sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O novo personal trainer: esbelto, forte e... grisalho



Academias americanas começam a recrutar treinadores mais velhos para seus clientes com mais idade

The New York Times
Quando Ellen Guest decidiu procurar os serviços de um "personal trainer", ela criou uma imagem mental de como seria essa pessoa: "Corpo definido, bronzeado, jovem, bastante sério – e homem", disse Guest, hoje com 65 anos e moradora de San Diego. Em vez disso, ela acabou com Sharon Hill, uma animada loira apenas quatro anos mais nova que Guest. "Fiquei muito contente", disse Guest. "Porque então percebi que não teria de corresponder à ideia de malhação de alguém com 30 anos. Ali estava alguém que podia entender como é ter mais idade."

À medida que mais idosos se dirigem às academias, seja por questões de saúde ou apenas vaidade, muitas vezes quem os recebe é alguém muito similar a eles. Exceto, talvez, por um pouco mais de tonificação. Estudos da IDEA, uma organização mundial de profissionais de fitness, mostram um aumento regular no número de adultos mais velhos escolhendo trabalhar no negócio dos exercícios.

A IDEA também afirma que o número de treinadores e instrutores com mais de 55 anos comparecendo à sua Convenção Mundial de Fitness, em Los Angeles, cresceu de 5%, em 2004, para 12% no ano passado. A tendência é confirmada pelo público de outros eventos da IDEA, incluindo o anual Instituto de Personal Trainers, em Alexandria, na Virginia – onde, no ano passado, 42% dos visitantes tinham entre 45 e 64 anos.

"Sem nenhuma dúvida, estamos vendo pessoas mais velhas entrando na indústria do fitness", diz Kathie Davis, diretora executiva da IDEA. "Hoje as pessoas envelhecem e não estão prontas para se aposentar. Elas querem se manter ativas e envolvidas, e veem os exercícios como uma forma de fazer isso."

E os beneficiários muitas vezes são seus iguais. "Trabalhar com uma pessoa mais velha pode ter algumas vantagens bastante distintas", explica Hank Williford, professor de ciência dos exercícios na Universidade Auburn, em Montgomery. "Alguns jovens provavelmente se interessam pelo treino como um meio de vida, e não uma paixão, enquanto o treinador mais velho possui um interesse além do aspecto monetário."

"Nunca pensei em fazer isto para viver", diz Jules Winkler, de 79 anos, um aposentado de Medford, em Nova York, que se formou como treinador há cinco anos. Winkler, um ex-halterofilista e talentoso maratonista, disse: "Eu só queria fazer outros idosos enxergarem o que o exercício poderia fazer por sua qualidade de vida. Então comecei a ganhar um pouco de dinheiro com isso, e ficou sendo um bônus."

O caminho que levou Sharon Hill a uma carreira pós-aposentadoria como personal trainer na academia Fitness Quest 10, em San Diego, foi um pouco diferente. Hoje com 61 anos, ela tinha uma carreira de 32 anos em vendas, trabalhando para empresas como IBM, DigitalEquipmentCorp. e Xerox. Quando chegou aos 50, diz ela, "Eu estava exaurida".

O estilo de vida sedentário e estressante da gerência corporativa de vendas, em que ela acumulava 100 mil milhas aéreas por ano, estava cobrando seu preço. "Precisava fazer uma mudança", disse ela. "Minhas refeições eram a comida dos aviões. Eu dormia pouco e não me exercitava".

Em outubro de 2001, determinada a se colocar em melhor forma, ela impulsivamente entrou numa academia recém-inaugurada perto de sua casa, na seção de Scripps Ranch, em San Diego.

Hill iniciou um treinamento particular com Todd Durkin, o dono da academia, e se juntou a um grupo de prática de caminhadas e corridas nos finais de semana. Em pouco tempo, ela já fazia coisas que nunca havia sonhado serem possíveis: vencer em sua faixa etária numa corrida local de 5 quilômetros, fazer três barras sem assistência, reduzir seu manequim de 38 para 34.

"Me tornei a pupila de ouro", brincou Hill. "Todd me apresentava aos novos clientes. Era como se ele dissesse: 'Se ela consegue fazer isso com mais de 50, você também pode!'"

Ao mesmo tempo, Hill pensava em se aposentar do exaustivo trabalho com vendas. Mas ela queria continuar trabalhando, ao menos em meio período, e preferivelmente em algo que ela gostasse. "Finalmente perguntei a Todd: 'Você consideraria contratar alguém como eu como treinadora?'"

"Achei que era uma ideia muito interessante", lembrou Durkin. "Com sua experiência corporativa, achei que ela poderia ter a habilidade de se conectar a alguns de nossos clientes melhor do que os treinadores mais jovens."

Com o estímulo de Durkin e de seu marido, Bob, Sharon se matriculou num programa de certificação como personal trainer na Universidade da Califórnia, em San Diego. "Foi difícil voltar a estudar", reconheceu ela. "E eu tinha aulas de anatomia e fisiologia dos exercícios, o que envolvia muita memorização".

Ela completou o programa em 10 meses, passou no exame de certificação do Conselho Americano de Exercícios – uma das maiores instituições de certificação para personal trainers no país – e, no outono de 2002, voltou a Durkin.

A única oportunidade que ele tinha era para treinar um marido e sua esposa, dois ocupados executivos, às 5 da manhã. "Todd não conseguia nenhum treinador que aceitasse trabalhar tão cedo", lembrou Sharon. "Aceitei na hora."

Pelos dois anos seguintes, ela chegou para o trabalho às 5 horas. Logo, o crescente número de clientes mais velhos da Fitness Quest 10 queria treinar com ela.

Hoje, Sharon trabalha apenas dois dias por semana, começando num horário mais civilizado – 8h30 da manhã. A maioria de seus clientes (atualmente 14, com média de idade de 55 anos) treina com ela por 60 minutos uma ou duas vezes por semana, trabalhando em particular ou em sessões semiprivadas com outro cliente. Os clientes pagam em média US$ 70 por hora, que Sharon e a academia dividem meio a meio.

Para ajudar os clientes a desenvolver força e equilíbrio, algo especialmente importante para adultos mais velhos, Sharon usa grandes bolas de estabilidade, bolas medicinais, pranchas de equilíbrio, além dos tradicionais aparelhos de musculação. Mas ela também dedica tempo para explicar aos clientes, que muitas vezes nunca se exercitaram no passado, como seus exercícios fazem parte de um estilo de vida saudável – um estilo que pode ser adotado mesmo com as limitações da idade avançada.

Para essa lição, ela costuma usar a si mesma como exemplo. "Eles se identificam com o fato de que eu comecei tarde", disse. Agora que ela começou, porém, eles não querem que ela pare tão cedo. "Adoro treinar com a Sharon", diz Guest. "Não sei o que vou fazer quando ela se aposentar."

