Dados de agências internacionais apontam que maioria dos países em desenvolvimento não tem políticas eficazes de prevenção da doença
Dados da OMS apontam que 7,6 milhões de pessoas morrem todos os anos no mundo por causa do câncer (Thinkstock)
De acordo com a União Internacional para o Controle do Câncer (UICC, sigla em inglês) e a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC, sigla em inglês), 1,5 milhão de mortes prematuras por câncer poderiam ser evitadas todos os anos. O dado, divulgado nesta segunda-feira, Dia Mundial do Câncer, aponta que para evitar essas mortes, é preciso estabelecer medidas para alcançar as metas estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para 2025.
Atualmente, 7,6 milhões de pessoas morrem todos os anos no mundo por causa do câncer. Dessas, 4 milhões são mortes prematuras, de pessoas com idades entre 30 e 69 anos. De acordo com os órgãos, se não forem feitas mudanças nas políticas de tratamento da doença, até 2025 o número anual de mortes prematuras deve subir para 6 milhões.
“Há uma necessidade de comprometimento global para ajudar nos avanços políticos e incentivar a implementação de planos nacionais de controle do câncer. Se conseguirmos sucesso nisso, teremos uma responsabilidade coletiva em apoiar países de renda baixa e média, que precisam resolver epidemias de câncer sem os recursos necessários”, diz Christopher Wild, diretor o IARC.
Prevenção — Segundo dados divulgados pela OMS, mais da metade dos países do mundo têm dificuldades em prevenir o câncer e em fornecer tratamento adequado aos pacientes. Isso significa que esses países não conseguem manter um controle efetivo da doença, que inclui programas de prevenção, de detecção precoce e de terapias. Apenas 17% dos países africanos, por exemplo, e 27% dos países de baixa renda têm programas de controle da doença.
Dados da OMS apontam ainda que 13 milhões de novos casos são diagnosticados todos os anos no mundo. Mais de dois terços desses novos casos e das mortes acontecem em países em desenvolvimento, nos quais a incidência da doença continua a crescer em níveis alarmantes. Pesquisas demonstram que cerca de um terço das mortes acontecem em função de situações de risco como uso de tabaco, obesidade, bebidas alcoólicas e infecções.
Brasil — O Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulgou nesta segunda-feira uma campanha que busca esclarecer os mitos e verdades sobre a doença. Entre outras questões, o instituto aborda temas como a maior incidência da doença em mulheres, os fatores de risco que podem levar ao desenvolvimento de um tumor e a prevenção dos casos mais comuns no país, como o câncer de pele.
De acordo com o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), cerca de 70% dos pacientes com tumores de bexiga tratados no centro tinham histórico de tabagismo — um dos principais fatores de risco para a doença. Dos pacientes tratados com esse tipo de tumor, 50% tiveram diagnóstico tardio, sendo o sangue na urina o sinal clínico mais importante, manifestado em 88% dos casos.
Dados do Icesp apontam ainda que cerca de 30% dos pacientes com câncer na orofaringe (boca, garganta e faringe) que passaram por operação podem ter desenvolvido o câncer em decorrência do papiloma vírus humano (HPV). O Instituto recebe, em média, 1.200 novos casos cirúrgicos dessa doença por ano. De total de pacientes atendidos pela unidade de Cabeça e Pescoço, 11% tiveram ou ainda têm dependência alcoólica — 95% dos pacientes com esse perfil são homens.
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