segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Comer fora de casa aumenta risco de excesso de peso e hipertensão, diz estudo



"Quando as pessoas comem fora de casa, há um consumo maior de gordura", afirma nutricionista da USP, autora da pesquisa


Comer fora de casa eleva risco de excesso de peso, diz estudo (Foto: John Stillwell - WPA Pool/Getty Images)
Quem tem o hábito de comer fora de casa tem também maior risco de estar acima do peso. Essa é a conclusão de um estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), que também mostrou que a variedade de alimentos consumidos em restaurantes e lanchonetes, mais ricos em gordura, está associada a um maior índice de hipertensão.
O estudo se baseou em dados do Inquérito de Saúde de Base Populacional no Município de São Paulo (ISA-Capital), feito entre 2008 e 2009 e financiado pela Secretaria Municipal da Saúde. Foram 834 paulistanos entrevistados, entre adolescentes, adultos e idosos, das quais 32% afirmaram fazer pelo menos uma refeição fora de casa por dia.
Segundo os resultados da pesquisa, 59% dos frequentadores de restaurantes apresentam excesso de peso ou obesidade. Já na população geral adulta da cidade de São Paulo, 48,5% se enquadra na categoria de excesso de peso, de acordo com a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2011.
Ainda segundo o estudo, 26% dos que comem fora têm hipertensão. Na população geral, de acordo com a Vigitel, esse índice é de 22,7%.

Segundo a autora do estudo, a nutricionista Bartira Gorgulho, o consumo de alimentos gordurosos é facilitado em restaurantes e lanchonetes. "De maneira geral, as pessoas comem mal independentemente do lugar. Observamos que, quando comem fora de casa, há um consumo maior de gordura. A oferta de gordura é maior e as pessoas procuram comer o que não têm tanta oportunidade de comer dentro de casa, como uma variedade maior de carnes e frituras", afirma.
As refeições mais frequentemente realizadas fora são as intermediárias, como o lanche da manhã ou o lanche da tarde: 45% dos que comem fora afirmaram ter consumido essas refeições. Já 30% das pessoas consomem o almoço; 15% consomem o café da manhã e 10% consomem o jantar. A média de calorias consumidas fora de casa por refeição foi de 628 calorias. 
Bartira acrescenta que é perfeitamente possível ter uma alimentação saudável fora de casa sem gastar muito com isso. Restaurantes por quilo, por exemplo, geralmente oferecem várias opções de verduras e legumes.
Na opinião do médico nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), quem come fora de casa não costuma observar o tamanho das porções e, com isso, corre o risco de exagerar. Ele observa que pratos maiores oferecidos pelos restaurantes podem induzir as pessoas a pegar mais comida.
"A comida por quilo é uma grande invenção, mas é preciso refletir o que vai escolher", diz o nutrólogo. Um dos erros mais comuns, segundo ele, é servir-se de vários tipos de carboidratos - juntando num mesmo prato arroz, purê de batata e macarrão, por exemplo - ou vários tipos de proteína, como carne bovina, linguiça e frango. "Por outro lado, o espaço para salada geralmente é pequeno. As pessoas não dão muito esse direcionamento. É o erro mais comum."
Para a nutricionista Ariana Fernandes, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), um dos motivos que elevam a quantidade de calorias das refeições feitas fora de casa é a falta de tempo. "Muitas vezes, as pessoas optam por um lanche rápido, que quase sempre é bem mais calórico que uma refeição balanceada."
O brasileiro come fora cada vez mais. A Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) aponta que, em 2003, os gastos com alimentação fora do domicílio entre a população urbana representava 25,7% dos gastos totais com alimentação. Em 2009, essa parcela subiu para 33,1%.

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