quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Mitos e verdades sobre a relação entre o consumo de vinho e a saúde



 Para o bem ou para o mal, o vinho está diretamente ligado à saúde e ao bem-estar. Há marcas de cosméticos, como a Vinotage, que utilizam a uva e seus derivados para a produção de produtos de beleza, e centros de terapias, como o Spa do Vinho, na sede da Miolo, em Bento Gonçalves, com tratamentos que exploram as propriedades estéticas e medicinais da bebida e da uva. Se consumido em excesso, pode comprometer o funcionamento do organismo, mas médicos e cientistas afirmam que uma ou duas taças por dia contribuem para um melhor funcionamento do sistema cardiovascular. A seguir, alguns mitos e verdades na relação entre o néctar de Baco e a Medicina. 

SISTEMA CARDIOVASCULAR. Este é o único benefício comprovado por médicos e cientistas. Como afirma Arthur Azevedo, pediatra, consultor de vinhos e diretor executivo da Associação Brasileira de Sommeliers de São Paulo, "várias coisas são ditas a respeito de vinho e saúde, muitas sem nenhuma comprovação; dentro das revistas científicas, há algumas coisas comprovadas". Ele explica que "o sistema cardiovascular apresenta benefícios vistos com muita clareza, sem dúvida ou especulação". E continua: "É certa a redução de doenças cardiovasculares para quem consume vinho de forma moderada e regular. Isso significa, para homens, beber diariamente cerca de meia garrafa. Para mulheres, a metade disso. O ideal é que se beba uma taça no almoço e outra no jantar. Apreciar o vinho dessa forma todos os dias traz um real benefício, prevenindo infarto, acidente vascular cerebral, protegendo o endotélio e também evitando a coagulação do sangue, reduzindo a adesão de plaquetas. Como diz a sabedoria popular, é o afinamento do sangue. Hipertensos podem beber moderadamente, mas se aumenta a quantidade, a pressão sobe de maneira perigosa."

DIGESTÃO. Este é um mito. O consumo de vinho não auxilia a digestão, e pode até prejudicar. "Nem mesmo uma pequena quantidade auxilia a digestão dos alimentos. Mas os médicos recomendam o consumo durante a refeição simplesmente para retardar a absorção do álcool, que acontece de maneira muito rápida com o estômago vazio, de maneira que o fígado não consegue metabolizar, e assim o sangue recebe o que chamamos de álcool livre, que é prejudicial à saúde", afirma Arthur Azevedo.

ANEMIA. Sim, quadros de anemia podem melhorar com o consumo da bebida. "O vinho tinto tem uma quantidade razoável de ferro, e pode ser usado para melhorar a anemia", diz Arthur Azevedo.

CÂNCER. Para o cardiologista Daniel Goldwasser, que se dedica aos estudos sobre vinho e saúde, esse é outro mito: "Muito se diz que o consumo de vinho previne câncer, além de diabetes e Alzheimer. Não há nenhum estudo que comprove isso, ao contário, o consumo excessivo de vinho aumenta o risco de câncer de mama entre as mulheres, comprovadamente", afirma.

GRAVIDEZ. Neste caso, é um consenso: "Grávidas não podem consumir nada que contenha álcool", diz Arthur.

DOR DE CABEÇA. Muito se diz que a dor de cabeça que acomete as pessoas no dia seguinte ao consumo de vinho, mesmo que em quantidades pequenas, é devido ao uso indiscriminado de sulfitos, um conservante muito usado pela indústria, de maneira que os vinhos chamados naturais, sem aditivos do gênero, não causariam esse efeito. "Existem alimentos, como o damasco seco, com concentração muito maior de sulfitos, e que não causam dor de cabeça. Existem vários estudos para entender as razões da dor de cabeça que o vinho tinto pode provocar, e eles apontam para a tiramina, substância que leva à contração dos vasos sanguíneos, dando origem a crises de cefaleia. Não tem nada a ver com sulfitos", defende Daniel Goldwasser, cardiologista dedicado a estudos sobre vinho e saúde. Há ótimos vinhos naturais no mercado, com boa expressão de fruta, como os do Domínio Vicari, da Praia do Rosa (SC), e da Matsu (com rótulos bem interessantes, reproduzindo os rostos dos produtores).

RESVERATROL. É outro mito. "Um herói que surgiu nos últimos anos é o resveratrol, que teria propriedades antienvelhecimento e que reduziria a inflamação dentro dos vasos coronarianos, mas não há prova científica disso", diz Daniel.

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