sábado, 13 de outubro de 2012

A nova ordem é aumentar o bom colesterol



Manter essa taxa elevada pode ser o melhor caminho para evitar o infarto

Lena Castellón
Diminuir o nível de colesterol, um tipo de gordura presente no organismo, é uma recomendação que praticamente virou lei em grande parte dos tratamentos médicos. Mas agora ganha destaque outra orientação: é preciso aumentar esses índices. Não, os cientistas não perderam o juízo. A medida vale para uma porção específica da substância, conhecida como HDL ou bom colesterol. Novas descobertas trazem evidências de que manter níveis altos de HDL é mais eficiente na prevenção de ataque cardíaco e derrame do que reduzir a porção de LDL, o mau colesterol, que se acumula nas artérias, dificultando a circulação sangüínea.
Uma pesquisa da Universidade de Indiana (EUA) reforça a tese. Os 6.928 pacientes estudados tiveram o colesterol medido em dois momentos, com diferença média de dois anos e meio entre as coletas. A análise envolveu o LDL, o HDL, que limpa o interior dos vasos, e o colesterol total. Três anos depois, os cientistas avaliaram os casos de infarto e derrame. Os principais fatores de risco para esses problemas foram doença cardíaca anterior, idade avançada e baixo nível do bom colesterol. As mudanças nas taxas do LDL dos pacientes não interferiram na ocorrência desses males. Por outro lado, dez miligramas a mais da porção boa no sangue diminuíram
a ameaça em 7%. “O HDL sempre foi observado, mas não era prioritário. O estudo mostra que isso precisa ser reavaliado”, defende o chefe da pesquisa, William Tierney.
Não é a primeira vez que a medicina verifica essa relação. Há seis anos um trabalho revelou que o aumento de 6% do HDL reduziu em 22% o risco cardíaco em portadores de síndrome metabólica, uma condição caracterizada por pressão alta, diabete e a popular barriga de chope em um mesmo indivíduo. Com tudo isso, não seria lógico centralizar esforços em estratégias que elevem esse colesterol? “Ainda não temos um grande estudo provando que um tratamento para aumentar o HDL irá realmente abaixar o risco”, diz o médico Raul Dias, do Instituto do Coração de São Paulo.
Ninguém deve, portanto, abandonar o tratamento seguido atualmente. Os autores do estudo salientam que dosar o colesterol geral continua fundamental para evitar problemas futuros. Mas chamam a atenção para a necessidade de se criar drogas específicas para elevar o HDL. O nível mínimo é de 40 miligramas por decilitro de sangue para homens e 50 para mulheres. Por ora, a classe de remédio feita com esse fim é a niacina. Outra droga, o torcetrapib, está em fase de pesquisas. Só deverá chegar ao mercado em 2009. Enquanto isso, é melhor seguir a lista de recomendações publicadas nestas páginas.

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