Quem poderia supor que um órgão tão pequeno fosse tão decisivo para a saúde masculina? Pois bem, esse é o caso da famosa tireóide, uma pequena glândula localizada no pescoço, logo abaixo do chamado “pomo de Adão”.
Para entender melhor, é ela quem produz dois hormônios de grande importância para todos os homens, o T3 e o T4, responsáveis pela regulação de muitas funções no organismo (área cardíaca, gastrointestinal, reprodução, crescimento celular, funções neurológicas, dentre outras).
Enfim, quando esses são produzidos em baixa quantidade temos a condição chamada hipotireoidismo, facilmente verificado pela elevação do hormônio TSH, que sobe, na tentativa de estimular a produção deficiente.
Quais os sintomas da doença?
O quadro geral da doença inclui: cansaço, raciocínio difícil, alterações de humor sem causa aparente, pele e cabelos ressecados, unhas quebradiças, prisão de ventre, fraqueza muscular, anemia, depressão, perda de apetite, aumento de peso corporal, excesso de frio, edema facial e nas pernas, aumento do colesterol. Já nas mulheres, nota-se irregularidades no ciclo menstrual e lactação fora do normal.
Atualmente, sabe-se que na maioria das vezes, nos adultos, o vilão causador do hipotireoidismo é uma outra doença silenciosa, a Tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune, em que o próprio organismo produz anticorpos contra a glândula, comprometendo a produção dos hormônios.
Outras causas do hipotireoidismo são: a cirurgia para a retirada de câncer na tireoide e uma causa muito comum entre os jovens – o abuso de medicamentos tireoidianos, geralmente encontrados nos remédios para emagrecer, sob o pretexto de “acelerar o metabolismo”. Mesmo pequenas quantidades, nas famosas “fórmulas manipuladas”, ou prontas, são prejudiciais porque o organismo faz uma autorregulação, uma verdadeira “sintonia fina”, entre a produção, os níveis circulantes e o hormônio da hipófise que controla a produção da tireoide (o TSH). Quando existe a entrada de hormônio de fora (pela medicação) a glândula vai sendo enganada e tornando-se “preguiçosa”. A exposição crônica ou irregular a essa situação pode causar uma alteração definitiva na tireoide.
Hipotireoidismo e sexualidade masculina; uma relação de dependência.
Na área urológica, por exemplo, a doença pode ser um componente muito sério das disfunções sexuais, piorando uma disfunção erétil, simulando uma “andropausa – distúrbio androgênico do envelhecimento masculino” ou complicando tudo isso com uma pitada de uma “falsa depressão”. Cada situação isolada ou todas em conjunto podem afetar diretamente a libido e a ereção.
Como diagnosticar? Qual médico procurar?
Quando a doença começa pode não existir sintomas significativos e o diagnóstico fica para trás. Na nossa prática clínica, muitas vezes aferindo a saúde de um modo geral e não apenas urológica, sempre incluímos um exame de sangue simples para detectar problemas nessa área.
Importante ressaltar que o urologista não é o médico que deve acompanhar os pacientes com hipotireoidismo. Isso cabe ao endocrinologista; mas o diagnóstico é obrigação de qualquer médico que vá cuidar da sua saúde. Não apenas por ser uma doença frequente e que apresentou uma incidência brutal nos homens nas duas últimas décadas, mas porque ela pode influenciar outras condições.
Como tratar o hipotireoidismo?
O tratamento é feito com suplementação do hormônio T4 e mesmo com a necessidade de se usar o hormônio por toda a vida e regularmente verificar se a dose está adequada, é possível ter uma vida com qualidade.
Curiosidade: estatísticas apontam uma estimativa de 5 milhões de pessoas com hipotireoidismo só no Brasil. Nas crianças 1 em cada 3 a 4 mil nascidos vivos. Nos adultos temos 4 mulheres para cada homem com hipotireoidismo.
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