Androgel, uma testosterona sintética em forma de gel, está em fase de aprovação pela Anvisa. Se aprovado, produto deve entrar no mercado em 2013
Aretha Yarak
A reposição de testosterona por um medicamento em gel pode reverter os sintomas do hipogonadismo, uma síndrome causada por baixos níveis do hormônio no homem (Thinkstock)
A reposição hormonal masculina pode se tornar mais fácil e indolor em 2013. Ainda em fase de aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o androgel é um método de tratamento eficiente e indolor, quando comparado às injeções oleosas e doloridas disponíveis hoje no mercado nacional. O tratamento com a testosterona sintética em forma de gel, aplicado diariamente sob a pele, foi apresentado durante o 30º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, em Goiânia, realizado na última semana.
O hipogonadismo tardio do adulto (HPA) é uma síndrome relacionada ao envelhecimento, causada por baixos níveis de testosterona no homem. Estima-se que 25% dos homens acima dos 70 anos tenham a condição, que começa a se desencadear a partir da quarta década de vida. "Com o envelhecimento da população, a reposição hormonal no homem tem estado mais em voga. A classe médica precisa começar a ficar mais atenta", diz Karla Melo, endocrinologista da Equipe de Diabetes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo (USP).
Sintomas — Os sinais do HPA são, normalmente, de ordem sexual, como diminuição da libido, disfunção sexual e crescimento mais lento dos pelos da face. Há ainda sintomas inespecíficos e frequentes em idosos, o que dificulta o diagnóstico — como diminuição da densidade mineral óssea (osteopenia e osteoporose), distúrbios do sono, triglicérides, colesterol e anemia. "O diagnóstico é muito complicado, porque o homem não gosta de comentar que está com problemas de ereção. Isso é associado à perda de virilidade", diz Karla.
Em casos onde essa deficiência de testosterona acontece na fase da pré-puberdade, os sintomas costumam ser voz juvenil, diminuição da massa muscular, braços e pernas muito longas, crescimento das mamas e osteoporose. Nesses casos, as causas da síndrome podem ser de ordem genética, ter como origem uma deficiência enzimática ou derivada de traumas testiculares, doenças autoimunes, desnutrição, quimioterapia ou exposição à radiação ou a substâncias tóxicas.
Terapia — O tratamento do HPA é feito por meio de reposição hormonal — de maneira similar à reposição na mulher. No mercado brasileiro estão disponíveis hoje apenas injeções de durações curta (10 a 21 dias) e longa (12 semanas). "Essas injeções são oleosas e muito doloridas", diz Karla. As de curta duração têm ainda um pico muito alto de liberação do hormônio, o que pode levar a um estímulo excessivo da próstata, seguido de uma baixa considerável nos níveis da substância.
Caso a Anvisa aprove a entrada do androgel no mercado nacional, o medicamento poderá ser uma alternativa para as temidas injeções. De acordo com Karla, o gel é aplicado diariamente sob a pele e tem uma liberação mais homogênea do hormônio no organismo — sem a presença de picos. Segundo a especialista, nos Estados Unidos, onde foi aprovado pelo FDA (agência sanitária americana), o androgel é líder de mercado, dada sua eficácia e facilidade de aplicação. No Brasil, o androgel deixou de ser vendido depois que a farmacêutica responsável por sua produção saiu do país. Outra empresa assumiu recentemente a confecção do medicamento, que precisou passar por todo o processo de aprovação novamente na Anvisa. "Esperamos que a volta do gel facilite também o tratamento dos homens brasileiros."
Entre os possíveis riscos do gel estão a atrofia dos testículos, aumento excessivo das mamas e infertilidade. "Assim como na reposição hormonal da mulher, é preciso monitorar continuamente o tratamento no homem", diz Karla.
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