domingo, 28 de abril de 2013

Estudo mostra que a canela ajuda a combater Alzheimer



Canela, para tempero e fins medicinais. Foto: Marcelo Carnaval Arquivo
Canela, para tempero e fins medicinais. Foto: Marcelo Carnaval Arquivo
TEL AVIV - O professor israelense Michael Ovadia transformou um trauma infantil em pesquisa de sucesso. O pivô da reviravolta é a canela, aparentemente mais do que um tempero. Segundo Ovadia, a erva aromática pode ajudar a combater uma das doenças mais misteriosas da atualidade, o Mal de Alzheimer, que afeta 18 milhões de pessoas no mundo. Há mais de 50 anos, Ovadia quase foi desclassificado num concurso de conhecimentos de Bíblia ao esquecer a resposta a uma pergunta: que ingredientes formavam o óleo sagrado usado pelos sacerdotes do Templo Sagrado de Salomão? Na última hora, se lembrou da lista, cujo ingrediente mais conhecido é a canela. Acabou tirando um respeitado segundo lugar, mas o episódio nunca saiu de sua cabeça.
Anos depois, já um renomado pesquisador do departamento de Zoologia da Faculdade de Ciências da Vida da Universidade de Tel Aviv, Ovadia decidiu pesquisar porque os israelenses antigos usavam esse óleo para limpar os artefatos sagrados do Templo e proteger seus sacerdotes de doenças causadas pelo contato com sangue devido ao sacrifício de animais. Aos poucos, foi descobrindo que a canela é capaz de neutralizar vários tipos de vírus e infecções. Mas qual não foi sua surpresa ao ousar pesquisar a eficiência da erva na inibição dos chamados oligômeros: conglomerados de proteína beta-amiloide, abundante no cérebro dos doentes de Alzheimer e acusados de causarem perda de memória em mais de 50% dos idosos com mais de 85 anos.
Ovadia liderou e um grupo de pesquisadores formado pelos professores Ehud Gazit, Daniel Segal, Dan Frankel, Anat Frydman Maor e Aviad Levin, conseguiu extrair uma substância líquida da canela que é capaz de inibir o acúmulo progressivo de agregados neurotóxicos do peptídeo beta-amiloide (A-beta) no cérebro dos indivíduos afetados. E mais do que isso: o grupo descobriu que o extrato de canela também é capaz de dissolver as chamadas fibrilas de beta-amiloides, cujo acúmulo no cérebro mata neurônios em pacientes com Alzheimer.
O estudo foi publicado na revista científica PloS ONE em janeiro e causou tanto impacto que a Universidade de Tel Aviv, que entrou com pedido de patente do extrato de canela, já deu permissão para que uma empresa privada desenvolva e distribua remédios à base de canela.
A canela, obtida da parte interna do tronco da caneleira, uma árvore nativa do Sri Lanka, já foi uma das especiarias mais valiosas do mundo. Na Idade Média, seu valor chegou a superar 15 vezes o do ouro. O motivo era seu uso não só como tempero saboroso e aroma inconfundível para fins espirituais, mas também por seus poderes medicinais. Seus compostos (acetato de cinamilo, álcool de cinamilo e cinnamaldehyde) se unem à sua composição mineral (fibra, ferro, cálcio e magnésio) para curar males.
Além dos israelenses, outras culturas milenares apontam a canela como um santo remédio. Citações do uso da erva são datadas de 4000 AC. Os egípcios a usavam para conservar a comida e como analgésico. Os chineses, contra diarreia, gripes, resfriados, indigestão e repelente de mosquistos. Na Índia, os poderes antibactericidas, antioxidantes, anti-inflamatórios e antifúngicos da erva a transformaram num dos principais compostos mediciais. Mas, até hoje, há pouca prova científica de tudo isso.
- Um dos poucos estudos concretos quanto ao poder da canela é o que provou que ela inibe o helicobater pylori, a bactéria que causa a úlcera duodenal - conta Michael Ovadia. - Mas muitas civilizações usavam ervas, plantas e outras produtos naturais contra males. O que eles usavam instintivamente, nós começamos a provar cientificamente.
Hoje, estudos apontam para os possíveis benefícios do tempero no combate a pressão alta, diabetes, herpes, acne, reumatismo, perda de memória, infecções urinárias e até mesmo alguns tipos de câncer. Funcionaria também como um anticoagulante natural indicado para mulheres grávidas e até mesmo como afrodisíaco.