Para emagrecer, reduzir ingestão calórica é melhor que praticar exercícios, diz especialista



Especialista americano Eric Ravussin diz ainda que, quanto menos calorias consumirmos diariamente, mais anos de vida estaremos poupando

Aretha Yarak
Comida saudável
Longevidade e qualidade de vida: manter uma dieta com baixa ingestão calórica é menos agressiva ao organismo(Jupiterimages/ThinkStock)
A população mundial nunca esteve tão gorda: um a cada dez adultos é obeso. Os dados, divulgados em fevereiro pelo periódico científico The Lancet, mostram que, em 2008, 9,8% dos homens e 13,8% das mulheres sofriam de obesidade. Só no Brasil, 46,6% da população está acima do peso. Para driblar a epidemia, o especialista Eric Ravussin diz que não se deve apostar tanto em exercícios físicos. Para o fisiologista chefe da Divisão de Melhoria da Saúde e Performance do Pennington Biomedical Reasearch Center, nos EUA, o fundamental é reduzir a ingestão calórica – que, inclusive, ajuda a viver mais – e com mais qualidade de vida.

Em passagem pelo Brasil para o 14º Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, que acontece em São Paulo, o fisiologista falou ao site de VEJA sobre as implicações do consumo calórico na longevidade, a epidemia de obesidade que assola o mundo e sobre a relação entre atividade física e emagrecimento. Confira:
Carlos Hansen/Divulgação
Eric Ravussin
Eric Ravussin
Como a restrição calórica pode aumentar a longevidade? O que sabemos é que quando você restringe o consumo calórico, a temperatura do seu corpo diminui. Pesquisas anteriores já haviam mostrado que pessoas com uma menor temperatura corpórea vivem mais, esse é um dos marcadores da longevidade. Com a redução da ingestão de calorias há ainda uma mudança metabólica, principalmente na qualidade das mitocôndrias dos músculos e do fígado. Estando em melhor saúde, essas mitocôndrias não produzem tantas espécies reativas de oxigênio (radicais livres), um produto oxidante. Essa oxidação é prejudicial ao organismo, ela chega ao DNA, aos lipídeos, às proteínas, desgastando o organismo e acelerando o envelhecimento.

Esse aumento de longevidade é significativo?Vamos supor que, com o exercício físico, você aumente em cinco anos a longevidade. Com a restrição calórica, o aumento seria de sete anos. Mas o significativo mesmo não é o aumento na média da sobrevida, mas na idade máxima atingida pelos 10% do grupo que estão na ponta da cadeia, aqueles que conseguem viver mais. Pense em três grupos: o de controle (que não faz restrição calórica, nem exercício físico), os que praticam atividade física e aqueles que fazem restrição calórica. Nos dois primeiros, a pessoa que consegue viver mais chegaria, por exemplo, aos 90 anos de idade. Entre aqueles que fazem a restrição calórica, essa idade máxima seria de 100 anos.

Quanto se deve restringir? Em animais, o máximo que conseguimos foi uma restrição de 45% do consumo diário. Para a dieta humana, esse máximo seria de 30%.

Por que o senhor diz que exercício físico não ajuda a emagrecer? Quanto tempo você leva para queimar 400 calorias? E quanto demora para ingerir essas calorias? Você sente mais fome depois de um exercício físico? Eu acredito que a atividade física é muito boa para manter o peso, mas não acho que, sozinha, ela seja a melhor saída para emagrecer.

Os exercícios físicos aumentam o metabolismo do corpo. Não é o mecanismo inverso da restrição calórica? Mas atividade física também produz mais espécies reativas de oxigênio [o que prejudica a longevidade]. Ainda assim, o exercício ajuda a pessoa a viver mais. Isso acontece porque, ao mesmo tempo em que produz essas espécies, o organismo monta uma defesa ao estimular enzimas que são antioxidantes. O resultado final acaba sendo positivo ao corpo.

O índice metabólico (velocidade com que o corpo processa substâncias) é genético?Acredito que sim, ele é altamente determinado pela genética.

O índice metabólico é o responsável por algumas pessoas serem magras e outras obesas? Também. O que tem a determinação mais forte da genética é a altura da pessoa. Em seguida, acredita-se que venha a obesidade. Isso pode ser visto em pesquisas com irmãos gêmeos que foram separados por adoção. Apesar de viverem em ambientes distintos, eles continuam se parecendo fisicamente, em relação ao peso, por exemplo. Não temos ainda o conhecimento de um gene específico para a obesidade e para o diabetes que comprove, de fato, a tese. Mas, ainda assim, acredito que existe uma influência muito forte da genética.

Alguém que nasceu para estar acima do peso, estará sempre acima do peso? Existem dois pontos importantes no emagrecimento: ambiente e hábito alimentar. Em grupos indígenas da mesma etnia que vivem em lugares distantes, por exemplo, existem os com problemas de diabetes e os saudáveis. Isso porque em um a comida é abundante, enquanto no outro há escassez. É a influência do ambiente. Mas, além disso, se você é um comedor restrito, que pensa sobre o que come, ou uma pessoa que queira se exercitar e se force a isso, você vai permanecer magro.

Qual a melhor dieta? Para perder peso, o que realmente importa são as calorias. Dietas como a Atkins, por exemplo, funcionam porque elas são mais fáceis de fazer. Quando você restringe as calorias consumidas, pode-se passar fome e isso pode ser um problema. O comportamento, o hábito alimentar, é a coisa mais difícil de mudar, mas é o que garante uma perda de peso saudável e permanente.

Existe uma fórmula para controlar a epidemia de obesidade? Acredito que sim: políticas de saúde. Na Holanda e na Dinamarca, as gorduras trans foram banidas do dia para a noite, porque eles sabiam que elas eram prejudiciais à saúde. Nos Estados Unidos isso é algo difícil de fazer. Grandes indústrias alimentícias, como a Coca-Cola, por exemplo, fazem lobbies constantes e prejudicam o processo. Mas, felizmente, alguns passos já estão sendo tomados. Em Nova York, as calorias precisam agora vir no cardápio ao lado do prato. Se isso vai mudar algo, não sei. Mas acredito que a saída para contornar a obesidade está na política pública e na educação.

Comer peixe toda semana ajuda a evitar o Alzheimer



Consumo regular da carne está associado à proteção da saúde da massa cinzenta do cérebro, responsável pela cognição

Doenças degenerativas: com a morte dos neurônios, o cérebro entra em um processo que dá origem a doenças como Alzheimer e Parkinson
Doenças degenerativas: com a morte dos neurônios, o cérebro entra em um processo que dá origem a doenças como o Alzheimer (Creatas Images/Thinkstock)
Pessoas que comem peixe cozido ou grelhado semanalmente apresentam redução nos riscos de desenvolvimento do transtorno cognitivo leve (TCL) ou mesmo o Alzheimer. As conclusões são de um estudo apresentado nesta quarta-feira durante o encontro anual da Sociedade Americana de Radiologia.

