Segundo estudo, focar em alimentos ricos em fibras é mais eficaz do que controlar o consumo de gorduras saturadas
Síndrome metabólica: dieta rica em fibras pode melhorar fatores de risco desse problema, como colesterol alto e acúmulo de gordura abdominal (Reprodução)
Uma dieta rica em fibras, mas não necessariamente com baixo teor de gorduras saturadas ou de colesterol, está associada a um menor risco de doenças cardíacas e diabetes tipo 2 em adolescentes. É o que concluiu um estudo feito na Universidade do Estado de Michigan e publicado neste mês no Journal of the American Dietetic Association.
Segundo os pesquisadores, o maior consumo de alimentos ricos em fibras e em nutrientes é mais eficaz em reduzir fatores de risco para uma síndrome metabólica. Uma pessoa é considerada com essa síndrome quando apresenta três ou mais dos seus cinco fatores de risco. São eles: pressão alta; níveis elevados de açúcar e gordura no sangue; baixos níveis de bom colesterol (HDL); acúmulo de gordura abdominal.
Por isso, segundo o estudo, uma dieta que busque combater esse problema deve focar mais no aumento do consumo de fibras, nutrientes e vegetais do que na exclusão de alimentos com gorduras saturadas. “Isso não significa, entretanto, que os adolescentes têm carta branca para comerem muita gordura saturada, uma vez que, entre outras coisas, ela aumenta o colesterol ruim (LDL)”, diz Joseph Carlson, coordenador do estudo e professor da Universidade do Estado de Michigan.
A pesquisa - O estudo analisou dados coletados de cerca de 2.100 jovens de 12 a 19 anos que passaram pelo Observatório Nacional de Exames em Saúde e Nutrição dos Estados Unidos entre 1999 e 2002. Os pesquisadores observaram a alimentação dos adolescentes e também se tinham três ou mais fatores de risco para a síndrome metabólica. Ao todo, 70% tinham pelo menos um desses fatores, e 6,4% sofriam da síndrome.
Os pesquisadores observaram que o grupo de jovens que consumia a menor quantidade de fibras apresentou três vezes mais incidência de síndrome metabólica do que aqueles que consumiam mais fibras. Por outro lado, não houve relação significativa com ingestão de gorduras saturadas nem de colesterol.
Maus hábitos - Para Carlson, a grande variedade de alimentos deveria incentivar os adolescentes a comer bem. Mas na prática o que se verifica é o contrário: um estudo recente indicou que mais de 30% de tudo o que um jovem come é composto por bebidas e lanches ricos em açúcar.
Embora a recomendação diária de ingestão de fibra seja de 26 gramas para as meninas e 38 gramas para os meninos, hoje os adolescentes consomem em torno de 13 gramas de fibras. Isso se deve ao fato de comerem muito pouco de frutas, vegetais e grãos.
Esse estudo, de acordo com os pesquisadores, deve estimular os especialistas a encontrarem a melhor maneira de impulsionar uma dieta rica em fibras nos jovens. Se uma pessoa comer três frutas ou vegetais, uma porção de feijão e três porções de algum grão, já terá consumido 30 gramas de fibras no dia. “O segredo está em fazer com que as pessoas encontrem alimentos que gostem e também que sejam convenientes para elas”, explica Carlson.
Obesidade no Brasil - Segundo dados do IBGE, no Brasil, 5,9% dos meninos e 4% das meninas entre 10 e 19 anos são obesos. O sobrepeso atinge 21,7% dos garotos e 19,4% das garotas dessa idade.
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