Ingestão de ômega-3 ajuda a evitar riscos de arritmia cardíaca


Encontrado em peixes, o ácido graxo pode reduzir em 30% os riscos de arritmia

Prevenção natural: alta ingestão do ácido graxo ômega-3 ajuda a reduzir os riscos de arritmia cardíaca entre adultos
Prevenção natural: alta ingestão do ácido graxo ômega-3 ajuda a reduzir os riscos de arritmia cardíaca entre adultos(Thinkstock)
Adultos com mais de 65 anos e com níveis elevados de ácidos graxos ômega-3 no sangue têm 30% menos chances de desenvolver arritmia cardíaca. De acordo com um estudo publicado no periódico médico Circulation, de cada 100 pessoas, 25 desenvolvem a condição – com o uso do óleo, esse número poderia cair para 17 casos em 100.
Nos Estados Unidos, país onde foi conduzido o estudo, 9% da população chega a desenvolver fibrilação atrial após os 80 anos. O ritmo cardíaco anormal, descompassado, pode causar insuficiência cardíaca ou mesmo levar ao derrame. Hoje, existem poucos tratamentos para esse quadro, e eles se concentram na prevenção de derrames com o uso de drogas que afinam o sangue e, assim, evitam a formação de coágulos. “Um risco 30% menor de desenvolver uma arritmia cardíaca crônica é um número considerável”, diz Dariush Mozaffarian, autor do estudo e professor na Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard. O ácido graxo ômega-3 é comumente encontrado em peixes, mas sua concentração pode variar em até 10 vezes de um tipo de peixe para outro.
Pesquisa – Para conseguir uma medida precisa da quantidade de óleo de peixe consumido pelos voluntários, os pesquisadores recolheram amostras de sangue de mais de 3.300 adultos com mais de 65 anos. Nos 14 anos seguintes, todos os participantes foram rastreados. Descobriu-se, então, que 789 haviam desenvolvido arritmia cardíaca.
Entre aqueles elencados como os 25% com níveis mais elevados de ômega-3 no sangue, havia uma redução de 30% nos riscos de desenvolver a condição. “Essa redução é significativa”, diz Alvaro Alonso, professor na Universidade de Minnesota e membro da equipe de pesquisadores. Segundo o pesquisador, uma redução de 30% nos riscos poderia significar que, em vez de 25, somente 17 a desenvolveriam a doença.
De acordo com Alonso, mais estudos são necessários para que se compreenda como o óleo de peixe, ingerido até como um suplemento alimentar, pode ser usado de maneira preventiva contra a arritmia cardíaca.

Comer peixe, linhaça e castanha diminui risco de Alzheimer


Pesquisa concluiu que ômega-3, nutriente presente nesses alimentos, reduz níveis de proteína no sangue associada à doença

Dieta do mediterrâneo: considerada saudável por especialistas, esse tipo de dieta ajuda na prevenção do diabetes e no controle da pressão arterial
Peixes e outros alimentos ricos em ômega-3 podem ser aliados para evitar Alzheimer (Thinkstock)
Pesquisadores americanos sugeriram que comer grandes quantidades de alimentos ricos em ômega-3, como peixes, linhaça, nozes, castanhas e azeite, ajuda a evitar o Alzheimer. Isso acontece, segundo os especialistas, porque o nutriente pode reduzir os níveis de uma proteína ligada à doença no sangue de uma pessoa. O estudo, que foi conduzido no Centro Médico da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, foi publicado nesta quarta-feira na Neurology, revista da Academia Americana de Neurologia.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Nutrient intake and plasma β-amyloid

