- Envelhecimento leva a diminuição do córtex pré-frontal, área do cérebro responsável pelo armazenamento destas informações
Cientistas reconheceram o que o conhecimento popular já previa, a memória diminui com a idade. Mas o motivo disto nunca ficou claro. Agora, um estudo da Universidade da Califórnia publicado na versão on-line da “Nature Neuroscience” pode dar parte desta resposta. A pesquisa sugere que mudanças estruturais no cérebro ocorrem naturalmente com o passar do tempo e interferem na qualidade do sono, o que, por sua vez, reduz a capacidade do cérebro de armazenar memórias.
Outros estudos já tinham mostrado que o córtex pré-frontal, região do cérebro atrás da testa, tende a perder volume com a idade, e parte desta região ajuda a manter a qualidade do sono, que é essencial para a consolidação da memória. Agora, o novo experimento é o primeiro a mostrar uma ligação direta entre as alterações cerebrais e os problemas de memória.
— Não temos evidências de que distúrbios do sono levem a alterações estruturais no cérebro. Alguns estudos mostram isto em pacientes com insônia crônica e apneia do sono. O que acreditamos é que fatores associados ao envelhecimento resultam nessas alterações, as quais provocam distúrbios do sono, que, consequentemente, afetam a memória — explicou por email um dos autores do estudo, Bryce Mander, do Laboratório de Sono e Neuroimagem da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos.
Terapia para melhorar sono
A descoberta sugere que uma forma de reduzir a velocidade do declínio de memória em adultos mais velhos é melhorar a qualidade do sono, especialmente durante o sono profundo, conhecido como Movimento Não Rápido dos Olhos (NREM), que representa cerca de um quarto de uma noite normal de sono.
Médicos não podem reverter estas marcas do cérebro que ocorrem em função do envelhecimento, mas cientistas estão trabalhando com estimulação elétrica como uma forma de melhorar o sono em idosos.
— Planejamos continuar investigando se intervenções no sono podem melhorar a memória de idosos. Existem formas farmacológicas, eletrofisiológicas e comportamentais para manipular o sono profundo e melhorá-lo — afirmou Mander.
O especialista citou o exemplo do estudo da Universidade de Lübeck, na Alemanha, que usou correntes elétricas para a estimulação transcraniana com o objetivo de melhorar a fisiologia do sono. Segundo Mander, a pesquisa mostrou que jovens tinham sono mais profundo e uma memória melhor. Segundo ele, ao colocar eletrodos no couro cabeludo, os cientistas podem levar uma baixa corrente a toda a área pré-frontal, essencialmente para imitar as ondas lentas do período de sono NREM.
— É possível que este mesmo método possa ser utilizado em adultos mais velhos para melhorar sua memória. Estamos entusiasmados com essa possibilidade — comentou.
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