domingo, 14 de outubro de 2012

Terapia de reposição hormonal protege a saúde cardíaca da mulher, diz estudo



Pesquisa reafirmou que a técnica é segura e promove benefícios à saúde sem aumentar as chances de câncer de mama ou trombose venosa

A terapia de reposição hormonal controla os sintomas típicos da menopausa, como as frequentes ondas de calor
A terapia de reposição hormonal controla os sintomas típicos da menopausa, como as frequentes ondas de calor(Thinkstock)
De acordo com uma pesquisa feita na Dinamarca, mulheres que passam a fazer reposição hormonal durante dez anos após a menopausa apresentam um risco significativamente menor de mortalidade, insuficiência cardíaca e de infarto. Esse efeito positivo ocorre sem que as chances de efeitos adversos como trombose venosa profunda, câncer e derrame cerebral sejam aumentadas, revelou o estudo, que foi publicado nesta semana no site do periódico British Medical Journal (BMJ).

Tipos de terapia hormonal:

TERAPIA DE ESTROGÊNIO E PROGESTERONA
Antes da menopausa, os ovários da mulher produzem estrogênio e, quando ela ovula, progesterona. Após esse período, os níveis desses hormônios no organismo sofrem uma queda. A TEP fornece uma parte do estrogênio e da progesterona produzidos pelos ovários antes da menopausa. O estrogênio aplicado sozinho pode surtir efeitos adversos, como a hiperplasia do endométrio, que é o espessamento do revestimento uterino e pode resultar em câncer. No entanto, a progesterona elimina esse risco de câncer e, por isso, é recomendada a mulheres que não fizeram histerectomia (retirada do útero).
TERAPIA DE ESTROGÊNIO
Fornece uma parte do estrogênio produzido pelos ovários antes da menopausa e é recomendada a mulheres que fizeram histerectomia, já que, como elas não possuem mais o útero, não correm o risco de ter câncer no órgão. Assim, elas não precisam da progesterona. Os efeitos sobre os sintomas da menopausa são semelhantes aos da terapia de estrogênio e progesterona.
Discussão — A segurança da terapia de reposição hormonal foi questionada diversas vezes pelas pesquisas científicas. A técnica passou a ser utilizada na década de 1980 e foi muito bem recebida por ajudar as mulheres ao atenuar os principais sintomas da menopausa, mas os seus riscos eram praticamente ignorados. No entanto, em 2002, os resultados de um estudo que durou dez anos, o Women’s Health Initiative (WHI, Iniciativa da Saúde da Mulher, em tradução livre), revelou que a terapia apresenta, sim, danos à saúde da mulher se for usada desenfreadamente. Por isso, a partir da divulgação dessa pesquisa, seu uso foi reduzido pelo medo principalmente do câncer de mama.
Porém, de 2002 para cá, muitos estudos sobre a reposição hormonal foram feitos e suas conclusões devolveram aos médicos a confiança na segurança e na eficácia da terapia quando indicada de forma correta. A nova pesquisa dinamarquesa acrescentou mais evidências a favor da terapia, mostrando que não há riscos adicionais da técnica para a saúde cardiovascular se utilizada a longo prazo e nem se passar a ser aplicada logo após a menopausa.
Pesquisa — Participaram do estudo 1.006 mulheres de 45 a 58 anos. Metade das participantes foi submetida à reposição hormonal durante dez anos seguidos e o restante não fez nenhum tratamento do tipo. Ao longo desse período, 33 mulheres que não passaram pela terapia hormonal tiveram algum um evento cardiovascular (resultando ou não em morte), enquanto, entre o grupo da reposição hormonal, esse número foi de 16 pacientes. Segundo os autores, as mulheres do grupo da reposição hormonal não apresentaram maiores riscos de câncer de mama, trombose venosa ou AVC em comparação com as pacientes que não se submeteram ao tratamento. 
Métodos de administração da terapia hormonal

Pílula

O que é: Um comprimido que contém diferentes doses de hormônio e que deve ser tomado via oral. O hormônio é absorvido pelo intestino, levado à corrente sanguínea e, quando chega ao fígado, é metabolizado e transformado em diversas formas de estrogênio.
Efeitos colaterais: Como o hormônio é metabolizado pelo fígado, os efeitos comuns de toda a terapia hormonal — inchaço, aumento de peso, dores de cabeça, alterações de humor e do desejo sexual, tontura e náuseas — podem ser mais intensos, dependendo da paciente. Também pode ocorrer sangramentos irregulares com o esquecimento de alguma pílula.

Adesivo

O que é: Tiras ou rodelas finas adesivas que contêm o hormônio estradiol e que devem ser coladas sobre a pele seca (antebraço, tronco ou abaixo da cintura) uma ou duas vezes por semana, dependendo do adesivo. O hormônio é absorvido lentamente pela pele e, assim, chega na corrente sanguínea sem ser metabolizado pelo fígado. Por isso, são necessárias quantidades menores de hormônios.
Efeitos colaterais: Pode ocorrer alergia da pele à cola, causando coceira, irritação e vermelhidão na região onde o adesivo é colocado. Pode provocar os efeitos comuns de toda a terapia hormonal, mas de maneira mais branda, já que os hormônios não são metabolizados pelo fígado.

Gel cutâneo

O que é: Deve ser aplicado todos os dias sobre uma região limpa e seca da pele. A quantidade de gel aplicada varia e deve aumentar somente se não houver alívio dos sintomas da menopausa. Assim como com o adesivo, os hormônios são absorvidos diretamente pela corrente sanguínea.
Efeitos colaterais: Pode ocorrer alergia da pele ao gel, causando coceira, irritação e vermelhidão na região onde é aplicado. Podem aparecer ainda os efeitos comuns de toda a terapia hormonal, mesmo que de maneira mais branda, já que os hormônios não são metabolizados pelo fígado.

Anel vaginal

O que é: O anel contém estrogênio e é inserido na vagina, onde deve ficar por três meses. O hormônio, então, é absorvido diretamente pela corrente sanguínea. É recomendado para tratar sudorese noturna, ondas de calor e ressecamento vaginal. Mulheres que não passaram pela histerectomia devem tomar também progesterona.
Efeitos colaterais: Como toda terapia hormonal, pode causar inchaço, dores de cabeça, alterações de humor e náuseas.

Implantes

O que é: São pequenos comprimidos inseridos sob a pele do abdome ou da coxa. Libera hormônios (estrogênio; estrogênio e progesterona; ou ambos mais testosterona, dependendo do produto) na corrente sanguínea e pode ser usado por até oito meses, dependendo da paciente e da dose administrada.
Efeitos colaterais: É possível que a mulher apresente taquifilaxia, condição em que ela passa a apresentar sintomas da menopausa mesmo com níveis hormonais normais. Isso faz com que ela necessite de doses mais altas de hormônios.

Spray nasal

O que é: Mais comum em países da Europa, o spray deve ser aplicado em cada uma das narinas todos os dias no mesmo horário. A dosagem do produto varia de mulher para mulher. Caso a mulher não tenha feito a histerectomia, precisará de doses extras de progesterona.
Efeitos colaterais: Pode provocar irritação na mucosa nasal, além de formigamento e sangramento. Não é tolerado por quem tem rinite.





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