Onde foi divulgada: revista Neurology

Quem fez: Yian Gu, Nicole Schupf, Stephanie Cosentino e Nikolas Scarmas

Instituição: Universidade de Columbia, Estados Unidos

Dados de amostragem: 1.219 idosos com mais de 65 anos e sem demência

Resultado: Pessoas que apresentam maiores quantidades de ômega-3 no sangue, que vem com o consumo de peixe, nozes, castanha e linhaça, apresentam menores níveis de beta-amiloide, proteína associada à presença da doença de Alzheimer
Estudos anteriores já haviam indicado o efeito protetor de alimentos ricos em ômega-3 em relação à doença de Alzheimer, mas esse estudo identificou o mecanismo pelo qual o nutriente evita o aparecimento do problema. De acordo com os pesquisadores, o ômega-3 reduz a quantidade de beta-amiloide no sangue. O acúmulo dessa proteína é comumente encontrado na autópsia do cérebro de pessoas que morrem com Alzheimer e, segundo outros trabalhos, grandes quantidades do composto podem desencadear o aparecimento da doença antes mesmo de um indivíduo apresentar sintomas de perda de memória.
Nessa pesquisa, a equipe analisou 1.219 idosos com 65 anos ou mais que não tinham demência. Durante 14 meses, eles informaram aos pesquisadores sobre seus hábitos alimentares e, após esse período, foram submetidos a exames de sangue que mediram níveis da proteína beta-amiloide e de nutrientes como ômega-3, ômega-6 e vitaminas.
Resultados — Os pesquisadores observaram que os indivíduos que consumiam maiores quantidades de ômega-3 eram aqueles que apresentavam níveis menores de beta-amiloide no sangue. No entanto, essa associação não foi encontrada em relação a outros nutrientes. Segundo Nikolas Scarmeas, um dos autores do estudo, esse benefício pode ser obtido mesmo com o acréscimo de pequenas quantidades no nutriente na alimentação diária. “Nossa pesquisa acrescenta dados às evidências de que o ômega-3 é benéfico para evitar, além de doenças cardiovasculares, como vários estudos já sugeriram, o declínio de memória. O nutriente é capaz de proteger o coração e o cérebro”, diz Scarmeas.
Peixe e coração — As novas Diretrizes Europeias sobre Prevenção e Prática Clínica de Doenças Cardiovasculares, feitas pela Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC, na sigla em inglês) e apresentadas nesta quinta-feira no encontro anual da entidade, na Irlanda, reforçaram as indicações de que o consumo diário de peixes e de outros alimentos ricos em ômega-3 protege o corpo contra doenças cardiovasculares. Embora os especialistas tenham focado nos benefícios do nutriente ao coração, eles reconheceram que o ácido graxo também protege o cérebro e a saúde imunológica.
As diretrizes indicam que as pessoas devam comer uma porção de peixe ao menos duas vezes por semana, e que o consumo do alimento é mais benéfico do que o uso de suplementos de ômega-3. Mas não adianta, como lembram os especialistas, ingerir peixe se uma pessoa mantém hábitos não saudáveis, como tabagismo, alcoolismo e sedentarismo.

