sábado, 25 de agosto de 2012

Novos estudos mostram que cortar o sal da dieta reduz drasticamente o número de casos de infarto.


Novos estudos mostram que cortar o sal da dieta reduz drasticamente o número de casos de infarto.


RIO - Uma pitada de sal aqui, outra ali, e aos poucos se chega facilmente a 12g ou 14g por dia, quase seis vezes a quantidade que o nosso corpo pede. Resultado desse abuso: retenção de água nos vasos, aumento de pressão arterial e maior risco de infarto e acidente vascular cerebral (derrame). Para a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), os brasileiros estão exagerando demais nesse condimento, e médicos reforçam a campanha para cortá-lo ao máximo da dieta.

No Brasil, a média é de quatro a cinco colheres de café cheias de sal por dia, ou seja, mais de dez gramas por pessoa. E, segundo a SBH, precisamos de bem menos: 2,5g/dia, encontrada nos próprios alimentos. Cada grama de sal tem 0,4g de sódio.
- Com o hábito frequente de comer fora de casa, o abuso de sal de cozinha piora. Algumas pessoas nem experimentam a comida e já saem colocando sal - diz o nefrologista Décio Mion Junior, da SBH e autor de vários livros sobre hipertensão arterial.
Um medida, ensina Mion, é observar quanto tempo leva para uma família de quatro pessoas acabar com um quilo de sal de cozinha. Esse pacote deveria durar pelo menos um mês e meio:
- As pessoas têm grande dificuldade para saber a medida exata. Quando cozinham, terminam pegando a mais na pitada. Um colher pequena de café tem cerca 1,5g.
A campanha de médicos brasileiros é reforçada por um estudo americano divulgado esta semana na revista "New England Journal of Medicine", mostrando o quanto o sal é nocivo. Os autores dizem que se todo mundo cortasse metade de uma colher de chá de sal por dia (cerca de 3g, ou 1.200mg de sódio), haveria entre 54 mil e 99 mil menos ataques cardíacos e entre 44 mil e 92 mil menos óbitos a cada ano. A economia com gastos em saúde seria semelhante à restrição ao fumo: US$ 24 bilhões, só nos Estados Unidos. A pesquisa, independente, foi realizada por cientistas da universidades da Califórnia, de Stanford e de Columbia.
Esse dados levam as autoridades de saúde nos Estados Unidos a pressionar a indústria para reduzir a quantidade de sal nos alimentos processados. Nova York já deu o primeiro passo, ao exigir, semana passada, que fabricantes e restaurantes reduzam o sal em seus produtos em 25% nos próximos cinco anos.
Médicos pedem mais restrições nos alimentos
Kirsten Bibbins-Domingo, uma das autoras da pesquisa e professora de epidemiologia, vai mais longe. Ela recomenda a fixação de limites de sal na comida comprada para escolas, prisões e outras instituições públicas:
- Uma pequena redução na quantidade de sal na comida, dificilmente detectável no sabor dos alimentos, tem grande benefício para a saúde.
Segundo a Associação Americana do Coração, o consumo de sal entre os americanos cresceu 50%, assim como o número de hipertensos.
- Por 40 anos, os médicos têm tentado levar os indivíduos a reduzir a quantidade de sódio na alimentação e não funcionou - diz Cheryl Anderson, professora na Universidade Johns Hopkins. - Precisamos nos unir e abordar o problema com combinação de esforços, incluindo a alteração na oferta de alimentos.
Mion lembra que nem adianta optar pelo sal light (ele tem potássio em sua composição) se a pessoa continuar abusando do condimento. Para não danificar as artérias, a SBH (www.sbh.org.br) recomenda trocar o sal por temperos como salsinha, cebola, orégano, hortelã, limão, alho, manjericão, coentro e cominho; evitar carnes gordurosas, vísceras, embutidos (linguiça, paio, salsicha, toicinho), frios (mortadela, presunto, salame) e frutos do mar, além de conservas como picles, azeitona, aspargo, patês e palmito, enlatados (extrato de tomate, milho e ervilha e maionese), queijos em geral e ainda o glutamato monossódico, comum nas sopas de pacote.
- Ao cortar o sal, a pessoa controla melhor a pressão e, se toma remédios, pode até reduzir o seu uso - diz Mion.

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