Há fases na vida das mulheres em que o parceiro provoca tanto tesão quanto um vaso de samambaias. Não necessariamente, caros leitores, esse desinteresse sexual é culpa da sua barriguinha de chope ou da falta de bons estímulos. A não ser que você faça o tipo Coronel Jesuíno Mendonça, personagem de José Wilker em “Gabriela”, e apenas diga “hoje eu vou lhe usar”.
A libido feminina depende de um bom estoque de testosterona, o hormônio responsável pelo vigor. É comum, por exemplo, que mulheres na menopausa sintam desânimo e fadiga por causa de uma deficiência de testosterona. Jovens que usaram continuamente pílula anticoncepcional também podem sofrer desse problema. Uma amiga de 27 anos consultou um endocrinologista com a seguinte queixa: “Doutor, estou com preguiça de pensar e fazer sexo!”. Depois de checar o resultado dos exames hormonais, ele prescreveu um gel.
Ela seguiu à risca a recomendação e começou a usá-lo diariamente. Em poucos dias, vieram os calores internos e a hipersensibilidade e o desejo irrefreável. O namorado se beneficiou horrores do tratamento. Eu quis saber em que região do corpo, exatamente, ela massageava o tal gel. Porque, reflitam comigo, se fosse lá na dita cuja… podia ser até gel fixador de cabelo! Óbvio que ela estaria curtindo um momento placebo, né? Mas, não, era na parte interna das coxas.
A testosterona com essa finalidade não foi aprovada pela ANVISA nem pelo FDA, órgãos que regulamentam a indústria farmacêutica. Apesar das inúmeras pesquisas que comprovam a eficácia nos casos de ausência de libido, as duas instituições temem os efeitos colaterais a longo prazo. Em países como a Austrália, ela é vendida como remédio nas farmácias. No Brasil, é preciso levar a receita médica para um laboratório de manipulação. O produto pode ser indicado na forma de gel, comprimido, sublingual, implante ou injeção.
Segundo a ginecologista e sexóloga Carolina Ambrogini, as pacientes relatam mais pensamentos sexuais, sonhos eróticos e lubrificação. Elas ficam mais suscetíveis às investidas do parceiro. “Mas não é mágico”, diz Carolina, coordenadora do Projeto Afrodite (Unifesp). “Principalmente se a ausência de libido for um problema emocional, como casamento falido”.
Como nem tudo na vida são orgasmos múltiplos, o uso de testosterona também tem possíveis efeitos colaterais, ligados à virilização: crescimento dos pelos e do clitóris, voz mais grossa e até calvície. Aquela minha amiga chegou atrasada ao nosso encontro porque está levando muito mais tempo na depilação. Não foi só o tesão que aumentou. Os pelos da região da perna em que aplica o gel, antes finos e clarinhos, agora tem aspecto de pelos pubianos!
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