O homem adulto, normal, produz hormônio masculino (testosterona) em tipo especial de células nos testículos (células de Leydig). Outras células do testículo são chamada germinativas, pois evoluem para se tornarem espermatozóides (ou gametas masculinos), que irão fecundar o óvulo, possibilitando a formação do embrião. Portanto, nas gônadas (testículos) existem duas “fábricas” diferentes: uma que sintetiza e libera na circulação a testosterona (hormônio masculino) e a outra que é responsável pela fertilidade, representada pelos espermatozóides.
Ambas as “fábricas” são controladas por hormônios que vêm da hipófise: o LH e o FSH. Como estas duas “linhas de produção” são independentes é possível que se tenha um paciente cuja produção de gametas masculinas (espermatozóides) esteja sustada ou prejudicada, mas a “fábrica” de testosterona continue a sintetizar o hormônio masculino sem o menor problema. Neste exemplo o homem teria “falta de esperma” e seria infértil, mas a presença de testosterona normal lhe asseguraria uma vida sexual normal. A falta de hormônio masculino (chamado de hipogonadismo) atrapalha a correta maturação dos gametas masculinos (espermatozóides) e pode comprometer a fertilidade.
A testosterona é transportada na circulação
Após ser sintetizada nos testículos a testosterona é lançada na circulação. Neste ponto existe, no sangue, um “ônibus”, isto é, uma proteína que transporta a testosterona no seu trajeto circulatório até o ponto (ou locais) em que se faz atuar a testosterona. Este “ônibus” chama-se SHBG e carrega a testosterona chamada 'total'. Nos locais em que é necessária ação do hormônio masculino, uma pequena parte é liberada do “ônibus SHBG”. Esta fração de testosterona que emerge do “ônibus SHBG” é chamada de testosterona livre, considerada um importante índice de boa ação hormonal masculina.
A testosterona livre age em nosso cérebro masculino, facultando as qualidades inerentes ao homem (desejo, libido, agressividade, impetuosidade, combatividade, etc). No couro cabeludo a testosterona torna a pele oleosa e estimula secreção sebácea, provocando as clássicas “entradas” no couro cabeludo. A calvície é uma das conseqüências da ação da testosterona no couro cabeludo.
A ação da testosterona livre na área genital, na próstata e em todo o aparelho genital masculino é muito importante. É obvio que o nível de testosterona deve estar normal para que haja um desempenho sexual adequado. O hormônio masculino em dosagem correta e normal resulta em boa atividade sexual. O exagero deste hormônio, no entanto, não implica em melhor desempenho.
A função testicular do diabético
Recentemente um estudo realizado na Austrália focalizou os níveis de testosterona total e livre em pacientes diabéticos. Os pesquisadores estudaram 580 homens com diabetes tipo 2 (não usam insulina, tomam comprimidos, são geralmente obesos) e 69 homens com diabetes tipo 1 (os quais controlam a glicemia com doses diárias de insulina). Notaram que apenas 7% dos diabéticos tipo 1 tinham níveis baixos de testosterona enquanto 43% dos diabéticos tipo 2 exibiam concentrações baixas de testosterona na circulação. As mensurações foram realizadas tanto para testosterona total (aquela que está no “ônibus SHBG”) como para os níveis de testosterona livre. Os níveis de hormônio masculino no grupo de diabéticos tipo 2 eram mais baixos nos mais idosos e, também, menores nos diabéticos mais gordos.
A causa da baixa concentração de testosterona
Os resultados indicados levaram os cientistas australianos a buscar uma explicação de por que pacientes com diabetes tipo 2 têm baixo nível de testosterona. Concluíram que estes pacientes geralmente obesos, com barriga proeminente, muita gordura visceral, e gordura no fígado apresentam o que se denomina resistência à ação da insulina. Trocando em miúdos, a insulina é secretada pelo pâncreas e estimula a entrada da glicose nos tecidos.
Com a presença de gordura abdominal e gordura visceral inicia-se um processo do corpo de recusar a aceitar a ação da insulina, que se eleva na circulação. A insulina elevada atua junto ao testículo com menor síntese da testosterona. Por sua vez a gordura visceral da barriga promove a transformação da testosterona em outros tipos de hormônios, contribuindo para baixar os níveis deste importantíssimo hormônio masculino. Recomendam os australianos que os diabéticos tipo 2 devem fazer exames periódicos para dosar testosterona total e livre. Devem perder peso, deixar o sedentarismo de lado, praticar exercícios aeróbicos e perder a gordura visceral, abdominal. É considerado, igualmente, o tratamento hormonal com testosterona em casos selecionados desde que não haja contra indicações para terapia hormonal.
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