estão vivendo uma epidemia de obesidade. Eles precisam desenvolver sistemas de proteção para corpos maiores. Por exemplo, os 'testes de batida' poderiam ser feitos utilizando bonecos maiores", disse Tom Rice, um dos autores do estudo, ao site de VEJA.
 

Opinião do especialista

Kodi Kojima
Ortopedista e coordenador do grupo de trauma do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

"A população de obesos no Brasil não é tão grande quanto nos Estados Unidos, mas de uma maneira geral a incidência de óbitos e complicações é maior em pacientes obesos.
"Durante um acidente, o veículo para com a batida e o corpo tende a continuar se movendo. Em uma pessoa obesa esse deslocamento é maior, Além disso, esses pacientes podem ter outras doenças relacionadas à obesidade que causam complicações, como problemas cardíacos, circulatórios e de cicatrização, então isso aumenta muito o risco de óbitos e complicações.
"A pesquisa é muito contundente, mas é preciso lembrar que se trata de uma amostragem da população americana. Os índices brasileiros de obesidade, principalmente no tipo II e III, não são iguais aos deles. Por isso, os riscos podem ser transferidos para nós, mas não os números exatos.
"É difícil encontrar uma explicação clara do motivo pelo qual as pessoas abaixo do peso também apresentam mais riscos. Talvez esse baixo peso seja consequência de alguma doença, o que explicaria o maior risco. Além disso, entra o problema da reserva biológica. Na hora do acidente, o organismo usa todas as reservas para lutar contra os danos, e pessoas abaixo do peso não têm muita reserva.
"Acho que uma possível ação seria pensar em campanhas de acidente de trânsito e talvez chamar atenção dos obesos, porque eles têm um risco maior".

Treinamento excêntrico: dolorido, porém com melhores resultados!



(Foto: Thinkstock)
Vamos falar sobre um aspecto do treino com pesos que considero pouco explorado pela maioria dos freqüentadores de academia: a fase excêntrica do movimento. Quando fazemos um exercício, há dois momentos: o concêntrico, isto é, o músculo está contraindo quando se faz a força e o excêntrico, quando o músculo é alongado mas continua sob tensão.  Abaixo, é possível visualizar as duas fases, através da demonstração do exercício Rosca Direta.
Fase concêntrica (músculo encurtando) x excêntrica do exercício (músculo alongando). Fonte: http://bodyandmindmb.blogspot.com.br

Geralmente prestamos mais atenção e enfatizamos o momento concêntrico. No entanto, deveríamos cuidar mais da fase excêntrica.
Estudos tem demonstrado que, quando enfatizamos o aspecto excêntrico dos movimentos, os ganhos em termos de força e hipertrofia são mais pronunciados. Por que? Está comprovado que as microlesões e processo inflamatório (necessários para estimular a hipertrofia) são exacerbados quando o exercício tem maior componente excêntrico.
Experimente realizar, por exemplo, a flexão de braços no solo tradicional. Dois ou três dias depois, faça o mesmo exercício, número de repetições e séries. Só que desta vez, apoie as mãos em um step. Assim, haverá maior solicitação excêntrica. Tenho certeza que o leitor ficará mais dolorido com o uso do step.
Enfim, se já tiver boa base de treinos de força e estiver interessado em ganhos mais acentuados, converse com seus professores sobre exercícios que aumentam o fase excêntrica. Será mais dolorido, porém com maiores resultados.
Fonte: M RoigK O’BrienG KirkR MurrayP McKinnonB ShadganW D ReidThe effects of eccentric versus concentric resistance training on muscle strength and mass in healthy adults: a systematic review with meta-analysisBr J Sports Med 2009;43:556-568
Por Renato Dutra