Risco de morte de jovens caiu 200 vezes em 100 anos
Bebês nascidos hoje têm 200 vezes menos chances de morrer jovens em comparação com os nascidos há um século. E mesmo para os mais idosos, a probabilidade de morrer é substancialmente menor do que a dos que viviam há quatro gerações. Um estudo alemão sugere que a industrialização e o desenvolvimento desde 1900 — e não as mudanças genéticas — são os principais responsáveis pelo significativo aumento dessa expectativa de vida entre os humanos. As descobertas foram publicadas nesta segunda-feira no periódico “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
Os cientistas analisaram a taxa de mortalidade dos caçadores-coletores, cujo estilo de vida é praticamente o mesmo há várias gerações, de tribos da Austrália, África, América do Sul e das Filipinas para contextualizar as mudanças recentes com a expectativa de vida nos países desenvolvidos. O trabalho revela que a taxa de mortalidade caiu tanto que os com 72 anos são aparentemente os novos trintões. Segundo eles, caçadores-coletores de 30 anos têm a mesma probabilidade de morrer que japoneses com 72 anos.
— Que estas populações estão vivendo mais que aquelas com menos acesso à alimentação e à saúde não é uma surpresa. O que nos impressionou foi o valor da melhora (200 vezes) e o tempo (quatro gerações) para este processo — explicou o coordenador do trabalho, o antropólogo evolucionário Oskar Burger, do Instituto Max Planck de Pesquisa Demográfica, em Rostock, na Alemanha.
A pesquisa também mostrou que as taxas de mortalidade dos caçadores-coletores eram até mais próximas dos chimpanzés do que a de cidadãos do Japão ou da Suíça.
— Normalmente nós esperaríamos que as diferenças fossem maior entre espécies diferentes do que entre populações da mesma espécie. Isto é surpreendente, e é a prova do quão maleáveis são os padrões de mortalidade dos homens — ressaltou Burger.
Ambiente reduz mortalidade
A pesquisa mostra que o avanço registrado durante 1,3 milhão de anos entre os caçadores-coletores foi o mesmo que ocorreu em apenas 30 anos nas populações desenvolvidas do século XXI. Esta mudança ocorreu a partir de 1900 no que os cientistas chamaram de “rápido salto revolucionário”.
— Não sabemos as causas da redução drástica da taxa de mortalidade, mas temos certeza de que ela é causada pelo meio ambiente. Estamos certos de que este índice vem de diferentes fontes: habitação, água limpa, alimentação, medicamentos desempenham o seu papel — sugeriu o antropólogo, que se anima com a possibilidade de pesquisas futuras. — Este valor de variação é difícil de prever utilizando as teorias convencionais. No futuro, esperamos conseguir analisar os padrões através de toda a árvore da vida.
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