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Massa cinzenta
Região do cérebro que possui o corpo das células nervosas. Inclui regiões do cérebro envolvidas no controle muscular, memória, emoções, fala e percepção sensorial, tais como ver e ouvir.
“Esse é o primeiro estudo a estabelecer uma relação direta entre o consumo de peixe, a estrutura cerebral e os riscos de Alzheimer”, diz Cyrus Raji, da Universidade de Pittsburgh. “Os resultados mostraram que pessoas que consomem peixe cozido ou grelhado ao menos uma vez na semana tinham uma melhor preservação da matéria cinzenta do cérebro. Isso foi visto em exames de ressonância magnética em áreas consideradas de risco para o Alzheimer.”
O Alzheimer é uma doença cerebral incurável e progressiva, que lentamente destrói a memória e as habilidades cognitivas. Em pessoas com transtorno cognitivo leve, a perda de memória também está presente, mas em uma menor extensão. Pacientes com a doença, frequentemente desenvolvem Alzheimer, sendo o TCL considerado um estágio intermediário entre o envelhecimento normal e a demência.
Dados – Para o estudo, foram selecionados 260 indivíduos cognitivamente normais. Informações sobre o consumo de peixe foram coletadas usando o Questionário Sobre Frequência Alimentar, do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos. Do total, 163 pacientes consumiam peixe semanalmente, a maioria apenas uma ou duas vezes por semana. Todos fizeram ressonância magnética no cérebro para que os pesquisadores pudessem avaliar o volume da massa cinzenta com o consumo de peixe semanal em 10 anos.
Os resultados foram então analisados para determinar se a preservação da massa cinzenta associada com o consumo de peixe reduzia os riscos para o Alzheimer. Foram controlados idade, gênero, escolaridade, raça, obesidade, atividade física e a presença ou não de apolipoproteína E4 (ApoE4) – gene que aumenta os riscos de desenvolvimento da doença.
O volume da massa cinzenta é crucial para a saúde do cérebro. Quando seu nível permanece elevado é um sinal de que a saúde do órgão está sendo mantida. Mas a redução de volume indica que as células cerebrais estão se encolhendo.
Os resultados mostraram que o consumo de peixe cozido ou grelhado toda semana estava positivamente associado com os maiores volumes de massa cinzenta em diversas áreas do cérebro. Os riscos para o desenvolvimento de TCL e Alzheimer em cinco anos foram reduzidos em quase cinco vezes. “O peixe cozido ou grelhado faz os neurônios mais fortes, tornando-os maiores e mais saudáveis”, diz Raji.

Conselho Federal de Medicina condena terapia antienvelhecimento.



Para os médicos do CFM, não há evidências científicas dos benefícios do tratamento

idoso
Segundo o conselho, a redução na produção de alguns hormônios não pode ser considerada causa do envelhecimento(Thinkstock)
Nesta segunda-feira, um parecer do Conselho Federal de Medicina (CFM) condenou as terapias antienvelhecimento. Os tratamentos questionados são baseados na prescrição de hormônios e outras substâncias como antioxidantes e vitaminas para retardar ou combater o envelhecimento dos pacientes.
O parecer informa que não há evidências científicas que justifiquem a prática, que pode inclusive fazer mal à saúde de quem recebe o tratamento. O documento serve de alerta pacientes e médicos sobre os riscos do tratamento e abre espaço para punições a profissionais de saúde que aplicarem terapias antienvelhecimento.
Os autores da avaliação afirmam que o envelhecimento é uma fase normal do ciclo da vida, e não deve ser tratado como doença. Nessa fase, é comum os níveis de alguns hormônios caírem, sem que isso possa ser considerado causa do envelhecimento.
O CFM alerta que diversos órgãos de regulação, tanto nacionais quanto internacionais, se posicionam contra a manipulação hormonal em indivíduos saudáveis. “Prescrever hormônio do crescimento para 'rejuvenescer' um adulto que não tem deficiência desse hormônio é submetê-lo ao risco de desenvolver diabetes e até neoplasias”, diz Gerson Zafallon Martins, Coordenador da Câmara Técnica de Geriatria do CFM.
De acordo com o parecer, a especialidade médica antienvelhecimento não é reconhecida na União Europeia e nos Estados Unidos. A diretoria do CFM confirmou que o documento servirá de base para uma resolução que proibirá o uso de hormônios e práticas de antienvelhecimento no Brasil.

Nos últimos quatro anos, a entidade cassou o registro profissional de cinco médicos que praticavam os procedimentos sem comprovação científica. Outras dez punições também foram aplicadas a outros médicos. 

Falta de ômega-3 pode antecipar problemas de envelhecimento cerebral.



Pessoas que possuem menos níveis do nutriente no sangue sofrem antes com deficiência de memória e raciocínio

Ômega 3: dieta deficiente pode ter relação com comportamentos depressivos
Ômega 3: estudo conclui que a baixa ingestão do nutriente leva mais cedo ao envelhecimento cerebral (Ablestock.com/ Thinkstock)
Um estudo publicado nesta terça-feira no periódico Neurology sugere que pessoas que seguem uma dieta deficiente em de ômega-3, nutriente comumente encontrado em peixes, linhaça, castanha e azeite, podem sofrer antecipadamente com o processo natural de envelhecimento do cérebro. Elas, segundo pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, são acometidas mais cedo por problemas como a perda de memória e o declínio de habilidades cognitivas.

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COGNIÇÃO
Conjunto de processos mentais usados no pensamento, na percepção, na classificação, no reconhecimento, na memória, no juízo, na imaginação e na linguagem. O envelhecimento provoca naturalmente problemas cognitivos, que podem avançar para quadros mais graves, como o comprometimento cognitivo leve, que é a diminuição da função mental e comprometimento da memória, do pensamento, da capacidade para aprender e do juízo, e para demências como a doença de Alzheimer.
Para chegar a tais resultados, foram analisados 1.575 homens e mulheres entre 67 e 76 anos que não apresentavam nenhum sinal de demência. Os participantes fizeram ressonância magnética no cérebro, além de testes que mediram a função mental, a massa corporal e os níveis de ômega-3 nas células do sangue.
Ao final dos testes, o grupo de pessoas que apresentou os menores índices de ômega-3 tinha 25% menos quantidade do nutriente no sangue do que o grupo que demonstrou maior presença do ácido graxo. Esses indivíduos com menos ômega-3 no sangue demonstraram menor volume cerebral nas ressonâncias magnética e resultados inferiores dos testes de memória visual e função executiva do cérebro, como resolução de problemas e capacidade de pensar em várias coisas ao mesmo tempo.
“O volume cerebral das pessoas que consumiam menos ômega-3 era inferior ao daquelas que tinham mais níveis do nutriente nas células, mesmo em indivíduos livres de demência. E essa diferença no cérebro foi equivalente a um processo de envelhecimento cerebral dois anos mais avançado”, afirma o coordenador do estudo, Zaldyn Tan.

