- Além de perder peso, opções menos gordurosas ajudam a diminuir colesterol e pressão arterial sem necessidade de dieta radical
- Nas festas de fim de ano, especialistas dão dicas de como aproveitar a boa mesa.
Nada de dietas de sopas, shakes ou comprimidos. Apenas reduzir a quantidade de alimentos gordurosos já leva à perda de peso, segundo um estudo publicado no “British Medical Journal”. O trabalho coordenado pela Universidade de East Anglia, no Reino Unido, analisou 73 mil pessoas a partir da revisão de 43 estudos e mostrou que, os que cortaram a gordura saturada por pelo menos seis meses emagreceram em média 1,6kg, além de reduzirem o índice de massa corporal (IMC) e a circunferência da cintura em 0,5 cm. E isto sem tentar emagrecer.
Outros resultados menos expressivos, porém importantes, foram a diminuição do mau colesterol e da pressão arterial. A revisão foi feita a pedido da Organização Mundial de Saúde (OMS), com o objetivo de atualizar as recomendações de ingestão de gordura, já que o sobrepeso aumenta o risco de uma série de doenças, como ataques cardíacos, derrames e outros problemas do coração, que matam 17 milhões de pessoas no mundo anualmente.
Menos gorduras trans e saturada
Segundo os pesquisadores, os resultados provam, pela primeira vez, que a perda de peso é possível pela simples escolha de alimentos com pouca gordura, apesar da infinidade de anúncios exaltando os benefícios de dietas com menos carboidratos. Cada 1% de redução de gordura resultou em menos 0,19 kg de peso corporal após seis meses, isto com base em populações que têm entre 28% e 43% de gordura na alimentação, como as ocidentais.
Os pesquisadores ressaltam que o efeito não é “dramático” como o obtido com uma dieta, pois a pesquisa focou apenas na redução de gordura em pessoas sem a intenção de perder peso e que continuaram consumindo a mesma quantidade de comida. Por isto, inclusive, os detalhes da dieta não foram tratados no estudo, mas sua autora principal, Lee Hooper, orienta reduzir a gordura animal e de alimentos processados, ou seja, saturada e trans.
— É uma maneira de se alimentar que vai tanto proteger contra doenças cardiovasculares quanto ajudar na perda de peso. Deveria ser visto como um novo padrão de alimentação, principalmente porque os benefícios cardiovasculares ficam evidentes após dois anos de mudança — acrescentou Lee.
Professor associado de medicina da UFF, José Mário Franco de Oliveira, pós-doutor em endocrinologia, hipertensão e diabetes pela Universidade de Harvard, salientou a importância da dieta para a prevenção das doenças crônicas não transmissíveis, como câncer, hipertensão e diabetes tipo 2.
— O estilo de vida sedentário, rico em gordura, calorias, açúcar e mais o tabagismo levam a estas doenças — afirmou. — Este estudo foi importante porque fortaleceu a ideia de que não é só o controle de carboidrato que importa. É um conjunto de fatores, entre eles, a ingestão de gordura.
— Cortar gorduras, componentes dos alimentos que mais engordam, é com certeza um ponto importante desta visão clínica atual — concordou o endocrinologista Tércio Rocha, consultor da Academia Real de Medicina Estética do Reino Unido.
Rocha, entretanto, ressalta que o controle de açúcares continuará uma tônica.
— Já se sabe que gorduras e açúcares fazem tão mal à saúde quanto drogas ilícitas — afirmou.
Enquanto isto, a especialista em nutrição clínica e estética Vanessa Suzuki pede uma dose de cautela:
— As gorduras são importantes para nosso corpo, são fontes de energia, têm vitamina E e ácidos graxos essenciais para manter a saúde cardiovascular.
Vanessa sugere o consumo de gorduras insaturadas, como ômegas 3, 6 e 9, principalmente de origem vegetal. São em geral líquidos em temperatura ambiente, entre eles, o azeite de oliva extra virgem. Ela defende também que a alimentação variada e balanceada é a melhor escolha para a redução do peso:
— Dietas que priorizam um grupo alimentar são difíceis de seguir e podem comprometer o metabolismo e alguns órgãos vitais. Não são saudáveis — orientou a especialista.
Cuidados com os excessos
A médica Isabela Bussade, mestre em endocrinologia e responsável científica da empresa PronoKal, explica que, em média, um grama de gordura tem nove calorias, enquanto que um grama de proteína tem quatro. Associado a isto, nosso organismo gasta poucas calorias no processamento da gordura, por isso o saldo positivo dos alimentos ricos em gordura fica ainda mais significativo.
— Em um tratamento de emagrecimento, mesmo que o paciente não perca todo o peso estipulado ou desejado, se conseguir reduzir em 10% o peso e tiver melhora das comorbidades, ou seja, colesterol, glicose e pressão arterial, já consideramos que foi benéfico — acrescenta.
Isabela lembra que nos períodos de festas é comum o exagero de alimentos gordurosos. A sugestão da nutricionista é trocar frutas secas pelas frescas, como cereja, figo e pêssego. Já as aves defumadas, ela explica, têm menos gordura que presunto de porco e pernil. Os peixes de água profunda, como salmão, atum e hadock, são ricos em ômegas e mais saudáveis que peixes com muito sal.
A nutricionista Daniela Campi, que chefiou o Departamento de Nutrição da CC Medical Services de Nova York, recomenda bom senso para as festas de fim de ano:
— Comer um pouquinho de cada opção ou do que preferir. No dia seguinte, reequilibrar o organismo com sucos verdes, água de coco, chá verde e, principalmente, priorizar alimentos que ajudam no processo de desintoxicação de toxinas — explicou.
Entre as opções desintoxicantes, ela cita alho, cebola, couve manteiga e de bruxelas, repolho roxo, brotos e especiarias, como mostarda, alecrim, sálvia, coentro e pimenta preta.
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