sábado, 15 de dezembro de 2012

População mundial vive mais, porém cada vez mais doente.

Maior levantamento já feito sobre saúde global mostrou que doenças crônicas, causadas por fatores de risco como hipertensão, tabagismo e obesidade, estão se tornando cada vez mais prevalentes no mundo
Hipertensão: sem tratamento, a doença agride as artérias dos rins, do coração e do cérebro, e pode causar insuficiência renal, infarto e derrame
Hipertensão: Condição é o principal fator de risco à saúde no mundo. Sem tratamento, a doença agride as artérias dos rins, do coração e do cérebro, e pode causar insuficiência renal, infarto e derrame (Thinkstock)
A revista médica The Lancet dedicou toda a sua nova edição, publicada nesta sexta-feira, ao estudo Global Burden of Disease Study 2010 (Carga de Saúde Global 2010), que avaliou as doenças e mortes em todo o mundo ao longo de 20 anos. O documento mostrou que, nesse período, a população mundial passou a viver mais, mas com pior saúde. Em partes, isso se deve ao fato de que, enquanto as doenças graves infecciosas estão sendo cada vez mais combatidas, cresce o número de condições crônicas. Ou seja, condições que fazem mal, causam dores e prejudicam a qualidade de vida, mas que não matam de forma imediata.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Global Burden of Disease Study 2010

Onde foi divulgada: revista The Lancet

Quem fez: Christopher Murray e equipe

Instituição: Instituto de Métrica e Avaliação em Saúde e Universidade de Washington, Estados Unidos

Dados de amostragem: População de 180 países

Resultado: A longevidade da população mundial aumentou, mas ela está vivendo cada vez mais doente. Fatores de risco que levam a doenças crônicas, como hipertensão e obesidade, estão aumentando cada vez mais. A mortalidade infantil e a desnutrição, por outro lado, diminuíram em 20 anos.
O projeto, feito pelo Instituto de Métrica e Avaliação em Saúde (IHME, sigla em inglês) e pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, também contou com a colaboração de mais de 300 instituições de todo o mundo, inclusive do Brasil. Ao todo, o estudo analisou os quadros de saúde de 180 países. O trabalho é considerado o maior já feito para descrever as doenças e os fatores de risco ao redor do mundo.
A pressão arterial é o maior fator de risco para a saúde atualmente, tendo sido responsável por nove milhões de óbitos no mundo em 2010, apontou a pesquisa. Em segundo e terceiro lugares estão, respectivamente, o tabagismo e o alcoolismo, que ultrapassaram a fome infantil. Na maior parte do que o projeto chamou de América Latina Tropical, que inclui o Brasil, porém, o álcool figura como o principal fator de risco para a saúde. Doenças associadas à bebida mataram quase cinco milhões de pessoas em todo o mundo em 2010.

População pesada — Enquanto a mortalidade global por desnutrição caiu, o fator de risco para a saúde que mais cresceu nos últimos vinte anos foi o excesso de peso — em 1990, ele correspondia ao décimo lugar ; em 2010, ao sexto. Hoje, maus hábitos alimentares e sedentarismo correspondem a 10% da carga de doença global. De acordo com os resultados, o sobrepeso foi responsável por três milhões de mortes ao redor do mundo em 2010 — um número três vezes maior do que os óbitos por desnutrição.
"Passamos de um mundo de 20 anos atrás em que as pessoas não comiam o suficiente para um mundo, inclusive em países em desenvolvimento, onde há muita comida, mas não saudável, que nos faz muito mal", diz Majid Ezzati, do Imperial College de Londres e um dos autores do estudo.

Má qualidade de vida — O estudo também listou os principais fatores responsáveis por piorar a qualidade de vida conforme a idade avança. São eles: dor nas costas, depressão, anemia por deficiência em ferro, dor no pescoço, doença pulmonar obstrutiva crônica, problemas muscoesqueléticos, distúrbios de ansiedade, enxaqueca, diabetes e quedas.