Usar computador faz bem à saúde mental dos idosos.



Estudo mostrou que, em um período de oito anos, homens que tinham o hábito apresentaram menor risco de serem diagnosticados com demência

Idosos: Computador pode ser aliado para manter boa saúde mental
Idosos: Computador pode ser aliado para manter boa saúde mental (Thinkstock)
Utilizar o computador pode ajudar os idosos a reduzir a perda de memória e a diminuição da capacidade de raciocínio e de aprendizado que ocorrem naturalmente com a idade. Em um estudo publicado na edição desta semana do periódico PLoS One, os especialistas concluíram que homens mais velhos que têm esse hábito apresentam menor risco de desenvolverdemência em um período de oito anos.

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COGNIÇÃO
Conjunto de processos mentais usados no pensamento, na percepção, na classificação, no reconhecimento, na memória, no juízo, na imaginação e na linguagem. O comprometimento cognitivo é uma das características mais importantes da demência, como na doença de Alzheimer
DEMÊNCIA
A demência é causada por uma variedade de doenças no cérebro que afetam a memória, o pensamento, o comportamento e a habilidade de realizar atividades cotidianas. O Alzheimer é a causa mais comum de demência e corresponde a cerca de 70% dos casos. Os sintomas mais comuns são: perda de memória, confusão, irritabilidade e agressividade, alterações de humor e falhas de linguagem.
De acordo com o autor do estudo, o brasileiro Osvaldo Almeida, professor da Escola de Psiquiatria e Neurociência Clínica e diretor de pesquisa do Centro de Saúde e Envelhecimento da Universidade de Western Australia, em Perth, trabalhos anteriores já haviam indicado que atividades que estimulam a mente, como leitura e palavras cruzadas, por exemplo, diminuem o risco de demência, mas havia poucas evidências sobre os reais efeitos do uso prolongado dos computadores. Essas conclusões fazem parte de uma série de pesquisas que vêm sendo feitas desde 1996 na universidade, a partir dos dados de 19.000 homens.
O estudo selecionou 5.506 desses participantes com idades entre 65 e 86 anos, que foram acompanhados ao longo de oito anos. Os resultados dessa pesquisa indicaram que os homens que utilizavam frequentemente o computador, em comparação com aqueles que nunca o faziam, apresentaram um risco até 40% menor de serem diagnosticados com demência no período em que o estudo foi realizado.  
"Com o envelhecimento da população mundial, o número de pessoas com declínio cognitivo deve aumentar para 50 milhões até 2025", afirma Almeida. "Porém, se as nossas estatísticas estiverem corretas, o aumento do número dos casos de demência nos próximos 40 anos não será tão dramático quanto o atual." Para o pesquisador, esses resultados devem incentivar os homens mais velhos a adotarem o uso do computador no dia-a-dia, mas sem se esquecerem dos prejuízos à saúde de períodos prolongados de sedentarismo e das vantagens de exercitar-se.

"Os computadores ajudam a preservar os laços familiares e sociais"

Osvaldo Almeida
professor da Escola de Psiquiatria e Neurociência Clínica e diretor de pesquisa do Centro de Saúde e Envelhecimento da Universidade de Western Australia, em Perth

Que tipo de programas os idosos estudados utilizaram?
As atividades desenvolvidas pelos idosos, acompanhados pelo nosso estudo por até 10 anos em alguns casos, consistiram, em sua maioria, em navegar na internet e mandar emails. Não usamos programas voltados para o aperfeiçoamento da memória — na verdade avaliamos o uso cotidiano e a comunicação com familiares. Aliás, estudos anteriores nos quais os idosos usavam programas para melhorar a memória mostraram ter efeitos negativos.
Como os computadores podem melhorar a saúde mental dos idosos?
Não podemos ter certeza, mas supomos que os computadores ajudam a preservar os laços familiares e sociais (pelo uso, por exemplo, de programas como Skype e similares). Eles também facilitam a estimulação cognitiva diária por meio da leitura de notícias, fatos históricos, gerenciamento das finanças, e atividades do gênero. Quando os computadores são utilizados dessa forma "sistêmica" eles podem se tornar uma fonte robusta de estimulação cognitiva que ajuda a realçar a reserva cognitiva e, consequentemente, retardar problemas de memória ou em outros processos mentais. 

Cientistas decifram forma de ‘rejuvenescer’ músculos de pessoas mais velhas.


Novo estudo mostrou que inibir uma determinada proteína pode garantir o estoque de células-tronco responsáveis pela regeneração dos músculos

Envelhecimento: Pesquisa dá primeiro passo para tornar novamente jovens músculos de idosos
Envelhecimento: Pesquisa dá primeiro passo para tornar novamente jovens músculos de idosos (Thinkstock)
Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu um mecanismo potencialmente capaz de interromper o processo de perda muscular que ocorre com o envelhecimento. Em um estudo feito com camundongos, os cientistas concluíram que inibir uma proteína que estimula a divisão celular — muitas vezes quando o processo não é necessário — aumenta o estoque de células-tronco no tecido muscular. Assim, o idoso não encontraria dificuldades quando precisasse regenerar ou fortalecer algum músculo.
Regeneração muscular — O trabalho, publicado nesta quarta-feira na revista Nature, foi desenvolvido na universidade de pesquisas King's College London, na Grã-Bretanha, da Universidade de Harvard e do Hospital Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos. Segundo os cientistas, cada músculo contém uma reserva de células-tronco dormentes, que são ativadas com a prática de exercícios físicos ou para reparar alguma lesão — e, para que essa reparação ocorra, essas células se dividem em centenas de novas fibras musculares.
Ao olharem para os músculos de camundongos mais velhos, os pesquisadores descobriram que esses animais, em comparação com os mais jovens, têm menos células-tronco adormecidas no tecido muscular. Isso, de acordo com os autores, pode explicar o fato de idosos terem mais dificuldades de regenerar seus músculos.
Os cientistas também descobriram que, quanto mais velhos eram os animais, maiores os seus níveis de uma proteína chamada FGF2, que é responsável por estimular a divisão celular. Ou seja, para a equipe, embora a divisão de células-tronco seja um processo normal e essencial para reparar os músculos, a presença da proteína também pode ativar essas células em momentos em que isso não é necessário — esgotando, assim, o estoque de células-tronco dormentes nos músculos ao longo dos anos.
Interrupção do processo — A partir dessas descobertas, os pesquisadores tentaram inibir a ação da proteína FGF2 no tecido muscular dos animais mais velhos para que as células-tronco não fossem ativadas desnecessariamente. Para isso, deram aos camundongos uma droga que já existe com essa finalidade. Os cientistas observaram que o medicamento foi capaz de inibir o declínio do número de células-tronco no músculo dos animais.
Embora os achados desse estudo sejam inovadores, prevenir ou reverter a perda muscular em humanos ainda é “algo distante”, segundo os autores. "A descoberta abre a possibilidade de que um dia possamos desenvolver tratamentos para tornar jovens os músculos velhos. Se pudéssemos fazer isso, poderíamos permitir que as pessoas vivessem mais e com maior mobilidade”, afirma Albert Basson, um dos responsáveis pela pesquisa. Para Kieran Jones, outro autor do estudo, como ainda não se sabe o motivo pelo qual os níveis da proteína FGF2 aumentam com o envelhecimento, mais pesquisas devem ser feitas, inclusive em seres humanos, para que as descobertas resultem em tratamentos clínicos.