Molécula pode bloquear desenvolvimento do Alzheimer


Fluoreno dificulta formação de placas amiloides no cérebro de pacientes

cérebro
  O Alzheimer é causado por placas de proteína que se formam no cérebro e danificam os neurônios.  (Thinkstock)
Pesquisadores americanos descobriram um novo composto que impede a formação das placas amiloides, os acúmulos de proteína que são encontrados nos cérebros de pacientes com Alzheimer e estão ligados ao desenvolvimento da doença. Segundo o artigo, que foi publicado na revista eletrônica PLoS ONE, a nova substância deve ser mais estudada para que, no futuro, possa ajudar os médicos a diagnosticar e tratar seus pacientes. 
O Alzheimer se caracteriza por uma perda progressiva da memória e da capacidade cognitiva e atinge principalmente pacientes com mais de 65 anos. Ele é causado pelas placas amiloides, que se aglomeram no cérebro e danificam os neurônios. A nova substância, feita a base de fluoreno e nitróxido, age diretamente nessas placas, atrapalhando sua formação. "Ela tem um grande potencial para prevenir ou retardar os danos em indivíduos nos primeiros estágios do Alzheimer, antes que ocorram perdas significativas a seu cérebro", disse John Voss, professor de bioquímica e medicina molecular da Universidade da Califórnia e líder do estudo.
Originalmente, os compostos de fluoreno foram estudados pelos cientistas por sua capacidade de se ligar às placas amiloides. Como as proteínas não apareciam em tomografias, e o fluoreno sim, os pesquisadores pensaram em usá-lo para detectar os primeiros sinais do Alzheimer, antes que seus sintomas aparecessem. No entanto, uma pesquisa feita com ratos mostrou que, além de ajudar a detectar as placas, esses compostos também poderiam atrapalhar sua formação. 
Os pesquisadores da Universidade da Califórnia resolveram estudar como os compostos de fluoreno agiam e, no caminho, acabaram criando outra substância, ainda mais poderosa. Sua intenção era usar uma técnica para analisar a ação dos compostos em neurônios cultivados em laboratório. Como o fluoreno não aparecia durante a análise, os pesquisadores ligaram um nitróxido à substância, para que pudesse ser captada. 
Como resultado, eles descobriram que os compostos marcados eram ainda mais efetivos em destruir as placas amiloides. Além disso, as propriedades antioxidantes do nitróxido também tiveram efeito protetor nos neurônios. Agora, o grupo deve testar a segurança desse novo composto, além de estudar sua eficácia em animais com Alzheimer. 

Atividade física e cafeína podem alterar DNA de células musculares


Pesquisa observou que as mudanças ocorrem nas moléculas, e não no código genético, e são importantes para o músculo obter força e elasticidade

No Brasil, minoria que se exercita é homem, jovem e rica
Exercício físico e cafeína podem alterar molécula de DNA do músculo e facilitar o ganho de força e flexibilidade(Jupiterimages / Thinkstock)
A prática de exercícios físicos pode alterar a estrutura e a composição química das moléculas de DNA das células musculares de uma pessoa. Esse, então, seria o primeiro passo para a reprogramação do músculo para obter a força e, consequentemente, os benefícios proporcionados pelas atividades. Essa é a conclusão de um novo estudo publicado na edição de março do periódico Cell Metabolism. A pesquisa, desenvolvida no Instituto Karolinska, na Suécia, observou que a cafeína também é capaz de surtir os mesmos efeitos.

Saiba mais

EPIGENÉTICA
É o nome que se dá para as mudanças que acontecem nos genes sem, no entanto, alterar o código genético de um indivíduo. É diferente de uma mutação. Enquanto em uma mutação o código genético é alterado, a epigenética só muda como um gene funciona ou não. Essa mudança pode ser causada por fatores ambientais, como poluição ou mesmo pela prática de exercícios, e pode ser passada para as gerações seguintes.
“Nossos músculos são realmente adaptáveis”, afirma Juleen Zierath, uma das autoras do estudo. "Eles se modificam conforme o que fazemos. Se não usarmos os músculos, os perdemos. Um dos mecanismos que permitem que isso aconteça foi identificado pela nossa pesquisa." Embora os pesquisadores tenham evidenciado mudanças nas moléculas de DNA dos músculos, o código genético não foi alterado. Ou seja, trata-se das modificações epigenéticas, que são caracterizadas pelo ganho ou perda de marcas químicas no DNA sem envolver mudanças na sequência genética.
De acordo com o que demonstrou a nova pesquisa, após a prática de exercícios físicos intensos, o DNA das células do músculo é alterado em trechos que estão diretamente envolvidos no processo de adaptação muscular ao exercício. Ou seja, o processo auxilia o músculo a ganhar mais força e flexibilidade. Os pesquisadores observaram os mesmos efeitos após um indivíduo se expor à cafeína, que é capaz de 'imitar' o que ocorre com a contração muscular que acompanha as atividades físicas. Entretanto, eles não recomendam que as pessoas bebam café no lugar de praticarem exercícios, mas sim que elas apenas enxerguem a bebida como uma aliada à prática.
Para os autores do estudo, os resultados oferecem mais uma evidência de que nosso genoma é muito mais dinâmico do que consideramos. Essas modificações epigenéticas podem, de acordo com os especialistas, ser extremamente flexíveis, permitindo que o DNA nas células se ajuste conforme as mudanças de ambiente e estilo de vida.

