sábado, 19 de janeiro de 2013

Adiponectina



Dr. Josivan Lima
O tecido adiposo é extremamente ativo e produz várias citocinas, dentre elas leptina, resistina, visfatin, TNF, IL-6 e adiponectina. A maioria tem ações que são deletérias ao organismo, aumentando pressão arterial, glicemia e levando a dislipidemias e resistência insulínica (por exemplo, fator de necrose tumoral, inteleucina 6 etc.). A adiponectina, ao contrário, tem ações boas, fazendo exatamente o inverso e sendo desejável em níveis elevados, associando-se positivamente com sensibilidade insulínica, utilização da glicose, beta oxidação e proteção cardiovascular. Quando em baixos níveis plasmáticos, contribui para a patogênese da resistência insulínica, do diabetes tipo 2 e de doenças cardiovasculares. Em relação à pressão arterial, estudos clínicos têm mostrado que a hipoadiponectinemia é um fator de risco para hipertensão arterial.
A adiponectina é secretada exclusivamente pelo tecido adiposo e, tanto intra como extracelularmente, apresenta três formas principais: alto peso molecular, baixo peso molecular (hexâmeros) e a forma trimérica. Destas, as de maior peso molecular são as metabolicamente melhores e, infelizmente, as que estão diminuídas em indivíduos obesos. A nível endotelial e agindo também nos macrófagos, a adiponectina apresenta um efeito antiaterogênico, enquanto que, no fígado e músculo, melhora a sensibilidade insulínica. A nível celular, existem dois receptores: AdipR1 – presente principalmente em músculo - e AdipoR2, mais frequente no fígado. Através desses receptores, ativa várias vias moleculares, culminando com a ação metabólica final. A via melhor estudada é a da ativação da AMP kinase, porém, também atua nos receptores PPAR e em outras vias. No endotélio, age estimulando a óxido nítrico sintetase, aumentando a produção de óxido nítrico, um importante vasodilatador.
Enfim, vários estudos evidenciam a importância da hipoadiponectinemia no aparecimento das várias comorbidades pertencentes à Síndrome Metabólica, que culminam com o desenvolvimento de eventos cardiovasculares. Efeitos ditos pleiotrópicos de várias drogas podem estar implicados com ações diretas da adiponectina, mostrando a importância de tal molécula no metabolismo. Dessa forma, o melhor entendimento das várias vias de ação da adiponectina, bem como a descoberta de drogas que possam aumentar seus níveis circulantes ou mimetizar seus efeitos benéficos, poderão, no futuro, beneficiar muitos pacientes, reduzindo o risco cardiovascular e as complicações da Síndrome Metabólica.

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