Gordura trans pode estar associada a comportamento agressivo e impaciência.



Pesquisa identificou que aqueles que mais consomem a gordura são os que apresentam maiores chances de terem alterações comportamentais

Fast food
Gordura trans: consumo a gordura pode levar a um comportamento agressivo, diz estudo (Comstock/Thinkstock)
Muito além da obesidade e dos riscos de problemas cardiovasculares, um novo estudo da Faculdade de Medicina de San Diego da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, associou o consumo de gordura trans com maior impaciência e comportamento agressivo. Segundo a pesquisa, publicada na edição deste mês no periódico PLoS ONE, essas reações adversas podem ser apresentadas tanto por homens quanto por mulheres e de todas as idades.

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GORDURA TRANS
É uma gordura obtida a partir de um processo químico chamado hidrogenação. Por vir de óleos vegetais, era considerada uma opção saudável na alimentação, mas estudos que começaram a ser feitos a partir dos anos 80 mostraram que a gordura é extremamente prejudicial à saúde das pessoas. Ela aumenta o LDL (colesterol ruim) e diminui o HDL (colesterol bom) e, por isso, pode acarretar diversas doenças. Está presente em frituras, em todos os alimentos que levam margarina na preparação, além de fast food, bolachas e pipocas de microondas. Carne e leite possuem quantidades mínimas de gordura trans. Acredita-se que o organismo não sintetiza essa gordura, então ela se acumula no corpo. Não há uma recomendação mínima essencial dessa gordura. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a gordura trans não passe de 1% das calorias totais consumidas em um dia por uma pessoa.
Essa é a primeira vez em que um levantamento relaciona o consumo de gordura trans com alterações no comportamento de um indivíduo. Essa gordura é produzida industrialmente a partir da hidrogenação, um processo químico, e pode ser encontrada em alimentos como bolachas, pipoca de micro-ondas, chocolate, sorvete, pastel e tudo o que utiliza margarina nas receitas.
A pesquisa — Os autores do estudo avaliaram 945 adultos com base em informações como hábitos alimentares, comportamento, histórico e autoavaliação de agressão, impaciência ou irritabilidade, entre outras características comportamentais.
Os resultados indicaram que as pessoas que mais consumiam gordura trans tinham uma forte tendência a apresentar comportamento agressivo e impaciência no futuro em comparação com aquelas que não ingeriam tanta gordura no seu dia-a-dia. Elas também tinham históricos com mais casos de comportamentos como esses. Essa associação não se alterou com sexo, idade e etnia dos participantes.
“Se esses dados se mostrarem verdadeiros, há mais lógica ainda para que as pessoas diminuam a quantidade de gordura trans que comem todos os dias. Essa redução é essencial principalmente na alimentação das escolas e dos presídios, já que esse alimento se mostrou prejudicial tanto para quem o consome quanto para as pessoas que estão ao seu redor”, afirma Beatrice Golomb, uma das autoras do estudo.

Na quantidade adequada, frutose não faz mal e pode melhorar a saúde.



Conclusão de estudo canadense mostra que o açúcar é maléfico somente em quantidades excessivas e aliado a uma dieta calórica

Abusar do consumo de produtos ricos em frutose, como o xarope de milho enriquecido, pode causar danos ao coração
Frutose, encontrada em produtos como xarope de milho enriquecido e mel, pode até fazer bem à saúde (Thinkstock)
Após revisar quase 20 pesquisas sobre os efeitos da frutose, o açúcar obtido de frutas, mel e alguns cereais, pesquisadores canadenses concluíram que, na quantidade certa, ela não faz mal à saúde e ainda pode beneficiar o organismo. O estudo, que será publicado na edição do mês de julho do periódico Diabetes Care, foi conduzido no Hospital St. Michael, em Toronto, no Canadá.

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FRUTOSE
Açúcar obtido de frutas, mel, de alguns cereais e vegetais e do xarope de milho. A frutose é metabolizada diretamente no fígado, não precisando de insulina para sua quebra primária. Por ter um gosto mais doce, vem sendo usada como adoçante em alimentos industrializados. Seu consumo excessivo pode sobrecarregar o fígado, levando ao acúmulo de gordura no órgão e à hepatite não-alcoólica.
“Na última década, algumas pesquisas sugeriram uma relação entre a frutose e a incidência de obesidade. Porém, esses estudos só encontraram tal associação com o consumo excessivo do açúcar”, diz John Sievenpiper, coordenador do trabalho. A equipe do pesquisador analisou 18 estudos sobre frutose que envolveram, ao todo, 209 participantes que tinham diabetes tipo 1 ou tipo 2.
As conclusões indicaram que a frutose, se não consumida em excesso, pode melhorar significativamente o controle das taxas de açúcar no sangue, beneficiando o organismo da mesma forma que algumas substâncias orais usadas para tratar diabetes o fazem. Além disso, de acordo com a pesquisa, essa melhoria pode ser obtida sem efeitos adversos, como aumento do peso corporal, da pressão arterial ou do colesterol.
“Estamos observando que a frutose pode ter efeito protetor no organismo quando não consumida em quantidades exageradas. Entendemos que os efeitos negativos associados à frutose, na verdade, estão relacionados com uma dieta calórica, e não com o açúcar em si”, diz Adrian Cozma, outro autor do estudo.

Dieta com baixa carga glicêmica é melhor para manutenção do peso.



