Pesquisa brasileira revela que o exenatida, medicamento recentemente aprovado contra o diabetes tipo 2, é capaz de combater os sintomas do Alzheimer em cultura de laboratório e camundongos
O Alzheimer é uma doença degenerativa que ataca os neurônios de pacientes. Pesquisadores brasileiros perceberam semelhanças entre o diabetes e o Alzheimer e descobriram que um medicamento usado para tratar o diabetes combate alguns sintomas do Alzheimer em culturas de laboratório e camundongos (Thinkstock)
Cientistas brasileiros descobriram que o exenatida, um medicamento recentemente aprovado para combater o diabetes tipo 2, poderá ser usado para tratar sintomas de Alzheimer. A substância foi capaz de prevenir o desenvolvimento da doença em neurônios cultivados em laboratório e proteger o cérebro de camundongos. O trabalho, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi publicado nesta segunda-feira no periódico americano The Journal of Clinical Investigation.
Na pesquisa, o grupo de bioquímica da UFRJ mostrou que o aumento da resistência à insulina nos tecidos muscular e adiposo em diabéticos também se manifesta no cérebro de pacientes com Alzheimer. É por isso que um remédio usado para combater o diabetes tipo 2 se mostrou promissor para o tratamento de sintomas da doença degenerativa.
Na pesquisa, o grupo de bioquímica da UFRJ mostrou que o aumento da resistência à insulina nos tecidos muscular e adiposo em diabéticos também se manifesta no cérebro de pacientes com Alzheimer. É por isso que um remédio usado para combater o diabetes tipo 2 se mostrou promissor para o tratamento de sintomas da doença degenerativa.
Saiba mais
OLIGÔMEROO cérebro humano produz uma pequena proteína, chamada peptídio beta-amiloide. Em um paciente com Alzheimer, por razões ainda não claras, os níveis dessa proteína são elevados. Por causa disso, ela sofre uma reação de aglomeração formando pequenas bolinhas, chamadas oligômeros. Os oligômeros atacam as sinapses, os pontos de contato entre os neurônios, causando a perda de memória, por exemplo.
Resistência — A relação entre diabetes tipo 2 e Alzheimer foi percebida há sete anos. Nesse tipo de diabetes, comum em idosos e obesos, o organismo se torna resistente à insulina, ou seja, as células não conseguem responder ao hormônio. Evidências clínicas indicam que pacientes com Alzheimer têm neurônios mais resistentes à insulina e que pessoas com diabetes tipo 2 são mais propensas a desenvolver o Alzheimer.
Isso acontece porque a doença cerebral causa um tipo diferente de diabetes que afeta especificamente os neurônios. Como no cérebro a insulina tem papel importante na formação das lembranças, a resistência à insulina prejudica a memória. O quadro é causado pela ação de substâncias tóxicas no cérebro, chamadas de oligômeros. Elas aumentam em quantidade com a idade do paciente e provocam a perda de funções neurais.
Substância tóxica — Os pesquisadores brasileiros realizaram um extenso estudo mostrando o aumento da resistência à insulina em culturas de neurônios que foram expostas aos oligômeros. O mesmo processo foi aplicado em camundongos geneticamente modificados para exibirem características semelhantes às do Alzheimer e em um novo modelo, desenvolvido pelo próprio grupo, baseado em experimentos com primatas não humanos.
Depois, ao tratar as culturas de neurônios e os camundongos geneticamente modificados com a droga exenatida (medicamento que estimula a ação da insulina nas células), os pesquisadores descobriram que o efeito tóxico dos oligômeros foi bloqueado. A droga usada para diabetes conseguiu também reverter os danos à memória nos camundongos testados.
"O efeito protetor das drogas no cérebro é muito importante, pois esses camundongos modificados desenvolvem sintomas parecidos com os do Alzheimer", disse Sérgio Ferreira, coautor do estudo. "A medicação foi capaz não apenas de prevenir, mas também reverter os danos numa etapa mais avançada da doença nas cobaias” disse.
Isso acontece porque a doença cerebral causa um tipo diferente de diabetes que afeta especificamente os neurônios. Como no cérebro a insulina tem papel importante na formação das lembranças, a resistência à insulina prejudica a memória. O quadro é causado pela ação de substâncias tóxicas no cérebro, chamadas de oligômeros. Elas aumentam em quantidade com a idade do paciente e provocam a perda de funções neurais.
Substância tóxica — Os pesquisadores brasileiros realizaram um extenso estudo mostrando o aumento da resistência à insulina em culturas de neurônios que foram expostas aos oligômeros. O mesmo processo foi aplicado em camundongos geneticamente modificados para exibirem características semelhantes às do Alzheimer e em um novo modelo, desenvolvido pelo próprio grupo, baseado em experimentos com primatas não humanos.
Depois, ao tratar as culturas de neurônios e os camundongos geneticamente modificados com a droga exenatida (medicamento que estimula a ação da insulina nas células), os pesquisadores descobriram que o efeito tóxico dos oligômeros foi bloqueado. A droga usada para diabetes conseguiu também reverter os danos à memória nos camundongos testados.
"O efeito protetor das drogas no cérebro é muito importante, pois esses camundongos modificados desenvolvem sintomas parecidos com os do Alzheimer", disse Sérgio Ferreira, coautor do estudo. "A medicação foi capaz não apenas de prevenir, mas também reverter os danos numa etapa mais avançada da doença nas cobaias” disse.
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