sábado, 1 de dezembro de 2012

Ginkgo biloba não previne Alzheimer entre idosos, diz pesquisa



Maior estudo já feito sobre prevenção da doença não encontrou efeitos significativos do consumo do fitoterápico ao longo de cinco anos

Ginko biloba
Ginkgo biloba: Pesquisa não vê benefícios do fitoterápico sobre redução do risco de Alzheimer (Joanna Wnuk/Getty Images/iStockphoto)
O maior estudo já feito sobre formas de prevenção do Alzheimer concluiu que o extrato de ginkgo biloba, fitoterápico indicado para melhorar a cognição de idosos, não reduz de forma significativa o risco de essas pessoas desenvolverem a demência. A pesquisa, publicada nesta quinta-feira na revista The Lancet Neurology, reforça os resultados de um trabalho feito em 2009 que também mostrou que indivíduos mais velhos que já apresentam alguma queixa de memória não se beneficiam com a planta.

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COGNIÇÃO
Conjunto de processos mentais usados no pensamento, na percepção, na classificação, no reconhecimento, na memória, no juízo, na imaginação e na linguagem. O comprometimento cognitivo é uma das características mais importantes da demência, como na doença de Alzheimer
DEMÊNCIA
A demência é causada por uma variedade de doenças no cérebro que afetam a memória, o pensamento, o comportamento e a habilidade de realizar atividades cotidianas. O Alzheimer é a causa mais comum de demência e corresponde a cerca de 70% dos casos. Os sintomas mais comuns são: perda de memória, confusão, irritabilidade e agressividade, alterações de humor e falhas de linguagem.
ENSAIO RANDOMIZADO CONTROLADO
É a forma mais rigorosa de uma pesquisa determinar se existe uma relação de causa e efeito entre um determinado tratamento e os resultados esperados. Normalmente, os participantes desse tipo de estudo se dividem em grupos de acordo com o tratamento que irão receber, mas eles nunca devem saber qual é a terapia a qual estão sendo submetidos. 
"A prevalência da doença de Alzheimer doença deverá quadruplicar até 2050. Por isso, estratégias de prevenção eficazes e seguras são urgentemente necessárias para enfrentar esse crescente problema de saúde pública. E a eficácia de tal intervenção precisa ser comprovada através de ensaios randomizados controlados. Nosso trabalho é apenas o terceiro estudo de prevenção de Alzheimer desse tipo que foi concluído e é o primeiro a ser feito fora dos Estados Unidos", diz Bruno Vellas, pesquisador da Universidade de Tolouse, na França, onde o estudo foi feito, e coordenador do trabalho.
A pesquisa selecionou 2.854 pessoas com mais de 70 anos de idade que já tinham se queixado com um médico sobre problemas de memória. Parte desses idosos ingeriu, ao longo de cinco anos, uma dose de 120 miligramas de ginkgo biloba duas vezes ao dia. O restante recebeu doses de placebo, mas nenhum participante tinha conhecimento sobre qual era a substância que estava tomando. Durante todo o estudo, os pesquisadores avaliaram a memória, a função cognitiva e a incidência de demência entre os pacientes.
Ao final da pesquisa, 4% dos participantes que haviam recebido doses de ginkgo biloba foram diagnosticados com a doença de Alzheimer, enquanto essa incidência entre o grupo do placebo foi de 5% — uma diferença estatisticamente insignificante, de acordo com os autores. Também não foi identificada variação quanto ao risco de acidente vascular cerebral (AVC) e de mortalidade. Segundo Vellas, porém, ainda é preciso determinar os efeitos do ginkgo biloba a longo prazo.

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