Esse padrão de alimentação se mostrou mais eficaz e saudável do que dietas que restringem gorduras ou carboidratos

Hábito alimentar: consumo elevado de fibras pode proteger mulher contra o câncer de mama
Alimentos ricos em fibra: com baixa carga glicêmica, eles melhoram a saúde de obesos e diminuem riscos de doenças crônicas (Thinkstock)
Pesquisadores americanos observaram como três tipos diferentes de dieta contribuem para a manutenção do peso entre pessoas com obesidade que conseguiram emagrecer. Segundo os resultados, uma dieta que reduz a carga glicêmica no sangue pode ser a melhor alternativa em comparação com uma alimentação que restrinja gordura ou então carboidratos (entenda as características de cada uma dessas dietas). O estudo desenvolvido no Hospital Brigham and Women, que é vinculado à Universidade de Harvard, foi divulgado nesta quarta-feira no periódico The Journal  of the American Medical Association (JAMA).

As três dietas do estudo:

DIETA COM BAIXA CARGA GLICÊMICA
Evita alimentos que aumentam rapidamente as taxas de açúcar no sangue, como carboidratos processados, açúcar branco, frutas em calda enlatadas, farinha branca, batatas e pães, por exemplo. Dá preferência a alimentos integrais, ricos em fibras. As calorias totais são distribuídas da seguinte forma: 40% de carboidratos; 40% de gordura; e 20% de proteína.
DIETA COM RESTRIÇÃO A CARBOIDRATOS
Restringe a quantidade de qualquer tipo de carboidrato e aumenta o consumo de proteínas. Das calorias totais dessa dieta, apenas 10% são carboidratos; 60% gorduras saudáveis; e 30% proteínas.
DIETA COM RESTRIÇÃO A GORDURAS
Evita gordura e dá preferência a grãos integrais, frutas e vegetais. As calorias totais são distribuídas em: 60% de carboidratos; 20% de gordura; e 20% de proteínas.
De acordo com o artigo, são poucas as pessoas que conseguem manter o peso após terem conseguido emagrecer. Os autores citam dados do Observatório Nacional de Exames em Saúde e Nutrição (NHANES, na sigla em inglês) de 2006, que indicam que apenas um em cada seis adultos que perde peso é capaz conservá-lo por ao menos um mês e meio. Segundo os pesquisadores, além da falta de motivação ou de adesão às dietas e atividades físicas, as adaptações biológicas do organismo após a redução do peso também são responsáveis por essa dificuldade. Eles explicam que, muitas vezes, o emagrecimento provoca mudanças que fazem com que o corpo passe a gastar menos energia e o individuo sinta mais fome.
Para avaliar o efeito de cada dieta sobre a manutenção do peso dos indivíduos, a pesquisa selecionou um grupo de 21 adultos obesos ou com sobrepeso. Essas pessoas seguiram uma alimentação estabelecida pelos autores do estudo e, após conseguirem perder entre 10% e 15% de seu peso corporal, eles foram submetidos aos três tipos de dieta. Em ordem aleatória, todos os participantes seguiram as dietas propostas durante quatro semanas cada uma.
Gasto calórico — Os pesquisadores observaram que o maior gasto calórico foi obtido com a dieta que restringe os carboidratos. No entanto, ela também foi associada a um maior risco de resistência à insulina e doenças cardiovasculares. Embora um pouco menor, a alimentação de baixa carga glicêmica também se mostrou benéfica em relação ao gasto das calorias e ainda teve efeitos positivos sobre os sintomas da síndrome metabólica, como hipertensão e colesterol alto. Por outro lado, a dieta com pouca gordura foi a que proporcionou o menor gasto calórico entre os participantes.
“Essas descobertas sugerem que uma estratégia que reduza a carga glicêmica na alimentação, e não a gordura ou os carboidratos, é vantajosa para a manutenção do peso e para a prevenção de doenças cardiovasculares. Para se ter sucesso na manutenção do peso, o ideal é aliar uma alimentação que favoreça o organismo a queimar mais calorias junto a intervenções comportamentais e ambientais”, dizem os pesquisadores no artigo.

Ficar sentado por muito tempo é um risco à saúde. Conheça seis maneiras de driblar o problema.



O hábito prejudica a saúde e aumenta chance de mortalidade. Saiba como ter uma saúde boa mesmo com o sedentarismo inevitável do dia a dia

Vivian Carrer Elias
cadeira
Preso à cadeira: mesmo quem precisa passar muito tempo sentado pode adotar alguns hábitos para amenizar os prejuízos (Thinkstock)
Nos últimos anos, uma série de pesquisas vem confirmando o que intuitivamente boa parte das pessoas talvez já soubesse: essa história de passar mais de 8 horas por dia sentado, às vezes até mais, faz mal à saúde. Sedentarismo não vem do latim sedere (sentar) à toa. Neste exato momento, em que você está devidamente acomodado na cadeira para ler esta reportagem, infelizmente está prejudicando o próprio corpo (Se quiser entender por que isso acontece, continue lendo o texto. Se quiser saber logo o que fazer para diminuir os prejuízos, clique aquie vá direto para a lista com dicas para quem passa o dia sentado).
O mais recente estudo sobre os males do sentar foi publicado nesta semana. Feito com nada menos que 250.000 participantes, e publicado em um dos mais importantes periódicos de medicina do mundo, o Archives of Internal Medicine, chega a ser um pouco aterrorizante. Os resultados mostram que ficar mais de 11 horas por dia sentado, seja trabalhando, vendo televisão, jogando videogame ou navegando na internet, pode dobrar o risco de morrer dentro dos próximos três anos. O estudo se refere a pessoas com mais de 45 anos, mas os jovens também devem se preocupar: apenas 6 horas por dia é o suficiente para aumentar em 40% as chances de morrer nos próximos 15 anos.
Outro trabalho, um pouco mais antigo, de 2007, feito na Faculdade de Medicina da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, e publicado no periódico Ateriosclerosis, Thrombosis and Vascular Biology, optou por uma abordagem bem radical. Observou a saúde de participantes saudáveis após eles permanecerem durante cinco dias inteiros sentados ou deitados — lendo, vendo televisão ou falando no telefone. Eles só poderiam sair dessa posição por motivos de higiene pessoal. Após o período da pesquisa, os participantes tiveram os níveis de colesterol aumentados e desenvolveram hipertensão, problemas cardíacos e resistência à insulina (que pode levar ao diabetes).
Em 2010, a Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, divulgou na revista Medicine & Science in Sports & Exercise, um estudo observando que o sedentarismo, especificamente o tempo em que um indivíduo fica sentado em frente à televisão e dirigindo um carro, é capaz de elevar em até 64% o risco de morte por doenças cardiovasculares em homens. E não se trata apenas de trabalho. A situação não muda nos momentos de lazer. De acordo com a pesquisa publicada nesta semana, um adulto chega a passar 90% do seu tempo de lazer sentado.
Sentar faz mal. As pesquisas provam. Mas por que isso que acontece? O que ficar sentado provoca no organismo humano a ponto de colocar nossas vidas em risco? Indiretamente, a culpa é do século 20. As profundas mudanças no estilo de vida e organização social e econômica criaram empregos que envolvem pouca, quase nenhuma, atividade física. Entre 1980 e 2000, o tempo que os americanos passaram sentados aumentou 8%. Tudo isso é incompatível com o desenho do nosso corpo, que simplesmente não foi projetado para passar longas horas sentado.
Sentar, basicamente, é responsável por desencadear uma série de problemas metabólicos no corpo humano. Em entrevista ao jornal The New York Times, James Levine, pesquisador da prestigiosa Clínica Mayo, resumiu bem a questão. "Passar muito tempo sentado é uma atividade letal", afirmou. Assim que você se ajeita na cadeira, uma série de processos negativos tem início em seu corpo: a atividade elétrica dos músculos da perna é cessada, a queima de calorias cai para apenas uma por minuto (o normal é queimar entre 3,5 e 5,5 calorias nesse período) e a quantidade de enzimas lipoproteínas lipase, que ajudam a quebrar a gordura, é reduzida em 90%. Após duas horas (pare para pensar há quantas horas você está sentado...) o colesterol bom, que evita a formação de placas de gordura nas artérias, diminui 20%. Com mais tempo ainda sentado, a eficácia da insulina cai 24%, aumentando o risco de diabetes.
O maior prejudicado é o coração. A inatividade provocada pelo excesso de tempo sentado provoca mudanças prejudiciais nos músculos, aumentando a resistência à insulina e do nível de gordura no sangue, o que pode levar a uma série de problemas cardiovasculares.
E ainda um inconveniente para os que passam muito tempo sentado: o problema não pode ser resolvido apenas com exercícios. Estudo desenvolvido na Universidade de Sydney mostrou que os efeitos nocivos existem mesmo para o indivíduo que costuma praticar atividades físicas regularmente. Exercitar-se e alimentar-se bem não basta nesse caso. É preciso, antes de tudo, diminuir o período no qual permanecemos sentados.
Algumas soluções são apontadas por dois estudos publicados em 2008, um no periódicoDiabetes Care e outro no British Journal of Sports Medicine. Ambos concluíram que levantar-se da cadeira a cada hora, por cinco minutos, ajuda a diminuir circunferência abdominal, o índice de massa corporal (IMC), o triglicérides e os níveis de glicose no sangue. Há, contudo, muito mais a ser feito. Conheça abaixo seis alternativas para evitar os prejuízos de ficar sentado por muito tempo:

