sábado, 25 de agosto de 2012

Exercícios físicos regulares melhoram raciocínio e memória.


Exercícios físicos regulares melhoram raciocínio e memória.


Pilotos que se exercitam regularmente passam por testes que reprovam sedentários.


Exercícios físicos regulares melhoram raciocínio e memória
Foto: Fábio Rossi
Exercícios físicos regulares melhoram raciocínio e memóriaFÁBIO ROSSI
NOVA YORK _ Para saber mais sobre como o exercício afeta o cérebro, os cientistas na Irlanda pediram a um grupo de sedentários, todos estudantes universitários do sexo masculino, para participar de um teste de memória, seguido de exercícios extenuantes.
Primeiro, os jovens assistiram à projeção rápida de fotos, com os rostos e os nomes de pessoas desconhecidas. Após uma pausa, eles tentaram lembrar-se dos nomes que tinham acabado de ler, relacionando-os com as fotos, todos reunidos numa tela de computador.
Depois, metade dos estudantes fez um exercício de bicicleta estacionária, a um ritmo cada vez mais extenuante, até que todos estavam exaustos. Os outros ficaram em silêncio por 30 minutos, descansando numa sala. Em seguida, os dois grupos fizeram mais um teste, outro quebra-cabeças.
Qual o resultado? Os voluntários que fizeram exercícios tiveram desempenho significativamente melhor no segundo teste de memória do que haviam tido em sua primeira tentativa, enquanto os voluntários que tinham descansado não melhoraram sua performance.
Entre um teste e outro foram recolhidas amostras de sangue dos dois grupos e a análise laboratorial das amostras ofereceu explicação biológica para o impulso na memória entre os exercícios. Imediatamente após a atividade extenuante, os ciclistas apresentaram níveis significativamente mais elevados de uma proteína conhecida como fator neurotrófico cerebral derivado, ou BDNF (na sigla em inglês), conhecida por promover a saúde das células nervosas. Os homens que se sentaram em silêncio não mostraram mudança nos níveis de BDNF no sangue.
Os cientistas já sabiam que a BDNF ajuda a explicar porque o funcionamento mental parece melhorar com o exercício físico. Mas não entendiam completamente que partes do cérebro são afetadas ou como os efeitos deste fator influenciam o pensamento. O estudo irlandês sugere que os aumentos de BDNF solicitados pelo exercício pode desempenhar um papel particular na melhoria da memória.
Outros estudos também chegaram a conclusões semelhantes, entre pessoas e animais, jovens e velhos. Em um experimento publicado no mês passado, cientistas brasileiros descobriram que, depois que cobaias de laboratórios foram obrigadas a correr por apenas cinco minutos durante alguns dias da semana e num período de cinco semanas, uma cascata de processos bioquímicos que foi acionada no centro de memória de seus cérebros, culminando no aumento da produção de BDNF moléculas. Animais idosos, depois dos exercícios, tiveram desempenho tão bom em testes de memória quanto os animais mais jovens.
Outro estudo com animais, realizado por pesquisadores do Centro de Pesquisa Brain Injury da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e publicado em setembro na revista “Neuroscience”, mostrou que cobaias adultas autorizadas a exercitar-se à vontade durante uma semana tinham em seu centro de memória cerebral mais moléculas de BDNF do que cobaias que haviam permanecido sedentárias. Nos cérebros daqueles animais que se exercitavam fervilhava uma nova população de moléculas precursoras que, presumivelmente, em breve iria tornar-se moléculas de BDNF em pleno funcionamento.
Mas talvez a mais inspiradora das experiências recentes que envolvem o envelhecimento é um piloto humano. Para o experimento, publicado no mês passado na revista Translational Psychiatry, os cientistas da Escola de Medicina da Stanford University pediram a 144 experientes pilotos de aviação, todos entre 40 e 65 anos, para operar um simulador de cockpit. Os testes foram feitos três vezes, em ocasiões separadas, ao longo de dois anos.
Para todos os pilotos, o desempenho caiu um pouco como o passar dos anos. Isto mostra que uma redução semelhante por causa da idade é comum em todos nós.
_ À medida que envelhecem muitas pessoas acham mais difícil de executar tarefas qualificadas, como dirigir um automóvel, por exemplo _ comenta o Dr. Ahmad Salehi, professor associado de psiquiatria e ciências comportamentais da Universidade de Stanford e principal autor do estudo. _ Mas no caso desta experiência, o declínio foi particularmente notável entre um grupo específico de homens. E como haviam sido feitos testes genéticos em todo o grupo, os cientistas descobriram que havia uma variação genética comum a uma parte dos pilotos, e a esta combinação genética é conhecida por reduzir a atividade das moléculas BDNF no cérebro. Os homens com tendência genética para níveis mais baixos de BDNF tiveram redução em sua capacidade de realizar tarefas complicadas, uma redução medida em quase o dobro daquela apresentada por homens sem a variação genética.
A experiência-piloto não foi um estudo dos efeitos dos exercícios, mas levanta a questão de saber se o exercício extenuante pode retardar as quedas de BNDF, ou pode aumentar os seus níveis no cérebro, e, assim, resgatar a capacidade de realizar tarefas manuais qualificadas para pilotos passados da meia-idade.
_ Muitos estudos têm mostrado que o exercício aumenta os níveis de BDNF no organismo _ avalia o Dr. Salehi
_ O único fator que mostra resposta a mais rápida e mais consistente no desempenho cerebral é BDNF. Esta parece ser a chave para manter não apenas a memória, mas o bom desempenho em tarefas especializadas.
Para o Dr. Salehi, os próximos planos são examinar o histórico de prática de exercício dos pilotos, para ver se aqueles com o gene variante, que é comum entre pessoas de origens européias ou asiáticas, respondem de forma diferente para os treinos de memória e complexidade.
_ Em pessoas que têm a variante genética e apresentam menor atividade BDNF, o exercício é provavelmente ainda mais importante para o bom desempenho profissional _, diz Salehi. _ Mas, para todo o grupo, já existe comprovação muito forte de que a atividade física aumenta os níveis de BDNF e sem dúvida melhora a saúde cognitiva.

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