quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

IV DIRETRIZ BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO



A PREVENÇÃO PRIMÁRIA E A DETECÇÃO PRECOCE DEVEM SER METAS PRIORITÁRIAS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial que se caracteriza por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). A linha demarcatória que define HAS considera valores de PA sistólica = 140 mmHg e/ou de PA diastólica = 90 mmHg em medidas de consultório (Tabela 1) 10.
 
A HAS atinge cerca de 30 milhões de brasileiros (prevalência em torno de 22 a 44% na população adulta) e frequentemente associa-se a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais9,1011. 

A simplicidade de seu diagnóstico facilita a realização de estudos populacionais. . Um estudo realizado em 17 capitais brasileiras e no Distrito Federal (entre 2002-05) com indivíduos que relataram ter medido a pressão nos últimos dois anos, verificou que a frequência de hipertensão auto-referida variou entre 18% a 29%7. O estudo Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel, 2006) mostrou que 23,1% das pessoas avaliadas foram diagnosticadas, previamente, como hipertensas4.  A prevenção primária e a detecção precoce são as formas mais efetivas de evitar a doença e devem ser metas prioritárias dos profissionais da área de saúde 10.

Dentre os fatores de risco destacam-se: idade, gênero, etnia, excesso de peso e obesidade, ingestão de sal, ingestão de álcool, sedentarismo, fatores socioeconômicos, genética e outros fatores de risco cardiovascular10. Mudanças no estilo de vida são recomendadas como prevenção primária da HAS, pois reduzem a PA bem como a mortalidade cardiovascular3,5,10.

O padrão dietético DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), rico em frutas, hortaliças, fibras, minerais e laticínios com baixos teores de gordura apresenta importante impacto na redução da PA8,10. A adesão a esse tipo de dieta (Tabela 2) pode reduzir em 14% o desenvolvimento de hipertensão2,10. Os benefícios sobre a PA associam-se ao alto consumo de potássio, magnésio e cálcio. A dieta DASH ainda potencializa o efeito de orientações nutricionais para emagrecimento, reduzindo também biomarcadores de risco cardiovascular 10.

Assim, é de suma importância a atuação de uma equipe multiprofissional com o intuito de prevenir doenças, orientar e promover mudanças de estilo de vida e hábitos alimentares. Essa equipe pode ser constituída pelos diversos profissionais que lidam com pacientes hipertensos incluindo médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, professores de educação física, musicoterapeutas, farmacêuticos, educadores, comunicadores, funcionários administrativos e agentes comunitários de saúde10.


Tabela 1 - Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório (> 18 anos)











* Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular. ** Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas (Fonte: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2010)


Tabela 2 - Orientações Nutricionais, Alterações de estilo de vida e Redução Aproximada da Pressão Arterial Sistólica
*

  















* Pressão normal-alta ou pré-hipertensão são termos que se equivalem na literatura. (Fonte: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2010)

Referências:

1. Cesarino CB, Cipullo JP, Martin JFV, Ciorlia LA, Godoy MRP, Cordeiro JA, Rodrigues IC. Prevalência e fatores sociodemográficos em hipertensos de São José do Rio Preto. Arq Bras Card 2008; 91(1): 31-35.
2. Forman JP, Stampfer MJ, Curhan GC. Diet and lifestyle risk factors associated with incident hypertension in women. JAMA 2009; 302(4): 401-411.
3. Lewington S, Clarke R, Qizilbash N, Peto R, Collins R, for the Prospective Studies Collaboration. Age-specific relevance of usual blood pressure to vascular mortality: a meta-analysis of individual data for one million adults in 61 prospective studies. Lancet 2002; 360: 1903-1913.
4. Ministério da Saúde. Inquérito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenças e agravos não transmissíveis. Brasília; 2003 [citado 2008 dez 01]. Disponível em:http://www.se.gov.br/userfiles/arquivos/216/anexo_15_tabagismo_e_fatores_de_ risco_publicacao_inquerit.pdf
5. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Vigitel Brasil 2006: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília (DF): MS; 2007.
6. Rainforth MV, Schneider RH, Nidich SI, Gaylord-King C, Salerno JW, Anderson JW. Stress reduction programs in patients with elevated blood pressure: a systematic review and meta-analysis. Curr Hypertens Rep 2007; 9: 520-528.
7. Rosário TM, Scala LCNS, França GVA, Pereira MRG, Jardim PCBV. Prevalência, controle e tratamento da hipertensão arterial sistêmica em Nobres, MT. Arq Bras Card 2009; 93(6): 672-678.
8. Sacks FM, Svetkey LP, Vollmer WM, Appel LJ, Bray GA, Harsha D, et al. Effects on blood pressure of reduced dietary sodium and the Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH) diet. DASH-Sodium Collaborative. Research Group. N Engl J Med 2001; 344: 3-10.
9. Schmidt, Mi et al. Prevalência de diabetes e hipertensão não in baseada Brasil Inquérito de morbidade auto-referida, Brasil, 2006. Rev. Saúde Pública.  2009, 43(2):74-82.
10. Sociedade Brasileira de Cardiologia / Sociedade Brasileira de Hipertensão / Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol 2010; 95 (1 supl.1): 1-51.
11. Spinato, Il; Monteiro, Lz E  Santos, Zmsa. Adesão da pessoa hipertensa ao exercício físico: uma proposta educativa em saúde. Texto contexto - enferm. 2010, 19(2): 256-264.

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