Mortalidade — Um dos avanços significativos que o estudo observou ao longo desses vinte anos foi a queda da mortalidade infantil. No entanto, isso não quer dizer que os números já são ideais. Condições como diarreia por rotavírus e sarampo ainda matam mais de um milhão de crianças menores do que cinco anos todos os anos, apesar da existência de vacinas eficazes contra tais doenças.
Se, por um lado, a mortalidade infantil está diminuindo a cada ano, o relatório observou um aumento de 44% no número de mortes entre pessoas de 15 a 49 anos entre 1970 e 2010. Os autores atribuem esse dado, entre outras coisas, ao aumento da violência e ao vírus HIV, para o qual ainda não foi encontrada uma cura. Em 2010, a aids foi a sexta principal causa de morte no  mundo - com 1,5 milhão de mortes.
"Estamos descobrindo que poucas pessoas estão vivendo com perfeita saúde e que, com a idade, elas acumulam condições crônicas", dize Christopher Murray, diretor do IHME. "A nível individual, isso significa que nós devemos repensar como a vida será para nós aos 70 ou 80 anos de idade. Esses resultados também devem provocar profundas implicações para os sistemas de saúde em termos de definir prioridades.”

Principais fatores de risco à saúde em 1990

1º lugar: Baixo peso infantil
2º lugar: Poluição dentro de casa
3º lugar: Tabagismo
4º lugar: Pressão alta
5º lugar: Deficiência de amamentação
6º lugar: Alcoolismo
7º lugar: Poluição ambiental
8º lugar: Baixa ingestão de frutas
9º lugar: Altos níveis de açúcar no sangue
10º lugar: Obesidade

Principais fatores de risco à saúde em 2010

1º lugar: Pressão alta
2º lugar: Alcoolismo
3º lugar: Tabagismo
4º lugar: Poluição dentro de casa
5º lugar: Baixa ingestão de frutas
6º lugar: Obesidade
7º lugar: Altos níveis de açúcar no sangue
8º lugar: Baixo peso infantil
9º lugar: Poluição ambiental
10º lugar: Sedentarismo

3 comentários:

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  2. Muito bom artigo. Mas quero compartilhar uma experiência profissional que estou vivendo hoje, janeiro de 2013. Sou Professor de Educação Física, e realizo o Projeto Personal Office, na cidade do Rio de Janeiro. Percorro empresas pequenas e médias, realizando uma bateria de testes físicos (uma planilha fica com o funcionário): Frequência Cardíaca de Repouso, Pressão Arterial Bilateral de Repouso, Massa Corporal, Percentual de Gordura e de Hidratação, Risco Cardíaco (através da circunferência da cintura e do quadril), estatura (e separadamente, também verifico a taxa de glicose) e ainda forneço orientações na área da Educação Física. Por incrível que pareça, a minha maior "bronca" e quanto a hidratação. As pessoas desprezam a ingestão regular de água(3 Litros/homem e 2 Litros/mulher), o que acaba afetando o bom funcionamento de todo organismo. Como pode, com o calor que faz no Rio, ter que praticamente obrigar as pessoas a beberem água ? E certamente, a pouca ingestão de água tem muito haver com a aceleração cardíaca de repouso (e principalmente ao esforço) e também com a pressão arterial, pois um sangue viscoso, por desidratação prejudica muito a sua circulação, provocando, dificuldades enormes tanto na sistóle, quando no retorno venoso.

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  3. A globalização trouxe vantagens, sem dúvida alguma, isso foi anunciado em verso e prosa, sabíamos disso, então agora precisamos administrar as desvantagens. O índice de fumantes aumentou, porque o estresse é maior também, e para viver na civilização com todos os seus problemas, não é fácil, é bem "normal" que o homem use de métodos não muito saudáveis para lidar com o mal estar que gera a nossa civilização. Penso que um dos caminhos mais saudável é cuidar da sua saúde mental, ainda vejo como o alicerce de tudo e de todos nós, sem as nossas emoções não somos nada, e se não sabemos administrar os nossos afetos, fazemos muitas coisas que não são saudáveis. beijos . Livia de Figueiredo - psicanalista

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