1) Levante da cadeira de tempos em tempos

Em 2008, uma pesquisa australiana divulgada no periódico Diabetes Care mostrou que o aumento do número de pausas em momentos sedentários que um indivíduo faz, como levantar da cadeira após mais de uma hora e meia sentado, proporciona a perda da circunferência abdominal e a redução do índice de massa corporal (IMC) e nos níveis de glicose no sangue. Para o ortopedista Sérgio José Nicoletti, as pessoas não devem passar mais do que uma hora sentadas sem se levantar. A cada hora, portanto, é importante levantar, caminhar pela casa ou pelo escritório e alongar-se quando possível. Esse hábito alivia o incômodo provocado pelas horas na cadeira e ativa a circulação sanguínea. Alarmes e recados em lugares visíveis ajudam um indivíduo a lembrar de sair da cadeira. No trabalho, criar o hábito de andar até a mesa de algum colega em vez de mandar e-mail ou telefonar para ele ou fazer o caminho mais longa até o banheiro são opções que ajudam a ampliar o tempo de movimento.

2) Mesmo sentado, se movimente

Há determinados exercícios que podem ser feitos por uma pessoa enquanto ela está sentada e que conseguem amenizar alguns problemas decorrentes do sedentarismo. Os médicos recomendam que as pessoas contraiam e relaxem o abdome seis vezes seguidas e por várias vezes ao dia para fortalecer o músculo da região e melhorar a postura. Eles também indicam que, sempre que possível, as pessoas mexam e estiquem os joelhos para evitar problemas na região a longo prazo; girem pés e tornozelos para os dois lados; façam movimentos para cima a pera baixo com as mãos e alonguem braços, ombros e pescoço. Por fim, procure arrumar sua postura todas as vezes que se lembrar.

3) Fique sentado em uma posição adequada

De acordo com Nicoletti, a posição em que uma pessoa permanece sentada pode interferir no risco dos problemas acarretados pelo sedentarismo. O médico indica que a cadeira não tenha apoio dorsal completo, ou seja, que o seu encosto não envolva todas as costas, para que, assim, a coluna faça sua curvatura normal ao sentarmos. Além disso, é importante que o centro da tela do computador esteja na mesma altura dos olhos e que os pés estejam apoiados no chão e que a dobra dos joelhos forme um ângulo de 90º.

4) Use os momentos de lazer a favor da sua saúde

De acordo com um artigo publicado em 2010 no periódico Diabetes, cada hora que um indivíduo passa sentado em frente à televisão aumenta em 11% o risco de morte. Se o trabalho de uma pessoa exige que ela fique sentada durante horas, o mesmo não vale para os momentos de lazer. Prefira realizar atividades que exijam movimento, como andar de bicicleta ou caminhar no parque, em vez de ficar em frente à televisão ou jogar videogame, por exemplo.

5) Pratique atividade física regularmente

Segundo o novo estudo australiano, ter o hábito de praticar alguma atividade física diminui o risco de mortalidade relacionado ao tempo prolongado no qual alguém fica sentado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os adultos pratiquem ao menos 30 minutos de alguma atividade física, como caminhada rápida, todos os dias, além de algum exercício que fortaleça músculos e ossos duas vezes por semana. Esse hábito reduz o risco de diversas doenças, melhora a saúde óssea e muscular, além de gastar a energia que consumimos e não gastamos nos momentos de sedentarismo. "Trabalhar com a nossa musculatura diminui as dores e os problemas acarretados pelo período prolongado de tempo em que ficamos sentados. O músculo abdominal fortalecido, por exemplo, melhora a postura e nos protege de dores nas costas", diz o médico ortopedista Márcio Passini.

6) Caminhe mais

Falta de tempo e de vontade para ir à academia não deve ser desculpa para que uma pessoa deixe de praticar as atividades físicas necessárias em um dia. "Meia hora de esteira pode ser substituída por uma caminhada do estacionamento, ponto de ônibus, metrô ou trem até o trabalho: por exemplo, é só parar o carro em um lugar mais longe ou parar em estações mais distantes do que a que está acostumado. Subir escadas em vez de usar o elevador e ir a pé, e não de carro, para lugares próximos também são saídas", diz o ortopedista Nicoletti. Para controlar a quantidade de exercício que você faz no dia a dia, cronometre por quanto tempo você caminha ou conte os passos que dá (existem aplicativos de celular, por exemplo, que fazem isso por você) e compare essa quantidade com os passos dados quando anda durante 30 minutos na esteira. "No entanto, é preciso ressaltar que fragmentar o tempo de atividade física diária durante o dia, embora seja eficaz para saúde, não ajuda uma pessoa que quer emagrecer", afirma Passini.





