Infarto você não vai cair nessa, vai?
O problema afeta cada vez mais pessoas jovens. Estresse, cigarro, sedentarismo, excesso de exercício... Fuja deles!
Estresse, bebida, excesso de atividade física e muita comida gordurosa (lembra o seu último fim de ano?) são causas comprovadas de problemas cardíacos. E vale ficar de olho. O Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS) aponta que em 2011 houve um aumento de 13% no número de internações por infarto entre jovens de 20 a 39 anos sobre o ano anterior. O último dado disponível (2007) apontava mortalidade de 73% nesses casos. Aqui, explicamos porque isso acontece e como você pode deixar o perigo longe.
O infarto ocorre quando uma placa de gordura entope um vaso sanguíneo do coração. Isso faz com que células do órgão não recebam os nutrientes e o oxigênio que o sangue carrega. Então, as células morrem, o tecido necrosa e o coração não funciona como deve: perde o ritmo, até que para de vez. Essa é a maior causa de mortes no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), com 17 milhões de vítimas por ano. E não é coisa de velho! Segundo dados do Ministério da Saúde, entre janeiro e julho deste ano, 427 pessoas entre 15 e 29 anos foram internadas com problemas cardíacos. É mais de um atendimento por dia. O cardiologista Marcelo Ferraz Sampaio, do Serviço de Biologia Molecular do Instituto Dante Pazzanese, em São Paulo, afirma que essas informações são uma tendência mundial. “Alguns jovens abusam do cigarro, vivem estressados por causa trabalho, comem mal, muitos são obesos ou sedentários, e ainda há os que abusam de drogas, especialmente a cocaína, e anabolizantes”, diz. Mesmo que você não use nada ilegal e faça exercício regularmente, tem que cuidar do coração. “O uso de energéticos, bebidas alcoólicas ou outras substâncias estimulantes em excesso também pode elevar o risco. Elas provocam um aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. Isso se deve ao aumento da liberação de hormônios que intensificam o estado de alerta (como a adrenalina). A prática de atividade física sem controle ou ficar sem o repouso adequado também contribui para o quadro”, explica Cidio Halperin, cardiologista e especialistas em arritimias, de Porto Alegre.
Quanto menor a idade, maior o susto…
É comum ouvir que, quanto mais novo, mais perigoso ter um infarto. O problema é alarmante em qualquer idade, mas Sampaio explica que os adultos mais velhos desenvolvem mecanismos de defesa. “À medida que a veia entope, o organismo forma vasos colaterais, ou seja, novos vasinhos surgem para dar conta do fluxo de sangue”. Não é só isso. Imagine que as veias são como canos e há um aumento do calibre desse cano, a vasodilatação. “O corpo do jovem não tem essa capacidadede aumentar o diâmetro do vaso ou de criar novas passagens colaterais”, diz Sampaio. Por isso o quadro é quase sempre fatal. Então, fique de olho nos próximos itens: estes são os maiores perigos para o seu coração.
Cigarro
Segundo o Ministério da Saúde, o tabagismo é o principal fator de risco de infarto nos jovens: aproximadamente 80% dos pacientes com menos de 45 anos que sofreram uma parada cardíaca fumavam. Segundo Ricardo Pavanello, supervisor de cardiologia do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, homens fumantes com idade entre 35 e 39 anos têm a probabilidade cinco vezes maior de ter um ataque cardíaco do que os não fumantes. O cigarro tem um papel grande no surgimento e maior acúmulo das placas de gordura que se depositam nas artérias. “Estudiosos americanos e australianos demonstraram que a maior causa de morte de fumantes são as doenças cardíacas e não as pulmonares”, alerta Pavanello. No estudo, foi observado que ocorreram quase 1,7 milhão de óbitos por causa cardíacas entre fumantes, contra 850 mil de câncer de pulmão. “Além disso, estudiosos japoneses descreveram que o tabagismo pode acelerar o processo de rigidez estrutural das artérias maiores do coração. Isso agrava as chances de um infarto”, completa o especialista.
Refrigerantes
Pesquisa feita pela Universidade Harvard (EUA) com 43 mil homens constatou que mesmo uma quantidade pequena de bebida (equivale a uma lata de refrigerante), quando consumida todos os dias, está associada a um aumento de 20% no risco de infartos. A explicação é que o excesso de açúcar no sangue aumenta a produção de insulina. E o hormônio causa a contração das artérias. O mesmo risco não foi percebido na pesquisa com os refrigerantes “light”, afirma Cidio Halperin. Mas isso não é uma desculpa para abusar dos refrigerantes sem açúcar. “Essas versões também contêm muito sódio. O mineral causa um aumento na pressão arterial (hipertensão), fator também relacionado a problemas no coração”, alerta Marcus Bolivar, professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Além disso, o sódio em excesso no organismo diminui a produção de ácido nítrico pelo corpo, uma das substâncias responsáveis por manter a elasticidade das artérias.