Quase todos os executivos brasileiros se alimentam mal; 18% sofrem de ansiedade



Os executivos brasileiros não mantêm uma alimentação saudável: 95,5% não fazem refeições equilibradas no dia a dia. Além disso, 44% são sedentários e 31,7% têm índice elevado de estresse. Os achados são da empresa de assistência médica Omint, que considerou uma amostra formada por 15 mil profissionais da média e alta gerência de grandes companhias.
O levantamento também mapeou as doenças mais comuns desse tipo de profissional. A ansiedade é a que mais cresceu de 2009 a 2012 -- período compreendido pela pesquisa. A incidência de sintomas da doença aumentou de 14,8% para 18,20%. "Os executivos sofrem bastante estresse", explica Caio Soares, diretor médico da Omint e coordenador do estudo. "Esse é um dos fatores que acelera o desenvolvimento de doenças crônicas."

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Os executivos brasileiros não mantêm uma alimentação saudável e têm alto estresse
Os executivos brasileiros não mantêm uma alimentação saudável e têm alto estresse
Poluição e manutenção inadequada do ar condicionado no ambiente corporativo colocaram a rinite alérgica no topo do ranking das doenças mais recorrentes -- 29% dos executivos são afetados por ela. Alergia de pele é a segunda mais incidente, com 22,4% do total.
"É difícil mudar os hábitos drasticamente", diz Soares, fazendo a ressalva de que pequenas mudanças de alimentação podem surtir grandes efeitos. "Uma dica interessante é diminuir a quantidade de manteiga e margarina. Uma pequena quantidade que você deixa de ingerir pode diminuir bastante a chance de ter uma doença cardiovascular no futuro."

Ingestão de ômega-3 ajuda a evitar riscos de arritmia cardíaca


Encontrado em peixes, o ácido graxo pode reduzir em 30% os riscos de arritmia

Prevenção natural: alta ingestão do ácido graxo ômega-3 ajuda a reduzir os riscos de arritmia cardíaca entre adultos
Prevenção natural: alta ingestão do ácido graxo ômega-3 ajuda a reduzir os riscos de arritmia cardíaca entre adultos(Thinkstock)
Adultos com mais de 65 anos e com níveis elevados de ácidos graxos ômega-3 no sangue têm 30% menos chances de desenvolver arritmia cardíaca. De acordo com um estudo publicado no periódico médico Circulation, de cada 100 pessoas, 25 desenvolvem a condição – com o uso do óleo, esse número poderia cair para 17 casos em 100.
Nos Estados Unidos, país onde foi conduzido o estudo, 9% da população chega a desenvolver fibrilação atrial após os 80 anos. O ritmo cardíaco anormal, descompassado, pode causar insuficiência cardíaca ou mesmo levar ao derrame. Hoje, existem poucos tratamentos para esse quadro, e eles se concentram na prevenção de derrames com o uso de drogas que afinam o sangue e, assim, evitam a formação de coágulos. “Um risco 30% menor de desenvolver uma arritmia cardíaca crônica é um número considerável”, diz Dariush Mozaffarian, autor do estudo e professor na Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard. O ácido graxo ômega-3 é comumente encontrado em peixes, mas sua concentração pode variar em até 10 vezes de um tipo de peixe para outro.
Pesquisa – Para conseguir uma medida precisa da quantidade de óleo de peixe consumido pelos voluntários, os pesquisadores recolheram amostras de sangue de mais de 3.300 adultos com mais de 65 anos. Nos 14 anos seguintes, todos os participantes foram rastreados. Descobriu-se, então, que 789 haviam desenvolvido arritmia cardíaca.
Entre aqueles elencados como os 25% com níveis mais elevados de ômega-3 no sangue, havia uma redução de 30% nos riscos de desenvolver a condição. “Essa redução é significativa”, diz Alvaro Alonso, professor na Universidade de Minnesota e membro da equipe de pesquisadores. Segundo o pesquisador, uma redução de 30% nos riscos poderia significar que, em vez de 25, somente 17 a desenvolveriam a doença.
De acordo com Alonso, mais estudos são necessários para que se compreenda como o óleo de peixe, ingerido até como um suplemento alimentar, pode ser usado de maneira preventiva contra a arritmia cardíaca.

