sábado, 6 de julho de 2013

Sexo na terceira idade é bom, mas não precisa se tornar obrigatório


  • Especialistas alertam para pressão social sobre desempenho sexual do idoso.



Atividade sexual na terceira idade traz benefícios, mas não pode ocorrer só por pressão social
Foto: Marcelo Franco/06-10-2009
Atividade sexual na terceira idade traz benefícios, mas não pode ocorrer só por pressão social Marcelo Franco/06-10-2009
O avanço da medicina e a maior liberação sexual vêm ajudando a quebrar tabus sobre a sexualidade de idosos. Mas o que especialistas alertam é que o padrão sexual da juventude não precisa ser imitado na velhice.
— Às vezes recebo casais no meu consultório constrangidos porque não praticam sexo e querem saber se tem algo de errado com eles. Eu explico que não — garante o urologista Celso Gromatzky, do Núcleo Avançado de Urologia do Hospital Sírio-Libanês. — A sociedade aprendeu, equivocadamente, a associar sexo à qualidade de vida, e a ausência de sexo a uma disfunção.
A atividade sexual naturalmente diminui com o envelhecimento. O estudo Mosaico Brasil, realizado pelo Projeto Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP), mostra que, na faixa entre 18 e 25 anos, 90,4% dos homens e 83,3% têm vida sexual ativa. Este índice diminui progressivamente com o passar do tempo, e para aqueles acima dos 61 anos, o número é de 87,1% dos homens e 51,2% das mulheres.
Isto, segundo Gromatzky, tem, sem dúvida, relação com o estado de saúde e o comportamento do idoso. Mas o urologista acredita que não é raro que o sexo deixe de se tornar prioritário:
— A medicina avançou o suficiente para ajudar casais que querem manter a atividade sexual na velhice. Mas há aqueles que vivem bem, felizes, sem isso. Geralmente porque estabeleceram outras prioridades, como cuidar do neto, ler, etc. Cabe ao médico perceber se isto é realmente um desejo do casal, se não há nada por trás, como um problema físico ou psicológico. E assim sendo, respeitar essa decisão.
Uma pesquisa da Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUC-RS mostra que o interesse por sexo é modesto na velhice. Com base em entrevistas realizadas com 1.078 idosos, o sexo foi considerado “muito importante” por apenas 16,6% dos homens e 7% das mulheres; e “pouco importante” por 30,3% dos homens e 47,9% das mulheres. Além disso, 41,9% dos idosos manifestaram preferência por carinhos e toques como uma forma de demonstração da sexualidade.
— O que está bastante documentado na literatura médica é a importância do afeto nas relações. Pessoas solitárias vivem menos, mas isto não significa ter que praticar o ato sexual. Há uma série de outras formas de expressar a sexualidade e o amor pelo parceiro — complementa Gromatzky.
A disfunção erétil é uma das principais dificuldades da vida sexual do homem idoso. Quanto às mulheres, a menopausa traz redução da libido, secura vaginal e mudanças no aspecto físico, como aumento da flacidez e deposição de gordura, as quais podem afetar a autoestima. A reposição hormonal e uso de cremes vaginais para diminuir o desconforto durante a relação, no caso da mulher, e o de medicamentos, no do homem, são alguns dos conselhos.

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