Energéticos e álcool
Quem não apela aos energéticos para agitar na balada ou quando precisa fazer hora extra no trabalho? É normal, mas não pode virar hábito. Esse tipo de bebida tem altas doses de cafeína e outros estimulantes. Essas substâncias aceleram o metabolismo e aumentam o estado de alerta, deixando o cérebro mais atento. Mas tem um lado ruim: “Energéticos também aumentam a frequência cardíaca e a pressão arterial, mesmo em repouso, o que pode agravar um problema cardíaco já existente. Sem contar que seu consumo em excesso ou constantemente atrapalha o trabalho do fígado”, explica Halperin. O álcool também causa o aumento dos batimentos e sobrecarrega o fígado. Como o órgão é responsável pelo metabolismo da gordura, se ele não funciona bem, ela não é eliminada devidamente. E você já sabe onde a banha vai parar além da pança, né?
Estresse
Se você está sempre impaciente e irritado, o melhor a fazer é respirar fundo e relaxar. De acordo com a Sociedade de Cardiologia Americana (EUA), homens com essas características comportamentais têm duas vezes mais chances de infartar. O estudo mostrou que a raiva e a hostilidade podem estar ligadas a problemas no coração. Essas emoções negativas fazem o seu corpo liberar hormônios, como o cortisol e adrenalina. Eles aumentam a frequência cardíaca e a pressão arterial, o que pode danificar as paredes das suas artérias e fazer o seu coração trabalhar mais rápido. De acordo com o InterHeart (estudo feito com 30 mil pacientes de 52 países), estresse, ansiedade e depressão aumentam o risco de infarto em 60%. Segundo o cardiologista do HCor, em São Paulo, e co-autor do estudo, Leopoldo Piegas, a conclusão é que essas doenças psicológicas reduzem o calibre dos vasos sanguíneos. Os impactos no sistema cardiovascular também são resultado das alterações comportamentais. “As pessoas com depressão ou alto índice de ansiedade são mais propensas a consumir bebidas alcoólicas, cigarros, além de terem outros hábitos que favorecem o surgimento de doenças cardíacas”, explica.
Primeiros socorros
Segundo Marcello Ferraz Sampaio, caso alguém apresente os sintomas de infarto e passe mal, a primeira coisa a fazer é deixar a vítima deitada, pois ela pode eventualmente desmaiar. “Você deve afrouxar toda a roupa da pessoa, tirar gravata, blusa apertada, etc. Depois levante a cabeça dela, para que fique em uma posição de quase 90 graus. Não se deve dar nenhuma medicação nem alimento com água, pois ela pode vomitar”. Feito isso, é urgente que se chame o resgate. O médico afirma que o socorro precisa ser muito rápido. “Quanto mais cedo o atendimento for feito, maiores as chances de recuperação”, alerta.
Sintomas
Sentiu dor no peito? Dificuldade para respirar ou enjoo? Pode ser um infarto. Saiba quais são os sinais de perigo iminente
“Entre os sintomas mais conhecidos está a dor no peito. Mas ele não é o único a qual você deve prestar atenção. Outros sinais menos óbvios podem surgir, como dor no estômago, formigamento na mão ou no braço”, explica Marcelo Ferraz Sampaio, cardiologista e responsável pelo Serviço de Biologia Molecular do Instituto Dante Pazzanese, em São Paulo. Abaixo, ele enumera os sinais de alerta máximo, que podem aparecer sozinhos ou todos juntos.
1) Desconforto no peito
Na maioria dos casos de ataques cardíacos as pessoas sentem desconforto no centro do peito que dura alguns minutos, ou vai e volta.
Pode ser uma sensação de pressão intensa – como se alguém estivesse espremendo ou empurrando a região – de dor aguda e intermitente ou de estufamento. Fique alerta: se esse incomodo não passar em até vinte minutos, procure um médico.
2) Desconforto em outras áreas
Já ouviu falar da famosa dor no braço? Ela é mesmo um sinal. Infartos podem causar formigamento intenso nos braços (pode ser em apenas um, ou nos dois), nas costas, no pescoço, na mandíbula ou no estômago.
3) Respiração alterada
O ataque cardíaco também tem sintomas indolores. Se estiver fazendo alguma atividade física, preste atenção caso sinta dificuldade repentina em respirar fundo. Também se a respiração ficar alterada em repouso.
4) Outros sinais
Fique atento se o incômodo no peito estiver acompanhado de suor frio, náusea, enjoo, vômito, sensação de cansaço, fraqueza e tontura.
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