Ômega-3 ajuda a prevenir câncer de pele, diz estudo


Pesquisa britânica concluiu que o nutriente protege o sistema imunológico contra os danos da luz solar e o torna mais forte para combater o câncer

Ômega-3: Salmão é ótima fonte do nutriente
Ômega-3: Salmão é ótima fonte do nutriente (Thinkstock)
Segundo pesquisadores da Universidade de Manchester, na Grã Bretanha, tomar suplementos de ômega-3, nutriente encontrado em alimentos como peixes, linhaça, castanha e azeite, pode fortalecer o sistema imunológico de modo a torná-lo mais resistente aos danos da luz solar e, assim, proteger o corpo contra o câncer de pele. Essas conclusões foram obtidas a partir de uma pesquisa clínica — ou seja, feita com seres humanos — que estará presente na edição de março do periódico The American Journal of Clinical Nutrition.
O ômega-3 já foi associado a uma série de benefício à saúde, entre eles um efeito protetor em relação à memória e a redução do risco de eventos cardiovasculares. Esse novo estudo, desenvolvido no Centro de Dermatologia da Universidade de Manchester, é a primeira pesquisa clínica que identificou o efeito positivo do nutriente em relação ao câncer de pele.
Participaram do estudo 79 pessoas saudáveis. Parte delas recebeu diariamente um suplemento de quatro gramas de ômega-3, e o restante ingeriu doses de placebo. Todos os voluntários foram expostos, todos os dias, a uma máquina que emitia uma luz equivalente à do sol do meio-dia na cidade de Manchester. A exposição à luz durava 8, 15 ou 30 minutos, dependendo do participante.
Sistema de defesa — Os pesquisadores, então, avaliaram a imunossupressão que ocorria no corpo dos participantes com a exposição à luz da máquina. Imunossupressão significa a redução da atividade ou da eficácia do sistema imunológico. Há casos em que essa imunossupressão é necessária — pacientes com doenças autoimunes, por exemplo, recebem medicamentos com essa finalidade para tratar tais condições. No entanto, no caso desse estudo, a imunossupressão nos indivíduos foi induzida pela luz semelhante à solar — e essa diminuição da atividade do sistema de defesa pode prejudicar a capacidade de o corpo lutar contra um câncer de pele. 
De acordo com os resultados, as pessoas que ingeriram ômega-3 e permaneceram na luz por 8 ou 15 minutos, em comparação com o grupo do placebo, apresentaram uma imunossupressão 50% menor com a exposição à luz da máquina. Não foi encontrada uma diferença significativa, porém, entre os indivíduos que ingeriram o nutriente e se expuseram à luz durante 30 minutos e aqueles que receberam doses de placebo.
Segundo Lesley Rohdes, coordenadora da pesquisa, apesar de esses resultados serem “animadores”, é importante lembrar que o ômega-3 não deve substituir o uso de protetor solar e nem a proteção física – como o uso de chapéu com a exposição ao sol, por exemplo. Rohdes explica que, embora a proteção do ômega-3 em relação ao câncer de pele pareça pequena, “o contínuo baixo nível de proteção do nutriente a partir de suplementos de ômega-3 é capaz de reduzir o risco de câncer de pele ao longo de toda a vida de um indivíduo”, diz.