Com o aumento da obesidade infantil e de outras doenças relacionadas à má nutrição, cuidar do que as crianças comem virou preocupação essencial da família
ERIKA KOKAYin
Manter uma boa alimentação durante a infância é tão importante quanto na vida adulta. Problemas de saúde decorrentes da má nutrição, como obesidade, diabetes, hipertensão e colesterol alto, já são observados nas crianças de hoje em dia. “As consequências da má alimentação são vistas diretamente na saúde. Se a criança tem uma alimentação balanceada agora, é mais provável que consiga manter o hábito para o resto da vida”, diz a nutricionista Lara Natacci, do programa "Meu pratinho saudável".
Este programa, lançado em outubro de 2012, deriva de um dos maiores projetos de reorientação alimentar do país, o “Meu prato saudável”, idealizado pelo Instituto do Coração (InCor) e pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Entre os objetivos de sua criação, estão melhorar a qualidade da alimentação das crianças e torná-las multiplicadoras da alimentação saudável. “Isto porque as crianças acabam disseminando o que elas aprendem aos pais, aos responsáveis e à comunidade”, afirma Lara.
O “Meu pratinho saudável” conta hoje com ações presenciais em locais públicos, como parques e metrôs, e é também implementado em algumas escolas estaduais de São Paulo. “Em cada escola, a gente distribui cartilhas com orientações alimentares para as crianças, além de orientar funcionários e merendeiros de como preparar um prato saudável.” A meta é que, em 2013, 132 escolas já contem com o programa e, no ano seguinte, todas as escolas estaduais do estado. “O nosso objetivo é colocar o Brasil em forma até a Copa do Mundo de 2014”, diz a nutricionista.
Segundo Lara, todos os detalhes da alimentação infantil devem ser pensados, começando pelos horários. “É importante sempre manter uma regularidade no oferecimento da comida, mesmo que a criança não coma tudo que lhe é oferecido”. Dois problemas derivam da falta de horários: o jejum prolongado, que faz com que a criança não escolha os alimentos e coma o que vê pela frente, e a diminuição do metabolismo, que ocorre quando ela fica muito tempo sem comer. “As refeições devem ser oferecidas a cada 3 ou 4 horas no máximo, dividas em café da manhã, lanche no meio da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e, se for dormir tarde, ceia.”
O que não comer? Segundo Lara, nada é proibido, mas os pais devem priorizar alimentos saudáveis, além de evitar oferecer frituras, alimentos industrializados, ricos em açúcar e em cafeína. O importante é consumir com moderação, desde que esses alimentos não substituam aqueles ricos em nutrientes. “Por exemplo, não é adequado uma criança deixar de comer uma fruta para comer um doce. Mas se ela come a fruta e depois come um pedaço de doce, não há problema nenhum, contanto que seja moderadamente”. Lara alerta os pais para que evitem ainda usar sobremesas e doces como uma compensação por ter comido direito, já que essa prática faz parecer que a comida saudável é a parte ruim da alimentação.
Assim como na dieta dos adultos, as atividades físicas também são importantes no mundo infantil. “Os pais devem incentivar as crianças a fazer atividades ao ar livre que envolvam algum tipo de esforço físico, como nadar, brincar com os amigos na rua ou mesmo na área de recreação do prédio”, diz Lara. A ideia é optar sempre por brincadeiras que ajudem a gastar energia. “E é importante que os pais estejam juntos estimulando os filhos, já que estes seguem muito o exemplo dosresponsáveis.” Segundo a nutricionista, não adianta, por exemplo, a mãe comer uma lasanha e querer que a criança coma salada. “Nisso, os pais podem aproveitar para comer bem e praticar atividades físicas juntos, frisando sua responsabilidade no comportamento dos filhos.”
Assim como há crianças que ingerem mais calorias do que o recomendado, há aquelas que lutam para não comer. Segundo Lara Natacci, há fases em que o interesse da criança em brincar e participar de atividades se sobrepõe à alimentação. “Se ela, porém, tem peso e estatura normais para a idade, o melhor é mudar gradativamente os hábitos, reeducando a alimentação.” Para ajudar, a nutricionista dá algumas dicas.
Primeiro, apresente pratos coloridos, já que o visual é importante aos pequenos. Além de estipular horários e intervalos curtos entre as refeições, não tente compensar uma delas caso a criança se recuse a comer. O melhor é esperar a próxima refeição. Lara recomenda ainda não discutir ou dar broncas durante a mesa, para que o ato de comer não se transforme em um momento de frustrações. E, por último, nunca force o filho a comer, a educação alimentar é um processo lento.
Abaixo, confira em gráfico algumas recomendações de como pensar bem a alimentação infantil.
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