sábado, 17 de agosto de 2013

Chocolate quente pode beneficiar memória de idosos.

Pesquisa americana aponta que a ingestão diária da bebida melhora o fluxo de sangue no cérebro — melhorando a memória de idosos

Chocolate quente
Por um período de trinta dias, participantes do estudo ingeriram duas xícaras diárias de chocolate quente (Thinkstock)
Um estudo publicado no periódico Neurology, da Academia Americana de Neurologia, traz boas notícias para os amantes de chocolate. De acordo com o artigo, tomar duas xícaras de chocolate quente por dia pode ajudar a melhorar o fluxo sanguíneo no cérebro de pessoas idosas — o que contribui para aperfeiçoar a atividade de diversas regiões do órgão, como a memória. O chocolate, porém, parece ajudar somente nos casos em que o fluxo já se mostra deficiente.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Neurovascular coupling, cerebral white matter integrity, and response to cocoa in older people

Onde foi divulgada: periódico Neurology

Quem fez: Farzaneh A. Sorond, Shelley Hurwitz, David H. Salat, Douglas N. Greve, Naomi D.L. Fisher

Instituição: Brigham and Women's Hospital, EUA, e outras instituições

Dados de amostragem: 60 idosos com cerca de 70 anos de idade

Resultado: O chocolate pode ajudar a reparar os fluxos sanguíneos de idosos, auxiliando em uma melhora de diversas funções cerebrais — a exemplo da memória
"Estamos aprendendo mais sobre o fluxo sanguíneo no cérebro e seu efeito nas habilidades de raciocínio", explicou Farnazeh A. Sorond, autora responsável pelo estudo, aoNeurology. "Algumas áreas do cérebro precisam de mais energia para desempenhar suas tarefas, implicando na necessidade de um maior fluxo de sangue. Essa relação pode cumprir um importante papel em doenças como o Alzheimer, por exemplo."
Pesquisa — Para chegar à conclusão, os pesquisadores reuniram um grupo de 60 pessoas com cerca de 70 anos de idade. Durante um mês, os voluntários tomaram diariamente duas xícaras de chocolate quente — que foi única maneira de ingestão do chocolate. Ao final do período, todos foram submetidos a testes de memória e habilidades de raciocínio, além de passarem por ultrassonografias. 
Um grupo com 18 participantes que já apresentavam fluxos sanguíneos deficientes foi o único a apresentar melhoras na memória com a ingestão do chocolate quente. Além da redução do tempo necessário para resolver um desafio de memória (de 167 para 116 segundos), houve também uma melhora de 8,3% na distribuição do sangue para o cérebro. Nos demais participantes, a experiência não surtiu efeito. 
Flavonoides — Um estudo anterior, realizado na Universidade de Áquila, na Itália, já havia descoberto os benefícios do chocolate para a memória e raciocínio de idosos com a cognição comprometida. Segundo os cientistas italianos, os efeitos deviam-se à presença de flavonoides (compostos com propriedades antioxidantes) no cacau — quanto mais amargo o chocolate, ou seja, quanto maior a sua quantidade de cacau, mais flavonoides ele tem. 
No estudo comandado pelos americanos, a presença dos flavonoides também foi testada: metade do grupo recebeu doses de chocolate quente rico em flavonoides (609 miligramas), enquanto a outra metade, uma versão pobre em relação ao composto (13 miligramas). De acordo com os pesquisadores, a concentração de flavonoides não teve relevância nos resultados finais do estudo.

Três motivos pelos quais você deve comer chocolate

Protege o coração



Entre as pesquisas que apontam para efeitos positivos do consumo do chocolate, as mais numerosas são, de longe, aquelas que associam o alimento a benefícios ao coração. Segundo um estudo publicado no ano passado no British Medical Journal (BMJ), por exemplo, é possível diminuir o risco de eventos cardiovasculares comendo chocolate amargo (com pelo menos 60% de cacau) todos os dias. Outro trabalho, feito na Universidade de Cambridge e divulgado em 2011, mediu o quão benéfico o chocolate pode ser ao coração: segundo o estudo, o consumo sem excessos do alimento diminui em 37% o risco de doenças cardíacas e em 29% as chances de acidente vascular cerebral (AVC).
Parte da redução das chances de doenças cardíacas proporcionada pelo chocolate pode ser explicada pelo fato de ele, antes disso, evitar o surgimento de fatores de risco ao coração, como hipertensão ou colesterol alto. De acordo com pesquisa australiana publicada em 2010 no periódico BMC Medicine, por exemplo, o chocolate amargo ajuda a diminuir a pressão arterial de pessoas que sofrem de hipertensão.

Ajuda a emagrecer


Em 2012, um estudo feito por pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, quebrou o mito de que chocolate engorda e ainda concluiu, surpreendentemente, que o alimento pode, na verdade, ajudar uma pessoa a emagrecer. Isso porque, das 1.000 pessoas que participaram da pesquisa, aquelas que comiam chocolate com maior frequência, embora consumissem mais calorias em um dia, foram as que apresentaram, em média, um índice de massa corporal (IMC) menor. Essa relação aconteceu principalmente quando o indivíduo consumia chocolate amargo. Segundo os autores do estudo, pode ser que as calorias no chocolate sejam 'neutras' — ou seja, que pequenas quantidades do alimento beneficiem o metabolismo, reduzam o acúmulo de gordura no corpo e, assim, compensem as calorias consumidas. Além disso, os pesquisadores acreditam que as propriedades antioxidantes do chocolate estejam por trás dos efeitos positivos demonstrados pelo trabalho.

Faz bem para a mente

Em uma pesquisa realizada em 2012 na Universidade de Áquila, na Itália, 90 idosos com mais de 70 anos que já apresentavam sinais de comprometimento cognitivo passaram dois meses consumindo diariamente uma bebida que misturava leite a um achocolatado com alto teor de cacau. A quantidade do achocolatado variava de acordo com o participante, podendo ser de 990, 520 ou 45 miligramas por dia. Ao final desse período, os pesquisadores avaliaram os idosos e descobriram que aqueles que consumiram quantidades alta e média do achocolatado, em comparação com o restante dos participantes, apresentaram uma melhora nos reflexos, na capacidade de realizar mais de uma atividade ao mesmo tempo, na memória verbal e na de trabalho (ou a curto prazo), além de melhores resultados em testes que avaliaram o raciocínio. Os autores do estudo atribuíram tais benefícios aos flavonoides, compostos presentes no cacau que, entre outros efeitos positivos, também são associados a benefícios ao coração — desde que aliados a uma dieta saudável.

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