quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

CONSUMO DE FITOESTERÓIS EM DIFERENTES POPULAÇÕES



A DIETA PRECISA SER COMPLEMENTADA COM ALIMENTOS ENRIQUECIDOS PARA AUXILIAR A REDUÇÃO DE LDL

Fitoesteróis são constituintes da parede celular de plantas que auxiliam na diminuição da absorção intestinal de colesterol. Nas últimas décadas, alimentos enriquecidos com fitoesteróis têm sido produzidos e pesquisas clínicas apontam que a ingestão diária de 1,6 a 2,5 g/dia de fitoesteróis incorporados a estes alimentos é capaz de reduzir a absorção intestinal de colesterol em 30% e de diminuir as concentrações plasmáticas de LDL-colesterol em 8 a 10%. Sabe-se que o consumo de fitoesteróis de até 3 g/dia é seguro e efetivo para reduzir as concentrações plasmáticas de colesterol3. Para uma melhor compreensão da associação entre fitoesteróis, colesterolemia e saúde cardiovascular, é necessário obter informações sobre o consumo deste componente em diferentes populações.

De uma maneira geral, os estudos conduzidos na Europa demonstraram que a ingestão de fitoesteróis naturalmente presentes na dieta fica muito aquém das recomendações para o tratamento da hipercolesterolemiaNa Finlândia, Valsta et al. (2004)utilizaram uma tabela de composição de alimentos atualizada com teores de fitoesteróis e a partir de dados populacionais (n=2.738) estimaram a ingestão média de 305 mg/dia de fitoesteróis para homens e de 237 mg/dia para mulheres. As principais fontes naturais de fitoesteróis na dieta da população estudada foram cereais, verduras, legumes e óleos vegetais. O inquérito alimentar utilizado nesta pesquisa datava de 1997, época em que alimentos enriquecidos com fitoesteróis ainda não estavam disponíveis no mercado.

Em estudo recente, Sioen et al. (2011)5 investigaram o consumo de fitoesteróis por adultos (≥ 15 anos) participantes de um inquérito com amostra representativa da população da Bélgica (n=3.083). A avaliação de consumo alimentar indicou ingestão média de fitoesteróis de 280 mg/dia e de 218 mg/dia para homens e mulheres, respectivamente. As principais fontes alimentares naturais foram pães e cereais, gorduras de adição, batatas, frutas, biscoitos, bolos e hortaliças. O mesmo grupo de pesquisadores avaliou a dieta da população belga no contexto da ingestão de alimentos enriquecidos. Verificou-se que 28,5% dos adultos consumiam produtos enriquecidos, com média diária de ingestão de fitoesteróis de 1,51 g/dia, aproximando-se de valores adequados para controle da colesterolemia6.

Em uma coorte espanhola com 41.167 homens e mulheres entre 29 e 69 anos de idade, o consumo médio de fitoesteróis provenientes de fontes alimentares naturais por homens (337,9 mg/dia) foi significativamente maior do que o consumo por mulheres (250,4 mg/dia)1. Na Irlanda, a partir de dados de um inquérito nacional com 1.379 participantes, o consumo médio de fitoesteróis naturalmente presentes em alimentos também foi baixo, de 254 mg/dia, sendo os principais contribuintes pães, hortaliças, margarina e óleos vegetais2.

Estudos mostram consumo de fitoesteróis em países ocidentais em níveis semelhantes aos dos países europeus, enquanto nos países orientais e em populações de vegetarianos o consumo é geralmente maior, em torno de 300 a 450 mg/dia4. Assim, a literatura indica que a ingestão recomendada de fitoesteróis para redução significativa das concentrações plasmáticas de LDL-colesterol, de 2,5 g/dia, não pode ser alcançada por meio de fontes naturais. Para que os benefícios no tratamento da hipercolesterolemia e consequente redução do risco cardiovascular sejam alcançados, a ingestão deve ser complementada pelo consumo de alimentos enriquecidos, como cremes vegetais 3,4.


Referências:

1 - Escurriol V, Marí-Dell'Olmo M, Rohlfs I, et al. Plant sterol intake and education level in the Spanish EPIC cohort. Nutrition 2009; 25(7-8): 769-773.
2 - Hearty AP, Duffy E, Gibney MJ. Intake estimates of naturally occurring phytosterols using deterministic and probabilistic methods in a representative Irish population. Int J Food Sci Nutr 2009; 60(6): 533-546.
3 - Marangoni F, Poli A. Phytosterols and cardiovascular health. Pharmacol Res 2010; 61(3): 193-199.
4 - Martins SLC, Silva HF, Novaes MRCG, et al. Efeitos terapêuticos dos fitoesteróis e fitostanóis na colesterolemia. Archivos Latinoamericanos de Nutrición 2004; 54(3): 257-263.
5 - Sioen I, Matthys C, Huybrechts I, et al. Consumption of plant sterols in Belgium: estimated intakes and sources of naturally occurring plant sterols and β-carotene. Br J Nutr 2011; 105(6): 960-966.
6 - Sioen I, Matthys C, Huybrechts I, et al. Consumption of plant sterols in Belgium: consumption patterns of plant sterol-enriched foods in Flanders, Belgium. Br J Nutr 2011; 105(6): 911-918.
7 - Valsta LM, Lemström A, Ovaskainen ML, et al. Estimation of plant sterol and cholesterol intake in Finland: quality of new values and their effect on intake. Br J Nutr 2004; 92(4): 671-678.

Nenhum comentário:

Postar um comentário