- Apesar da extração do sal marinho ser distinta em relação ao refinado, ambos apresentam igual composição, podendo promover os mesmos efeitos fisiológicos
Bate certa culpa – e receio – na hora de pegar o saleiro e despejar o pozinho branco sobre a comida? É bem provável que sim, principalmente se você é do tipo que se interessa e lê sobre nutrição e saúde. Afinal, não é de hoje que médicos alertam que o componente, em excesso, aumenta o risco de doenças do coração, especialmente a pressão alta, também conhecida como hipertensão. O Brasil deverá ocupar o posto de campeão de mortalidade cardiovascular em 2040, entre os países emergentes, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Mas não é o caso de eliminar totalmente o sal da alimentação. Ele tem sua importância para a saúde. “O sal de cozinha tradicional, ou cloreto de sódio, é composto por 40% de sódio, mineral que representa o principal íon positivo dos fluidos corporais, e 60% de cloreto, íon negativo. Ambos têm funções, como conter a pressão osmótica, quer dizer, o volume de água que passa através da membrana celular. Além disso, o sódio é responsável pela transmissão de impulsos nervosos e pelo estímulo da secreção gástrica”, ressalta Ricardo Zanuto, graduado em nutrição e educação física, doutor em fisiologia humana pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).
Como vemos, o sódio é um dos elementos mais importantes do líquido extracelular, atuando basicamente no equilíbrio dos fluidos do corpo. Ele age, também, para controlar a pressão sanguínea– e, por isso, a ingestão elevada do mesmo ocasiona um aumento do sistema hormonal e, consequentemente, uma série de desordens fisiológicas.
A ordem, então, é não ficar nos extremos: nem cortar radicalmente do cardápio, nem exagerar na dose. “Apenas quando consumido em demasia, pode trazer riscos para a saúde”, salienta Fábio Medici Lorenzeti, mestrando no Laboratório de Nutrição e Metabolismo da Escola de Educação Física e Esporte da USP, técnico em nutrição e dietética.
Porém, em nosso país, abusa-se do sódio. A Organização Mundial de Saúde recomenda o consumo máximo de 2 g diárias, o que equivale a 5 g de sal (pois 40% do sal é composto de sódio). Estima-se que, atualmente, o brasileiro consuma mais que o dobro desta quantidade – algo em torno de 12 g de sal por dia.
Acordo para redução
De acordo com o Ministério da Saúde, os males cardiovasculares incluem hipertensão, doenças cardíacas coronarianas (infarto e angina), insuficiência cardíaca congestiva (ICC), acidente vascular cerebral (AVC) e cardiopatias congênitas. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) calcula que mais de 320 mil brasileiros morrem, todo ano, vítimas destes distúrbios, estatística confirmada pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).
A entidade vem alardeando que as condições, em 2040, serão preocupantes e, entre os emergentes, o Brasil possivelmente ocupará o posto de campeão de mortalidade cardiovascular – profecia que encontra respaldo na Organização Mundial da Saúde (OMS).
É importante lembrar que o governo brasileiro e a indústria assinaram, no último mês de agosto, um acordo que promete reduzir o teor de sódio em alimentos como margarinas, cereais matinais e temperos prontos. O compromisso propõe uma diminuição de 1,3% (no caso de temperos à base de alho e cebola) e até 19% (para margarinas vegetais) ao ano.
Em 2011, já haviam sido assinados dois termos relativos a produtos consumidos em sua maioria por crianças e jovens, como massas instantâneas, vários tipos de pães, misturas para bolos, salgadinhos de milho e batata frita
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