Eletrocardiograma pode prever ataque cardíaco em idosos saudáveis.



Resultados anormais em eletrocardiogramas podem revelar um risco até 51% maior de sofrer o ataque em oito anos

Devido ao bloqueio auriculoventricular, o coração da criança espanhola tinha uma frequência muito inferior à normal
Exames que medem o estado geral do coração podem prever risco de ataque cardíaco até oito anos antes (Thinkstock)
Um teste para medir a atividade elétrica do coração pode ajudar a prever futuros ataques cardíacos nos adultos saudáveis maiores de 70 anos. Essa é a conclusão de um estudo publicado nesta terça-feira no periódico Journal of the American Medical Association e realizado na Universidade da Califórnia em San Francisco, nos Estados Unidos. Segundo os pesquisadores, pessoas que apresentam anomalias em eletrocardiogramas, mesmo que pequenas, podem ter pelo menos 35% mais riscos de sofrer um ataque do coração em relação a indivíduos cujos resultados dos exames são normais.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Association of Major and Minor ECG Abnormalities With Coronary Heart Disease Events

Onde foi divulgada: revista Journal of the American Medical Association (JAMA)

Quem fez: Reto Auer e equipe

Instituição: Departamento de Epidemiologia da Universidade da Califórnia em San Francisco

Dados de amostragem: 2.192 adultos saudáveis de 70 a 79 anos

Resultado: pessoas que apresentam anomalias em eletrocardiogramas, mesmo que pequenas, podem ter pelo menos 35% mais riscos de sofrer um ataque do coração em relação a indivíduos cujos resultados dos exames são normais.
Estudos anteriores já tinham comprovado que alterações nos eletrocardiogramas podem prever problemas cardiovasculares, mas este é um dos poucos direcionados a esta faixa etária. Geralmente, não se recomenda a realização de exames em adultos assintomáticos, o que pode mudar a partir desta pesquisa.
No estudo, os cientistas acompanharam 2.192 adultos saudáveis de 70 a 79 anos por um período de oito anos. Esses indivíduos se submeteram, no início da pesquisa, a um eletrocardiograma que mede o estado geral do coração.
Os pesquisadores concluíram que as pessoas que apresentaram anomalias em seus eletrocardiogramas tiveram um risco maior de desenvolver doenças cardíacas no curso do estudo do que as pessoas cujos ECG foram normais, inclusive depois que os cientistas ajustaram os fatores de risco como diabetes e colesterol alto. Aqueles que mostraram anomalias menores no primeiro exame tinham um risco 35% maior de sofrer um ataque do coração, enquanto aqueles com anomalias importantes tinham um risco 51% maior. "Esta pesquisa capta a informação de um eletrocardiograma e a soma a outros fatores de risco tradicionais para prever melhor quem vai ter um ataque do coração", diz Douglas Bauer, diretor do programa de pesquisa de medicina geral interna da divisão de San Francisco da Universidade da Califórnia e um dos autores do estudo.
Apesar dos resultados, os pesquisadores lembram que organizações como a Academia de Médicos de Família (American Academy of Family Physicians) não avalizam o uso rotineiro de ECG para a avaliação cardíaca de pacientes de baixo risco, citando os altos custos e a falta de evidências de que o exame permitiria melhorar os resultados de saúde. Philip Greenland, especialista da Faculdade de Medicina da Universidade Northwestern, afirmou em editorial que, enquanto não houver uma clara evidência de benefícios do procedimento, o melhor é que ele seja realizado em pacientes assintomáticos, independente de sua idade. "No entanto, uma análise detalhada e cuidadosa seria um passo útil para transformar a informação sobre o risco acumulado em uma recomendação para a prática baseada na evidência", afirmou.

Sedentarismo causa tantas mortes quanto cigarro.



Segundo pesquisadores, falta de atividade física já pode ser considerada uma pandemia mundial

homem sentado
Preso à cadeira: hábito contribui para o sedentarismo, que atinge um em cada três adultos no mundo (Thinkstock)
O sedentarismo pode ser tão letal quanto o tabagismo. Segundo um estudo publicado nesta quarta-feira na revista médica The Lancet, a falta de atividade física foi responsável por 5,3 milhões das 57 milhões de mortes registradas no mundo em 2008. O cigarro, por sua vez, leva cerca de cinco milhões de indivíduos a óbito todos os anos, apontam os pesquisadores.
Tais números, de acordo com o relatório, fazem com que o sedentarismo possa ser classificado como uma pandemia. Esse trabalho faz parte de uma série de artigos que o periódico vem divulgando sobre exercícios físicos, aproveitando a proximidade da Olimpíada de 2012, que começa na próxima semana em Londres.
A pesquisa considerou inatividade física como a prática de menos do que 150 minutos de atividade física moderada (caminhada rápida, por exemplo) ou menos do que 60 minutos de exercícios intensos (como corrida) por semana. Segundo os dados, esse quadro atinge um terço da população mundial adulta (maior do que 15 anos), e é ainda mais prevalente entre os adolescentes: quatro em cinco jovens de 13 a 15 anos não atingem os níveis mínimos de atividade física. O sedentarismo se torna mais comum conforme as pessoas ficam mais velhas e atinge mais mulheres do que homens e pessoas de países risco.
Esse estudo foi desenvolvido por uma equipe de pesquisadores das universidades de Harvard e da Carolina do Sul, ambas nos Estados Unidos, do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), órgão de saúde americano, e do Instituto Nacional para Saúde e Bem-Estar da Finlândia. Para os autores, um dos grandes responsáveis pela inatividade física no mundo são os meios de transportes motorizados, que acabam aumentando o número de horas em que um indivíduo permanece sentado durante o dia.
No artigo, eles reforçam a importância de as autoridades dos países promoverem a atividade física entre a população, ampliarem o acesso das pessoas a espaços públicos onde elas possam exercitar-se e garantirem a segurança de pedestres e ciclistas. Segundo estimativas dos pesquisadores, aumentar os níveis de atividade física entre a população mundial em 10% poderia evitar mais de 500.000 mortes em todo o mundo ao ano.
Fator de risco — De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a inatividade física é o quarto maior fator de risco para doenças crônicas, ficando atrás somente da hipertensão, do tabagismo e do colesterol alto. A pesquisa publicada na revista The Lancet mostrou que o sedentarismo causa 6% dos casos de doença cardíaca coronariana, 7% de diabetes tipo 2 e 10% dos casos de cânceres de mama e cólon.